Búfalo-africano: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Ger01 (discussão | contribs)
Reprodução e nova imagem.
Ger01 (discussão | contribs)
Grande expanção.
Linha 23:
 
== Taxanomia ==
O búfalo-africano foi primeiro descrito por [[Anders Sparrman]] como ''Bos caffer'' em 1779.<ref>{{citar livro|título = The Zoological Exploration of Southern Africa 1650-1790|sobrenome = Rookmaaker|nome = L. C|edição = |local = |editora = CRC Press|ano = 1989|página = 302|isbn = 978-9-06-191867-7|url = http://books.google.com.br/books?id=IdyuQaviYjIC&pg=PA302&dq=Bos+caffer+Sparrman+1779&hl=pt-BR&sa=X&ei=tv_cU65Rk8uxBKLfgpgG&ved=0CB0Q6AEwAA#v=onepage&q=Bos%20caffer%20Sparrman%201779&f=false}}</ref> O gênero ''Syncerus ''foi descrito por Hodgson em 1847.<ref>{{citar periódico|titulo = On Various Genera of the Ruminants|jornal = Journal of the Asiatic Society of Bengal|doi = |url = http://biodiversitylibrary.org/page/40126236#page/127/mode/1up|acessadoem = 2 de agosto de 2014|ultimo = Hodgson|primeiro = Brian}}</ref><ref>{{citar livro|título = Mammal Species of the World: A Taxonomic and Geographic Reference|edição = 3ª|local = |editora = JHU Press|ano = 2005|página = 695|isbn = 978-0-80-188221-0|url = http://books.google.com.br/books?id=JgAMbNSt8ikC&pg=PA695&dq=Syncerus+caffer+1779&hl=pt-BR&sa=X&ei=rfzcU9DyAfe-sQSS0IBg&ved=0CCgQ6AEwAg#v=onepage&q=Syncerus%20caffer%201779&f=false|volume = 1|autor = Don E. Wilson|coautores = DeeAnn M. Reeder}}</ref> As subespécies são separadas em duas linhagens claras: a dos animais da savana e a outra só contendo o [[búfalo-vermelho]] (''S. caffer nanus''), que habita as florestas e é bastante diferente morfologicamente, com seu menor tamanho, chifres de formato diferente e uma cor vermelha e marrom característica.<ref name=":1">{{citar periódico|titulo = Pan-African Genetic Structure in the African Buffalo (Syncerus caffer): Investigating Intraspecific Divergence|jornal = PLOS ONE|doi = 10.1371/journal.pone.0056235|url = http://www.plosone.org/article/info%3Adoi%2F10.1371%2Fjournal.pone.0056235|acessadoem = 2 de agosto de 2014|autor = Nathalie Smitz|coautores = Cécile Berthouly, Daniel Cornélis, Rasmus Heller, Pim Van Hooft, Philippe Chardonnet, Alexandre Caron, Herbert Prins, Bettine Jansen van Vuuren, Hans De Iongh, Johan Michaux}}</ref> Outra subespécie é facilmente distinguida além desta, a ''S. caffer caffer''.<ref name=":1" /> Ainda existem outras duas não tão facilmente reconhecidas, mas geralmente aceitas, embora nem sempre: o ''S. c. brachyceros ''encontrado nas savanas do oeste africano<em> </em>e o<em> S. c. aequinoctialis </em>nas savanas do centro<em>.</em><ref name=":1" /> Essas são as subespécies geralmente reconhecidas<ref>{{citar web|URL = https://portals.iucn.org/library/efiles/edocs/SSC-OP-021.pdf|título = African antelope database|acessadoem = 2 de agosto de 2014|autor = Rod East|publicado = IUCN/SSC Antelope Specialist Group|ano = 1998}}</ref><ref name=":6">{{citar livro|título = The Kingdon Field Guide to African Mammals|sobrenome = Kingdon|nome = Jonathan|edição = |local = Londres e Nova York|editora = Academic Press|ano = 1997|página = 450|isbn = |colecção = Natural World}}</ref><ref name=":2" /> e suas respectivas autoridades<ref>{{citar web|URL = http://www.departments.bucknell.edu/biology/resources/msw3/browse.asp?id=14200707|título = Syncerus caffer|data = |acessadoem = 2 de agosto de 2014|autor = |publicado = Mammal Species of the World}}</ref>:
* ''S. caffer caffer - ''Sparrman, 1779
* ''S. caffer nanus - ''Boddaert, 1785
Linha 30:
