Carajás (proposta de unidade federativa): diferenças entre revisões

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O primeiro projeto de redivisão territorial que englobava a região de Carajás foi desenvolvido em 1661 pelo [[António Vieira|Padre Antônio Vieira]] e outros intelectuais [[portugueses|lusitanos]]. O projeto que Vieira elaborou reformulava territorialmente todo o [[Brasil Colônia]], incluindo a criação de novas comarcas no [[Estado do Maranhão]]. Entre as comarcas propostas por Vieira, estava a do Araguaya, que correspondia ao atual sul do Pará. Segundo o projeto de Vieira, essas comarcas viram futuramente a se tornar capitanias/províncias, e seriam responsáveis por corrigir os vazios demográficos da colônia.<ref>{{citar web|url= http://www.dno.com.br/historia.htm |título=História |publicado=DNO}}</ref>
 
Entretanto tradicionalmente se considera que as origens do movimento de emancipação local datam do início do século XIX. Neste período os movimentos centravam-se na proposta de emancipação conjunta de algumas regiões do centro-norte brasileiro. No caso de Carajás, as propostas iniciais tinham o objetivo de separar o sul da capitania do Grão-Pará e ao mesmo tempo anexá-la a capitania de GoyazGoiás, ou formar junto com a porção norte do território de GoyazGoiás a província de São João das Duas Barras. Outros projetos incluíam o sul da capitania do Maranhão à proposta de emancipação.<ref>{{citar web|url= http://sim77.questi.com.br/midias/anexos/1_estudo_viabilidade_economica_carajas.pdf |título= Fundamentos para Criação do Estado de Carajás |publicado=SIM 77}}</ref>
 
=== Projeto de São João das Duas Barras ===
{{AP|São João das Duas Barras}}
A primeira tentativa de colonização e emancipação da região, patrocinada pelo Estado aconteceu em 1808. [[Dom João VI]], a pedido do ouvidor [[Joaquim Theotônio Segurado]]<ref>{{citar livro|autor= Joaquim Teotônio Segurado |título=Memória Econômica e Política sobre o comércio ativo da Capitania de Goiás ‘’in’’ Memórias Goianas |local= Goiânia |editora=Centauro |ano=1982 |volume=1 |página= 38}}</ref>, implantou uma nova estrutura organizacional para administrar as [[capitanias do Brasil]].<ref>{{citar web|url=http://cultura.to.gov.br/conteudo.php?id=92 |título=Criação da Comarca do Norte – 1809 |publicado=Secretaria da Cultura-TO}}</ref> A [[capitania de Goiás|capitania de Goyaz]] foi descentralizada com criação de uma nova capitania, São João das Duas Barras, desvinculando politicamente e administrativamente a região norte da comarca de [[Vila Boa de Goyaz]], até então a única existente em toda a capitania.<ref>{{citar web|url=http://paginas.ufrgs.br/alcar/noticias-dos-nucleos/artigos/ENTRE%20O%20JORNALISMO%20E%20O%20MARKETING%20POLITICO.pdf |título=Entre o jornalismo e o marketing político: a cobertura política do jornal do Tocantins nas eleições municipais de Palmas em 2008. |publicado=UFRGS}}</ref>
 
Para essa nova capitania o príncipe regente determinou que fosse criada uma [[freguesia]] para ser a sede, com status de "capital da capitania-comarca". No despacho de criação da capitania de São João das Duas Barras, Dom João VI, tacitamente delimita o local para a construção da sede, escolhendo "a barra do rio Tacay-Una com o Tocantins", onde atualmente se assenta a cidade de [[Marabá]].<ref>{{citar web|url=http://www.portalct.com.br/n/1601c681fc267137434be64ad04bb986/motivos-que-levaram-dom-joao-a-escolher-a-barra-do/ |título=Motivos que levaram Dom João a escolher a barra do Itacaiúnas |publicado=Portal CT}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www.camara.gov.br/Internet/InfDoc/conteudo/Colecoes/Legislacao/Legimp-A3.pdf |título=Coleção das Leis do Brazil de 1809 |publicado=Portal Câmara/Acervo da Bibliotheta da Câmara dos Deputados}}</ref>
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Em [[1808]] uma comissão composta por engenheiros militares e cartógrafos, é destacada sob as ordens de Segurado para dar providências a construção da capital da capitania. Após a construção do núcleo da povoação, a freguesia de Barra do Tacay-Una (Marabá) funciona como sede até 1810,<ref>{{citar web|url=http://www.archive.org/stream/revistadoinstit24brasgoog/revistadoinstit24brasgoog_djvu.txt |título=Diário da viagem feita pelos sertões de Guarapuava ao Rio Paranan. |publicado=Revista trimestral do Instituto Histórico e Geographico e Ethnographico do Brazil |data=1º trimestre de 1865 |autor=DA SILVA, Camillo Lellis. |acessodata=3 de junho de 2013}}</ref> quando por motivos políticos e geográficos, perde o título de freguesia e é abandonada.<ref>{{citar web|url=http://www.portalaqui.com/index.php/historia-do-to/personagens-historicos/1632-18-de-marco.html |título=18 de Março – Luiz de Carvalho |publicado=Portal Aqui}}</ref> Em medos de 1810 a sede da capitania passa a ser então a Vila de Palma (atual [[Paranã]])<ref>{{citar web|url=http://www.dno.com.br/historia.htm |título=História |publicado=DNO}}</ref>
 
