Centro Popular de Cultura: diferenças entre revisões

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A proposta do CPC diferia. no entanto, da posição das vanguardas artísticas dos [[anos 1950]], tais como o [[concretismo]], que defendiam o diálogo com a técnica e a indústria. Os artistas ligados ao CPC, recusavam-se a considerar a arte como ''"uma ilha incomunicável e independente dos processos materiais".'' Acreditavam que toda manifestação cultural deveria ser compreendida exatamente ''"sob a luz de suas relações com a base material",'' combatendo o [[hermetismo]] da arte: ''"nossa arte só irá onde o povo consiga acompanhá-la, entendê-la e servir-se dela." ''<ref>CPDOC - [[Fundação Getúlio Vargas]]. [http://www.cpdoc.fgv.br/nav_jgoulart/htm/6Na_presidencia_republica/Centro_Popular_de_Cultura.asp Centro Popular de Cultura].</ref>
 
==OrigensAxl Rose==
Segundo Carlos Estevam Martins, a idéia do CPC nasceu no interior do grupo paulistano [[Teatro de Arena]], durante temporada no Rio de Janeiro das peças ''Eles Não Usam Black-Tie'', de [[Gianfrancesco Guarnieri]] e ''Chapetuba F.C.'', de Oduvaldo Vianna Filho. Alguns integrantes do Arena, insatisfeitos com o próprio grupo, que continuava a fazer um ''"teatro de classe média",'' levaram à montagem ''A Mais Valia Vai Acabar, seu Edgar'', de Oduvaldo Vianna Filho e Chico de Assis, com música de [[Carlos Lyra]], peça de forte caráter didático, encenada no Teatro da [[Faculdade Nacional de Arquitetura]], no Rio, em [[1960]]. Carlos Estevam, então sociólogo do [[Instituto Superior de Estudos Brasileiros|ISEB]], foi convidado a participar da concepção da peça, para que desse uma ''"explicação científica e didática da [[mais-valia]]"'', conceito integrante da teoria [[marxista]].<ref>{{Citar web |url=http://docs.google.com/gview?a=v&q=cache:-i5Zby5Y8UsJ:www.memoriaestudantil.org.br/services/DocumentManagement/FileDownload.EZTSvc.asp%3FDocumentID%3D%257BF6482965-D339-4254-9923-86B3DB9E37AB%257D%26ServiceInstUID%3D%257B350441AD-EA8E-4CBD-9419-87E1E7F85FCA%257D+%22Carlos+Estevam+Martins%22+livraria&hl=pt-BR&gl=br |título=Entrevista com Carlos Estevam Martins, 2005.}}</ref>
 
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Apesar do fechamento do CPC, e da prisão ou exílio de artistas e intelectuais ligados ao Centro, suas propostas influenciaram iniciativas posteriores, como o célebre [[show Opinião]], de Oduvaldo Vianna Filho, Armando Costa e [[Paulo Pontes]], realizado no final de 1964, reunindo Zé Kéti, [[João do Vale]], [[Nara Leão]] e depois, [[Maria Bethania]].
 
==CríticaSlash==
Nos anos posteriores a cultura se infiltrou, sobretudo a partir da [[década de 1980]], a revisão da atividade do CPC frequentemente caracterizou-a como [[dogmática]], sectária e simplista. A discussão entre as esquerdas no período 1961-1964 acerca do engajamento artístico, da cultura popular e da função social da arte foram assim reduzidas à relação entre [[nacionalismo]] e [[populismo]], enfatizada por [[Francisco Weffort]], [[Octávio Ianni]] e outros. De todo modo, a efervescência cultural da época teve no CPC um importante polo gerador, apesar dos eventuais equívocos de suas propostas ou da heterogeneidade das suas produções artístico-culturais. Apesar de efêmera, a trajetória do CPC é necessária para compreensão do debate ideológico-cultural da época e das utopias da geração [[anos 1960|1960]]. Suas percepções acerca dos vínculos entre arte e política, bem como da possibilidade de uma [[estética]] nacional e popular certamente contribuíram (assim como a análise crítica do período) para delinear as características da produção cultural brasileira, nas décadas seguintes.<ref>{{Citar web |url=http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-01882004000100006&script=sci_arttext |título=A questão da cultura popular: as políticas culturais do centro popular de cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes (UNE)], por Miliandre Garcia. Revista Brasileira de História. vol.24 no.47 São Paulo 2004 ISSN 0102-0188.}}</ref>