Declínio contemporâneo da biodiversidade mundial: diferenças entre revisões

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Os efeitos das invasões por espécies exóticas são a segunda maior causa do atual declínio na diversidade biológica. As invasões são principalmente provocadas pelo homem, que leva espécies de valor econômico, social, afetivo ou cultural para toda parte, mas muitas delas invadem outras regiões carregadas pelas pessoas sem que estas o percebam, na forma de sementes, ovos ou esporos diminutos encontrados em roupas e objetos pessoais, ou vão ocultas em cargas, veículos, produtos naturais contaminados e outros meios. Uma invasão se caracteriza quando uma [[espécie exótica]] não encontra em seu novo ambiente inimigos naturais que controlem suas populações, que aumentam explosivamente e passam a prejudicar espécies nativas pela alteração nas características físicas, químicas e biológicas do ambiente, interferindo também no clima e em todos os serviços ambientais da região, que dependem do equilíbrio saudável dos ecossistemas. Essas alterações podem ser tão profundas que acabam por promover a extinção ou declínio de espécies nativas, ou as expulsam para novas áreas, se tornando elas também potencialmente invasoras. Todos os [[bioma]]s da Terra já foram impactados de alguma forma por invasões.<ref>Ministério do Meio Ambiente. "Espécies Exóticas Invasoras".</ref><ref>Secretariat of the Convention on Biological Diversity. ''Global Biodiversity Outlook 2'', 2006, pp. 34-36.</ref><ref>Williams, J.D. & G. K. Meffe. "Nonindigenous Species". In: The United States Department of the Interior. ''Geological Survey 1: Status and Trends of the Nation's Biological Resources'', 1998.</ref><ref>Shirley S. M. & Kark, S. "Amassing Efforts against Alien Invasive Species in Europe". In: ''Plos Biology'', 2006; 4 (8): e279.</ref><ref name="Biodiversity Regulation">Díaz, Sandra; Chapin III, F. Stuart; Potts, Simon (coords.). [http://www.millenniumassessment.org/documents/document.280.aspx.pdf "Biodiversity Regulation of Ecosystem Services"]. In: Millenium Ecosystem Assessment [Hassan, Rashid M.; Scholes, Robert; Ash, Neville (eds.)]. ''Ecosystems and Human Well-Being: Current State and Trends: Findings of the Condition and Trends Working Group''. Vol. I. The Millenium Ecosystem Assessment Series. Island Press, 2005, pp. 299-322</ref>
 
As mudanças climáticas, notadamente o [[aquecimento global]], são também um componente principal do presente declínio na biodiversidade. Os seres vivos precisam de condições climáticas relativamente estáveis para poderem sobreviver. Quando o clima muda, especialmente na velocidade em que isso está ocorrendo, muitas espécies não conseguem se adaptar a tempo para enfrentar a mudança, entram em declínio e se extinguem, uma ameaça que se torna mais aguda quando essas espécies são raras, vulneráveis ou vivem em ambientes isolados, como ilhas, que não possibilitam sua [[migração de animais|migração]] para áreas mais favoráveis. Outras são capazes de migrar, mas neste processo acabam invadindo territórios ocupados por outras espécies, que por sua vez passam a enfrentar grande [[competição]], podendo também ser extintas ou ter suas populações reduzidas.<ref name="Technical">Technical Expert Group on Biological Diversity and Climate Change. [http://unfccc.int/files/meetings/workshops/other_meetings/application/pdf/execsum.pdf ''Interlinkages between Biological Diversity and Climate Change: Advice on the integration of biodiversity considerations into the implementation of the United Nations Framework Convention on Climate Change and its Kyoto Protocol'']. Secretariat of the Convention on Biological Diversity, 2003, pp. 2-3</ref><ref name="Michigan"/> Como exemplo, nos últimos 30 anos a [[tundra]] do Hemisfério Norte já teve cerca de 9 milhões de km² invadidos por espécies arbóreas e arbustivas oriundas de [[regiões temperadas]] em função do aquecimento da [[ártico|região ártica]], fazendo recuar as espécies nativas para mais ao norte.<ref>Myneni, Ranga. "Amplified Greenhouse Effect Shaping North into South". ''EurekAlert'', 10/03/2013</ref> No cenário atual, em que se espera uma progressão nas mudanças climáticas, este fator, dada sua universalidade e alta penetração, pode se tornar preponderante num futuro próximo, isoladamente ou em combinação com os outros, afetando virtualmente todos os seres vivos do planeta de maneiras impossíveis de prever com exatidão, com impacto generalizado.<ref name="Technical"/><ref name="Michigan"/> A IUCN considera que até 70% de todas as espécies conhecidas serão extintas se a temperatura média do mundo subir mais do que 3,5ºC, uma possibilidade real de acordo com alguns modelos teóricos,<ref name="Global Issues"/> e que de acordo com as tendências atuais, se torna a cada dia mais provável, senão mesmo inevitável, como já pensam vários cientistas acreditados,<ref>Motta, Claudia. "Gelo no Ártico pode diminuir 94% e o nível do mar subiria 82 cm até 2100". ''O Globo'', 27/09/2013.</ref><ref>UNEP. ''The Emissions Gap Report 2013: Executive Summary''.</ref> diante da insensibilidade geral da sociedade para com o problema, desencadeando ampla redistribuição geográfica das espécies sobreviventes e profundas repercussões na sociedade.<ref name="Secretariado 9-10"/>
[[Imagem:EVOSWEB 013 oiled bird3.jpg|thumb|Aves mortas no derramamento de petróleo do navio-tanque ''Exxon Valdez'' no Ártico. A poluição é uma das grandes causas do declínio da biodiversidade.]]