Ernest Henry Shackleton: diferenças entre revisões

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=== Perda do ''Endurance'' ===
O ''Endurance'' partiu da Geórgia do Sul para o mar de Weddell a 5 de Dezembro, em direcçãodireção à baía de Vahsel. À medida que o navio se dirigia para sul, foram encontrando gelo, o que lhe impedia de navegar mais rápido. No mar de Weddell, as condições foram piorando gradualmente até que, a 19 de Janeiro de 1915, o ''Endurance'' ficou preso num banco de gelo.{{sfn|Shackleton, ''South''|pp=29–30}} A 24 de Fevereiro, verificando que o navio iria ficar preso até à Primavera seguinte, Shackleton deu ordem para alterar a rotina a bordo, passando o navio a ser o abrigo para o Inverno.{{sfn|Shackleton, ''South''|p=36}} Nos meses seguintes, o navio ficou à deriva, lentamente, para norte. Quando a Primavera chegou, em Setembro, o quebrar do gelo e os seus movimentos, exerciam uma forte pressão no casco da embarcação.{{sfn|Shackleton, ''South''|pp=63–66}}
 
[[File:Shackletonold.jpg|thumb|upright|left|Shackleton depois da perda do ''Endurance'']]
 
Até esta altura, Shackleton esperava que o navio, quando se soltasse do gelo, podiapudesse voltar à baía Vahsel. A 24 de Outubro, contudo, começou a entrar água no navio. Depois de alguns dias, a 69° 5′ S, 51° 30′ W, Shackleton deu ordem para abandonar a embarcação dizendo, "VaiO navio vai afundar-se !"; e os homens, provisões e equipamentos foram transferidos para acampamentos no gelo.{{sfn|Shackleton, ''South''|pp=75–76}} No dia 21 de Novembro de 1915, o Endurance desapareceu na água gelada.{{sfn|Shackleton, ''South''|p=98}}
 
Durante quase dois meses, Shackleton e os seus homens, acamparam numa placa de gelo esperando querque esta deslizasse até à [[ilha Paulet]], a cerca de 402 km de distância, onde era suposto haver depósitos de provisões.{{sfn|Shackleton, ''South''|p=100}} Depois de tentativas fracassadas de marchar pelo gelo até àquela ilha, Shackleton decidiu estabelecer outro acampamento mais permanente (Patience Camp) numa outra placa de gelo, esperando que derivasse até um local seguro.{{sfn|Shackleton, ''South''|p=106}} A 17 de Março, o seu acampamento encontrava-se a 97 km da ilha Paulet {{sfn|Fisher|p=366}} mas, separados por uma barreira de gelo, era impossível de se chegarchegaraté lá. No dia 9 de Abril, a placa de gelo onde se encontravam partiu-se em dois, e Shackleton deu instruções para os membros da expedição entrarem para os barcos salva-vida e se dirigirem para a terra mais próxima.{{sfn|Shackleton, ''South''|pp=121–22}} Depois de cinco difíceis dias no mar, os homens exaustos desembarcaram na [[ilha Elefante]], a 557 km de distância do Endurance.{{sfn|Shackleton, ''South'' (filme)}} Era a primeira vez, em 497 dias, que punham os pés em terra firme.{{sfn|Shackleton, ''South''|p=143}} A preocupação de Shackleton era tal que deu as suas luvas ao fotógrafo [[Frank Hurley]], que as tinha perdido durante a viagem de barco; Shackleton acabou por sofrer de queimaduras provocadas pelo gelo nos seus dedos.{{sfn|Perkins|p=36}}
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[[File:LaunchingTheJamesCaird2.jpg|thumb|Lançamento à água do ''James Caird'' da costa da [[ilha Elefante]], 24 de Abril de 1916.]]
 
A [[ilha Elefante]] era um local inóspito, afastado de qualquer rota marítima. Consequentemente, Shackleton decidiu arriscar efectuare efetuar uma viagem de barco salva-vidas numa distância de quase 1300 km, até à à estação baleeira da [[Geórgia do Sul]], onde ele sabia que haveria ajuda.{{sfn|Worsley|pp=95–99}} O mais forte dos pequenos barcos salva-vidas, seis metros, chamado de ''James Caird'' (em homenagem ao principal patrocinador da expedição) foi escolhido para a viagem.{{sfn|Worsley|pp=95–99}} O carpinteiro do navio, [[Harry McNish]], fez váriosvárias melhoramentosmelhorias na embarcação, incluindo o aumento dos lados, reforço da quilha, construção de um convés improvisado com Madeira e lona, e selando as ligações com óleo de plantas e sangue de foca.{{sfn|Worsley|pp=95–99}} Shackleton escolheu cinco companheiros para a viagem: [[Frank Worsley]], capitão do ''Endurance'', responsável pela navegação; [[Tom Crean]], que "implorou para ir "; dois marinheiros, [[John Vincent (marinheiro)|John Vincent]] e [[Timothy McCarthy (sailor)|Timothy McCarthy]]; e o carpinteiro McNish.{{sfn|Worsley|pp=95–99}} Shackleton tinha entrado em confronto com McNish durante o período em que estavam presos no gelo mas, apesar de não ter esquecido a insubordinação do carpinteiro, Shackleton reconheceu o seu valor para aquele trabalho em particular.{{nota de rodapé|Para um relato da "revolta" de McNish, ver {{harvnb|Huntford|pp=475–76}}. Apesar dos actos heróicos de McNish durante a viagem do ''James Caird'', Shackleton recusou recomendá-lo para a Medalha Polar. }}{{sfn|Huntford|p=475}}{{sfn|Huntford|p=656}}
 
