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Proselitismo religioso
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[[Imagem:Meister des Reliquienkreuzes von Cosenza 002.jpg|thumb|right|210px|[[Relicário]] em forma de uma cruz cristã decorada.]]
 
A '''[[cruz]] cristã''' é o mais conhecido [[símbolo religioso]] do [[cristianismo]]. É a representação do instrumento da [[crucifixão|crucificação]] de [[Jesus Cristo]], e está relacionada ao [[crucifixo]] (cruz que inclui uma representação do corpo de Jesus) e à família mais ampla dos símbolos em forma de cruzes.
A Cruz de Cristo ou cruz cristã é o mais conhecido [[símbolo religioso]] do [[Cristianismo]].
 
A cruz representou em diversas sociedades a interseção do plano material e do transcendental em seus eixos [[perpendicular]]es.<ref name="Morte"/> Por exemplo, era [[insígnia]] de [[Serápis]] no Egito.<ref name="Morte"/> Ao ser apropriado pelo cristianismo, este símbolo enriqueceu e sintetizou a história da salvação e paixão de Jesus, significando também a possibilidade de ressurreição.<ref name="Morte">{{citar web |url=http://www.ufjf.br/ppghistoria/files/2009/12/Fernanda-Matos.pdf |título=A MORTE E O MORRER EM JUIZ DE FORA: Transformações nos costumes fúnebres, 1851-1890 |acessodata=15 de outubro de 2011 |data=2007 |formato=PDF |publicado=[[Universidade Federal de Juiz de Fora]] |páginas=82 |citação=A cruz, como um símbolo, teve seu significado associado a questões de natureza transcendental, em diferentes sociedades. Exercendo variadas funções (síntese, medida, ponte, pólo do mundo, entre outros), a cruz exerce um papel mediador entre o mundo terrestre imanente e o mundo supratemporal transcendente, através de seus dois eixos cruzados. Dessa forma, o simbolismo da cruz foi apropriado pelo cristianismo, enriquecendo e condensando nessa imagem a história da salvação e a paixão do Salvador, significando também a possibilidade da ressurreição. [...] entre os Christão é signal veneral, porque nella padeceu Jesus Christo. Era também insígnia do ídolo Serapis, do Egypto.}}</ref>
A crucificação de Jesus de Nazaré é o facto central do Novo Testamento e a expressão Cruz de Cristo representa tudo o que está relacionado com a morte violenta que Jesus sofreu por meio do terrível método de execução romano, reservado apenas para escravos e inimigos do estado, sendo considerada a pior de todas as mortes. As execuções excruciantes do mundo antigo tinham encontrado a sua pior forma na crucificação pelos romanos.
 
== História ==
A crucificação que Jesus Cristo sofreu às mãos dos [[Judeus]] que o entregaram a [[Pôncio Pilatos]] para a crucificação, é referida, pelos historiadores da altura, como a "forma mais infame de morrer". Jesus sofreu esta morte de bom grado para salvação da humanidade, nascendo assim o [[Cristianismo]].
=== Símbolos pré-cristãos ===
O símbolo com o formato da [[cruz]], representado em sua forma mais simples através do cruzamento de duas linhas em [[ângulo reto|ângulos retos]], antecede em muitos séculos, tanto no [[Ocidente]] quanto no [[Oriente]], a introdução do [[cristianismo]]; data a um período muito remoto na história da civilização. Supõe-se que seria usado não apenas por seu valor ornamental, mas também com significados religiosos.<ref>"Diversos objetos, que datam de períodos muito anteriores ao período cristão, foram encontrados com sinais em formas de cruz, de diferentes formatos, em quase todas as partes do [[Velho Mundo]]. [[Índia]], [[Síria]], [[Pérsia]], [[Egito]], em todos foram encontrados inúmeros exemplos . . . O uso da cruz como símbolo religioso em tempos pré-cristãos e entre povos não-cristãos pode provavelmente ser tido como universal, e em muitos casos estava ligado com alguma forma de culto à natureza." - ''[[Encyclopaedia Britannica]]'' (1946), Vol. 6, p. 753.</ref>
 
