Teodoro Estudita: diferenças entre revisões

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|polêmicas =[[Iconoclasma]]
}}
'''Teodoro Estudita''' ({{langx|el|Θεόδωρος ο Στουδίτης}}), também chamado de '''Teodoro de Stoudios''', foi um [[monge]] [[bizantinos|bizantino]] e [[abade]] do [[Mosteiro de Stoudios]] em [[Constantinopla]]<ref name="Browne 1933 76">{{harvnb|Browne|1933|p=76}}; {{harvnb|Chisholm|1911|loc="Theodorus—Theodosia", p. 769}}.</ref>. Nascido em 759 d.C. na cidade de [[Constantinopla]], então capital do [[Império Bizantino]], Teodoro teve um papel preponderante no renascimento tanto do [[monasticismo]] bizantino quanto dos gêneros literários clássicos no Império<ref name=".{{harvref|Browne |1933 |p=76"/>.}}{{harvref|name=Chis769|Chisholm|1911|p=769}} Além disso, ficou conhecido como um feroz adversário do [[Iconoclasma]], um dos diversos conflitos que o colocaram contra o [[imperador bizantino|imperador]] e o [[patriarca de Constantinopla]].
 
== Vida ==
=== Família e infância ===
Teodoro nasceu em [[Constantinopla]] em 759 d.C.,<ref>{{harvnb|Chisholm|1911|loc name="Theodorus—Theodosia",Chis769 p. 769}}.</ref>, o primogênito de PhoteinosFoteíno, um importante oficial de finanças na burocracia palaciana da capital imperial<ref>Ele,{{notaNT|ele é descrito como "administrador da verba imperial" (''tamieias tōn basilikōn phorōn'', "administrador da verba imperial"), uma posição que parece ter sido equivalente à de [[sacelário]] imperial (''basilikos sakellarios'' ([[sacelário]] imperial). Ele era, portanto, um oficial de alta patente, com acesso ao próprio imperador (.{{harvnbharvref|Pratsch|1998|ppp=18–21}})</ref>}}, e Teoctiste, filha de uma distinta família constantinopolitana<ref>.{{notaNT|Teodoro enfatiza a alta posição dos pais de Teoctiste, SergiosSérgio e Eufêmia, que morreram na [[epidemia]] de [[peste bubônica|peste]] de 747-48. ({{harvnbharvref|Pratsch|1998|ppp=26–27}})</ref>.}} O irmão de Teoctiste e tio de Teodoro, PlatonPlatão, era também um oficial de alta patente na burocracia financeira do palácio<ref>.{{notaNT|Ele era um zigostata (''zygostates''), posição para a qual tinha sido treinado por seu tio. ({{harvnbharvref|Pratsch|1998|ppp=27–28}})</ref>.}} A família, portanto, controlava uma parte significativa, senão toda, a administração financeira do império durante o reinado do [[imperador bizantino|imperador]] [[{{lknb|Constantino |V Coprônimo]]<ref>}} {{harvnbnwrap|r.|741|775}}.{{harvref|Pratsch|1998|ppp=62–63 (com a nota 175)}}.</ref>. Teodoro tinha dois jovens irmãos (José, que depois se tornou o arcebispo de [[Tessalônica]], e EutímoEutímio) e uma irmã, cujo nome nãoé sabemos<ref>desconhecido.{{harvnbharvref|Pratsch|1998|ppp=28–29}}.</ref>.
 
Geralmente se assume que a família de Teodoro pertencia ao partido [[iconódulo]] durante o primeiro período do [[Iconoclasma]]. Não há, porém, evidências que suportem este ponto de vista e as altas posições mantidas pelos membros da família na burocracia imperial da época tornaria qualquer apoio aos iconódulos altamente improvável. Além disso, quando PlatonPlatão deixou o cargo e se dedicou ao sacerdócio em 759 d.C., ele foi [[ordem (sacramento)|ordenado]] por um abade que, se não era um [[iconoclasta]] ativo, pelo menos não ofereceu resistência às políticas iconoclastas de Constantino V. A família como um todo era, muito provavelmente, indiferente à questão dos [[ícone]]s durante este período<ref>.{{harvnbharvref|Pratsch|1998|ppp=42–45}}.</ref>.
 
De acordo com a literatura [[hagiografia|hagiográfica]] posterior, Teodoro recebeu uma educação à altura do status de sua família e, dos sete anos em diante, ele foi instruído por um tutor particular, eventualmente se concentrando principalmente em [[teologia]]. Não é claro, porém, que estas oportunidades estariam disponíveis mesmo para as famílias mais ricas de Constantinopla no século {{séc|VIII}} e, por isso, é provável que Teodoro seja, ao menos em parte, um auto-didata<ref>.{{harvnbharvref|Pratsch|1998|ppp=67–69}}.</ref>.
 
=== Primeiros anos da carreira monástica ===
[[FicheiroImagem:Iren and Constantin.jpg| direita| 250px| thumb| A imperatriz [[Irene de Atenas|Irene]] e seu filho, [[Constantino VI]], no [[Segundo Concílio de Niceia]], que encerrou a primeira onda do [[Iconoclasma]].<br><small>[[Afresco]] de [[Dionísio, o Sábio|Dionísio]], no [[Mosteiro de Ferapontov]], no [[Oblast de Vologda]], na [[Rússia]].</small>]]
Depois da morte do imperador {{Lknb|Leão|IV, o Cazar}}, em 780 d.C., o tio de Teodoro, Platon, que vivia como um monge no Mosteiro de Symbola, na [[Bitínia]], desde 759 d.C., visitou Constantinopla e persuadiu a família toda de sua irmã Teoctiste a também tomar os [[voto monástico|votos monásticos]]. Teodoro, seu pai e seus irmãos viajaram para a Bitínia com Platon em 781 d.C., onde eles começaram a transformar a propriedade da família numa instituição religiosa, que se tornou conhecida como Mosteiro de Sakkudion. Platon se tornou o abade da nova instituição e Teodoro era seu "braço direito". Os dois modelaram [[regra monástica|as regras]] de acordo com a obra de [[Basílio de Cesareia]]<ref>{{harvnb|Pratsch|1998|pp=71–76}}.</ref>.
 
Depois da morte do imperador {{Lknb|Leão|IV, o Cazar}}, em 780 d.C., o tio de Teodoro, PlatonPlatão, que vivia como um monge no Mosteiro de SymbolaSímbola, na [[Bitínia]], desde 759 d.C., visitou Constantinopla e persuadiu a família toda de sua irmã Teoctiste a também tomar os [[voto monástico|votos monásticos]]. Teodoro, seu pai e seus irmãos viajaram para a Bitínia com PlatonPlatão em 781 d.C., onde eles começaram a transformar a propriedade da família numa instituição religiosa, que se tornou conhecida como Mosteiro de SakkudionSacúdio. PlatonPlatão se tornou o abade da nova instituição e Teodoro era seu "braço direito". Os dois modelaram [[regra monástica|as regras]] de acordo com a obra de [[Basílio de Cesareia]]<ref>.{{harvnbharvref|Pratsch|1998|ppp=71–76}}.</ref>.
Durante o período da regência da imperatriz [[Irene de Atenas|Irene]], o abade Platon reapareceu como um aliado do [[patriarca de Constantinopla|patriarca]] [[Tarásio de Constantinopla|Tarásio]] e como um membro do partido iconódulo do patriarca no [[Segundo Concílio de Niceia]], onde a [[iconodulia|veneração dos ícones]] foi declarada [[ortodoxia doutrinária|ortodoxa]]. Logo depois, o próprio Tarásio ordenou Teodoro um padre. Em 794 d.C., Teodoro se tornou o abade de Sakkudion, quando seu tio se retirou da operação diária do mosteiro e [[voto de silêncio|se dedicou ao silêncio]]<ref>{{harvnb|Pratsch|1998|pp=80–81}}.</ref>.
 
