Vila (Roma Antiga): diferenças entre revisões

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[[Imagem:Schema Portikusvilla.jpg|thumb|Esquema de vila urbana sofisticada]]
 
Na [[Roma Antiga]], as vilas ({{langx|la|''villae''}}; singular: ''villa'') eram originalmente as moradias rurais cujas edificações formavam o centro de uma propriedade agrícola. Portanto, era uma propriedade ou residência de campo de um [[patrício]], ou de um [[plebe]]u de grandes posses, ou de uma família campestre romana, onde normalmente se centravam as explorações agrárias de maior vulto, embora haja casos de algumas dessas propriedades que não tinham exploração agrícola associada. Esses casos normalmente consistem em ''villae ''áulicas (como sucedeu no caso da ''[[Vila romana de São Cucufate|vila]]''[[Vila romana de São Cucufate| de São Cucufate]], Vidigueira)'' ''que evoluíram a partir de explorações rurais mais modestas, como as ''[[villae de planta linear|villae ]]''[[villae de planta linear|de planta linear]] ou ''[[villae de peristilo|villae]]''[[villae de peristilo| de peristilo]].
 
== ''Pars Urbana'' (''Domus'') ==
{{Artigo principal|[[Domus]]}}
A residência senhorial ou ''[[domus]]'' tinhapossuía quase sempre todos os confortos quepossíveis adas classes mais abastadas da civilização romana, denominavacomo aostermas, senhorespátios com possesmosaicos, comosalas termascom repuxos, piscinas, jardins ou cavalariças. Algumas dessas propriedades, as pertencentes aos [[patrício]]s, tinhameram de tal grandiosidadeforma grandes que incluíam um teatro e um forte para uma pequena guarnição militar. Eram geralmente circundadas por [[jardim|jardins]] e depois por uma área agrícola, embora haja casos de propriedades rurais sem exploração agrícola associada.
 
As estruturas que formavam o espaço senhorial da ''villa'', normalmente propriedades de média ou grande escala, eram também habitadas por trabalhadores, [[servo]]s domésticos ou, mais raramente, escravos, que trabalhavam na casa e nas estruturas de transformação que funcionavam na área imediatamente anexa, como era normalmente o caso dos lagares, estruturas de fiação e tecelagem, mas também das cozinhas que abasteciam a ''pars urbana. ''Estes trabalhadores domésticos tinham ainda funções muito bem definidas relacionadas com a limpeza e manutenção dos edifícios e de todas as estruturas relacionadas.
Estas propriedades agrícolas que poderiam consistir pequenas fazendas dependentes do trabalho familiar ou em grandes propriedades, essas últimas pertencentes aos [[patrício]]s, com trabalhadores [[Escravatura|escravos]], ou [[servo]]s, detinham as estruturas rurais que seriam necessárias para as manter, tais como um celeiro, moinho ou lagar.
 
== As divisões da vila romana ==
As vilas eram constituídas por três partes:
 
* Na ''[[pars urbana]] ''(ou parte urbana) viviam o proprietário e a sua família. Era em tudo semelhante à habitação''domus'' urbana dosde cidadãosfamílias abastadosabastadas. As paredes eram muitas vezes pintadas com motivos decorativos, por vezes de uma grande beleza e complexidade., Muitasmas vilastambém possuíamdetinham zonas com pavimentos aquecidos, com sistema de [[hipocausto]], lareiras centrais, mosaicos parietais e de solo, etc. Possuíam normalmente água corrente, graças a um sistemasistemas de canalizações. queOutras divisões muitosincluíam séculoso depoisescritório voltariaou aárea serde usadonegócios, noum Ocidente.ou Porvários vezestemplos, eramquartos, dotadascozinhas, termas, sala ou salas de umjantar (''[[hipocaustotriclinium]]''), umcomo sistemasucede deno aquecimentocaso centralda em''villa'' quede o[[Vale ardo era aquecido sob oMouro]] pavimento(Coriscada).
* Na ''[[pars rustica]] ''(ou parte rústica) viviam e trabalhavam os servos e/ou escravos rurais. Esta partezona da habitação''villa'' incluía ainda despensaszonas ede alojamentosarmazenamento de matérias primas ou produtos, como sucede para osa farinha com as ''[[horrea]]'', áreas de transformação de matérias animaisprimas, domésticos.
* Na ''pars frumentaria'' situavam-se os campos, bosques, vinhas, ribeiras ou rios e toda uma série de edifícios auxiliares para a extracção ou transformação de matérias primas, como é o caso de moinhos de água ou mesmo de lagares, como é o caso de [[Rumansil I]] (Murça do Douro) que poderia constituir uma estrutura de uma villa de maiores dimensões com o seu epicentro no [[Prazo]] (Freixo de Numão).
* Por fim, na ''pars frumentaria'' situavam-se as instalações de uso comum como os celeiros e armazéns com produtos agrícolas da vila, como por exemplo azeite, vinho, cereais ou uvas, que seriam transportados e vendidos por vezes nas mais distantes paragens do império.
 