O símbolo com o formato da [[cruz]], representado em sua forma mais simples através do cruzamento de duas linhas em [[ângulo reto|ângulos retos]], tanto no [[Ocidente]] quanto no [[Oriente]], data a um período muito remoto na história da civilização. Supõe-se que seria usado não apenas por seu valor ornamental, mas também com significados religiosos.<ref>"Diversos objetos, que datam de períodos muito anteriores ao período cristão, foram encontrados com sinais em formas de cruz, de diferentes formatos, em quase todas as partes do [[Velho Mundo]]. [[Índia]], [[Síria]], [[Pérsia]], [[Egito]], em todos foram encontrados inúmeros exemplos . . . O uso da cruz como símbolo religioso em tempos pré-cristãos e entre povos não-cristãos pode provavelmente ser tido como universal, e em muitos casos estava ligado com alguma forma de culto à natureza." - ''[[Encyclopaedia Britannica]]'' (1946), Vol. 6, p. 753.</ref> Já se tentou associar a este uso difundido do símbolo, em particular na forma da [[suástica]], uma importância [[etnografia|etnográfica]]; ela poderia ter representado o aparato usado para se fazer o [[fogo]] e, como tal, ser um símbolo do fogo sagrado<ref name="Burnouf">[[Emile Burnouf]], ''[[La science des religions]]''</ref> ou como um símbolo do [[Sol]],<ref name="Bertrand">[[Bertrand]], ''[[La religion des Gaulois]]'', p. 159. A ''[[E. W. Bullinger|Companion Bible]]'' diz: "Estas cruzes eram usadas como símbolos do [[Deus-Sol babilônio]], [uma cruz dentro de um círculo], e foram vistas pela primeira vez numa [[moeda]] de [[Júlio César]], [[100 a.C.|100]]-[[44 a.C.]], e depois numa moeda cunhada pelo seu herdeiro ([[Augusto]], em [[20 a.C.]]. Nas moedas de [[Constantino I]] o símbolo mais frequente é [[☧]]; mas o mesmo símbolo é usado sem o círculo que o envolve, e com os quatro braços de dimensões iguais; e este símbolo era especificamente venerado como a '[[Roda Solar]]'. Deve-se lembrar que Constantino era um devoto do [[Sol Invicto|Deus-Sol]], e não entraria para a 'Igreja' até um quarto de século depois da lenda de sua [[In hoc signo vinces|visão da cruz nos céus]]." ([http://www.angelfire.com/nv/TheOliveBranch/append162.html Appendix No. 162])</ref> indicando sua rotação diária. Também foi interpretado como uma representação mística do [[relâmpago]] ou do deus das [[tempestade]]s, e até mesmo como o emblema do [[panteão]] [[ariano]] e da antiga civilização ariana. Outro símbolo que foi associado à cruz é a cruz ansata (''[[ankh]]'' or ''crux ansata'') dos [[Egito Antigo|antigos egípcios]], que frequentemente aparecem como um sinal simbólico nas mãos da deusa [[Sekhet]], e como um símbolo [[hieróglifo|hieroglífico]] para a vida ou os vivos.<ref>"A cruz na forma da 'Crux Ansata' . . . era carregada nas mãos dos sacerdotes egípcios e reis pontífices como o símbolo de sua autoridade como sacerdotes do Deus Sol, e era chamada de 'o Símbolo da Vida'." (''[[The Worship of the Dead]]'' (London, 1904), de [[J. Garnier]], p. 226.</ref> Em períodos subsequentes os cristãos egípcios ([[coptas]]), atraídos por sua forma e, talvez, por seu simbolismo, o adotaram como emblema da cruz.<ref>[[Gayet]], "Les monuments coptes du Musée de Boulaq" in "Mémoires de le mission française du Caire", VIII, fasc. III, 1889, p. 18, pl. XXXI–XXXII & LXX–LXXI.</ref>
Já no ministério de Jesus, "tomar a sua cruz" é uma característica do discípulo e parece indicar a prontidão em seguir a Cristo, nem que isso custe a vida do discípulo.
 