Durante o período da regência da imperatriz [[Irene de Atenas|Irene]], o abade PlatonPlatão reapareceu como um aliado do [[patriarca de Constantinopla|patriarca]] [[Tarásio de Constantinopla|Tarásio]] e como um membro do partido iconódulo do patriarca no [[Segundo Concílio de Niceia]], onde a [[iconodulia|veneração dos ícones]] foi declarada [[ortodoxia doutrinária|ortodoxa]]. Logo depois, o próprio Tarásio ordenou Teodoro um padre. Em 794 d.C., Teodoro se tornou o abade de SakkudionSacúdio, quando seu tio se retirou da operação diária do mosteiro e [[voto de silêncio|se dedicou ao silêncio]]<ref>.{{harvnbharvref|Pratsch|1998|ppp=80–81}}.</ref>.
 
{{Âncora|Controvérsia moequiana}}
=== Conflito com Constantino VI===
Também em 794 d.C., o imperador [[Constantino VI]] decidiu se separar de sua primeira esposa, [[Maria de AmniaÂmnia]], para se casar com [[Teódote]], uma das [[cubiculária]]s ([[dama de companhia]]) de Maria e prima de Teodoro Estudita<ref>.{{notaNT|Ela era filha de Ana, uma irmã da mãe de Teodoro, Teoctiste. ({{harvnbharvref|Pratsch|1998|ppp=53, 83}})</ref>.}} Ainda que o patriarca possa ter inicialmente resistido ao movimento, pois o divórcio sem prova de [[adultério]] por parte da esposa poderia ser considerado como ilegal, ele no final acabou cedendo. O casamento entre Constantino e Teódote foi celebrado em 795, não pelo patriarca como seria de se esperar, mas por um tal José, um padre de [[Basílica de Santa Sofia|Santa Sofia]]<ref>.{{harvnbharvref|Pratsch|1998|ppp=89–90}}.</ref>.
 
Uma sequência de eventos algo obscura se seguiu (a chamada "'''controvérsia moequiana'''", do {{lang-el|μοιχός}} - ''moichos'', "adúltero"), na qual Teodoro iniciou um protesto contra o casamento a partir do Mosteiro de SakkudionSacúdio e parece ter exigido a [[excomunhão]] não apenas do padre José, mas também de todos os receberam a comunhão dele, algo que, por José ser um padre da igreja imperial, implicitamente levava à excomunhão do imperador e sua corte<ref>.{{harvnbharvref|Pratsch|1998|ppp=98–101}}.</ref>. Esta exigência não tinha nenhum valor oficial, porém, e Constantino parece ter tentando se reconciliar com Teodoro e PlatonPlatão (que agora eram parentes por causa do casamento), convidando-os a visitá-lo durante um passeio nos [[banho romano|banhos imperiais]] em [[Prusa]], na [[Bitínia]]. Nenhum deles, no entanto, compareceu ao evento, porém<ref>.{{harvnbharvref|Pratsch|1998|ppp=101–102}}.</ref>.
 
Como resultado, tropas imperiais foram enviadas para SakkudionSacúdio e a comunidade foi dispersada. Teodoro foi [[flagelação|açoitado]] e, juntamente com dez outros monges, banido para a [[Tessalônica]], enquanto que PlatonPlatão foi preso na capital<ref>.{{harvnbharvref|Pratsch|1998|ppp=107–110}}.</ref>. Os monges chegaram no seu novo destino em março de 797 d.C., mas não ficariam por muito tempo. Em agosto do mesmo ano, Constantino VI foi derrubado e [[Mutilação política na cultura bizantina|cegado]], e sua mãe, a nova imperatriz [[Irene de Atenas|Irene]], reverteu o exílio<ref>.{{harvnbharvref|Pratsch|1998|ppp=110–113}}.</ref>.
 
=== Abade dos Estuditas ===
[[FicheiroImagem:Moni tou Stoudiou.jpg| thumb| esquerda| 300px|[[Mosteiro de Stoudios]]<br><small>[[Gravura]] de 1877.</small>]]
Após a ascensão de Irene, o padre José foi expulso e Teodoro foi recebido no palácio imperial<ref>{{harvnb|Pratsch|1998|p=118}}.</ref>. Os monges retornaram para o Mosteiro de Sakkudion, mas foram forçados de volta para a capital entre 797 e 798 d.C. por causa de uma invasão [[árabes|árabe]] na Bitínia. Nesta época, Irene ofereceu a Teodoro a liderança do antigo [[Mosteiro de Stoudios]] em [[Constantinopla]], que ele prontamente aceitou<ref>{{harvnb|Pratsch|1998|pp=120–122}}.</ref>. Teodoro então iniciou um programa de construção de diversas oficinas no mosteiro para garantir sua independência, construindo também uma biblioteca e um ''[[scriptorium]]'', além de restaurar e redecorar a igreja. Ele compôs uma série de poemas sobre os deveres dos vários membros da comunidade, que provavelmente estavam inscritos e expostos por todo o mosteiro<ref>{{harvnb|Pratsch|1998|p=125}}; para os poemas, {{harvnb|Speck|1984|loc=''Jamben'', pp. 114-174 ([[Epigrama]]s 3-29)}}.</ref>. Ele também compôs a [[regra monástica|regra]] para governar o mosteiro<ref>{{harvnb|Pratsch|1998|p=126}}.</ref> e transformou a comunidade de Stoudios num centro de uma extensa rede de mosteiros dependentes, incluindo Sakkudion. Ele mantinha contato com estes outros mosteiros sobretudo através de sua prodigiosa produção literária (cartas e [[catecismo]]s), que chegaram ao auge neste período, e pelo desenvolvimento de um sistema de mensageiros que era tão elaborado que parecia um serviço postal privado<ref>{{harvnb|Pratsch|1998|pp=128–133}}.</ref>.
 
