Castelo de Almourol: diferenças entre revisões

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O '''Castelo de Almourol''', no [[Ribatejo]], localiza-se na Freguesia de [[Praia do Ribatejo]], Concelho de [[Vila Nova da Barquinha]], [[Distrito de Santarém]], em [[Portugal]], embora a sua localização seja frequentemente atribuída a [[Tancos]], visto ser a [[vila]] de onde se vislumbra melhor.
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Erguido num afloramento de [[granito]] a 18 m acima do nível das águas, numa pequena [[Almourol (ilha)|ilha]] de 310 m de comprimento por 75 m de largura, no médio curso do [[rio Tejo]], um pouco abaixo da sua confluência com o [[rio Zêzere]], à época da [[Reconquista]] integrava a chamada ''[[Linha do Tejo]]'', actual [[Região de Turismo dos Templários]]. Constitui um dos exemplos mais representativos da arquitectura militar da época, evocando simultaneamente os primórdios do reino de [[Portugal]] e a [[Ordem dos Templários]], associação que lhe reforça a aura de mistério e romantismo. Com a extinção da [[Ordem do Templo]] o castelo de Almourol passa a integrar o património da [[Ordem de Cristo]] (que foi a sucessora em [[Portugal]] da [[Ordem dos Templários]]).
 
== História ==
=== Antecedentes e toponímia ===
Embora os autores não sejam unânimes acerca da primitiva ocupação humana deste sítio, acreditando-se que remonte um [[castro]] [[pré-história|pré-histórico]], a pesquisa [[arqueologia|arqueológica]] trouxe à luz testemunhos do [[Invasão romana da Península Ibérica|período romano]] ([[moeda]]s do [[século I a.C.]]) e do [[Idade Média|período medieval]] ([[medalha]]s). Alguns autores, ainda, identificam em alguns trechos na base das [[muralha]]s, exemplos do aparelho construtivo de tipo romano (ver [[Décimo Júnio Bruto Galaico]]).
 
A partir do [[século III]], o sítio foi ocupado por outros grupos, nomeadamente os [[Alanos]], os [[Visigodos]] e os [[Invasão muçulmana da Península Ibérica|Muçulmanos]], estes últimos a partir do [[século VIII]]. No [[século XIII]], a fortificação já existia, por eles denominada como ''Al-morolan'' (pedra alta).
 
Não se pode precisar a origem do seu nome, assim como se torna difícil clarificar o significado e a própria grafia do qual são conhecidas variações: ''Almoriol'', ''Almorol'', ''Almourel'', ''Almuriel''. Outros autores estabelecem ligação com o termo ''Moron'', que [[Estrabão]] teria referido como cidade situada à beira Tejo, ou com o termo ''Muriella'', que consta da descrição da delimitação do Bispado de [[Egitânia]] e Corretânea.
 
=== O castelo medieval ===
[[Ficheiro:Castelo-de-Almourol interior.jpg|right|thumb|250px|Castelo de Almourol: portão de entrada vista do interior]]
À época da [[Reconquista]] [[cristianismo|cristã]] da [[península Ibérica]], quando esta região foi ocupada por forças portuguesas, Almourol foi conquistado em [[1129]] por [[Afonso I de Portugal|D. Afonso Henriques]] (1112-1185). O soberano entregou-o aos cavaleiros da [[Ordem dos Templários]], então encarregados do povoamento do território entre o [[rio Mondego]] e o Tejo, e da defesa da então capital de Portugal, [[Coimbra]].
 
Nesta fase, o castelo foi reedificado, tendo adquirido, em linhas gerais, as suas atuais feições, características da arquitectura templária: espaços de planta quadrangular, [[muralha]]s elevadas, reforçadas por [[torre]]s adossadas, dominadas por uma [[torre de menagem]]. Uma placa epigráfica, colocada sobre o portão principal, dá conta que as suas obras foram concluídas em [[1171]], dois anos após a conclusão do [[Castelo de Tomar]], edificado por determinação de [[Gualdim Pais]], filho de [[Paio Ramires]]. As mesmas características arquitectônicas estão presentes também no [[Castelo de Idanha]], no de [[Castelo de Monsanto|Monsanto]], no de [[Castelo de Pombal|Pombal]], no de [[Castelo de Tomar|Tomar]] e no de [[Castelo do Zêzere|Zêzere]], seus contemporâneos.
 
Sob os cuidados da Ordem, constituído em sede de uma Comenda, o castelo tornou-se um ponto nevrálgico da zona do Tejo, controlando o comércio de [[azeite]], [[trigo]], carne de porco, frutas e madeira entre as diferentes regiões do território e [[Lisboa]]. Acredita-se ainda que teria existido uma povoação associada ao castelo, em uma ou em ambas as margens do rio, uma vez que, em [[1170]], foi concedido [[aforamento|foral]] aos seus moradores.
 
Com o avanço da reconquista para o sul e a extinção da Ordem dos Templários em [[1311]] pelo [[papa Clemente V]] durante o reinado de [[Dinis de Portugal|D. Dinis]] (1279-1325), a estrutura passou para a [[Ordem de Cristo]], vindo posteriormente a perder importância, tendo sofrido diversas alterações.
 