Em 1914 São João das Duas Barras perde o status de capitania, restando somente a condição de comarca, sendo novamente vinculada a capitania de GoyazGoiás<ref>{{citar web|url=http://www.goias.gov.br/paginas/conheca-goias/historia/separacoes-a-criacao-do-tocantins |título=Separações: A criação do Tocantins}}</ref> O objetivo final era a conversão futura e definitiva de São João das Duas Barras em uma capitania do [[Reino de Portugal]]. Como houve insucesso neste primeiro protótipo, criou-se grande resistência a criação de novas províncias ou territórios no Brasil, retardando assim os projetos de criação do Tocantins (hoje estado, e seu maior herdeiro) e do Carajás.<ref>{{citar web|url=http://www.anoticia-to.com.br/noticias.php?IdNoticia=7494 |título= A barra do “Tacay-Una”|publicado=A Notícia}}</ref>.
 
==== Reunião das cortes de Lisboa – 1821/1822 ====
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Desde a perda do status de capitania em 1814, o projeto de São João das Duas Barras permaneceu ativo, ganhou força e apelo popular. <ref name="Martins">{{citar web|url= http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=16654&cat=Artigos&vinda=S |título=Tocantinenses, Tocantins |publicado=Usina de Letras |autor=MARTINS, Mário Ribeiro}}</ref>
 
Em 1821 por influência principalmente de Teotônio Segurado a região declarou autonomia em relação a GoyazGoiás, formando o Governo Provisório da Província de São João da Palma. Neste ato, Segurado anexou o sul do Grão-Pará, e o vinculou administrativamente a comarca de Vila de Palma.<ref>{{citar web|url= http://pt.scribd.com/doc/86031420/21/Entre-Goias-e-a-Palma-a-disputa-provincial |título= Entre Goias e a Palma: a disputa provincial |autor=LIMA, André Nicácio}}</ref>
 
Segurado foi um dos parlamentares brasileiros eleitos para a [[Cortes Gerais e Extraordinárias da Nação Portuguesa|Constituinte Extraordinária das Cortes Reunidas de Brasil, Portugal e Algarves]] representando a província de GoyazGoiás. Segue para Lisboa em 1821 com o projeto de criação de São João da Palma. Esperava obter o aval para a criação da província nesta corte.<ref>{{citar web|url= http://to.gov.br/criacao-da-comarca-do-norte---1809/69 |título= Criação da Comarca do Norte – 1808 |publicado=Governo do Tocantins}}</ref>
 
Com os desdobramentos de 1822, que culminaram na [[independência do Brasil]], proclamada em 7 de setembro deste mesmo ano, e a posterior [[Guerra de Independência do Brasil]], Segurado fica sem suporte político, pois era político rival dos grupos pró-independência do Brasil.<ref>{{citar web|url= http://www.biblio.com.br/defaultz.asp?link=http://www.biblio.com.br/conteudo/oliveiralima/omovimentodaindependencia.htm |título=O movimento da independência|publicado=Biblioteca Virtual}}</ref> Como a maioria dos líderes políticos da Província de São João da Palma eram alinhados a corte portuguesa, o projeto de criação da província é arquivado, sendo seus líderes perseguidos, e afastados da vida pública.
 