Após a ascensão de Irene, o padre José foi expulso e Teodoro foi recebido no palácio imperial<ref>.{{harvnbharvref|Pratsch|1998|p=118}}.</ref>. Os monges retornaram para o Mosteiro de SakkudionSacúdio, mas foram forçados de volta para a capital entre 797 e 798 d.C. por causa de uma invasão [[árabes|árabe]] na Bitínia. Nesta época, Irene ofereceu a Teodoro a liderança do antigo [[Mosteiro de Stoudios]] em [[Constantinopla]], que ele prontamente aceitou<ref>.{{harvnbharvref|Pratsch|1998|ppp=120–122}}.</ref>. Teodoro então iniciou um programa de construção de diversas oficinas no mosteiro para garantir sua independência, construindo também uma biblioteca e um ''[[scriptorium]]'', além de restaurar e redecorar a igreja. Ele compôs uma série de poemas sobre os deveres dos vários membros da comunidade, que provavelmente estavam inscritos e expostos por todo o mosteiro<ref>.{{harvnbharvref|Pratsch|1998|p=125}}; para{{notaNT|Para os poemas, {{harvnb|Speck|1984|loc=''Jamben'', pp. 114-174 ([[Epigrama]]s 3-29)}}.</ref>.}} Ele também compôs a [[regra monástica|regra]] para governar o mosteiro<ref>{{harvnbharvref|Pratsch|1998|p=126}}.</ref> e transformou a comunidade de Stoudios num centro de uma extensa rede de mosteiros dependentes, incluindo SakkudionSacúdio. Ele mantinha contato com estes outros mosteiros sobretudo através de sua prodigiosa produção literária (cartas e [[catecismo]]s), que chegaram ao auge neste período, e pelo desenvolvimento de um sistema de mensageiros que era tão elaborado que parecia um serviço postal privado<ref>.{{harvnbharvref|Pratsch|1998|ppp=128–133}}.</ref>.
A este período também podem ser atribuídos os [[epigrama]]s iconófilos, [[acróstico]]s [[iâmbico]]s, compostos por Teodoro para substituírem os "epigramas iconoclastas" que estavam previamente expostos no [[portão Chalke]] do [[Grande Palácio de Constantinopla]]. Já foi sugerido que eles teriam sido encomendados por Irene como outro sinal de suas boas graças para com Teodoro, embora uma comissão sob {{Lknb|Miguel|I|Rangabe}} também possa ter sido o patrono. De toda forma, eles foram removidos em 815 por {{Lknb|Leão|V, o Armênio}}, e novamente substituídos por versos iconoclastas<ref>{{harvnb|Pratsch|1998|pp=122–123 (com as notas)}}.</ref>.
 
A este período também podem ser atribuídos os [[epigrama]]s iconófilos, [[acróstico]]s [[iâmbico]]s, compostos por Teodoro para substituírem os "epigramas iconoclastas" que estavam previamente expostos no [[portão Chalke]] do [[Grande Palácio de Constantinopla]]. Já foi sugerido que eles teriam sido encomendados por Irene como outro sinal de suas boas graças para com Teodoro, embora uma comissão sob {{Lknb|Miguel|I|Rangabe}} também possa ter sido o patrono. De toda forma, eles foram removidos em 815 por {{Lknb|Leão|V, o Armênio}}, e novamente substituídos por versos iconoclastas<ref>.{{harvnbharvref|Pratsch|1998|ppp=122–123 (com as notas)}}.</ref>.
Em 806 d.C., o patriarca Tarásio morreu e o imperador {{Lknb|Nicéforo|I, o Logóteta}} começou a buscar um substituto<ref>{{harvnb|Pratsch|1998|pp=135–136}}.</ref>. Parece provável que Platon tenha colocado o nome de Teodoro como uma possibilidade<ref>{{harvnb|Pratsch|1998|pp=139–140}}.</ref>, mas [[Nicéforo I de Constantinopla|Nicéforo]] (não o imperador), um leigo com o estatuto de [[asecreta]] na burocracia imperial, foi o escolhido<ref>{{harvnb|Pratsch|1998|p=142}}.</ref>. Esta escolha provocou imediatos protestos por parte dos "estuditas" (monges de Stoudios) e, principalmente, de Teodoro e Platon, que eram contra a elevação de um leigo ao trono patriarcal. Ambos foram presos por 24 dias por ordem do imperador Nicéforo<ref>{{harvnb|Pratsch|1998|pp=144–145}}.</ref>.
 
Em 806 d.C., o patriarca Tarásio morreu e o imperador {{Lknb|Nicéforo|I, o Logóteta}} começou a buscar um substituto<ref>.{{harvnbharvref|Pratsch|1998|ppp=135–136}}.</ref>. Parece provável que PlatonPlatão tenha colocado o nome de Teodoro como uma possibilidade<ref>,{{harvnbharvref|Pratsch|1998|ppp=139–140}}.</ref>, mas [[Nicéforo I de Constantinopla|Nicéforo]] (não o imperador), um leigo com o estatuto de [[asecreta]] na burocracia imperial, foi o escolhido<ref>.{{harvnbharvref|Pratsch|1998|p=142}}.</ref>. Esta escolha provocou imediatos protestos por parte dos "estuditas" (monges de Stoudios) e, principalmente, de Teodoro e PlatonPlatão, que eram contra a elevação de um leigo ao trono patriarcal. Ambos foram presos por 24 dias por ordem do imperador Nicéforo<ref>.{{harvnbharvref|Pratsch|1998|ppp=144–145}}.</ref>.
 
=== Conflito com Nicéforo ===
O imperador Nicéforo logo pediu ao seu novo patriarca que reabilitasse o padre José, que oficiara o casamento de Constantino e Teódote, possivelmente pela intervenção de José na resolução pacífica na revolta de {{Lknb|Bardanes,|o Turco}}. Em 806, o patriarca Nicéforo reuniu um [[sínodo]] para julgar o caso e Teodoro estava presente. O grupo decidiu readmitir José como sacerdote, uma decisão que Teodoro não objetou na época<ref>.{{harvnbharvref|Pratsch|1998|ppp=147–149}}.</ref>.
 
Portanto, as relações entre o abade estudita e o patriarca parecem ter sido inicialmente pacíficas, uma percepção reforçada pela escolha, em 806-807, do irmão de Teodoro, José, como [[arcebispo]] de Tessalônica<ref>.{{harvnbharvref|Pratsch|1998|ppp=151–153}}.</ref>. Contudo, logo após a sua ordenação em 808 d.C., Teodoro começou a expressar publicamente a sua indisposição de se associar com o reabilitado padre José e com todos os que também se associavam com ele, pois ele considerava a sua reabilitação [[direito canônico|não canônica]]. Como na primeira disputa sobre o padre José, esta recusa implicitamente implicava na recusa de Teodoro de se envolver com o imperador e com o patriarca de Constantinopla<ref>.{{harvnbharvref|Pratsch|1998|ppp=153–157}}.</ref>.
 
No início de 808 d.C., Teodoro se ofereceu, numa série de cartas, para explicar o seu ponto de vista para o imperador e, se fosse o caso, para realizar a habitual ''[[proskynesis]]'' aos seus pés, o que Nicéforo recusou, preferindo partir para as campanhas militares do verão<ref>.{{harvnbharvref|Pratsch|1998|ppp=159–161}}.</ref>. No inverno do mesmo ano, o irmão de Teodoro, José de Tessalônica, o visitou em Constantinopla, mas se recusou a comparecer à [[missa de Natal]] em Santa Sofia, que tinha a presença do imperador, do patriarca e de José. Como resultado, ele foi deposto de seu arcebispado<ref>.{{harvnbharvref|Pratsch|1998|ppp=162–163}}.</ref>. Por volta da mesma época, uma pequena divisão militar foi enviada para o Mosteiro de Stoudios para prender Teodoro, José de Tessalônica, que se refugiara ali, e Platon<ref>Platão.{{harvnbharvref|Pratsch|1998|p=167}}.</ref>. Um sínodo foi realizado em janeiro de 809 d.C., no qual Teodoro e seus seguidores foram [[anátema|anatemizados]] como [[cisma|cismáticos]]<ref>.{{harvnbharvref|Pratsch|1998|ppp=170–171}}.</ref>. Os três foram, por isso, banidos para as [[Ilhas dos Príncipes]]: Teodoro para [[Heybeliada|Chalke]], José para [[Kınalıada|Prote]] e PlatonPlatão para [[Sivriada|Oxeia]]<ref>.{{harvnbharvref|Pratsch|1998|p=173}}.</ref>.
 
