Poupança nacional: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Linha 6:
Sendo:<br />
 
'''S'''= [[Poupança|poupança privada]]<br />
'''T'''= [[receita tributária]]<br />
'''G'''= [[Despesa pública|gastos do governo]]<br />
'''I'''= [[investimento]]<br />
'''NX''' =[[Exportação|exportações líquidas ]]<br /><br />
 
A relação entre a poupança nacional e o investimento é expressa pela equação:<ref> GORDON, Robert J. [http://books.google.com.br/books?id=abobBm09SIYC&pg=PA101&lpg=PA101&dq=%22poupan%C3%A7a+nacional+%C3%A9%22&source=bl&ots=ds8y1-6OXv&sig=cQNtyUDBfPicsbQt3k0D3tpwHJA&hl=pt-PT&sa=X&ei=NC5lUoOyJoe48wSAjoCYAg&ved=0CHsQ6AEwCQ#v=onepage&q=%22poupan%C3%A7a%20nacional%20%C3%A9%22&f=false ''Macroeconomia'']
</ref>
 
:'''S + (T-G) = I + NX'''
:<math>\operatorname{\text{S} + (\text{T} - \text{G})} = \text{I} + \text{NX}</math>
 
== No Brasil ==
Linha 28 ⟶ 29:
Após a [[crise de 1929]], quando os principais postulados da [[Economia neoclássica|teoria neoclássica]] foram colocados em cheque, dois economistas se destacaram na crítica à economia neoclássica. De um lado, [[Keynes]], discípulo de [[Alfred Marshall]] e, portanto, com uma formação neoclássica e, de outro, [[Kalecki]], com uma formação [[economia marxiana|marxista]]. Ambos tinham como preocupação principal explicar as crises que vinham se acentuando já muito antes da Grande Depressão. Os dois economistas, com formações ideológicas distintas e preocupados com o mesmo problema, chegaram a formulações teóricas extremamente parecidas com relação ao [[demanda efetiva|Princípio da demanda efetiva]] como elemento determinante do nível de atividade na economia capitalista. Com Kalecki e Keynes a relação de causalidade se altera: o investimento (em [[capital fixo]]) é visto como criador e não resultante da poupança.
 
Nesses mais de 70 anos as duas posições têm se confrontado no debate sobre a relação entre investimento e [[poupança]]. A visão keynesiana, em contraste com a visão clássica, enfatiza restrições financeiras sobre a demanda por investimentos, enquanto a visão clássica focaliza o comportamento dos poupadores como condição para a realização de nvestimentos. Para Kalecki, o investimento em capital fixo privado numa [[economia capitalista]] desenvolvida é determinado pela poupança dos capitalistas, pela diferença entre investimento efetivo e necessário e pela influência direta do [[Progresso|progresso tecnológico]].
 
A análise keynesiana é centrada no papel dos mercados e das [[instituições financeiras]] na viabilização do investimento e do crescimento econômico. A poupança não é considerada como restrição, exceto quando a economia alcançar o pleno emprego, tornando impossível que se cresça sem que o consumo diminua. Somente nesse caso, ou seja, em condições muito específicas, a poupança pode ser uma restrição.
 
===A visão clássica ===
Segundo a [[Escola clássica]], para que haja investimento, é necessário que exista previamente uma poupança correspondente. Em uma hipotética [[economia autárquica]] e sem governo, o [[consumo]] e o investimento seriam os dois destinos possíveis dados ao produto social. Assim, para que possa haver investimento, os agentes econômicos devem abster-se de dispender toda a sua renda em consumo. A diferença entre renda e consumo é a poupança. Na visão clássica, a abstenção de consumo é vista como um sacrifício que o consumidor só estará disposto a fazer se tiver a [[Expectativas racionais|expectativa]] de uma recompensa futura. Essa recompensa são os [[juros]] que ele receberá numa data futura em troca do sacrifício de consumo realizado no presente. A [[poupança]] é, assim, uma função da [[taxa de juros]]. Mas, para que o sacrifício presente possa render um consumo maior no futuro, é preciso que o produto se expanda, o que é depende do volume de investimento. Portanto, dos frutos do investimento resulta a remuneração do poupador.
 
Por outro lado, quanto maior for a remuneração a ser paga ao poupador (juros), menor será o estímulo ao investidor para realizar o esforço de [[acumulação de capital|acumular o capital]] necessário para aumentar a quantidade de produto social. Segundo a visão clássica, a economia estará em equilíbrio quando a [[taxa de juros]] é suficiente para estimular os consumidores a poupar (dada a remuneração futura que esperam receber) e, ao mesmo tempo, compatível com o que os investidores aceitam pagar quando tomam empréstimos para financiar o investimento produtivo. Ou seja, a taxa de juros deve ser menor do que a [[taxa de lucro]] esperada pelos investidores. <ref name=Cardim />
Linha 41 ⟶ 42:
A crítica à análise clássica foi iniciada por [[Keynes]], na publicação de sua obra magna, ''[[A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda]]''. Para ele, a poupança não é um pré-requisito do investimento. É, ao contrário, o seu resultado. Isto porque a decisão de investir dependeria não da disponibilidade de renda não consumida, mas de [[financiamento]], isto é, de acesso a [[meios de pagamento]].
 
A produção de [[bens de investimento]] tende a aumentar, em resposta ao aumento da [[demanda]] por esses bens. Mas, para isto, é necessário é que o sistema financeiro (e bancário, em particular) sejam capazes de gerar e colocar nas mãos dos investidores os meios de compra necessários para que as encomendas sejam feitas aos produtores de bens de investimento. Só depois de receberem as encomendas as firmas produtoras de bens de investimento contratarão os trabalhadores necessários para produzir e acionarão seu parque produtivo. Até o limite do [[pleno emprego]] dos trabalhadores e da plena ocupação da capacidade produtiva, o investimento pode ser realizado sem a necessidade de poupança prévia. Ao contrário, afirma Keynes, a poupança será gerada como resultado do investimento, já que este tomará a forma de bens cujo destino não pode ser, por sua própria natureza, o consumo. Portanto, o produto gerado em resposta à demanda de investimento será, necessariamente, produto não-consumível (ou seja, [[poupança]]).
 
Para Kalecki, a igualdade entre poupança e investimento é válida em todas as circunstâncias, desde que haja equilíbrio. Esta igualdade é consenso entre as escolas. Os neoclássicos, porém, afirmam que os recursos poupados financiam o investimento. Kalecki, com Keynes, afirma o contrário: o investimento e o consumo dos capitalistas são os determinantes do [[lucro]] e, sendo assim, também da poupança. Pelo modelo de dedução dos lucros, Kalecki chega à conclusão de que o lucro, em um dado período, é resultado direto dos gastos dos capitalistas no período anterior. Como poupança é lucro não gasto, o investimento e o consumo dos capitalistas (os gastos dos capitalistas) também determinam a poupança.<ref name=grasel />
Linha 52 ⟶ 53:
 
==Ver também==
 
{{div col}}
* [[Dívida pública]]
* [[Inflação]]
* [[Modelo IS/LM|Curvas IS/LM]]
{{div col end}}
 
 
 
 
 
 
{{esboço-macroeconomia}}