Outro símbolo que foi associado à cruz é a cruz ansata (''[[ankh]]'' or ''crux ansata'') dos [[Egito Antigo|antigos egípcios]], que frequentemente aparecem como um sinal simbólico nas mãos da deusa [[Sekhet]], e como um símbolo [[hieróglifo|hieroglífico]] para a vida ou os vivos.<ref>"A cruz na forma da 'Crux Ansata' . . . era carregada nas mãos dos sacerdotes egípcios e reis pontífices como o símbolo de sua autoridade como sacerdotes do Deus Sol, e era chamada de 'o Símbolo da Vida'." (''[[The Worship of the Dead]]'' (London, 1904), de [[J. Garnier]], p. 226.</ref> Em períodos subsequentes os cristãos egípcios ([[coptas]]), atraídos por sua forma e, talvez, por seu simbolismo, o adotaram como emblema da cruz.<ref>[[Gayet]], "Les monuments coptes du Musée de Boulaq" in "Mémoires de le mission française du Caire", VIII, fasc. III, 1889, p. 18, pl. XXXI–XXXII & LXX–LXXI.</ref>
A cruz cristã representa assim o instrumento da [[crucifixão|crucificação]] de [[Jesus Cristo]], e é representada pelo [[crucifixo]], uma cruz que inclui uma representação do corpo de Jesus e que é utilizada para oração. A cruz como símbolo de fé cristã enriquece e sintetiza a história da salvação e a paixão e morte de Jesus na cruz aponta para a possibilidade de salvação e ressurreição para a vida eterna na perspectiva da fé cristã.
 
Segundo a História, quando o imperador [[Constantino o Grande]], enfrentou seu rival [[Maxêncio]] sobre a ponte Milvia, próximo do ano 300, viu nos céus uma cruz luminosa acompanhada dos dizeres: “In hoc signo vinces!” (Por este sinal vencerás). Constantino, então, colocou a sua pessoa e o seu exército sob a proteção do sinal da cruz e venceu [[Maxêncio]], tornando-se imperador supremo de Roma, proibindo em seguida a perseguição a todos os cristãos pelo Edito de Milão, em 313.
 
Após a conversão de  Constantino († 337) a cruz deixou de ser usada para o suplício dos condenados e tornou-se no símbolo da vitória de Cristo Redentor e o sinal dos cristãos, como mostram de muitas maneiras diferentes a arte, a Liturgia e a literatura cristã. A cruz tornou-se assim o sinal da Paixão vitoriosa de [[Jesus Cristo]].
 
Conscientes do seu valor os cristãos ornamentavam a cruz com pedras preciosas.
 