=== Província de Boa Vista ===
Após um período de arrefecimento político, entre 1873 e 1879 é retomada a discussão acerca da emancipação das regiões norte de GoyazGoiás e sul do Grão-Pará por influência do Visconde de Taunay, sob o nome de Província de Boa Vista. Em 1891 o coronel [[Carlos Leitão]] também propõe a criação da província de Boa Vista com os dois territórios, mas devido a desentendimentos políticos que levariam a [[primeira revolta de Boa Vista]], o projeto é novamente abandonado. <ref name="Martins"/>
 
=== A declaração de Marabá (1908) ===
Até então, todas as propostas de emancipação política que envolviam a região de Carajás, ocorriam essencialmente sob comando de políticos ligados á proposta do Tocantins. Até a [[década de 1880]] a região possuía somente dois vilarejos com habitação fixa regular, que eram a colônia militar de São João do Forte (atual [[São João do Araguaia]]) e Alcobaça (atual [[Tucuruí]]). A situação política regional sofreu sua primeira reviravolta com a fundação das povoações de Nossa Senhora da Conceição (Conceição do Araguaia), em 1888, e Pontal do Itacayuna (Marabá), em 1898. A segunda povoação, Pontal do Itacayuna, formada principalmente por políticos emancipacionistas exilados do norte de GoyazGoiás, foi o pivô da primeira proposta de emancipação eminentemente local.
 
A primeira reivindicação ocorreu quando a população dos vilarejos da região sul [[Grão-Pará]], reclamavam da falta de assistência do Estado<ref group="nota">Estado neste caso é sinônimo de entidade nacional, união e nação</ref>. Os moradores da região se sentiam mais próximos do GoyazGoiás e do Maranhão do que do estado do Grão-Pará.<ref name="histórico carajas">{{citar web|url=http://www.estadodocarajas.com.br/site/?page_id=20 |título=História |publicado=Portal Estado do Carajás |acessodata=13 de setembro de 2011}}</ref>
Devido as características que levaram a ocupação demográfica, e das condições sociais e estruturais da região do Carajás no início do século XX, o movimento emancipatório acabou por se desenvolver de forma espontânea.
 
Em 1908, o movimento emancipatório desenvolvido em [[Marabá]] sob a liderança de Norberto de Mello, [[Antônio Maia]] e Estevão Maranhão (político de Conceição do Araguaia), levou o advogado provisionado João Parsondas de Carvalho a levar ao governo de [[Goyaz]]Goiás a proposta dos vilarejos de [[Marabá]], [[Tucuruí|Alcobaça]], [[Conceição do Araguaia|Conceição do Araguaya]] e [[São João do Araguaia|São João do Araguaya]] de vincular-se àquela província. A região pertencia ao município de [[Baião (Pará)|Baião]], que nenhuma assistência podia dar à região, pois a sede municipal estava geograficamente muito afastada destas localidades. O governo goiano instalou uma comarca em Marabá, e enviou nomeação a Norberto de Melo, para arrecadador de tributos. Este ato ficou conhecido como a “Declaração"Declaração de Marabá”Marabá", e quase pôs em conflito armado o GoyazGoiás e o Grão-Pará.
A primeira reivindicação ocorreu quando a população dos vilarejos da região sul [[Grão-Pará]], reclamavam da falta de assistência do Estado<ref group="nota">Estado neste caso é sinônimo de entidade nacional, união e nação</ref>. Os moradores da região se sentiam mais próximos do Goyaz e do Maranhão do que do estado do Grão-Pará.<ref name="histórico carajas">{{citar web|url=http://www.estadodocarajas.com.br/site/?page_id=20 |título=História |publicado=Portal Estado do Carajás |acessodata=13 de setembro de 2011}}</ref>
 
A desistência de GoyazGoiás, e a criação dos municípios de São João do Araguaia (1908), Conceição do Araguaia (1908) e Marabá (1913), encerram definitivamente as pretensões de anexação do desta porção do Grão-Pará pelo GoyazGoiás.<ref name="foco Carajás">{{Citar periódico |ultimo=RIBEIRO|primeiro=Laércio |autorlink= |titulo=Agora é Carajás |jornal=Foco Carajás |numero=7 |paginas=60 |id= |url=http://www.fococarajas.com.br/index.php/rev-online-2/category/index.php?option=com_flippingbook&view=book&id=12:edicao7&catid=4:ano2009&tmpl=component |acessadoem=18 de setembro de 2011}}</ref>
Em 1908, o movimento emancipatório desenvolvido em [[Marabá]] sob a liderança de [[Antônio Maia]] e Estevão Maranhão (político de Conceição do Araguaia), levou o advogado provisionado João Parsondas de Carvalho a levar ao governo de [[Goyaz]] a proposta dos vilarejos de [[Marabá]], [[Tucuruí|Alcobaça]], [[Conceição do Araguaia|Conceição do Araguaya]] e [[São João do Araguaia|São João do Araguaya]] de vincular-se àquela província. A região pertencia ao município de [[Baião (Pará)|Baião]], que nenhuma assistência podia dar à região, pois a sede municipal estava geograficamente muito afastada destas localidades. O governo goiano instalou uma comarca em Marabá, e enviou nomeação a Norberto de Melo, para arrecadador de tributos. Este ato ficou conhecido como a “Declaração de Marabá”, e quase pôs em conflito armado o Goyaz e o Grão-Pará.
 