Outras divisões incluíam o escritório, o templo doméstico, quartos de dormir e a sala de jantar.
 
== Evolução ==
[[Ficheiro:Hypocaustum.jpg|thumb|esquerda|200px|Quartos aquecidos por [[hipocausto]]s eram um luxo presente em algumas vilas urbanas]]
A grande maior parte das ''villae ''surge sob a forma mais simplificada de ''villae'' lineares. Normalmente consistem numa série de edifícios adossados ou organizados em linhas. Embora muitas destas estruturas de exploração agrícola, por alguma razão (seja por má gestão, abandono, destruição) simplesmente desaparecem. Outras evoluem para plantas, arquitectonicamente, mais complexas, como é o caso das ''villae'' em peristilo.
A partir do [[século II a.C.]], as vilas, cada vez mais sofisticadas e elegantes, construídas frequentemente em torno de um [[pátio]] e localizadas de forma a tirar o máximo partido da paisagem, começaram a ser edificadas como casas de campo para os ricos, sendo cultivadas por arrendatários ou sob supervisão de um administrador (''vilicus'').
 
As ''villae ''de peristilo constituem num primeiro passo por parte do ''[[dominus]] ''ou senhor da propriedade relativamente à sua afirmação social. Normalmente, as estruturas da ''pars urbana'' organizam-se em torno de um pátio, frequentemente ajardinado e fechado, distanciando a família do proprietário da estrutura produtiva da ''villa''. Constroem-se e re-constroem-se normalmente estruturas mais complexas e confortáveis nesta zona, sendo que a maior parte das estruturas de transformação movem-se para fora do âmbito doméstico mais intimista que a ''pars urbana'' adquere.
 
Finalmente e menos frequentemente nas províncias fora da península itálica, as ''villae ''podem evoluir para um último e limiar estádio arquitectónico, as ''villae'' áulicas. Exponentes máximos de luxo, estas ''villae ''já estão totalmente fora da órbita rural que possuíram anteriormente, podendo ainda assim manter alguma das produções mais caras ao proprietário e que, pelo seu cariz emblemático, possuem um lugar neste contexto de afirmação de poder e social, como sucede com a produção de vinho em [[Vila romana de São Cucufate|São Cucufate]], única ''villa'' áulica conhecida até ao momento em Portugal.
 
Após a desagregação do [[Império Romano]], a casa senhorial e a propriedade rural tomaram o lugar da villa e das suas propriedades. Em muitos casos e devido à qualidade das estruturas arquitectónicas, as ''villae'' são transformadas em igrejas (como sucede com a pars urbana do [[Prazo]]) ou mosteiros (no caso de [[Vila romana de São Cucufate|São Cucufate]]).
Em tempos pós-romanos, a casa senhorial e a propriedade rural (e seus equivalentes em outros lugares na [[Europa Ocidental]]) substituíram a vila e suas propriedades.
 
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== Área agrícola ==
 
O espaço envolvente à vila''villa'' suportava o sistema de produção agro-pecuário, englobando, entre outras, as seguintes áreas:
 
* O ''hortus'', o jardim, a horta e o pomar;
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== Vilas romanas em Portugal ==
Em Portugal, chegaramdesde atéo aosséculo nossosXIX, diasforam descobertas várias vilas''villae,'' algumas em excelente estado de conservação. Eis asalgumas das mais importantes:
* [[Vila Cardílio|Vila Cardílio, perto de Torres Novas]]
* Vila da Torre de Palma, Monforte, Portalegre
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* [[Villa Euracini]], Póvoa de Varzim
* Vila Monte da Chaminé, perto de Ferreira do Alentejo
* Vila de [[Vale do Mouro]], Coriscada
* Vila do [[Prazo]], Freixo de Numão
 
== {{Ver também}} ==