[[FicheiroImagem:53-manasses-chronicle.jpg| thumb| 350px| direita| A derrota de {{Lknb|Miguel|I|Rangabe}} na [[Batalha de Versinikia]] (813) nas mãos do [[cã da Bulgária|cã]] [[Krum da Bulgária]].<br><small>[[Iluminura]] na crônica de [[Constantino Manasses]], do século {{séc|XIV}}.</small>]]
Em 811 d.C., o novo imperador {{Lknb|Miguel|I|Rangabe}} chamou de volta os estuditas. O padre José foi novamente expulso e Teodoro se reconciliou, pelo menos superficialmente, com o patriarca [[Nicéforo I de Constantinopla|Nicéforo]]<ref>{{harvnb|Pratsch|1998|p=183}}.</ref>.
 
Em 811, o novo imperador {{Lknb|Miguel|I|Rangabe}} chamou de volta os estuditas. O padre José foi novamente expulso e Teodoro se reconciliou, pelo menos superficialmente, com o patriarca [[Nicéforo I de Constantinopla|Nicéforo]].{{harvref|Pratsch|1998|p=183}} Teodoro manteve uma intensiva atividade literária no exílio, escrevendo diversas cartas para vários correspondentes, incluindo seu irmão, vários monges estuditas, membros influentes da família e até mesmo para o [[papa Leão III]]. Ele também continuou a compor os catecismos para a congregação estudita e numerosos poemas<ref>.{{harvnbharvref|Pratsch|1998|ppp=175–176}}.</ref>.
 
=== Reabilitação sob Miguel I ===
Há, porém, indicações de que uma certa rivalidade entre os dois persistiu. Em 812 d.C., Miguel I resolveu perseguir alguns [[heresia|heréticos]] na [[Frígia]] e na [[Licaônia]], os [[paulicianos]] e os atínganos (''athinganoi''), por vezes identificados com os [[Rom (povo)|Rom (ciganos)]]. Teodoro e Nicéforo foram convocados pelo imperador para debater a legalidade de se punir a heresia com a morte, com Teodoro argumentando contra e Nicéforo, a favor. Teodoro venceu<ref>.{{harvnbharvref|Pratsch|1998|ppp=189–191}}.</ref>.
 
Outra situação de atrito estava relacionada com o tratado de paz proposto pelo cã [[Krum da Bulgária]], também em 812 d.C., pelo qual os estados bizantinos e búlgaros iriam trocar refugiados. É provável que o cã estivesse atrás de certos búlgaros que o tinham traído para os bizantinos. Desta vez, Teodoro argumentou contra a troca, pois ela iria requerer que cristãos fossem abandonados aos [[bárbaros]], enquanto que Nicéforo implorou ao imperador para que aceitasse o tratado. Uma vez mais a opinião de Teodoro prevaleceu, embora desta vez com consequências mais sérias. Krum atacou e tomou [[Mesembria]] em novembro do mesmo ano<ref>.{{harvnbharvref|Pratsch|1998|ppp=192–196}}.</ref>. No ano seguinte, Miguel liderou uma campanha contra os invasores que terminou em derrota e, como resultado, ele abdicou do trono em julho, abrindo caminho para {{Lknb|Leão|V, o Armênio}} ser coroado imperador<ref>.{{harvnbharvref|Pratsch|1998|ppp=196–199}}.</ref>
 
Em 4 de abril de 814, o tio de Teodoro, PlatonPlatão, morreu no Mosteiro de Stoudios após uma longa doença. Teodoro compôs uma extensa oração funerária, conhecida como ''Laudatio Platonis'', que é até hoje uma das mais importantes fontes históricas sobre a família deles.<ref>{{harvnbharvref|Pratsch|1998|p=201}}</ref>
 
=== O segundo Iconoclasma ===
[[FicheiroImagem:Chludov sobor.jpg| thumb| 250px| direita| Imagem do [[Concílio de Constantinopla (815)|concílio iconoclasta de 815]], com o imperador {{Lknb|Leão|V, o Armênio}} e o [[patriarca de Constantinopla|patriarca]] [[Teódoto I de Constantinopla|Teódoto]]. Na parte de baixo, o [[ícone]] está sendo destruído pelo patriarca [[João VII Gramático]] e Antônio de SileyaSileia.<br><small>[[Iluminura]] no [[Saltério de Chludov]], do século IX, atualmente [[Museu Histórico do Estado]] em [[Moscou]].</small>]]
Bem no início de seu reinado, Leão V enfrentou uma nova ofensiva búlgara que chegou até as [[muralhas de Constantinopla]] e arrasou com grande parte da [[Trácia]]. Ela terminou com a morte de Krum em 13 de abril de 814 e com os conflitos internos que se seguiram<ref>{{harvnb|Pratsch|1998|pp=203–204 (com a nota 8)}}.</ref>. Porém, como os trinta anos que se seguiram à aprovação da [[iconodulia|veneração aos ícones]] no [[Segundo Concílio de Niceia]] em 787 d.C. foram, para os bizantinos, nada mais do que uma sequência de catástrofes militares, Leão resolveu então buscar inspiração nas políticas de maior sucesso da [[Dinastia Isáuria]]. Ele renomeou seu filho Constantino, traçando um paralelo com {{Lknb|Leão|III, o Isáurio}} e [[Constantino V]], e começou, em 814 d.C., a discutir com vários clérigos e senadores a possibilidade de reabilitar a política [[iconoclastia|iconoclasta]] dos isáurios. Este movimento encontrou forte oposição do patriarca Nicéforo, que juntou pessoalmente um grupo de bispos e abades a sua volta e os fez jurar defenderem a veneração das imagens. A disputa chegou ao ápice num debate entre os dois partidos perante o imperador no [[Grande Palácio de Constantinopla|Grande Palácio]] no Natal de 814, no qual Teodoro e seu irmão, José de Tessalônica, estavam presentes e tomaram partido dos [[iconófilos]]<ref>{{harvnb|Pratsch|1998|pp=204–223}}.</ref>.
 