As duas últimas subespécies parecem ser morfologicamente intermediárias entre o búfalo da savana "típico" e o búfalo-da-floresta.<ref>{{citar periódico|ultimo = Stark|primeiro = M. A|titulo = Daily movement, grazing activity and diet of savanna buffalo, Syncerus caffer brachyceros, in Benoue National Park, Cameroon|jornal = African Journal of Ecology|doi = 10.1111/j.1365-2028.1986.tb00369.x|url = |acessadoem = |paginas = 255–262|ano = 1986|volume = 24}}</ref> Apesar de serem as mais diferentes, já houve cruzamento entre ''S. c. caffer ''e ''S. c. nanus'', o búfalo-da-floresta.<ref name=":1" /> Há ainda uma outra possível subespécie, ''S. c. mathewsi'', que habitaria as regiões montanhosas do leste africano, não reconhecida por todos.<ref name=":2" /><ref>{{citar livro|título = Genome Mapping and Genomics in Domestic Animals|edição = |local = |editora = |ano = 2009|página = 19–31|isbn = 978-3-540-73835-0|volume = III|autor = Leopoldo Iannuzzi|coautores = Guilia Pia Di Meo|capítulo = Water Buffalo|editor = Cockett, Noelle E. e Kole, Chittaranjan}}</ref><ref>{{citar periódico|ultimo = Greyling|primeiro = Ben|titulo = Genetic variation, structure and dispersal among Cape buffalo populations from the Hluhluwe-Imfolozi and Kruger National Parks of South Africa|jornal = "Tese de doutorado"|doi = |url = http://upetd.up.ac.za/thesis/submitted/etd-07152008-090238/unrestricted/01thesis.pdf|acessadoem = }}</ref><ref>{{citar livro|título = The game animals of Africa|sobrenome = Lydekker|nome = Richard|edição = |local = |editora = R. Ward Ltda.|ano = 1908|página = 72|isbn = |url = https://archive.org/stream/gameanimalsofafr00lydeiala#page/72/mode/2up}}</ref>
== Características ==
Búfalos-africanos são grandes herbívoros. Possui um corpo em forma de [[barril]] com um peito largo e as pernas robustas, uma massiva [[cabeça]] e o [[pescoço]] curto e espesso.<ref name=":0">{{citar livro|título = Walker’s Mammals of the World|sobrenome = Nowak|nome = Ronald|edição = |local = Baltimore e Londres|editora = The Johns Hopkins University Press|ano = 1999|página = |isbn = 0-80185-789-9|volume = II|url = http://books.google.com.br/books?id=7W-DGRILSBoC&pg=PA1151&hl=pt-BR&source=gbs_toc_r&cad=3#v=onepage&q&f=false}}</ref><ref name=":3">{{citar livro|título = National Audubon Society Field Guide to African Wildlife|sobrenome = Alden|nome = Peter|edição = |local = Nova York|editora = Chanticleer Pres|ano = 1995|página = |isbn = 0-67943-234-5|coautores = Estes, R. D., Schlitterr, D. e McBride, B.}}</ref> As fêmeas dos animais da savana têm entre 500 e 600 kg enquanto o macho chega a 900 kg.<ref name=":0" /> Sua pelagem é marrom escuro ou preta nas [[subespécie]] da savana e avermelhada na subespécie que habita as [[florestas]], o [[búfalo-da-floresta]] (''S. caffer nanus'')<ref name=":0" /><ref name=":4">{{citar livro|título = Grzimek's Encyclopedia of Mammals|sobrenome = Buchholtz|nome = C.|edição = |local = Nova York|editora = McGraw-Hill|ano = 1990|isbn = 0-07909-508-9|capítulo = Cattle|editor = Bernhard Grzimek|página = 360–409|volume = V}}</ref>, conhecida ainda como búfalo-vermelho, entre outros. À medida que envelhecem, os pelos vão escurecendo, com o búfalo-vermelho chegando a se tornar quase preto.<ref name=":3" /> Sua longa [[cauda]] termina em um tufo de pelos mais compridos e uma das características mais marcantes na cabeça, junto com os chifres, são as [[orelhas]] grandes e caídas, que possuem um tufo na ponta.<ref name=":0" /><ref name=":3" /> No búfalo-da-floresta, duas áreas com pelos branco-amareladas ou pálidas revestem a superfície interior de cada orelha e estendem-se como tufos ao longo da borda inferior.<ref name=":4" /> Alguns machos mais velhos podem ter marcas brancas ao redor dos olhos.<ref>{{citar web|URL = http://www.ultimateungulate.com/Artiodactyla/Syncerus_cafferFull.html|título = Syncerus caffer|data = |acessadoem = 1º de agosto de 2014|autor = |publicado = Ultimate Ungulate}}</ref> O [[queixo]] e a parte inferior são muitas vezes mais pálidas, e o rosto, junto com as [[perna|pernas]], podem ter manchas de cor contrastante.<ref name=":7">{{citar livro|título = The Kingdon Field Guide to African Mammals|sobrenome = Kingdon|nome = Jonathan|edição = |local = |editora = Christopher Helm|ano = 2003|página = |isbn = 0-69111-692-X}}</ref>
 
