Thomas R. Marshall: diferenças entre revisões

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Sua popularidade como governador, e o fato de Indiana ser um ''[[swing state]]'', o ajudou a conseguir a indicação democrata para vice-presidente junto com Wilson e sua [[Eleição presidencial nos Estados Unidos em 1912|subsequente eleição em 1912]]. Divergências ideológicas entre os dois durante o primeiro mandato fez Wilson limitar a influência de Marshall na administração, e seu tradicional bom humor fez o presidente mudar o escritório do vice-presidente para fora da [[Casa Branca]]. Em seu segundo mandato, Marshall fez vários discursos pelo país durante a [[Primeira Guerra Mundial]]. Enquanto Wilson estava na [[Europa]], ele tornou-se o primeiro vice-presidente a realizar reuniões de gabinete. Como presidente do [[Senado dos Estados Unidos]], um pequeno número de senadores anti-guerra mantiveram um impasse ao se recusarem a encerrar o debate. Para garantir que legislações de guerra cruciais fossem ratificadas, Marshall fez a câmara adotar sua primeira regra processual permitindo que empasses fossem encerrados por uma maioria de dois terços – uma variação dessa regra permanece em uso até hoje.
 
A vice-presidência de Marshall é mais lembrada por uma crise de liderança em outubro de 1919 após Wilson ter sido incapacitado por um derrame. Por causa de sua antipatia pessoal por ele, os conselheiros e a esposa de Wilson queriam impedir que Marshall descobrisse a verdadeira condição do presidente para que ele não assumisse a presidência. Muitas pessoas, incluindo chefes de gabinete e líderes do [[Congresso dos Estados Unidos|Congresso]], pediram para Marshall tornar-se presidente interino, mas ele se recusou a assumir o cargo à força por medo detemendo criar um precedente. Sem um líder no executivo, os oponentes da administração derrotaram a ratificação do tratado da [[Sociedade das Nações]].
 
Muito conhecido por sua perspicácia e senso de humor, uma das piadas mais duradouras de Marshall veio em um debate no senado quando, em resposta ao catálogo das necessidades da nação feito pelo senador Joseph L. Bristow, ele proferiu a frase, "O que esse país precisa é um bom charuto de cinco centavos", provocando várias risadas. Depois de seu mandato como vice-presidente, Marshall abriu uma firma de advocacia em [[Indianápolis]], escrevendo vários livros sobre direito e suas memórias, ''Recollections''. Ele continuou a viajar e discursar publicamente. Marshall morreu em 1925 durante uma de suas viagens, vítima de um [[infarto agudo do miocárdio]].
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A mãe de Marshall, Martha Patterson, ficou órfã aos treze anos de idade em [[Ohio]], vindo morar com sua irmã em uma fazenda perto da casa dos Marshall em Indiana. Ela era conhecida por sua perspicácia e senso de humor, duas das principais características de seu futuro filho. Martha e Daniel conheceram-se e casaram-se em 1848.<ref name=bennett3 >Bennett 2007, p. 3</ref>
 
[[Ficheiro:Whitley-county-thomas-riley-marshall-plaque.jpg|thumb|left|upright|Placa em North Manchester honrado Thomas R. Marshall.]]
Thomas Riley Marshall nasceu em [[North Manchester]] no dia {{dtlink|14|3|1854}}. Dois anos depois, sua irmã nasceu, mas ela morreu ainda pequena. Martha havia contraído [[tuberculose]], que Daniel acreditava ser a causa da péssima saúde da criança.<ref name=bennett3 /> Enquanto Marshall ainda era jovem, sua família mudou várias vezes à procura de um clima agradável para Daniel tentar "curas ao ar livre" em Martha.<ref name=gray281 >Gray 1977, p. 281</ref> Eles primeiro foram para [[Quincy (Illinois)|Quincy]], [[Illinois]], em 1857. Daniel Marshall apoiava a União Americana e era um Democrata convicto, levando seu filho para [[Freeport (Illinois)|Freeport]] em 1858 afima fim de ver os [[Debates Lincoln–Douglas|debates entre Lincoln e Douglas]]. Marshall, com entãoCom quatro anos de idade, Marshall conheceu [[Abraham Lincoln]] e [[Stephen A. Douglas]] e ficou sentado no colo do candidato que não estava falando no momento. Ele maisMais tarde afirmou que essa era uma de suas primeiras e mais valorizadas memórias.<ref name=bennett5 >Bennett 2007, p. 5</ref><ref name=gugin232 >Gugin & St. Clair 2006, p. 232</ref>
 