=== Do século XVIII aos nossos dias ===
[[Ficheiro:Castelo-de-Almourol vista-rio.jpg|right|thumb|250px||Castelo de Almourol: vista do alto das muralhas sobre o rio]]
Vítima do [[terramoto de 1755]], a estrutura foi danificada, vindo a sofrer mais alterações durante o [[romantismo]] do [[século XIX]]. Nessa fase, e obedecendo à filosofia então corrente de valorizar as obras do passado à luz de uma visão ideal poética, o castelo foi alvo de adulterações de índole decorativa, incluindo o coroamento uniforme das muralhas por [[ameia]]s e [[merlão|merlões]].
 
O castelo foi entregue ao [[Exército português]] na segunda metade do [[século XIX]], sob a responsabilidade do comandante da [[Escola Prática de Engenharia]] de [[Tancos]], a que está afecto até aos nossos dias.
 
No [[século XX]] foi classificado como [[Monumento Nacional]] de Portugal por Decreto de [[16 de Junho]] de [[1910]]. À época do [[Estado Novo (Portugal)|Estado Novo]] português o conjunto foi adaptado para Residência Oficial da República Portuguesa, aqui tendo lugar alguns importantes eventos oficiais. Para esse fim, novas intervenções foram promovidas nas décadas de [[década de 1940|1940]] e de [[década de 1950|1950]], reforçando aspectos de uma ideologia de nacionalidade cultivada pelo regime à época.
 
No início de Junho de [[2006]] foram inaugurados dois novos [[cais]] para embarcações [[turismo|turísticas]]: um na margem direita do [[rio Tejo]] e outro na zona Sul da ilha.
 
Em setembro de 2013, iniciaram-se os trabalhos de beneficiação das muralhas e intervenção na torre de menagem do Castelo de Almourol para criar um espaço museológico.
 
As obras, que se prolongarão por seis meses e implicam um investimento na ordem dos 500 mil euros, incidirão em diversas zonas de desagregação dos panos da muralha e das torres, com a sua impermeabilização, drenagem das águas e beneficiação das muralhas.
 
A intervenção na torre de menagem incidirá na substituição do actual terraço, na colocação de uma escada metálica de circulação vertical e na instalação de um sistema expositivo de conteúdos referentes aos Templários, visando preservar e proteger o monumento e possibilitando-lhe melhores condições de acessibilidade e circulação<ref>{{citar web|URL=http://sol.sapo.pt/inicio/Cultura/Interior.aspx?content_id=84397|título=Já arrancaram obras para restaurar Castelo de Almourol e criar museu|autor=|data=|publicado=|acessodata=}}</ref>.
 
== Características ==
[[Ficheiro:Castelo-de-Almourol passagem.jpg|left|thumb|160px|Castelo de Almourol: passagem que interliga diversas áreas internas]]
A construção, em [[cantaria]] de [[granito]] e [[alvenaria]] [[argamassa]]da, é de planta irregular (orgânica), reflexo da irregularidade do terreno, e apresenta uma divisão demarcada em dois níveis, um exterior inferior e outro interior mais elevado.
 
* O '''primeiro nível''' acede-se através da entrada principal onde se encontram lápides que fazem referência à intervenção de Gualdim Pais e onde são mencionados o nome do obreiro e o ano em que a intervenção tomou lugar. Neste espaço as [[muralha]]s apresentam nove altas torres circulares (quatro eqüidistantes a oeste, e cinco a leste) encontrando-se aqui também a [[porta da traição]] e vestígios do que terá sido um poço.
* Subindo alguns degraus e atravessando outra porta entra-se no '''segundo nível''', a zona interior mais elevada onde se ergue a [[torre de Menagem]] quadrangular, elemento característico dos templários, erguida no [[século XII]]. Esta estrutura de três pisos apresenta já só as [[sapata]]s como elemento original (onde se apoiaria o vigamento de madeira) e uma [[cruz patesca]] acima da janela, símbolo adoptado pelos templários. Aqui os panos de muralhas coroadas por [[merlão|merlões]] e [[seteira]]s apresentam escadarias que fazem o acesso ao topo da muralha e ao caminho que o percorre, o [[adarve]]. A comunicação entre as diversas partes do castelo pode ser feita através de várias passagens de cantaria.
 
Pelo ilhote, outros caminhos foram construídos, permitindo não só o percurso pela vereda que abraça o castelo, como também a possibilidade de vislumbrar de várias perspectivas a paisagem envolvente.
 
