Papa Leão I: diferenças entre revisões

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== Política imperial ==
No [[Segundo Concílio de Éfeso]], em 449, os representantes de Leão entregaram seu famoso "[[Tomo de Leão|Tomo]]" ("carta" em [[latim]]), uma afirmação da fé da Igreja romana, na forma de uma carta endereçadaendereçado ao arcebispo [[Flaviano de Constantinopla]] que repete, de forma muito aderente às teorias de [[Agostinho de Hipona|Agostinho]], as fórmulas da [[cristologia]] ocidental. O concílio não apenas não leu a carta e ignorou os protestos dos legados de Leão, como depôs Flaviano e [[Eusébio de Dorileia]], que apelaram para Roma. Parcialmente por conta disto, o este concílio jamais foi reconhecido como ecumênico e terminou depois sendo repudiado no Concílio de Calcedônia.
 
Depois disso, Leão exigiu do imperador que um [[concílio ecumênico]] fosse realizado na Itália e, enquanto isso não acontecia, num sínodo em Roma em outubro do mesmo, ele repudiou todas as decisões do já infame "[[Latrocínio de Éfeso]]". Sem fazer um exame crítico de seus decretos dogmáticos, ele exigiu em suas cartas ao imperador e outras personalidades a deposição de [[Eutiques]], acusando-o de ser [[maniqueísta]] e [[docetismo|docético]].
 
Com a morte de [[Teodósio II]] em 450 e da mudança brusca que se seguiu no cenário político oriental, [[Anatólio de Constantinopla]], o patriarca seguinte, seguiu as recomendações de Leão e seu "Tomo" foi lido e reconhecido em toda parte.
 
Depois disso, Leão não desejavaqueria mais realizar um concílio, especialmente por que ele dificilmente se realizaria na Itália. Ao invés disso, ele foi convocado para uma reunião em [[Niceia (cidade)|Niceia]], que foi depois mudada para [[Calcedônia (cidade)|Calcedônia]].
 
=== Concílio de Calcedônia ===
Uma ocasião perfeita para ampliar a autoridade de Roma no oriente se mostrou quando a controvérsia [[cristologia|cristológica]] se reacendeu por contasobre dasas ideias de [[Eutiques]], que,se noreacendeu. No início do conflito, apelou a Leão e se refugiou nele em sua condenação ao [[arcebispo de Constantinopla]] [[Flaviano de Constantinopla|Flaviano]]. Mas, ao receber um relato mais completo do próprio Flaviano, Leão passou a apoiá-lo decisivamente. O Tomo foi apresentado novamente em Calcedônia como uma solução proposta para a controvérsia cristológica que ainda grassava tanto no oriente quanto no ocidente. Desta vez ele foi lido. Os atos do concílio relatam que ''"Depois da leitura da citada epístola, os mais reverenciados bispos gritaram: 'Esta é a fé dos [[padres da igreja|padres]], esta é a fé dos [[apóstolos]]. Assim cremos todos, assim creem os ortodoxos. [[Anátema]] àquele não acredita. Pedro falou conosco através de Leão. Assim ensinaram os apóstolos. Piedosamente e verdadeiramente Leão ensinou, assim ensinou [[Cirilo de Alexandria|Cirilo]]. Eterna seja a memória de Cirilo. Leão e Cirilo ensinaram o mesmo, anátema àquele que não acredita nisso. Esta é a verdadeira fé. Aqueles entre nós que são ortodoxos acreditam nisso. Esta é a fé dos padres. Por que estas coisas não foram lidas em Éfeso? Estas são as coisas que [[Dióscoro de Alexandria|Dióscoro]] escondeu"''<ref name=Acts>[http://www.fordham.edu/halsall/basis/chalcedon.html Acts of the Council, Session II (continued)]</ref><ref>[http://books.google.com/books?id=y3UvKwvmzEIC&pg=PA246&dq=leo+tome+chalcedon+spoken+peter&hl=en&ei=vsrwTYuVO4u1hAez5vwH&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=4&ved=0CDoQ6AEwAw#v=onepage&q=leo%20tome%20chalcedon%20spoken%20peter&f=false Gillian Rosemary Evans, ''The First Christian Theologians'' (Wiley, John and Sons 2004 ISBN 978-0-631-23188-2), p. 246]</ref><ref>[http://www.ccel.org/ccel/schaff/npnf214.xi.viii.html Trecho dos Atos do Concílio]</ref>.
 
Leão defendia a verdadeira divindade e a verdadeira humanidade da pessoa única e não dividida de Cristo (a chamada [[união hipostática]]) contra [[heresia]]s que defendiam variações desta fórmula. Ele abordou o tema em muitos de seus sermões e, através dos anos, desenvolveu ainda mais seus conceitos originais. Uma ideia central para Leão, à volta da qual ele aprofunda e explica sua teologia, é a presença de Cristo na Igreja, mais especificamente na doutrina e na pregação da fé ([[Escrituras]], [[Santa Tradição|Tradiçãotradição]] e suas interpretações), na liturgia ([[sacramento (cristianismo)|sacramento]]s e [[festas cristãs|celebrações]]), nasna vidasvida de cada fiel e da Igreja organizada, especialmente quando reunida em concílio.
 
Apesar da aceitação do "Tomo", Leão recusou-se firmemente a confirmar as decisões disciplinares do concílio, que pareciam permitir que Constantinopla adquirisse, na prática, uma autoridade similar à de Roma, principalmente ao considerar a importância civil de uma cidade como fator determinante para sua posição eclesiástica; mas ele também apoiou fortemente seus decretos dogmáticos, especialmente quando, depois da ascensão do [[imperador bizantino]] [[Leão I, o Trácio]] (457), uma possível acomodação com Eutiques se mostrouparecia possível.
 
Leão conseguiu ainda fazer com que um patriarca imperial, [[Timóteo III de Alexandria]], fosse eleito como [[patriarca de Alexandria]] no lugar do [[Ortodoxia oriental|copta]] [[Timóteo II Eluro]] depois do assassinato do ortodoxo grego [[Protério de Alexandria]].