Georg Friedrich Händel: diferenças entre revisões

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::''"Até onde sei, a primeiríssima é sua linha vocal, seu gênio melódico, o fato de que sua linha é muito natural, e se adeqúa perfeitamente à voz. Você simplesmente sente que o cantor desliza para dentro da linha sem o sofrimento que ele encontra em uma cantata de Bach ou em uma ''Leçon de Ténèbres'' de Couperin - peças maravilhosas que fazem você pensar que os cantores estão sendo crucificados, um sentimento que é parte do jogo e que pertence à beleza do gesto interpretativo. Händel fala sobre a naturalidade do canto, uma espécie de massagem vocal da qual resulta um deleite, um prazer, que empresta a tudo uma dimensão hedonística."'' <ref>Gelinaud, Philippe & Rousset, Christophe. [http://gfhandel.org/interviews/rousset.htm ''Interview with Christophe Rousset (Harpsichordist and Director of Les Talens Lyriques)'']. IN ''Interviews'', Issue 12: May 2004. G. F. Handel Home Page</ref>
 
Apesar de ser um contrapontista exímio, o [[Contraponto (música)|contraponto]] tem uma parte relativamente secundária no seu estilo, e trabalhou as técnicas [[polifonia|polifônicas]] com grande liberdade e originalidade. Muitas vezes sua polifonia foi comparada com a de [[Bach]], sempre desfavoravelmente, mas com isso se perde de vista que apesar de suas origens e sua formação, seu modelo não foi a abordagem germânica da polifonia, mas a italiana, a de [[Giovanni Legrenzi|Legrenzi]], [[Giovanni Battista Vitali|Vitali]], [[Giovanni Battista Bassani|Bassani]], e sobretudo [[Arcangelo Corelli|Corelli]], cujo estilo é leve e pouco formal, fluente, livre, flexível, e vocal em origem e espírito mesmo quando adaptado para o idioma instrumental. Daí que sua concepção de polifonia era umem tudo diferente daquela de seu famoso conterrâneo, e seus objetivos eram igualmente outros, fazendo-a servir sempre a propósitos dramáticos. É significativo que no seu tratamento das [[fuga]]s, a forma contrapontística mais estritarigorosa e também a mais prestigiada, que para os barrocos teve papel tão importante como a [[sonata]] para os neoclássicos, mostre um tratamento muito livre, e elas em geral façam uso de largas seções [[homofonia|homofônicas]] e pareçam à primeira vista apenas esboços. Permitia-se também a inversão de seções, colocando às vezes o ''[[stretto]]'' logo após a primeira [[exposição]], borrando os limites entre os [[episódio]]s ou usando trechos fugados à maneira de ''[[rondò]]''. Quando aplicou a polifonia ao coro, não raro construiu um trecho polifônico primeiro que desemboca numa seção homofônica como coroamento dramático da peça, obtendo efeitos impactantes. Para os críticos dessa abordagem tão livre e pessoal, provou que isso não se devia a uma eventual incompetência no manejo da forma, mas a uma escolha consciente, através de vários exemplos didáticos de grande beleza que seguem à risca as regras à risca.<ref>[http://books.google.com/books?id=-Z7VTQC7zt0C&printsec=frontcover&dq=handel&lr=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=2#v=onepage&q=&f=false Lang, pp. 590; 603-612]</ref>
 
Sua [[harmonia (música)|harmonia]] é sempre sólida, clara, atraente, imaginativa e muitas vezes ousada, com [[modulação|modulações]] inusitadas e aventurescas e resoluções imprevistas, e fez uso de [[tonalidade]]s incomuns em sua época, como si bemol menor, mi bemol menor e lá bemol menor. Era capaz de produzir tanto efeitos atmosféricos sutis como encadeamentos de [[acorde]]s de poderoso movimento dramático.<ref name="Lang, pp. 597-603">[http://books.google.com/books?id=-Z7VTQC7zt0C&printsec=frontcover&dq=handel&lr=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=2#v=onepage&q=&f=false Lang, pp. 597-603]</ref> Aparentemente definia de antemão os contornos harmônicos de uma peça, mas deixava para decidir nuances e movimentos harmônicos detalhados ao longo do processo compositivo, dando à sua criatividade, segundo o que pensa Hurley, um caráter intuitivo.<ref>[http://books.google.com/books?id=RDvqOSFpg18C&printsec=frontcover&dq=handel&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR&cd=37#v=onepage&q=&f=false Hurley, p. 139]</ref> Nos seus recitativos foi às vezes um profeta da música moderna, com [[cromatismo]]s surpreendentes. Era dono de uma grande habilidade para o desenvolvimento temático, que às vezes assumia proporções [[sinfonia|sinfônicas]] nos acompanhamentos das árias e nos coros, criando um efeito de movimento contínuo de grande força propulsiva. Tinha um fino senso de [[ritmo]] e de refinamento métrico. Suas frases, segundo Lang, podem ser comparadas a [[verso branco|versos brancos]], cujo ritmo é complicado por ''[[enjambement]]s'' e pelo uso de combinações e alternâncias de metros diferentes. Isso fica nítido nos seus [[manuscrito]]s, que usam a marcação de [[Compasso (música)|compasso]] com grande liberdade, o que muitas vezes é "corrigido" em edições impressas privando o leitor da percepção das sutis nuances de fraseado.<ref name="Lang, pp. 597-603"/>