A desistência de Goyaz, e a criação dos municípios de São João do Araguaia (1908), Conceição do Araguaia (1908) e Marabá (1913), encerram definitivamente as pretensões de anexação do desta porção do Grão-Pará pelo Goyaz.<ref name="foco Carajás">{{Citar periódico |ultimo=RIBEIRO|primeiro=Laércio |autorlink= |titulo=Agora é Carajás |jornal=Foco Carajás |numero=7 |paginas=60 |id= |url=http://www.fococarajas.com.br/index.php/rev-online-2/category/index.php?option=com_flippingbook&view=book&id=12:edicao7&catid=4:ano2009&tmpl=component |acessadoem=18 de setembro de 2011}}</ref>
 
=== Primeira proposta independente ===
Em 1910 surge a primeira proposta de redivisãore-divisão territorial, em que o território desta englobava somente a região de Carajás. O projeto denominava-se "estado do Itacaiunas"<ref group="nota">O projeto repartia o sul do Grão-Pará em três estados: Karambus ao norte; Itacauinas ao centro; e Gradaús ao sul</ref>, e foi desenvolvido após a fracassada tentativa de anexação ao GoyazGoiás.<ref name="Costa">{{citar livro|autor=COSTA, Célio|título= Assimetrias Regionais no Brasil – Fundamentos Para a Criação do Estado de Carajás |editora= Ocelivros |páginas=415 |ano=2011}}</ref>
 
Os políticos e intelectuais da região sul do Grão-Pará liderados por Maia, elaboraram o projeto e o enviaram ao legislativo estadual em Belém, e também o apresentaram ao [[Congresso Nacional do Brasil|Congresso Nacional]] no [[Rio de Janeiro]]. O projeto chegou a passar pela comissão de finanças do congresso nacional, entretanto não sendo aprovado, foi arquivado.<ref name="Costa"/>
 
=== De 1920 a 1960 ===
Entre as décadas de 1920 e 1940 o movimento sofreu com sua desmobilização. Os líderes idealizadores do projeto do Itacaiunas faleceram, e o movimento praticamente se extinguiu. Somente ressurgiu quando a região estabeleceu maior contato e interação com outras regiões do território nacional, especialmente após a abertura dos primeiros aeroportos da região. Neste período a principal figura a influenciar o movimento local foi Lysias Rodrigues. <ref name="Costa"/>
 
O brigadeiro [[Lysias Augusto Rodrigues]] juntamente com intelectuais e lideranças locais, formulou uma proposta e em 1940 a apresentou ao então presidente [[Getúlio Vargas]], de desmembramento das comarcas do norte de Goiás, do sul do Maranhão e do sudeste do Pará, de forma que estas viessem integrar a unidade federativa do Tocantins, sendo que pela proposta do brigadeiro a capital de tal estado deveria ser Marabá no sudeste do Pará<ref name="histórico carajas"/>. Tal projeto culminou décadas mais tarde na formação do atual estado do [[Tocantins]].
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== Demografia ==
AEm 2009 a população do possível [[estado]] equivaleequivalia a 18% da população do atual estado do [[Pará]]. A maior cidade seria [[Marabá]] que, com seus {{fmtn|243583}} habitantes, representaria cerca de 20,3% da população da região, um percentual baixo se comparado com os demais estados da [[Região Norte do Brasil|região Norte]]. Também haveria mais duas [[cidade]]s com mais de cem mil habitantes, [[Parauapebas]], com {{fmtn|166342}}, e [[Tucuruí]], com {{fmtn|100651}}. Outras importantes cidades seriam [[Redenção (Pará)|Redenção]] e [[São Félix do Xingu]]. Somente

Em 2009 somente 11,04% de sua população sãoeram paraenses, o restante da população migrou de todo o [[Brasil]], sendo que os maranhenses, tocantinenses, goianos, piauenses e mineiros juntos representam aproximadamente 69% da população total da região.<ref name="AgAM"/>.
{{Maiores cidades carajaenses}}
{{notas e referências}}