A família mudou-se para [[Osawatomie (Kansas)|Osawatomie]], [[Kansas]], em 1859, porém a violência da fronteira os fizeram ir para o [[Missouri]] no ano seguinte; eventualmente, Daniel conseguiu curar a doença de Martha.<ref name=bennett4 >Bennett 2007, p. 4</ref> Enquanto a [[Guerra de Secessão]] se aproximava, a violência se espalhou para o Missouri. Em outubro, homens liderados por Duff Green exigiram que Daniel Marshall desse auxílio médico para uma facção pró-escravatura.<ref name=bennett5 /> Ele recusou-se, e os homens foram embora. Logo em seguida, os vizinhos contaram aos Marshall que Green planejava retornar e matá-los. Eles ajudaram a família a rapidamente fazer as malas e fugir para o Illinois. Eles permaneceram no estado por pouco tempo antes de voltarem para Indiana, distanciando-se da instável região da fronteira.<ref name=gugin232 /><ref>Bennett 2007, p. 6</ref>
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===Advocacia===
[[Ficheiro:VPthomasrmarshall.JPG|thumb|left|190px|Marshall noc. início do século XX1900.]]
Marshall abriu uma firma de advocacia em Columbia City no ano de 1876, pegando casos pequenos. Depois de ganhar destaque, ele aceitou William F. McNagny como parceiro em 1879 e começou a pegar muitos casos de defesa criminal. Os dois homens funcionavam bem como parceiros; McNagny tinha um maior conhecimento da lei e trabalhava nos argumentos, e Marshall, melhor orador, defendia os casos perante o juiz e o júri. A firma deles ficou bem conhecida na região após cuidarem de vários casos de destaque.<ref>Bennett 2007, p. 22</ref> Em 1880, Marshall concorreu a um cargo público pelo Partido Democrata pela primeira vez, promotor público do distrito.<ref name=gray283 >Gray 1977, p, 283</ref> O distrito era um reduto Republicano e ele foi derrotado. Ao mesmo tempo, ele conheceu e ficou noivo de Kate Hooper. Ela morreu em 1882 um dia antes do casamento. Sua morte foi um enorme choque emocional para Marshall, fazendo com que ele virasse alcoólatra.<ref>Bennett 2007, p. 23</ref><ref name=gray284 >Gray 1977, p. 284</ref>
 
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Marshall continuou ativo no Partido Democrata após ser derrotado em 1880, fazendo discursos e ajudando na realização de comícios pelo estado. Seus discursos eram bem partidários, mas sua retórica gradualmente mudou de um ponto de vista conservador na década de 1890 para um posição [[Progressismo|progressista]].<ref>Gray 1977, p. 285</ref> Ele tornou-se membro do Comitê Democrata Central em 1904, aumentando sua popularidade e influência no partido.<ref name=gugin234 /><ref name=bennett46 /><ref>Gray 1977, p. 286</ref>
 
Marshall e sua esposa se envolveram em várias organizações privadas. Ele ia frequentemente a Igreja Presbiteriana, ensinava em uma escola e atuava no conselho do condado. Enquanto sua fortuna crescia, ele passou a se envolver em instituições de caridade locais. [[Maçonaria|Maçom]] e membro da Grande Loja de Indiana, ele era Maçom Mestre em 1898 e já havia chegado ao trigésimo terceiro33º nível no [[Rito Escocês]], o nível mais alto da ordem, sendo também membro de sua Suprema Corte. Marshall permaneceu ativo na maçonaria até sua morte.<ref name=gray283 /><ref name=gugin235 />
 
