Mestre dos soldados: diferenças entre revisões

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[[Imagem:Roman Empire with praetorian prefectures in 400 AD.png|thumb|Prefeituras pretorianas do [[Império Romano]]. Os mestres dos soldados eram nomeados para cada uma delas.]]
O '''Mestre dos soldados''' ({{langx|la|'''''Magister militum'''''}}; traduzido para o grego como [[estratego]] ou [[estratelate]]) foi um oficial do [[exército romano]] e [[exército bizantino|bizantino]] na [[Antiguidade Tardia]]. Seu nome também é muitas vezes traduzido como "mestre da milícia" ou "mestre das milícias". Originalmente, distinguia-se o [[mestre da infantaria]] (''magister peditum'') e o comandante da infantaria, e o [[mestre da cavalaria]] (''magister equitum''). Porém com o tempo estas funções foram combinadas e deram origem ao "mestre dos dois exércitos" (''magister utriusque militiae''). O comando do corpo permanente à disposição do [[imperador romano|imperador]] nas imediações da capital foi chamado mestre presente dos soldados (ou "na presença" [do imperador]; (''magister militum praesentalis''). No Oriente, a função deixou de existir com a criação dos [[Tema (distrito bizantino)|temas]] onde o governador (estratego) acumulou funções civis e militares.
 
== História ==
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Convencido da necessidade de proteger as fronteiras, [[Diocleciano]] {{nwrap|r.|384|305}} reformou a administração provincial, dobrando o número de províncias e criando [[Diocese romana|dioceses]] regidas por [[vigário (governador)|vigários]] e agrupadas em quatro [[prefeito do pretório|prefeituras pretorianas]]: [[Prefeitura pretoriana da Gália|Gália]], [[Prefeitura pretoriana da Itália|Itália]], [[Prefeitura pretoriana da Ilíria|Ilíria]] e [[prefeitura pretoriana do Oriente|Oriente]].{{harvref|Kazhdan|1991|p=1710}}{{harvref|Jones|1964|p=55-58}} Seu exército permaneceu essencialmente composto de [[Legião romana|legiões]] (infantaria), que foram auxiliadas por destacamentos de cavalaria (''vexillationes''). No entanto, ele legou em algumas zonas fronteiriças a gestão para comandantes militares distintos dos governadores provinciais, que foram chamados [[duque (Roma Antiga)|duques]] ({{langx|la|''dux''}}; plural: ''duces''), e que com o tempo adquiriram funções civis.{{harvref|Jones|1964|p=607-608}} [[Constantino]] {{nwrap|r.|306|337}} reformou profundamente o exército: reforçou o exército de campanha e acrescentou unidades de infantaria de um tipo novo, os [[Tropas auxiliares romanas#Séculos IV|auxiliares]]. Para comandar estas forças, privou os prefeitos pretorianos de seus deveres militares e criou os ofícios de mestre da infantaria e mestre da cavalaria.{{harvref|Jones|1964|p=608}} Diretamente subordinados ao imperador, estes mestres da milícia, recrutados entre os oficiais de carreira, muitas vezes de [[Bárbaros|origem bárbara]], presidiram uma hierarquia militar, paralela a hierarquia civil. [[Comandante-em-chefe|Comandantes-em-chefe]] do exército controlado pelo imperador, também tiveram um lugar na hierarquia palacial, se situando após os prefeitos pretorianos e [[prefeito urbano]], mas antes de outras grandes dignidades imperiais.{{harvref|Jones|1964|p=97}} Este é também o período em que, nas províncias, vemos a administração civil e militar se dividir, o ''[[comes rei militaris]]''{{notaNT|Este título parece ter sido dado a oficiais dos [[comitatenses]], de importância variável, que estavam sendo atribuídos a tarefas específicas ou uma região geográfica determinada, como o Egito.{{harvref|Jones|1964|p=124}}}} surgir e os duques se multiplicarem. Comandantes dos corpos de fronteiras, [[Conde (Roma Antiga)|condes]] ({{langx|la|''comes''}}; plural: ''comites'') e duques passaram gradualmente sobre a autoridade dos mestres (''magistri'') e puderam comandar os destacamentos de várias províncias civis.{{harvref|Jones|1964|p=608-609}}{{notaNT|No Egito, o duque sob Diocleciano e Constantino teve jurisdição sobre as forças do Egito, Tebaida e das duas Líbias.{{harvref|Jones|1964|p=101}}}}
 
A divisão entre "infantaria" e "cavalaria" rapidamente tornou-se obsoleta e foi gradualmente substituída por uma divisão diferente das responsabilidades: o mestre da cavalaria e o mestre da infantaria foram ocasionalmente combinados por 370 e então surgiu o "mestre dos dois exércitos", embora ambas as funções mantiveram-se em uso.{{harvref|name=Kazh1267|Kazhdan|1991|p=1266-1267}} Dada a extensão do império, já não era possível mover todo o exército a qualquer fronteira sempre que um inimigo ameaçava, havendo corpos estacionados nas fronteiras imperiais nomeados [[limítanes]] ou ripenses. Os soldados que os compunham encontraram-se atribuído à terra e tornaram-se agricultores em tempo de paz. Outros corpos permaneceram na capital e seus arredores imediatos. Melhor treinados e equipados do que soldados das fronteiras, eles gradualmente converteram-se no único poder capaz de conduzir uma ação militar em larga escala, protegendo o poder imperial na capital contra qualquer tentativa de usurpação. Eles mantiveram o nome de comitatenses, derivado de ''[[comitatus]]'' ou corte imperial. Por volta de 360, as melhores unidades comitatenses foram anexadas ao palácio e designadas como [[Escola palatina (unidade militar)|palatinas]]. Elas, assim, permaneceram "na presença" do imperador e seu comandante levou o título de "mestre presente dos soldados na presença".{{harvref|name=Morri166|Morrisson|2004|p=144-166}}{{harvref|Jones|1964|p=372}}
 
=== Séculos IV-V ===