Bem no início de seu reinado, Leão V enfrentou uma nova ofensiva búlgara que chegou até as [[muralhas de Constantinopla]] e arrasou com grande parte da [[Trácia]]. Ela terminou com a morte de Krum em 13 de abril de 814 e com os conflitos internos que se seguiram<ref>.{{harvnbharvref|Pratsch|1998|ppp=203–204 (com a nota 8)}}.</ref>. Porém, como os trinta anos que se seguiram à aprovação da [[iconodulia|veneração aos ícones]] no [[Segundo Concílio de Niceia]] em 787 d.C. foram, para os bizantinos, nada mais do que uma sequência de catástrofes militares, Leão resolveu então buscar inspiração nas políticas de maior sucesso da [[Dinastia Isáuria]]. Ele renomeou seu filho Constantino, traçando um paralelo com {{Lknb|Leão|III, o Isáurio}} e [[{{lknb|Constantino|V V]]Coprônimo}}, e começou, em 814 d.C., a discutir com vários clérigos e senadores a possibilidade de reabilitar a política [[iconoclastia|iconoclasta]] dos isáurios. Este movimento encontrou forte oposição do patriarca Nicéforo, que juntou pessoalmente um grupo de bispos e abades a sua volta e os fez jurar defenderem a veneração das imagens. A disputa chegou ao ápice num debate entre os dois partidos perante o imperador no [[Grande Palácio de Constantinopla|Grande Palácio]] no Natal de 814, no qual Teodoro e seu irmão, José de Tessalônica, estavam presentes e tomaram partido dos [[iconófilos]]<ref>.{{harvnbharvref|Pratsch|1998|ppp=204–223}}.</ref>.
Leão se manteve firme no seu plano para reviver o Iconoclasma e, em março de 815, o patriarca Nicéforo I foi deposto e exilado na [[Bitínia]]. Neste ponto, Teodoro permaneceu em Constantinopla e assumiu um papel de liderança na oposição aos iconoclastas. Em 25 de março, [[Domingo de Ramos]], ele comandou seus monges a irem numa [[procissão]] através do vinhedo do mosteiro, levando os ícones sobre as cabeças para que os vizinhos pudessem vê-los sobre o muro. Esta provocação só fez provocar nova retaliação do imperador<ref>{{harvnb|Pratsch|1998|pp=229–230}}.</ref>.
 
Leão se manteve firme no seu plano para reviver o Iconoclasma e, em março de 815, o patriarca Nicéforo I foi deposto e exilado na [[Bitínia]]. Neste ponto, Teodoro permaneceu em Constantinopla e assumiu um papel de liderança na oposição aos iconoclastas. Em 25 de março, [[Domingo de Ramos]], ele comandou seus monges a irem numa [[procissão]] através do vinhedo do mosteiro, levando os ícones sobre as cabeças para que os vizinhos pudessem vê-los sobre o muro. Esta provocação só fez provocar nova retaliação do imperador<ref>.{{harvnbharvref|Pratsch|1998|ppp=229–230}}.</ref>.
Um novo patriarca, [[Teódoto I de Constantinopla|Teódoto I]], foi selecionado e, em abril, [[Concílio de Constantinopla (815)|um sínodo se reuniu em Santa Sofia]], no qual a [[iconoclastia]] foi reintroduzida como um [[dogma]]. Teodoro escreveu uma série de cartas nas quais ele convocou ''"todos, de perto e de longe"'' a se revoltarem contra a decisão deste sínodo. Não demorou muito para que ele fosse exilado, por ordem do imperador, para Metopa, uma fortaleza na margem oriental do [[Lago Uluabat|Lago Apolônia]], na Bitínia<ref>{{harvnb|Pratsch|1998|pp=231–234 and 247}}.</ref>. Logo em seguida, Leão mandou remover os poemas de Teodoro do [[Portão Chalke]] e os substituiu com um novo conjunto de [[epigrama]]s iconoclastas<ref>{{harvnb|Pratsch|1998|p=234}}.</ref>.
 
Um novo patriarca, [[Teódoto I de Constantinopla|Teódoto I]], foi selecionado e, em abril, [[Concílio de Constantinopla (815)|um sínodo se reuniu em Santa Sofia]], no qual a [[iconoclastia]] foi reintroduzida como um [[dogma]]. Teodoro escreveu uma série de cartas nas quais ele convocou ''"todos, de perto e de longe"'' a se revoltarem contra a decisão deste sínodo. Não demorou muito para que ele fosse exilado, por ordem do imperador, para Metopa, uma fortaleza na margem oriental do [[Lago Uluabat|Lago Apolônia]], na Bitínia<ref>.{{harvnbharvref|Pratsch|1998|ppp=231–234 and; 247}}.</ref>. Logo em seguida, Leão mandou remover os poemas de Teodoro do [[Portão Chalke]] e os substituiu com um novo conjunto de [[epigrama]]s iconoclastas<ref>.{{harvnbharvref|Pratsch|1998|p=234}}.</ref>.
Com Teodoro no exílio, a liderança dos estuditas foi assumida pelo abade Leôncio, que, por um tempo, adotou a posição iconoclasta e convenceu inúmeros monges a se juntarem a ele<ref>{{harvnb|Pratsch|1998|pp=242–243}}.</ref>. Eventualmente, ele se arrependeu e voltou às fileiras iconódulas<ref>{{harvnb|Pratsch|1998|pp=245–246}}.</ref>. A situação dos estuditas refletia uma tendência geral, com vários bispos e abades num primeiro momento tentando chegar num acordo de compromisso com os iconoclastas<ref>{{harvnb|Pratsch|1998|pp=235–245}}.</ref>, mas, entre 816 e 819 d.C., renunciando esta posição, algo que pode ter algo a ver com o [[mártir|martírio]] do monge estudita Thaddaios<ref>{{harvnb|Pratsch|1998|pp=245–246 and 252}}.</ref>. Foi durante esta retomada do sentimento iconódulo que Teodoro começou a escrever a sua própria [[polêmica]] contra os iconoclastas, a ''Refutatio'', se concentrando particularmente em refutar os argumentos e em criticar os méritos literários dos novos epigramas iconoclastas colocados no Chalke por Leão V<ref>{{harvnb|Pratsch|1998|pp=246–247}}.</ref>.
 