== História ==
=== Símbolos pré-cristãos ===
O símbolo com o formato da [[cruz]], representado em sua forma mais simples através do cruzamento de duas linhas em [[ângulo reto|ângulos retos]], tanto no [[Ocidente]] quanto no [[Oriente]], data a um período muito remoto na história da civilização. Supõe-se que seria usado não apenas por seu valor ornamental, mas também com significados religiosos.<ref>"Diversos objetos, que datam de períodos muito anteriores ao período cristão, foram encontrados com sinais em formas de cruz, de diferentes formatos, em quase todas as partes do [[Velho Mundo]]. [[Índia]], [[Síria]], [[Pérsia]], [[Egito]], em todos foram encontrados inúmeros exemplos . . . O uso da cruz como símbolo religioso em tempos pré-cristãos e entre povos não-cristãos pode provavelmente ser tido como universal, e em muitos casos estava ligado com alguma forma de culto à natureza." - ''[[Encyclopaedia Britannica]]'' (1946), Vol. 6, p. 753.</ref> Já se tentou associar a este uso difundido do símbolo, em particular na forma da [[suástica]], uma importância [[etnografia|etnográfica]]; ela poderia ter representado o aparato usado para se fazer o [[fogo]] e, como tal, ser um símbolo do fogo sagrado<ref name="Burnouf">[[Emile Burnouf]], ''[[La science des religions]]''</ref> ou como um símbolo do [[Sol]],<ref name="Bertrand">[[Bertrand]], ''[[La religion des Gaulois]]'', p. 159. A ''[[E. W. Bullinger|Companion Bible]]'' diz: "Estas cruzes eram usadas como símbolos do [[Deus-Sol babilônio]], [uma cruz dentro de um círculo], e foram vistas pela primeira vez numa [[moeda]] de [[Júlio César]], [[100 a.C.|100]]-[[44 a.C.]], e depois numa moeda cunhada pelo seu herdeiro ([[Augusto]], em [[20 a.C.]]. Nas moedas de [[Constantino I]] o símbolo mais frequente é [[☧]]; mas o mesmo símbolo é usado sem o círculo que o envolve, e com os quatro braços de dimensões iguais; e este símbolo era especificamente venerado como a '[[Roda Solar]]'. Deve-se lembrar que Constantino era um devoto do [[Sol Invicto|Deus-Sol]], e não entraria para a 'Igreja' até um quarto de século depois da lenda de sua [[In hoc signo vinces|visão da cruz nos céus]]." ([http://www.angelfire.com/nv/TheOliveBranch/append162.html Appendix No. 162])</ref> indicando sua rotação diária. Também foi interpretado como uma representação mística do [[relâmpago]] ou do deus das [[tempestade]]s, e até mesmo como o emblema do [[panteão]] [[ariano]] e da antiga civilização ariana. Outro símbolo que foi associado à cruz é a cruz ansata (''[[ankh]]'' or ''crux ansata'') dos [[Egito Antigo|antigos egípcios]], que frequentemente aparecem como um sinal simbólico nas mãos da deusa [[Sekhet]], e como um símbolo [[hieróglifo|hieroglífico]] para a vida ou os vivos.<ref>"A cruz na forma da 'Crux Ansata' . . . era carregada nas mãos dos sacerdotes egípcios e reis pontífices como o símbolo de sua autoridade como sacerdotes do Deus Sol, e era chamada de 'o Símbolo da Vida'." (''[[The Worship of the Dead]]'' (London, 1904), de [[J. Garnier]], p. 226.</ref> Em períodos subsequentes os cristãos egípcios ([[coptas]]), atraídos por sua forma e, talvez, por seu simbolismo, o adotaram como emblema da cruz.<ref>[[Gayet]], "Les monuments coptes du Musée de Boulaq" in "Mémoires de le mission française du Caire", VIII, fasc. III, 1889, p. 18, pl. XXXI–XXXII & LXX–LXXI.</ref>
 
Na [[Era do Bronze]] encontrava-se em diversas partes da Europa uma representação mais precisa da cruz, tal como concebida pela arte cristã, e foi neste formato que ela acabou por ser mais amplamente difundida. Esta caracterização mais precisa coincide com uma mudança geral correspondente nos costumes e crenças; a cruz passou a ser associada a diferentes objetos, como [[fivela]]s, [[cinturão|cinturões]], e encontrada em fragmentos de terracota, e no fundo de recipientes usados para beber. Já se especulou que tal uso do símbolo não seria apenas ornamental, mas também um sinal de consagração, especialmente no caso de objetos pertencentes a [[enterro]]s. No [[cemitério]] proto-[[etruscos|etrusco]] de [[Golasecca]], cada [[tumba]] contém um [[vaso]] com uma cruz entalhada. Cruzes legítimas, de maior ou menor design artístico, foram encontradas em [[Tirinte]], [[Micenas]], [[Creta]], e numa fivela de [[Vulci]].