Hilário de Poitiers: diferenças entre revisões

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{{AP|Controvérsia ariana}}
=== Teologia de Hilário ===
Durante a antiguidade tardia os conceitos dedo que era ortodoxia e heresia estavam vinculados aos processos de estigmatização imposto pelopelos grupogrupos de maior poder naquele momento, [[homoousianos|nicenos]] e [[semi-arianos|arianos moderados]]. Logo a vitória de umaum sobre o outro se relacionava muito mais a uma determinada distribuição de poder no seio da comunidade cristã do que a uma suposta superioridade [[ontologia|ontológica]] do seu argumento ou a uma fidelidade diante da revelação divina<ref>{{harvnb|SILVA|2001|p=100}}</ref>. Claudio Moreschini e Enrico Norelli<ref>{{harvnb|MORESCHINI|2000|p=327}}</ref> analisamafirmam que o bispo Hilário defendia que a fórmula do consubstancial ([[homoousios]]) ratificada no [[Primeiro Concílio de Niceia]] em 325 e a teoria da “semelhante segundo a natureza” ([[homoiosios]]) sancionada no [[Concílio de Rimini]] em 359 d.C. se retamentecorretamente entendidas, não entravam em conflito, nessa interpretação, o bispo de Poitiers traçava uma estratégia para se chegar a uma conclusão ortodoxa que estivesse cunhada entre as duas teorias trinitárias de maior poder durante a segunda metade do IV século.
 
Hilário utilizava como metodologia de analiseanálise dos textos bíblicos o [[interpretação alegórica da Bíblia|método alegórico]], entendendodefendendo que os escritos religiosos tinham um sentido literal e um outro espiritual<ref>{{harvnb|Ladaria|2006|p=37}}</ref>. Para Christopher A Hall <ref name = HALL149>{{harvnb|Hall|2000|p=149}}</ref> a análise alegórica provinha do polo exegético de Alexandria (veja [[Escola de Alexandria]]), tendo como principal característica de sua metodologia a subordinação da história a um significado mais alto; o referencial histórico ficava em segundo lugar para o ensino espiritual pretendido pelo autor. Em seu primeiro livro, ''"De Trinitate"'', o bispo de PoitiersHilário enfatiza um debate discursivo, entre as fundamentações bíblicas de sua teoria, e a dos arianos<ref>{{citar livro|nome=Hilário de Poitiers|título=Tratado sobre a Santíssima Trindade| url=http://www.newadvent.org/fathers/330201.htm|volume =I|capítulo=27|subtítulo=|língua=inglês}}</ref>. Hall<ref name = HALL149/> assinala que os arianos contrapunham o método alegórico, empregando em suassua exegeses[[exegese]] o método tipológico provindo do polo intelectual de Antioquia (veja [[Escola de Antioquia]])., A tipologiaque tinha como característica uma criteriosa analiseanálise da linguagem bíblica, compreendendo a Históriahistória humana, a partir dos escritos bíblicos de forma mais literal.
 
=== Expulsão de Milão ===
Ele se ocupou por dois ou três anos no combate ao arianismo em sua diocese. Porém, em 364 d.C., estendendo seus esforços uma vez mais para fora da Gália, ele impediu a nomeação de [[Auxêncio de Milão|Auxêncio]], [[bispo]] de [[Mediolano]] (atual [[Milão]]), um homem com conexões no topo da corte imperial, comopor sendoser "heterodoxo". Chamado a comparecer perante o imperador [[Valentiniano I]] em Mediolano e lá reconfirmar suas acusações, Hilário ficou mortificado ao ver que o suposto [[heresia|herético]] dar todas as respostas corretas às questões que lhe fez. Sua denúncia de Auxêncio como sendo um hipócrita não o salvou da [[:wikt:ignomínia|ignomínia]] de uma expulsão deda Milãocorte<ref name = BRIT/>.
 
=== Crítica à Constâncio ===
Após o [[Concílio de Constantinopla (360)|Concílio de Constantinopla]] em 360 d.C., por volta de 365 d.C., eleHilário publicou ''"Contra Arianos vel Auxentium Mediolanensem liber"'' em conexão com a controvérsia e também - talvez um pouco antes - ''"Contra Constantium Augustum liber"'', em que ele afirmava que o imperador recém-falecido teria sido o [[Anticristoanticristo]], um rebelde contra Deus, ''"um tirano cujo único objetivo tem sido dar de presente ao demônio o mundo pelo qual Cristo sofreu"''<ref name = BRIT/>. Neste controverso panfleto dirigido ao Imperadorimperador Constâncio II, ele é acusado de ser o mais cruel e perseguidor dosentre imperadores. Oos bispoimperadores. galêsHilário polemizava as ações do Imperador nos seguintes termos:
{{citação2|Eu grito em tua face, Constâncio, o que teria declarado a [[Nero]], o que [[Décio]] e [[Maximiano]] teriam ouvido de minha boca: tu combates contra Deus, tu te desembestas contra a Igreja, tu persegues os santos os pregadores do Cristo, tu esmagas a religião, tirano não mais em matéria profana, mais em matéria religiosa. (...) tu te passa falsamente por cristão, tu que és o novo inimigo de Cristo; precursor do Anticristo. (...) tu inventas fórmulas de fé (...) tu substituis os bons bispos pelos maus. (...) tu superas o diabo e persegues sem martirizar| ''Contra Constantium Augustum liber''| Hilário de Poitiers<ref>{{harvnb|Silva|2003|p=230}}</ref>}}.
 
Gilvan Ventura da Silva <ref>{{harvnb|SILVA|2003|p=228, 229}}</ref> em seu livro intitulado “Reis, Santos e feiticeiros: Constâncio II e os fundamentos místicos da Basiléia 337-361” analisa que os ataques dirigidos pelo bispo de Poitiers à figura de Constâncio II, o apresentado ora como o filho ora como anjo de satã. Sendo as ações do imperador o cumprimento da profecia evangélica anunciada por Jesus Cristo, segundo a qual haveria no futuro um tempo de renuncia da verdadeira doutrina em prol dos ensinamentos difundidos pelos falsos apóstolos {{carece de fontes}}.
 
== Morte ==