==Governador de Indiana==
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[[Ficheiro:StateCapitolIndiana.jpg|thumb|right|A Assembleia Legislativa de Indiana em Indianápolis.]]
O oponente de Marshall na eleição foi o congressista Republicano James E. Watson, e a campanha focou-se em temperança e proibição.<ref name=gray288 /><ref name=bennett80 > Bennett 2007, p. 80 </ref> Bem no início, o governo Republicano passou uma lei estadual que permitia que condados proíbissem a venda de bebidas alcoólicas se assim desejassem. A lei tornou-se um ponto central dos debates entre os partidos e seus candidatos. Os Democratas propuseram que a lei fosse alterada para que a decisão fosse tomada pelas prefeituras das cidades.<ref name=gugin236 > Gugin & St. Clair 2006, p. 236 </ref> Isso trouxe o apoio de anti-proibicionistas, que a viram como uma oportunidade de reverter a lei seca em certas áreas, e como a única alternativa a proíbição total que o Partido Republicano defendia. A posição Democrata também ajudou a manter o apoio dos proibicionistas ao permitir que a lei seca fosse mantida em comunidades onde a maioria apoiava a decisão.<ref name=bennett80 /> O Partido Republicano estava em um período de instabilidade, dividindo-se entre conservadores e progressistas.<ref name=bennett80 /> Seus problemas internos foram decisivos no resultado final da eleição, dando a Marshall uma vitória apertada: ele recebeu 48,1% dos votos e Watsoncontra 48%.<ref name=congressional406 > ''Congressional Quarterly'' 1976, p. 406 </ref> Ele foi o primeiro governador Democrata em duas décadas.<ref name=gugin236 /> Os Democratas também tornaram-se maioria na Câmara dos Representantes de Indiana, apesar dos Republicanos terem mantido o controle do Senado estadual.<ref name=gray288 /><ref name=gugin236 />
 
===Progressivismo===
[[Ficheiro:Midnight at the glassworks2b.jpg|thumb|left|Crianças em uma fábrica de vidro. O [[trabalho infantil]] terminou em Indiana por causa de leis aprovadas por Marshall.]]
Marshall tomou posse como [[Anexo:Lista de governadores de Indiana|Governador de Indiana]] em 11 de janeiro de 1909. Já que seu partido estava há anos longe do poder, seu objetivo inicial era designar o maior número possível de Democratas para posições de clientelismo.<ref name=gugin237 >Gugin & St. Clair 2006, p. 237</ref> Marshall tentou evitar envolver-se diretamente no sistema de clientelismo. Ele permitiu que diferentes facções do partido tivessem posições, e nomeou apenas algumas de suas próprias escolhas. Ele deixou que Taggart cuidasse do processo e escolhesse os candidatos, mas assinou as nomeações oficiais. Apesar de sua posição ter mantido a paz dentro do partido, isso impediu que Marshall desenvolvesse uma forte base política.<ref>Bennett 2007, p. 90</ref>
 
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==Vice-presidência==
===Eleição===
[[Ficheiro:Thomas Marshall delivers speech in Indianapolis.jpg|thumb|rightcenter|500px1050px|Uma multidão em Indianápolis ouve Samuel M. Ralston falar enquanto Thomas R. Marshall prepara-se para discursar aceitando a indicação a vice-presidente, 10 de agosto de 1912.]]
A nova constituição de Indiana impediu que Marshall servisse um segundo mandato como governador. Ele planejou concorrer para senador ao final de seu mandato, porém outra oportunidade surgiu durante seus últimos meses como governador. Apesar de não ter participado da Convenção Nacional Democrata de 1912 em [[Baltimore]], seu nome foi colocado como a escolha de Indiana para presidente.<ref>Bennett 2007, 138</ref> Ele foi sugerido como um candidato de harmonização, porém [[William Jennings Bryan]] e os participantes apoiaram [[Woodrow Wilson]] sobre Champ Clark. Os representantes de Indiana pressionaram para ter Marshall como candidato a vice-presidência em troca do apoio a Wilson. Indiana era um ''[[swing state]]'' importante, e Wilson esperava que a popularidade de Marshall o ajudasse na eleição. Ele e seus representantes apoiaram Marshall, conseguindo-lhe a indicação a vice-presidente.<ref>Gray 1977, p. 293</ref><ref>Bennett 2007, p. 139</ref><ref>{{citar periódico|data=3 de julho de 1912|título=Indiana Governor Is Named Vice Presidential Candidate|jornal=[[The New York Times]] }}</ref> Marshall recusou a indicação, presumindo que o cargo seria chato por causa de suas poucas funções. Ele mudou de ideia após Wilson ter lhe assegurado que iria receber várias responsabilidades.<ref name=gugin240 >Gugin & St. Clair 2006, p. 240</ref> Durante a campanha, Marshall viajou pelo país discursando. A chapa Wilson–Marshall venceu facilmente a [[Eleição presidencial nos Estados Unidos em 1912|eleição de 1912]] por causa da divisão entre o Partido Republicano e o Partido Progressista.<ref name=gugin240 />