João de Castro: diferenças entre revisões
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Regressando a Portugal, foi nomeado general da armada da costa em [[1543]], em prémio dos serviços. Saiu logo para comboiar as naus, que de viagem se esperavam da Índia, contra os [[corsário]]s que infestavam os mares. Conseguiu desbaratar sete naus dos corsários, e entrou com as da Índia pela barra de Lisboa, sendo recebido com o maior entusiasmo. D. João de Castro estava em [[Sintra]] quando o rei, perseguido por altos empenhos ao tratar-se de escolher o sucessor de [[Martim Afonso de Sousa]], 13.º governador da Índia, consultou, irresoluto, o seu irmão o infante D. Luís, o qual lhe aconselhou a nomeação de D. João de Castro. Aceitou o rei o conselho, e mandou chamá-lo à Corte em [[Évora]], e com palavras lisonjeiras o nomeou, por provisão datada de [[28 de Fevereiro]] de [[1545]]. D. João aceitou, beijando a mão do monarca reconhecido pela honra, que não solicitara.
Levou consigo para a Índia os seus dois filhos D. Álvaro e D. Fernando. Aprestou brevemente a armada, que constava de 6 naus grandes, em que se embarcaram 2.000 homens de soldo; a capitânia ''S. Tomé'', em que o governador ia, que lhe deu este nome, por ser o do apóstolo da Índia, sendo os outros capitães D. [[Jerónimo de Meneses]], filho e herdeiro de D. Henrique, irmão do [[marquês de Vila Real]], [[Jorge Cabral]], D. [[Manuel da Silveira]], [[Simão de Andrade]] e
A armada chegou a [[Goa]] em Setembro. Lançado nos complicadíssimos negócios da administração da Índia, teve de pegar em armas contra o Hidalcão, por lhe não querer entregar o prisioneiro Meale, como seu antecessor estava resolvido a fazer. [[Hidalcão]] foi derrotado a duas léguas da cidade de Goa, e viu-se obrigado a pedir a paz. Acabado o incidente, [[1546]] trouxe outro deveras gravíssimo, a guerra de Diu, promovida por [[Coge Çofar]], que pretendia vingar a derrota sofrida. Travou-se ardente luta, e no fim de sangrentos episódios, foram derrotados os portugueses. D. João de Castro mandou novo reforço, e, não contente com isso, organizou nova expedição que ele próprio comandou. Desta vez ficaram vitoriosas as tropas portuguesas; o inimigo teve de levantar o cerco e fugiu, deixando prisioneiros e artilharia. Para reedificar a [[Fortaleza de Diu]], que depois da vitória ficara derribada até ao cimento, D. João escreveu aos vereadores da Câmara de Goa, a fim de obter um empréstimo de 20.000 pardaus para as obras da reedificação, a célebre carta, datada de [[23 de Novembro]] de [[1546]], em que ele dizia, que mandara desenterrar seu filho D. Fernando, que os mouros mataram nesta fortaleza, para empenhar os seus ossos, mas que o cadáver fora achado de tal maneira que não se pudera tirar da terra; pelo que, o único penhor que lhe restava, eram as suas próprias barbas, que lhe mandava por [[Diogo Rodrigues|Diogo Rodrigues de Azevedo]]; porque todos sabiam, que não possuía ouro nem prata, nem móvel, nem coisa alguma de raiz, por onde pudesse segurar as suas fazendas, e só uma verdade seca e breve que Nosso Senhor lhe dera. É heróico este ato. Tanta era a consciência da própria honra que empenhava os ossos do filho, depois as barbas, ao pagamento duma soma que pedia para o serviço do rei, e não para si. 0 povo de Goa respondeu a esta carta com quantia muito superior à que fora pedida, vendo que tinham um governador tão humilde para os rogar, e tão grande para os defender. Remeteram-lhe aquele honrado penhor, acompanhado do dinheiro e duma carta muito respeitosa solicitando por mercê que aceitasse aquela importância, que a cidade de Goa e seu povo emprestavam da sua boa e livre vontade, como leais vassalos do rei. A carta tem a data de [[27 de dezembro]] de [[1547]].
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