Com Teodoro no exílio, a liderança dos estuditas foi assumida pelo abade Leôncio, que, por um tempo, adotou a posição iconoclasta e convenceu inúmeros monges a se juntarem a ele<ref>.{{harvnbharvref|Pratsch|1998|ppp=242–243}}.</ref>. Eventualmente, ele se arrependeu e voltou às fileiras iconódulas<ref>.{{harvnbharvref|Pratsch|1998|ppp=245–246}}.</ref>. A situação dos estuditas refletia uma tendência geral, com vários bispos e abades num primeiro momento tentando chegar num acordo de compromisso com os iconoclastas<ref>,{{harvnbharvref|Pratsch|1998|ppp=235–245}}.</ref>, mas, entre 816 e 819 d.C., renunciando esta posição, algo que pode ter algo a ver com o [[mártir|martírio]] do monge estudita Thaddaios<ref>Tadaio.{{harvnbharvref|Pratsch|1998|ppp=245–246 and; 252}}.</ref>. Foi durante esta retomada do sentimento iconódulo que Teodoro começou a escrever a sua própria [[polêmica]] contra os iconoclastas, a ''Refutatio'', se concentrando particularmente em refutar os argumentos e em criticar os méritos literários dos novos epigramas iconoclastas colocados no Chalke por Leão V<ref>.{{harvnbharvref|Pratsch|1998|ppp=246–247}}.</ref>.
Teodoro teve uma ampla influência durante o primeiro ano de seu exílio, primeiramente por causa de sua maciça campanha de correspondência. Por conta dela, ele foi transferido em 816 d.C. para Boneta, uma fortaleza no ainda mais remoto [[Thema Anatólico]], de onde ele ainda assim conseguiu se manter a par dos acontecimentos na capital e manteve a sua correspondência normal. Esta atividade contínua levou o imperador a ordenar que ele fosse novamente [[flagelação|açoitado]], algo que, porém, seus captores se recusaram a fazer<ref>{{harvnb|Pratsch|1998|pp=247–251}}.</ref>. Em 817 d.C., Teodoro escreveu duas cartas para o [[papa Pascoal I]], que foram co-assinadas por diversos abades iconófilos, na primeira pedindo que ele convocasse um sínodo contra a iconoclastia. Outras cartas para o [[patriarca de Alexandria]] [[Cristóvão I de Alexandria|Cristóvão I]] e para o [[Patriarca Ortodoxo de Jerusalém]], entre outros clérigos "estrangeiros", se seguiram<ref>{{harvnb|Pratsch|1998|pp=253–254}}.</ref>. O imperador ordenou outra vez que Teodoro fosse açoitado e, desta vez, seu comando foi obedecido, resultando numa séria deterioração da saúde do exilado monge<ref>{{harvnb|Pratsch|1998|pp=255–258}}.</ref>. Após a sua recuperação, Teodoro foi novamente transferido, desta vez para [[Esmirna]]. No início de 821 d.C., porém, Leão V foi horrivelmente assassinado no altar da Igreja de Santo Estevão, no [[Grande Palácio de Constantinopla|palácio imperial]]. Teodoro foi libertado logo em seguida<ref>{{harvnb|Pratsch|1998|pp=259–261 and 263}}.</ref>.
 
Teodoro teve uma ampla influência durante o primeiro ano de seu exílio, primeiramente por causa de sua maciça campanha de correspondência. Por conta dela, ele foi transferido em 816 d.C. para Boneta, uma fortaleza no ainda mais remoto [[ThemaTema Anatólico]], de onde ele ainda assim conseguiu se manter a par dos acontecimentos na capital e manteve a sua correspondência normal. Esta atividade contínua levou o imperador a ordenar que ele fosse novamente [[flagelação|açoitado]], algo que, porém, seus captores se recusaram a fazer<ref>.{{harvnbharvref|Pratsch|1998|ppp=247–251}}.</ref>. Em 817 d.C., Teodoro escreveu duas cartas para o [[papa Pascoal I]], que foram co-assinadas por diversos abades iconófilos, na primeira pedindo que ele convocasse um sínodo contra a iconoclastia. Outras cartas para o [[patriarca de Alexandria]] [[Cristóvão I de Alexandria|Cristóvão I]] e para o [[Patriarca Ortodoxo de Jerusalém]], entre outros clérigos "estrangeiros", se seguiram<ref>.{{harvnbharvref|Pratsch|1998|ppp=253–254}}.</ref>. O imperador ordenou outra vez que Teodoro fosse açoitado e, desta vez, seu comando foi obedecido, resultando numa séria deterioração da saúde do exilado monge<ref>.{{harvnbharvref|Pratsch|1998|ppp=255–258}}.</ref>. Após a sua recuperação, Teodoro foi novamente transferido, desta vez para [[Esmirna]]. No início de 821 d.C., porém, Leão V foi horrivelmente assassinado no altar da Igreja de Santo Estevão, no [[Grande Palácio de Constantinopla|palácio imperial]]. Teodoro foi libertado logo em seguida<ref>.{{harvnbharvref|Pratsch|1998|ppp=259–261 and; 263}}.</ref>.
 
=== Anos finais ===
[[FicheiroImagem:St. Theodore Studite, west wall of naos.jpg| thumb| direita| 180px|Teodoro Estudita<br><small>[[Afresco]] na Igreja da ''[[Theotokos]] Peribleptos'', em [[OhridÁcrida]], [[Macedônia (região)|Macedônia]].</small>]]
Após a sua libertação, Teodoro retornou para Constantinopla, viajando através da região noroeste [[Anatólia]] e se encontrando com diversos monges e abades no caminho. Na época, parece que ele acreditava que o novo imperador, {{Lknb|Miguel|II, o Amoriano}}, iria adotar uma política pró-ícones e expressou esta esperança em duas cartas para ele<ref>{{harvnb|Pratsch|1998|pp=263–267}}.</ref>. Uma audiência imperial foi então combinada para um grupo de clérigos iconódulos, incluindo Teodoro, na qual, porém, Miguel expressou sua intenção de "deixar a igreja como ele a encontrou". Os abades receberam a permissão de venerar as imagens se quisessem, desde que permanecessem fora de Constantinopla. Teodoro retornou para a Anatólia no que parece ser um exílio auto-imposto<ref>{{harvnb|Pratsch|1998|pp=268–271}}.</ref>.
 
Após a sua libertação, Teodoro retornou para Constantinopla, viajando através da região noroeste [[Anatólia]] e se encontrando com diversos monges e abades no caminho. Na época, parece que ele acreditava que o novo imperador, {{Lknb|Miguel|II, o Amoriano}}, iria adotar uma política pró-ícones e expressou esta esperança em duas cartas para ele<ref>.{{harvnbharvref|Pratsch|1998|ppp=263–267}}.</ref>. Uma audiência imperial foi então combinada para um grupo de clérigos iconódulos, incluindo Teodoro, na qual, porém, Miguel expressou sua intenção de "deixar a igreja como ele a encontrou". Os abades receberam a permissão de venerar as imagens se quisessem, desde que permanecessem fora de Constantinopla. Teodoro retornou para a Anatólia no que parece ser um exílio auto-imposto<ref>.{{harvnbharvref|Pratsch|1998|ppp=268–271}}.</ref>.
As atividades de Teodoro nestes anos finais são difíceis de rastrear. Ele continuou a escrever diversas cartas apoiando o uso de ícones e parece ter continuado a ser um importante líder da oposição ao [[iconoclasma]] imperial<ref>{{harvnb|Pratsch|1998|p=278}}.</ref>. Ele estava presente no encontro de "mais de cem" clérigos iconódulos em 823-24, que terminou numa discussão entre os estuditas e o anfitrião, um tal Ioannikos, o que parece demonstrar divisões internas no movimento pró-ícones<ref>{{harvnb|Pratsch|1998|pp=281–288}}.</ref>. Teodoro também discursou contra o segundo casamento de Miguel II com a [[freira]] [[Eufrosina (esposa de Miguel II)|Eufrosina]], uma filha de [[Constantino VI]], ainda que de forma branda, sem a mesma paixão - e sem o mesmo efeito - da antiga "controvérsia moequiana" de seus primeiros anos<ref>{{harvnb|Pratsch|1998|pp=278–281}}.</ref>.
 
