Caio Avídio Cássio: diferenças entre revisões

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Precisando desesperadamente de suprimentos e com as tropas mostrando os primeiros sinais de contaminação pela [[peste bubônica|peste]], Avídio marchou de volta para a Síria com os espólios da campanha. Depois de comunicar os detalhes da campanha a Roma, ele foi recompensado com um posto de [[senador romano|senador]], embora o sucesso tenha sido creditado principalmente ao seu [[comandante-em-chefe]], o imperador [[Lúcio Vero]]. Este, por sua vez, aparece como um excelente comandante, que não temia delegar tarefas militares à generais mais competentes do que ele próprio{{sfn|Birley|2001|p=141}}.
 
Em maio de 166, Cássio foi nomeado [[cônsul sufecto]], uma posição que ele ocupou sem pisar em [[Roma]]{{sfn|Birley|2001|p=142}}. Naquele ano, ele e Vero lançaram uma nova campanha contra os partas, desta vez cruzando o Tigre pelo norte e seguindo para a [[Média AtropatenaAtropatene|Média]]. No final do mesmo ano, Cássio foi promovido a [[Legatuslegado Augustiaugusto pro praetorepropretor|legado imperial]] da província da Síria{{sfn|Birley|2001|p=145}}.
 
Em 172, Cássio sufocou a revolta dos ''bucoli'' ("pastores") que irrompera na região da [[Pentápolis egípcia|Pentápolis]] no [[Médio Egito]] por causa de um aumento explosivo do preço dos cereais{{sfn|Smith|1870|p=626}}. A estratégia de Avídio era dividir as diversas tribos, mas, antes dele chegar ao Egito, Avídio recebeu poderes especiais que davam-lhe o ''[[imperium]]'' sobre todas as províncias do oriente{{sfn|Birley|2001|p=174}}.
 
== Usurpador ==
Em 175, Avídio Cássio foi proclamado [[imperador romano]] depois que notícias falsas sobre a morte de [[Marco Aurélio]]{{sfn|Birley|2001|p=184}}{{sfn|Canduci|2010|p=44}} terem chegado ao Egito. As fontes indicam também que ele teria sido encorajado pela esposa de Marco Aurélio, [[Faustina, a Jovem|Faustina]], que estava preocupada com o estado de saúde do marido e acreditava que ele estivesse à beira da morte. Por isso, ela teria confiado em Cássio para agir como protetor dela e do jovem [[Cômodo]], que tinha apenas treze anos na época{{sfn|Birley|2001|p=184}}{{sfn|Smith|1870|p=441}}. Faustina também queria alguém que pudesse atuar como contraponto às alegações de [[Tibério Cláudio Pompeiano]], que estava em posição favorável para tomar o posto de ''[[princepspríncipe (Roma Antiga)|príncipe]]'' (o imperador) caso Marco Aurélio morresse{{sfn|Birley|2001|p=185}}. As evidências, incluindo as "[[Meditações]]", do próprio Marco Aurélio, dão suporte à ideia de que o imperador de fato estava bastante adoentado na época{{sfn|Birley|2001|p=185}}, mas, quando ele se recuperou, Cássio já havia sido aclamado pela legião egípcia, a [[Legio II Traiana Fortis|II ''Traiana Fortis'']].
 
A princípio, segundo [[Dião Cássio]], Marco Aurélio, que estava em [[Guerras Marcomanas|campanha contra os marcomanos]] no norte, tentou esconder a revolta de seus soldados{{sfn|Birley|2001|p=187}}, mas, depois que todos descobriram, ele fez um discurso. Nele, um texto que Dião Cássio atribui ao imperador, ele lamenta a deslealdade de ''"um querido amigo"'' e, ao mesmo tempo, expressa sua esperança de que Cássio não seja morto ou cometa o suicídio para que ele próprio possa mostra-lhe sua misericórdia{{sfn|Smith|1870|p=441}}. Em paralelo, o Senado Romano declarou Cássio [[inimigo público]]{{sfn|Birley|2001|p=185}}{{sfn|Canduci|2010|p=44}}.
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No início da revolta, Cássio estava numa posição razoável. Em sua terra natal, a [[Síria romana|Síria]], e, de forma mais ampla, em todas as províncias orientais, Cássio tinha um bom número de seguidores. Eles eram inspirados por uma combinação da ascendência real de Avídio e suas vitórias sobre os partas, além da supressão da revolta dos ''bucoli''{{sfn|Birley|2001|p=185}}. Ele também tinha laços matrimoniais com um importante grupo de nobres da [[Lícia]].
 
Em relação aos recursos militares, Avídio tinha sete legiões - suas três legiões sírias, mais duas na [[Síria Palestina]], uma na [[Arábia Pétrea]] e outra no Egito. O prefeito desta última, ''CalvisiusCalvísio Statianus''Estaciano, juntou-se à revolta{{sfn|Birley|2001|p=186}}. Foi no Egito que Cássio construiu sua base de operações e sabe-se que ele foi eleito imperador lá em 3 de maio, uma vez que um único documento desta data aparece sendo do último ano do reinado de Cássio{{sfn|Birley|2001|p=186}}. Embora ele tenha passado a controlar a maior parte de uma das partes mais importantes do Império Romano - o Egito -, Avídio Cássio não conseguiu entrar apoio amplo para sua revolta{{sfn|Birley|2001|p=186}}.
 
O governador da [[Capadócia romana|Capadócia]], [[Márcio Vero]], permaneceu leal ao imperador enquanto [[Herodes Ático]] teria enviado-lhe uma carta contendo a [[alfabeto grego|palavra grega]] ''"emanes"'' ("Você é louco"){{sfn|Birley|2001|p=187}}. Naturalmente, os habitantes de Roma entraram em pânico, o que forçou o imperador a enviar [[Caio Vécio Sabiniano Júlio Hospes]], governador da [[Panônia Inferior]], com ordens de tomar a cidade{{sfn|Birley|2001|p=187}}. Porém, rapidamente ficou claro que Marco Aurélio estava em vantagem, com mais legiões sob seu comando do que Avídio jamais conseguiria levantar{{sfn|Birley|2001|p=188}}. ''"Depois de um sonho de império durando três meses e cinco dias"'', Avídio Cássio foi assassinado por um [[centurião]]{{sfn|Birley|2001|p=189}} e sua cabeça foi enviada ao imperador, que se recusou a vê-la e ordenou que ela fosse enterrada.