Holocausto Brasileiro: diferenças entre revisões

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incluí uma resenha do livro presente na pagina da wikipedia da autora do livro
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O livro foi bem recebido pela crítica especializada. Em um editorial da [[Revista Época]], o livro é descrito como ''"...um excelente começo para uma reflexão não apenas sobre o passado, mas sobre o presente.''.<ref>{{citar web|título=Os loucos, os normais e o Estado|url=http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/eliane-brum/noticia/2013/06/os-loucos-os-normais-e-o-estado.html|acessodata=3 de janeiro de 2014}}</ref>
 
Veja a seguir a resenha da obra, escrita pelo geógrafo e educador Guilherme Fioravante:
 
A literatura é uma arte a qual se atribuem diversas funções, dentre elas denúncia e crítica social.
 
Conhecer relatos de iniquidade, desrespeito e dor não é agradável. Toda forma de violência é criminosa e deve ser denunciada. Por isso acredito que, ao entrar em contato e refletir sobre determinados fatos, tornamo-nos capazes de criar alternativas para os conflitos e reforçamos outras formas de nos relacionar, sustentadas em respeito e tolerância.
 
"A conexão de literatura de denúncia com meu interesse pelo movimento de reforma psiquiátrica no Brasil me leva a indicar a leitura de Holocausto brasileiro, de Daniela Arbex, que apresenta uma série de reportagens investigativas, publicadas pelo jornal Estado de Minas em 2011, sobre a história do maior hospital psiquiátrico do Brasil: o Hospital Colônia. A leitura é chocante, um mergulho na realidade de abusos e cárcere privado impressionantemente descritos e ilustrados.
 
Inicialmente, apresenta-se o hospital, fundado em 1903 em Barbacena (MG): espaço, história, concepção e objetivos. Seguem-se capítulos dramáticos sobre a história de vida de sobreviventes à internação que até hoje lutam por sua inclusão digna ao convívio social. Constrói-se uma relação entre os casos de vítimas fatais e um campo de extermínio, visto que ao longo dos mais de 80 anos de funcionamento, acumulou-se um saldo estimado em 60 mil mortes. A autora segue apresentando, através de entrevistas e depoimentos, funcionários, médicos e outros profissionais que vivenciaram as arbitrariedades e torturas cometidas no hospital e trabalham para revertê-las, combatendo o tratamento desumano dado a “anormais” e “desajustados”.
 
Encerra-se o livro com um panorama atual sobre a luta antimanicomial e os esforços legais, institucionais e comunitários, para que se realizem com dignidade os tratamentos de pessoas com transtornos psiquiátricos no Brasil. Documentos citados no livro expõem uma contradição séria. Um hospital público, omisso na garantia dos direitos humanos fundamentais, praticando eletrochoque, lobotomia, medicação abusiva não pode ser apenas um equipamento público com má gestão, descobre-se um laboratório de políticas públicas de exclusão social e discriminação.
 
Encarando a realidade que vivemos – de um sistema médico-hospitalar de medicação e isolamento do paciente psiquiátrico –, essa leitura traz um questionamento: o modelo manicomial, como o do Hospital Colônia, e seu propósito de realizar a prática sistemática de higiene social será novamente legitimado pela sociedade brasileira?
 
Holocausto brasileiro dá voz a um grito que, no Brasil, só faz-se calar. Analisa o sistema manicomial como o fazem Estação Carandiru e Carcereiros, de Dráuzio Varela, em relação ao sistema prisional, e Rota 66, de Caco Barcellos, à violência policial. Unem-se a tantos outros títulos que desvelam episódios trágicos de nossa história, produtos de um estado de confusão e violência, cujos ruídos se abafam em meio ao volume de nossas ocupações cotidianas."
 
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