As atividades de Teodoro nestes anos finais são difíceis de rastrear. Ele continuou a escrever diversas cartas apoiando o uso de ícones e parece ter continuado a ser um importante líder da oposição ao [[iconoclasma]] imperial<ref>.{{harvnbharvref|Pratsch|1998|p=278}}.</ref>. Ele estava presente no encontro de "mais de cem" clérigos iconódulos em 823-24, que terminou numa discussão entre os estuditas e o anfitrião, um tal Ioannikos, o que parece demonstrar divisões internas no movimento pró-ícones<ref>.{{harvnbharvref|Pratsch|1998|ppp=281–288}}.</ref>. Teodoro também discursou contra o segundo casamento de Miguel II com a [[freira]] [[Eufrosina (esposa de Miguel II)|Eufrosina]], uma filha de [[Constantino VI]], ainda que de forma branda, sem a mesma paixão - e sem o mesmo efeito - da antiga "controvérsia moequiana" de seus primeiros anos<ref>.{{harvnbharvref|Pratsch|1998|ppp=278–281}}.</ref>.
Os anos de exílio de Teodoro, o hábito de [[jejum|jejuar]] e seus esforços excepcionais acabaram por debilitar seu corpo e, em 826 d.C., ele ficou novamente muito doente<ref>{{harvnb|Pratsch|1998|p=288}}.</ref>. Neste ano, ele ditou seu ''Testamento'', uma forma de guia espiritual para os futuros abades do [[Mosteiro de Stoudios]], para o seu discípulo Naucrácio<ref>{{harvnb|Thomas|Hero|Constable|2000|loc=I.68}}.</ref>. Ele morreu em 11 de novembro do mesmo ano, celebrando a missa, aparentemente no Mosteiro de Hagios Tryphon, no Cabo Akritas, na Bitínia. Dezoito anos depois seus restos mortais, juntamente com os de seu irmão José de Tessolônica, foram trazidos de volta para o Mosteiro de Stoudios e enterrados ao lado dos de seu tio Platon<ref>{{harvnb|Pratsch|1998|pp=288–291}}.</ref>.
 
Os anos de exílio de Teodoro, o hábito de [[jejum|jejuar]] e seus esforços excepcionais acabaram por debilitar seu corpo e, em 826 d.C., ele ficou novamente muito doente<ref>.{{harvnbharvref|Pratsch|1998|p=288}}.</ref>. Neste ano, ele ditou seu ''Testamento'', uma forma de guia espiritual para os futuros abades do [[Mosteiro de Stoudios]], para o seu discípulo Naucrácio<ref>.{{harvnbharvref|Thomas|Hero|Constable|2000|loc=I.68}}.</ref>. Ele morreu em 11 de novembro do mesmo ano, celebrando a missa, aparentemente no Mosteiro de HagiosAgios TryphonTrifon, no Cabo AkritasÁcritas, na Bitínia. Dezoito anos depois seus restos mortais, juntamente com os de seu irmão José de TessolônicaTessalônica, foram trazidos de volta para o Mosteiro de Stoudios e enterrados ao lado dos de seu tio Platon<ref>Platão.{{harvnbharvref|Pratsch|1998|ppp=288–291}}.</ref>.
 
== Legado ==
[[FicheiroImagem:Moscow, Church of Theodore the Studite.jpg| thumb| esquerda| 200px| Igreja de São Teodoro Estudita, em [[Moscou]]]]
O renascimento do [[Mosteiro de Stoudios]] pelas mãos de Teodoro teve uma enorme influência na história posterior do [[monasticismo bizantino]]. Seu discípulo, Naucrácio, retomou o controle do mosteiro após o final do Iconoclasma em 842 d.C. e pelo resto do século IX, os abades estuditas continuaram a tradição de Teodoro de se opor à autoridade imperial e patriarcal sempre que necessário<ref>{{harvnb|Thomas|Hero|Constable|2000|pp=68–69}}.</ref>. Elementos do ''Testamento'' de Teodoro foram incorporados, ''verbatim'', nas ''tipica'' (singular: ''[[tipicon]]'') de alguns dos primeiros mosteiros em [[Monte Atos]]<ref>{{harvnb|Thomas|Hero|Constable|2000|loc=I.72 and I.84}}.</ref>. Os mais importantes elementos de sua reforma foram a ênfase na vida [[cenobita]] (comunal), o trabalho manual e uma detalhada hierarquia administrativa<ref>{{harvnb|Thomas|Hero|Constable|2000|loc=I.85-87}}.</ref>.
 
O renascimento do [[Mosteiro de Stoudios]] pelas mãos de Teodoro teve uma enorme influência na história posterior do [[monasticismo bizantino]]. Seu discípulo, Naucrácio, retomou o controle do mosteiro após o final do Iconoclasma em 842 d.C. e pelo resto do século {{séc|IX}}, os abades estuditas continuaram a tradição de Teodoro de se opor à autoridade imperial e patriarcal sempre que necessário<ref>.{{harvnbharvref|Thomas|Hero|Constable|2000|ppp=68–69}}.</ref>. Elementos do ''Testamento'' de Teodoro foram incorporados, ''verbatim'', nas ''tipica'' (singular: ''[[tipicon]]'') de alguns dos primeiros mosteiros em [[Monte Atos]]<ref>.{{harvnbharvref|Thomas|Hero|Constable|2000|loc=I.72 and; I.84}}.</ref>. Os mais importantes elementos de sua reforma foram a ênfase na vida [[cenobita]] (comunal), o trabalho manual e uma detalhada hierarquia administrativa<ref>.{{harvnbharvref|Thomas|Hero|Constable|2000|loc=I.85-87}}.</ref>.
Teodoro também reformou o Mosteiro de Stoudios para que ele se tornasse um importante centro acadêmico, em particular por causa de sua biblioteca e o ''[[scriptorium]]'', colocando-os num patamar muito acima em comparação com outras instituições religiosas bizantinas da época<ref name="Pratsch, Theodoros, 306">{{harvnb|Pratsch|1998|p=306}}.</ref>, Teodoro pessoalmente foi uma figura importante no renascimento de formas literárias clássicas em Bizâncio, em particular do [[verso iâmbico]], e suas críticas aos epigramas iconoclastas firmaram a conexão entre sua habilidade literária e sua fé ortodoxa<ref>{{harvnb|Speck|1984|pp=194 (with note 18), 203}}.</ref>. Após a sua morte, o Mosteiro de Stoudios continuou a ser um centro vital da [[hinografia]] e da [[hagiografia]] bizantinas, além da cópia de [[manuscrito]]s<ref name="Pratsch, Theodoros, 306"/>.
 