Ambos os sexos têm chifres, apesar do tamanho e formato ser variável.<ref name=":3" /> Nos animais da savana, os chifres são em forma de [[gancho]], curvando-se para baixo a partir de sua origem no crânio antes de enrolar para cima e para dentro.<ref name=":4" /> Os chifres são enormes nos machos, atingindo até 1,6 metros seguindo a curva exterior e mais 90 cm na de difusão horizontal em grandes machos<ref name=":3" /><ref name=":4" />, e ampliando-se e formando um escudo pesado na testa.<ref name=":0" /><ref name=":3" /> Os chifres de búfalos da savana fêmeas são mais curtos e mais finos do que nos machos, com o "escudo" incompleto ou ausente.<ref name=":3" /> Os chifres do búfalo-vermelho são muito mais curtos (atingindo apenas 30-40 cm de comprimento) e recuam para trás da cabeça alinhados com a testa; machos desta subespécie não desenvolvem a saliência frontal.<ref name=":3" /><ref name=":4" />
Linha 40:
Búfalos-africanos vivem em grupos. [[Masai Mara]], [[Quênia]]
]]
Búfalos vivem nas savanas em grandes [[rebanhos]] contendo aproximadamente entre 50 e 300500 animais, apesar de grupos tão grandes quanto 3.000 animais já tivessem sido vistos, embora não possuam coesão social.<ref name=":5">{{citar livro|título = Walker's Mammals of the World|sobrenome = Nowak|nome = Ronald|edição = Sexta|local = |editora = The Johns Hopkins University Press|ano = 1999|página = 1151–1153|isbn = 978-0-80-185789-8|volume = II|url = http://books.google.com.br/books?id=7W-DGRILSBoC&pg=PA1151&hl=pt-BR&source=gbs_toc_r&cad=3#v=onepage&q&f=false}}</ref> Um rebanho verdadeiro se move em um território fixo que é totalmente separado dos outros rebanhos. Esses grupos são formados na maieoriamaioria de fêmeas adultas e filhotes, mas machos também são encontrados, pelo menos na [[estação chuvosa]].<ref name=":5" /> Formam-se assim diferentes unidades: fêmeas com filhotes das duas últimas épocas de nascimento, grupos de solteiros com até 12 animais e um grupo separado de animais juvenis.<ref name=":5" />
[[File:Syncerus caffer fight1.jpg|left|thumb|Dois machos realizando uma disputa com as cabeças no Lago Nakaru, Quênia.]]
[[Hierarquia]] é presente, mas mais pronunciada nos grupos de solteiros. A hierarquia é definida por posturas agonísticas, principalmente "balanço" das cabeças apesar de sérias lutas cabeça-a-cabeça também ocorrerem.<ref name=":5" /> Vários machos maduros podem estar presente em grupos mistos, mas eles competem pelas fêmeas [[estro|estrais]]. Eles usualmente dominam as fêmeas, contudo, o papel de liderança é limitado.<ref name=":5" /> A liderança real do rebanho é compartilhada por indivíduos de vários escalões dos dois sexos que revezam na frente durante o movimento da manada.<ref name=":5" />
Linha 46:
<nowiki> </nowiki>Os búfalos-da-floresta não vivem em grandes grupos, apenas em pequenos grupos com entre 8 e 20 animais fortemente relacionados.<ref name=":5" />
 
=== Comportamento ===
São considerados um dos animais mais perigosos da África e existem até mesmo [[lendas]] de machos velhos perseguindo e matando humanos sem provocação. Essas lendas, entretanto, provavelmente surgiram de caçadores que tentaram seguir animais feridos.<ref>{{citar livro|título = The African buffalo|sobrenome = Sinclair|nome = Anthony|edição = |local = |editora = University of Chicago Press|ano = 1977|página = |isbn = 978-0-22-676030-8|subtítulo = A Study of Resource Limitation of Populations}}</ref> Além disso, as fêmeas possuem um laço muito forte e todo o rebanho pode atender a chamados de socorro e defender um membro, chegando a expulsar uma alcateia inteira de [[leões]].<ref name=":7" /><ref>{{citar livro|título = The Complete Book of Southern African Mammals|edição = Cape Town|local = Cidade do Cabo|editora = Struik Publishers|ano = 1997|página = |isbn = 978-0-94-743056-6|autor = Gus Mills|coautores = Lex Hes}}</ref> Além de seres humanos, búfalos são caçados por leões e crocodilos, que normalmente atacam apenas animais velhos e solitários e bezerros jovens.<ref name=":4" />
 
Para escapar do calor, passa a maior parte do dia deitado na [[sombra]]. Passam 9 horas e meia se alimentando, mas o tempo proporcional de comer e se alimentar varia de acordo com a hora do dia e a época do ano.<ref name=":8">{{citar periódico|titulo = Activity patterns of African buffalo Syncerus caffer in