Shackleton recusou abastecer o barco para mais de quarto semanas, partindo do pressuposto de que, se não tivessem chegado à Geórgia do Sul naquele período de tempo, então, o barco e a tripulação ter-se-iam perdido.{{sfn|Alexander|p=137}} O ''James Caird'' partiu no dia 24 de Abril de 1916; nos 15 dias que se seguiram, navegou pelas águas do oceano sul, sendo fustigado por mares tempestuosos, em constante perigo de se virar. A 8 de Maio, graças à capacidade de navegação de Worsley, avistaram as montanhas da Geórgia do Sul, mas ventos com a força de um furacão impediu-os de desembarcarem. O grupo foi forçado a enfrentar a tempestade no mar, sempre em risco de serem esmagados de encontro às rochas. Mais tarde ficariam a sabersabendo que o mesmo furacão tinha afundado um navio- a- vapor de 500 toneladas que se dirigia desde a Geórgia do Sul para Buenos Aires.{{sfn|Worsley|p=162}} No dia seguinte, conseguiram, finalmente, desembarcar na costa sul. Depois de um período de descanso e recuperação, em vez de tentarem seguir por mar para as estações baleeiras na costa norte, Shackleton decidiu tentar uma travessia por terra. Embora fosse possível que, anteriormente, pescadores noruegueses já tivessem atravessado a ilha em esquis, ainda ninguém tinha tentado esta rota em particular.{{sfn|Huntford|p=574}} Deixando McNish, Vincent e McCarthy na zona de desembarque da Geórgia do Sul, Shackleton andou 51 km {{sfn|Shackleton, ''South'' (filme)}} com Worsley e Crean por terreno montanhoso, por mais de 36 horas até chegar à estação baleeira de [[Stromness (Geórgia do Sul)|Stromness]] no dia 20 de Maio.{{sfn|Worsley|pp=211–12}}
 
Só passados alguns anos, em Outubro de 1955, é que seria efectuadaefetuada nova travessia, bem-sucedida, da ilha, pelo explorador britânico [[Duncan Carse]], que percorreu a mesma rota de Shackleton. Em sua homenagem escreveu: "Não sei como conseguiram, exceptoexceto que tinham de o fazer – três homens da idade heróicaheroica da exploração da AntárctidaAntártida com 16 metros de corda entre eles – e uma plaina de carpinteiro ".{{sfn|Fisher|p=386}}
 
=== Resgate ===
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De imediato, Shackleton enviou um barco para resgatar os três homens do outro lado da Geórgia do Sul, enquanto organizava o salvamento dos seus homens que estavam na ilha Elefante. As primeiras três tentativas de desembarcar na ilha foram bloqueadas pelo gelo do mar. Shackleton solicitou a ajuda do governo [[chile]]no, que lhe disponibilizou o [[Luis Pardo#Rescue of the Shackleton expedition|''Yelcho'']], um pequeno [[rebocador]] da marinha. O ''Yelcho'' e o baleeiro britânico [[SS Southern Sky|''Southern Sky'']], chegaram à ilha Elefante no dia 30 de Agosto de 1916, data que marcava quarto meses e meio de isolamento dos 22 homens.{{sfn|Alexander|pp=166–69, 182–85}} O ''Yelcho'' levou a tripulação para [[Valparaiso]], no Chile, onde a multidão os recebeu de forma acolhedora.
 
Por resgatar ficaram os homens do [[Grupo do Mar de Ross]], que estavam encalhados em [[cabo Evans]], no estreito de McMurdo, depois de o ''Aurora'' ter sido arrancado do local onde estava ancorado, por uma tempestade, e levado para para mar alto mar, incapaz de regressar. O navio, depois de uma deriva de vários meses, regressou à Nova Zelândia. Shackleton viajou para o país, para se juntar ao ''Aurora'', e rumou para o cabo Evans para salvar oso restantesarestante dos seus homens. Este grupo, apesar de muitas dificuldades, instalou os depósitos de provisos, mas perderam três homens, incluindo o seu líder, Aeneas Mackintosh.{{sfn|Huntford|pp=634–41}}
 
== Primeira Guerra Mundial ==