Teodoro também reformou o Mosteiro de Stoudios para que ele se tornasse um importante centro acadêmico, em particular por causa de sua biblioteca e o ''[[scriptorium]]'', colocando-os num patamar muito acima em comparação com outras instituições religiosas bizantinas da época<ref name="Pratsch, Theodoros, 306">{{harvnbharvref|name=Prat306|Pratsch|1998|p=306}}.</ref>, Teodoro pessoalmente foi uma figura importante no renascimento de formas literárias clássicas em Bizâncio, em particular do [[verso iâmbico]], e suas críticas aos epigramas iconoclastas firmaram a conexão entre sua habilidade literária e sua fé ortodoxa<ref>.{{harvnbharvref|Speck|1984|ppp=194 (withcom notenota 18), 203}}.</ref>. Após a sua morte, o Mosteiro de Stoudios continuou a ser um centro vital da [[hinografia]] e da [[hagiografia]] bizantinas, além da cópia de [[manuscrito]]s.<ref name="Pratsch,Prat306 Theodoros, 306"/>.
Após o "[[Triunfo da Ortodoxia]]" (a reintrodução dos ícones) em 843 d.C., Teodoro se tornou um dos grandes heróis da oposição aos iconoclastas. Não existia ainda um processo forma de [[canonização]] em Bizâncio, mas Teodoro logo foi reconhecido como [[santo]]. No ocidente latino, uma tradição surgiu pela qual Teodoro teria reconhecido a [[primazia papal]] por conta de suas cartas ao [[papa Pascoal I]] e ele foi formalmente canonizado pela [[Igreja Católica]], uma honra que nenhum outro iconófilo bizantino recebeu. Sua festa é comemorada em 12 de novembro<ref>A verdade é que Teodoro claramente acreditava na [[Pentarquia]]. ({{harvnb|Pratsch|1998|pp=311–313}})</ref>.
 
Após o "[[Triunfo da Ortodoxia]]" (a reintrodução dos ícones) em 843 d.C., Teodoro se tornou um dos grandes heróis da oposição aos iconoclastas. Não existia ainda um processo forma de [[canonização]] em Bizâncio, mas Teodoro logo foi reconhecido como [[santo]]. No ocidente latino, uma tradição surgiu pela qual Teodoro teria reconhecido a [[primazia papal]] por conta de suas cartas ao [[papa Pascoal I]] e ele foi formalmente canonizado pela [[Igreja Católica]], uma honra que nenhum outro iconófilo bizantino recebeu. Sua festa é comemorada em 12 de novembro<ref>.{{notaNT|A verdade é que Teodoro claramente acreditava na [[Pentarquia]]. ({{harvnbharvref|Pratsch|1998|ppp=311–313}})</ref>.}}
 
== Obras ==
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* [[Catequese]]s, duas coleções de discursos para os seus monges sobre vários assuntos relacionados à vida espiritual. A primeira coleção (a ''magna''), ed. A. Papadopulos-Kerameus, ''Theodori Studitae Magna Catachesis'' (São Petersburgo, 1904); a segunda (a ''parva''), ed. E. Auvray, ''S.P.N. et Confessoris Theodori Studitis Praepositi Parva Catachesis'' (Paris, 1891), tradução para o [[língua francesa|francês]] por Anne-Marie Mohr, ''Petites catéchèses'' (=''Les Pères dans la foi'' 52) (Paris, 1993).
* A oração funerária para a sua mãe. Ed. e tr. St. Efthymiadis e J. M. Featherstone, "Establishing a holy lineage: Theodore the Stoudite's funerary catechism for his mother (BHG 2422)," in M. Grünbart, ed., ''Theatron: rhetorische Kultur in Spätantike und Mittelalter'' (=Millennium-Studien 13) (Berlin, 2007), pp.&nbsp;13–51. ISBN 3110194767.
* A oração funerária de seu tio PlatonPlatão (''Theodori Studitae Oratio funebris in Platonem ejus patrem spiritualem'', in [[Migne]], [[Patrologia Graeca|Patrologia Graeca (PG)]] 99, pp.&nbsp;803–850).
* Vários discursos polêmicos sobre a questão da veneração das imagens, principalmente ''Theodori praepositi Studitarum Antirrhetici adversus Iconomachos'', ''PG'' 99, 327B-436A e ''Theodori Studitae Refutatio et subversio impiorum poematum Ioannis, Ignatii, Sergii, et Stephani, recentium christomachorum''. Cf. a seleção traduzida por Catherine Roth, ''On the holy icons'' (Crestwood, 1981). ISBN 0913836761.
* Seu ''Testamento'', ditado para o seu discípulo Naucrácio no final de sua vida: ''PG'' 99, 1813-24. Tradução para o [[língua inglesa|inglês]] por Timothy Miller, in J. Thomas e A. C. Hero, eds., ''Byzantine monastic foundation documents'' (=''Dumbarton Oaks Studies'' 35) (Washington, 2000), I.67-83. ISBN 0884022323; [http://www.doaks.org/typikaPDF/typ009.pdf Disponível online].
* Um sermão sobre o [[São Bartolomeu|Apóstolo Bartolomeu]], ed. com tradução [[língua italiana|italiana]] por Giorgio di Maria in V. Giustolisi, ed., ''Tre laudationes bizantine in onore di San Bartolomeo apostolo'' (Palermo, 2004).
 
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{{Referências|col=3}}
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== Bibliografia ==
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*{{citar livro|sobrenome=Browne|nome=Laurence Edward|título=The Eclipse of Christianity in Asia: From the time of Muhammad till the Fourteenth Century|local=Cambridge, United Kingdom|editora=Cambridge University Press|ano=1933|url=http://books.google.com/books?id=esxCAAAAIAAJ|ref=harv}}
 
*{{citar livro|sobrenome=Chisholm|nome=Hugh|título=The Encyclopedia Britannica: A Dictionary of Arts, Sciences, Literature and General Information, Volume 26|editora=The Encyclopedia Britannica Co|ano=1911|url=http://books.google.com/books?id=gJlvzd4MzSUC|ref=harv}}
 
*{{citar periódico|sobrenome=Hatlie|nome=Peter|título=The Politics of Salvation: Theodore of Stoudios on Martyrdom (''Martyrion'') and Speaking Out (''Parrhesia'')|jornal=Dumbarton Oaks Papers|volume=50|local=Washington, District of Columbia|editora=Dumbarton Oaks|ano=1996| páginas=263–287|url=http://www.jstor.org/pss/1291747|ref=harv}}
 
*{{citar livro|sobrenome=Pratsch|nome=Thomas|título=Theodoros Studites (759-826) — zwischen Dogma und Pragma: der Abt des Studiosklosters in Konstantinopel im Spannungsfeld von Patriarch, Kaiser und eigenem Anspruch|local=Bern, Switzerland|editora=Peter Lang|ano=1998|url=http://books.google.com/books?id=9HcQAQAAIAAJ|ref=harv}}
 
*{{citar periódico|sobrenome=Speck|nome=Paul|título=Ikonoklasmus und die Anfänge der makedonischen Renaissance|jornal=Varia 1 (Poikila Byzantina)|volume=4|local=Bonn, Germany|editora=Dr. Rudolf Habelt GMBH|ano=1984| páginas=175–210|isbn=3774921504|url=http://books.google.com/books?id=Ck8bAAAAYAAJ|ref=harv}}
 
*{{citar livro|sobrenome1sobrenome=Thomas|nome1nome=J.|sobrenome2coautor=Hero|nome2=, Angela Constantinides|sobrenome3=; Constable|nome3=, Giles|título=Byzantine Monastic Foundation Documents: A Complete Translation of the Surviving Founders' Typika and Testaments, Volume 1|local=Washington, District of Columbia|editora=Dumbarton Oaks Studies (Volume 35)|ano=2000|isbn=0884022323|url=http://books.google.com/books?id=huh3WG-sqtUC|ref=harv}} ([http://www.doaks.org/typ000.html Online text])
 
{{refend|2}}