Francisco Franco (escultor): diferenças entre revisões

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Pedro Lapa, sobre Torso de Mulher
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[[Ficheiro:Francisco Franco Busto de Manuel Jardim.JPG|thumb|''Busto de Manuel Jardim'', 1921]]
A obra de Francisco Franco pertencente ao seu primeiro período parisiense (1910-1911), é ainda tendencialmente convencional; da sua fixação na ilha da Madeira, em 1914, irão resultar esculturas "''com bom valor dramático''" onde se sentem ecos da obra de [[Rodin]]. Entre 1921 e 1922, no segundo período parisiense, ao mesmo tempo que realiza notáveis [[gravura|gravuras]] em madeira ou a [[ponta-seca]], Franco abandona, a pouco e pouco, a influência de Rodin (ainda presente em ''O semeador'', 1924), modelando obras como ''Busto de Manuel Jardim'', um poderoso retrato interior, ou ''Torso de Mulher'', "''peças que contam como as primeiras de uma escultura portuguesa modernizada, libertada em valores [[expressionismo|expressionistas]]''".<ref name="França" />
 
''Torso de Mulher'' foi exposto no [[Salon d'Automne]] e assinala a opção por valores mais classizantes próprios do início da década de 1920. "''A arquitetura das massas bem equilibradas, quase hierarquicamente entendidas como puros valores escultóricos, aproximam-no de [[Antoine Bourdelle|Bourdelle]] que será o seu mestre entre os contemporâneos, no entanto os cortes que fragmentam a peça, sobretudo o da cabeça, evocando uma memória arqueológica, têm ainda presente a lição de Rodin''".<ref>Lapa, Pedro – "Francisco Franco, ''Torso de mulher'', 1922". In: A.A.V.V. – '''Museu do Chiado: arte portuguesa 1890-1950'''. Lisboa: Instituto Português de Museus; Museu do Chiado, 1994, p. 262. ISBN 972-8137-02-8</ref>
 
Em 1927 realiza um trabalho que irá marcar a estatuária portuguesa entre as décadas de 1930 e 1960: o monumento a Gonçalves Zarco, Funchal. Inspirada nos painéis de Nuno Gonçalves, esta obra fixa o cânone da «idade de ouro da escultura portuguesa» – assim denominada por [[António Ferro]] em 1949. Caracterizado por um «classicismo austero», esse modelo seria longamente explorado (pelo próprio e por autores mais jovens), garantindo a Franco uma carreira de escultor oficial do Estado Novo durante mais de um quarto de século. O abandono do lirismo expressivo inicial estender-se-ia à série de estátuas públicas que vai do seu [[Infante D. Henrique]] (1931) ao Cristo-Rei monumental, "''que esboçou antes de morrer e seria infelizmente erguido numa colina de Almada em [[1959|59]]''". Esse «naturalismo clássico» ficaria claramente expresso na sua ''D. Leonor'' (1935; [[Caldas da Rainha]]), ''[[Dinis de Portugal|D. Dinis]]'' (1943, [[Universidade de Coimbra]]), ''Bispo D. Miguel'' (1950; [[Lamego]]), ''Oliveira Salazar'' (1937), ou na notável estátua equestre de [[João IV de Portugal|D. João IV]] (1940; Vila Viçosa). Realizada em 1940 no âmbito das comemorações dos centenários, uma cópia em gesso da estátua de D. João IV foi apresentada na [[Exposição do Mundo Português]]; nas palavras de José-Augusto França, trata-se de uma obra "''de grande dignidade na sua cuidada elaboração, síntese de bons exemplos bem unificados, [[Diego Velázquez|velasquenha]] por necessidade e funcionando como se pretendia, e com escala suficiente, no vasto terreiro do Paço Ducal''".<ref name="França" />