the Lower Sabie Region, Kruger National Park|jornal = Koedoe|doi = |url = http://www.koedoe.co.za/index.php/koedoe/article/viewFile/98/100|acessadoem = |autor = Ryan, S.J|coautores = W. Jordaan|volume = 48|numero = 2|paginas = 117–124|issn = 0075-6458|ano = 2005|local = Pretória, África do Sul}}</ref> O tempo que passam se alimentando é proporcionalmente maior à noite enquanto acontece o contrário a noite. Eles ainda aparentam descansar mais durante o dia na estação chuvosa, quando é mais quente.<ref name=":8" />
 
Em um estudo na Reserva Natural do [[Rio Great Fish]], a composição da dieta de búfalos-africanos foi estimada através do uso de análise fecal. A espécies ''Themeda triandra'', ''Cynodon dactylon'', ''Digitaria eriantha'' e ''Panicum ''foram importantes em ambas as estações, no entanto, a sua contribuição na dieta total diminuiu quando a estação mudou de úmida para seca.<ref name=":9">{{citar periódico|ultimo = Tshabalala|primeiro = Thulani|titulo = The seasonal variation of diet of the African buffalo (Syncerus caffer) and grass characteristics in the Great Fish River Reserve, Eastern Cape|jornal = "Tese de faculdade"|doi = |url = http://ufh.netd.ac.za/bitstream/10353/91/1/Tshabalala%20thesis.pdf|acessadoem = 3 de agosto de 2014|editora = Universidade de Fort Hare}}</ref> ''Ptaeroxylon obliquum'', ''Acacia karroo'' e ''Plumbago auriculata'' foram as espécies de galhos importantes, tanto na estação chuvosa e seca. Durante a estação chuvosa espécies de gramíneas contribuíram 72% para a dieta, enquanto 28% foram aportados por espécies de ramos.<ref name=":9" /> Na [[estação seca]], houve um aumento significativo no consumo de ramos de 4%. Eles se tornaram importantes na estação seca incluído ''Portulacaria afra'' e ''Euclea undulata.''<ref name=":9" /> As gramíneas que inicialmente foram negligenciadas durante a estação chuvosa, mas utilizados na estação seca incluíram ''Setaria neglecta'' e ''plurinodis Cymbopogon''.<ref name=":9" /> Alterações características da grama investigadas em dois locais na reserva mostrou que a cobertura aérea dela, a [[fitomassa]] e a altura diminuiu na estação seca, quando comparado com a úmida.<ref name=":9" />
=== Reprodução ===
Reprodução ocorre todo ano e, em algumas partes, mas existem picos associados às chuvas. O [[ciclo estral]] dura 23 dias com um [[estro]] de 5 a 6 dias; e a gestação dura cerca de 340 dias e nasce um filhote com normalmente 40 kg e coloração avermelhada ou marrom-escurecida.<ref name=":5" /> Filhotes deixamentre a50 mãee com55 2kg anos,mastambém fêmeas ficamforam atéencontrados tere filhotes de búfalos-da-floresta podem ser em vermelho vivo.<ref name=":4" /> Costuma-se haver um filhoteintervalo oude 2 anos entre cada maisnascimento.<ref name=":56" />
Filhotes são desmamados com seis meses de idade<ref name=":4" /> e machos deixam a mãe com 2 anos, mas fêmeas ficam até ter uma cria ou até mais tempo.<ref name=":5" />. A [[maturidade sexual]] acontece entre 3 anos e meio e 5 anos.<ref name=":5" /> Os laços maternais são muito fortes e as mães podem enfrentar diretamente um predador para defender o filhote.<ref name=":3" />
== Conservação ==
No passado a população dos búfalos-africanos chegou a 10 milhões de animais, atualmente estima-se que sobrevivem 900.000, sendo a maioria na savana da África oriental. Os motivos para a diminuição da população dos búfalos-africanos foram a [[caça]] predatória, o uso do seu [[habitat]] como campos de agricultura, secas e a introdução no continente africano de pestes e doenças. Atualmente é considerado um animal fora do risco de extinção devido a proteção em parques nacionais e reservas privadas nas regiões da savana africana, entretanto o seu habitat é diminuído em área a cada ano.<ref name=":2">{{Citar IUCN|assessores = IUCN SSC Antelope Specialist Group|ano = 2008|id = 21251|título = Syncerus caffer|versão = 2014.1|acessodata = 1º de agosto de 2014}}</ref>