Sociologia da educação: diferenças entre revisões
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== Principais teóricos ==
Como vertente da [[Sociologia]] que estuda a realidade sócio-educacional e os processos educacionais de socialização, ela tem como fundadores [[Émille Durkheim]], [[Karl Marx]] e [[Max Weber]].
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* Seguindo essa visão, [[Talcott Parsons]] defendeu que através do processo de socialização o indivíduo aprende a desempenhar determinados [[papel social|papéis sociais]] e que o processo de [[aprendizado]] correspondia a formação de uma determinada [[personalidade]]. Através da educação o indivíduo internaliza
* Já na interpretação [[Marxismo|marxista]] o processo de aprendizagem e a escola situam-se na [[infra-estrutura]] da sociedade e é nela que são produzidas as ideias ou [[ideologias]] correspondentes aos distintos [[Modo de produção|modos de produção]]. Na realidade atual a escola serve às necessidades do [[capitalismo]]. Seguindo, portanto, as teses de [[Karl Marx]] e [[Friedrich Engels]], os estudiosos marxistas analisam a escola como o lugar na qual são gestadas as visões que legitimam sistemas de exploração, alienação e dominação. É o caso de [[Louis Althusser]] com sua tese de que a escola é um [[ideologia|aparelho ideológico]] do Estado. Outros teóricos ligados ao [[marxismo]], como [[Antonio Gramsci]], por sua vez, preferem entender a escola como o lugar em que pode ser produzida uma contra-ideologia ou uma nova [[hegemonia]]. Nesse caso destaca-se o papel transformador e emancipador do processo escolar. No interior da corrente marxista, portanto, existe um debate sobre o papel reprodutor ou transformador da escola
* Outra vertente da sociologia da educação retoma as ideias de [[Max Weber]] e sua teoria a racionalização social e do desencantamento do mundo. Com base em sua sociologia da dominação (burocrática, tradicional e carismática) esse pensador identificou três tipos ideais ou puros (modelos abstratos)segundo os quais ocorre o aprendizado. A pedagogia carismática visa despertar as qualidades do indivíduo, a pedagogia tradicional o cultivo das qualidades morais e intelectuais e a pedagogia burocrática a formação técnica (treinamento). Max Weber foi um grande defensor da liberdade de pensamento no ensino superior mas defendeu que o educador não deve utilizar a sala de aula como tribuna para divulgar suas convicções. No plano da ciência Weber defendia a neutralidade axiológica: o papel do professor é estimular a autonomia intelectual do educando e não impor suas próprias ideais. Weber fez análises detalhadas sobre a educação ministrada pelos [[mandarins]] na China imperial (exemplo de pedagogia tradicional) e estudou a correlação entre educação e grupos religiosos (protestantes e católicos) na Alemanha no primeiro capítulo de seu estudo intitulado ''[[A ética protestante e o espírito do capitalismo]]''). Na linha weberiana outro importante pensador dos processos educacionais é [[Karl Mannheim]] que definiu a educação como um tipo de técnica social:
<blockquote>''Assim, a educação apenas será corretamente compreendida se a consideramos como uma das técnicas que influenciam o comportamento humano e como um meio de controle social. A menor mudança nessas técnicas e controles mais gerais reflete-se na educação em sentido restrito - ou seja, a processada no interior da escola''". </blockquote>
* Nos anos 60 e 70 a sociologia da educação recebeu um enorme impulso com as pesquisas de [[Pierre Bourdieu]] que buscou analisar a relação entre escola e reprodução social: ele escreveu "''Os estudantes e o ensino''" em 1968 e " ''A reprodução''" em 1970, este junto com [[Jean-Claude Passeron]]. Ele também analisou o sistema universitário em "''Homo academicus''" (1984). Esse autor demonstrou como o processo de socialização imprime nos alunos um [[habitus]] primário que tende a se reproduzir em suas práticas sociais. Na Escola as camadas de baixa renda acabam se defrontando com um habitus diferente, o que acaba desestimulando e dificultando o aprendizado. Em outros termos, na escola o educando encontra um capital cultural diferente daquele herdado na família. Ao mostrar os mecanismos sócio-culturais da [[exclusão social]] a teoria de Pierre Bourdieu recebeu a denominação de crítico-reprodutivista.
* Algumas linhas de pensamento dedicaram-se também a entender os processos de socialização em uma perspectiva [[Microssociologia|microssociológica]], ou seja, a partir do cotidiano dos indivíduos e de suas [[Ação social|ações sociais]]: no centro dessa abordagem estão as [[Interação social|interações sociais]] e o estudo dos [[Grupo social|grupos sociais]], seja o meio familiar, seja o meio escolar, grupos de amigos, etc.. Um dos principais representantes desse tipo de análise é [[George Herbert Mead]]. Em ''Mind, Self, and Society ''(1932) ele estuda os processos de formação da subjetividade ([[Self]]) a partir da capacidade dos indivíduos de se representarem no lugar do outro (Outro generalizado) em atividades como jogos e recreações infantis. Embora seu estudo seja adotado também pela [[psicologia social]], a análise das relações entre mente e sociedade também faz parte dos estudos sociológicos.
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== Sociologia da educação no Brasil ==
No Brasil, um dos pioneiros na Sociologia da Educação foi [[Fernando Azevedo]], signatário do Manifesto dos Pioneiros da [[Escola Nova]] em 1932, responsável pela Reforma do Ensino no então Distrito Federal (1927). Foi ainda um dos intelectuais responsáveis pela fundação da Universidade de São Paulo - USP em 1934. A disciplina também recebeu importantes contribuições de [[Florestan Fernandes]]. Atualmente existem grupos organizados de pesquisadores em sociologia da educação em entidades científicas como a ANPOCS e a SBS ([[Sociedade Brasileira de Sociologia]]). Nessas entidades são formados grupos de trabalho que estudam a realidade social da educação no Brasil. Atualmente alguns dos principais estudiosos são Carlos Benedito Martins (Universidade de Brasília) e Clarissa Baeta Neves (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).
A Associação Internacional de Sociologia possui o Comitê de Pesquisas em Sociologia de Educação desde 1971.
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