=== A questão epigráfica ===
Sobre a porta principal do castelo, uma inscrição epigráfica datada da era de 1209 ([[1171]]), menciona, além da naturalidade [[Braga|bracarense]] de Gualdim Pais e da sua ação militar contra os muçulmanos no [[Egipto|Egito]] e na [[Síria]], a sua ascensão à chefia da [[Ordem do Templo]] em Portugal e subseqüente construção dos castelos de Pombal, Tomar, Zêzere, Cardiga e Almourol (''…factus domus Templi Portugalis procurator, hoc construxit castrum Palumbare, Tomar, Ozezar, Cardig, et hoc ad Almourol''), evidenciando que, naquele ano, o castelo de Almourol se achava, como os demais indicados, já construído. Entretanto, uma segunda inscrição, sobre a porta interior, informa ter sido na era de 1209 que Gualdim Pais edificou o '''Castelo de Almourol'''. Uma terceira inscrição, sobre a porta da sacristia da igreja do [[Convento de Tomar]], igualmente datada da era de 1209, semelhante à primeira, exceto na enumeração dos castelos, que compreende também os de Idanha e Monsanto, o que evidencia ser esta terceira posterior à primeira, de vez que estes dois últimos castelos são de edificação posterior a [[1171]].
 
== Lendas ==
Várias histórias populares exacerbam o romantismo associado ao castelo templário, entre as quais:
* Nos primeiros tempos da [[Reconquista]], D. Ramiro, um [[cavaleiro]] [[cristianismo|cristão]], regressava orgulhoso de combates contra os [[islão|muçulmanos]] quando encontrou duas mouras, mãe e filha. Trazia a jovem uma bilha de água, que, assustada, deixou cair quando lhe pediu de beber rudemente o cavaleiro. Enfurecido, acabava de tirar a vida às duas mulheres quando surgiu um jovem mouro, filho e irmão das vítimas, logo aprisionado. D. Ramiro levou o cativo para o seu castelo, onde vivia com a própria esposa e filha, as quais o prisioneiro mouro logo planeou assassinar em represália. Entretanto, se à mãe passou a ministrar um [[veneno]] de acção lenta, acabou por se apaixonar pela filha, a quem o pai planeava casar com um cavaleiro de sua fé. Correspondido pela jovem, que entretanto tomara conhecimento dos planos do pai, os apaixonados deixaram o [[castelo]] e desapareceram para sempre. Reza a lenda que, nas noites de [[São João]], o casal pode ser visto abraçado no alto da [[torre de menagem]] e, a seus pés, implorando perdão, o cruel D. Ramiro. (in: PINHO LEAL, Augusto Soares d’Azevedo Barbosa de. ''Portugal antigo e moderno: diccionário geographico, estatistico, chorographico, heráldico, archeológico, histórico, biographico e etymologico de todas as cidades, villas e freguezias de Portugal e de grande número de aldeias…'' (12 vols.). Lisboa: 1872 e segs.)
* Um senhor árabe de Almourol foi atraiçoado pelo cavaleiro cristão por quem a sua filha se apaixonou, e a quem esta revelou os segredos de entrada no castelo. O cavaleiro usou a informação para fazer uma emboscada e o emir e a sua filha preferiram lançar-se das muralhas ao rio a ficarem em cativeiro.
* O heróico cavaleiro Palmeirim foi acometido por uma grande tempestade que forçou o navio em que viajava, da Inglaterra para [[Constantinopla]], a arribar na costa portuguesa, fundeando no [[rio Douro]]. Desembarcando na cidade do Porto, o cavaleiro tomou ciência das aventuras de alguns cavaleiros que tinham travado combate com o gigante Almourol, que em seu castelo a meio do [[rio Tejo]] custodiava a bela princesa Misaguarda e suas damas. Em busca de aventuras, o Palmeirim se desloca para o sul, onde, à margem do Tejo avista à distância o Castelo de Almourol. Aproximando-se, vê o fim da luta entre dois cavaleiros numa praça junto do castelo, reconhecendo no vencedor o ''Cavaleiro Triste'', com o qual já duelara. Em sinal de vitória, o Cavaleiro Triste junta o seu escudo ao de outros, que também já a haviam obtido. Neste escudo encontrava-se retratada a sua dama, a bela princesa Misaguarda, por quem o Palmeirim fica enamorado. Travando-se o combate entre o Palmeirim e o Cavaleiro Triste, cai a noite, encerrando a luta sem um vencedor. O Cavaleiro Triste é recolhido ao castelo para tratar de suas feridas, enquanto que o Palmeirim vai procurar auxílio em uma aldeia próxima. Nem um, nem outro, entretanto, alcançam o favor da princesa, que aconselha o primeiro a se retirar e desistir de novos combates por um ano, enquanto que o Palmeirim retoma o seu caminho para Constantinopla. Após esse feito, o gigante Almourol foi atacado e vencido por outro gigante, Dramusiando, sob a proteção do qual ficam, doravante, a bela princesa e sua corte.<ref>MORAIS, Francisco de. ''Crónica de Palmeirim de Inglaterra'', 1567.</ref>
 
{{Referências}}
 
== {{Ligações externas}} ==
{{Correlatos
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|commonscat =Castelo de Almourol
}}
* {{Link||2=http://www.castelodealmourol.com |3=Castelo de Almourol / Site oficial (desligado)}}
* {{Link||2=http://www.ippar.pt/monumentos/castelo_almourol.html |3=Castelo de Almourol / IPPAR (desligado)}}
* {{Link-igespar|70469|Castelo de Almourol}}
* {{Link||2=http://www.cm-vnbarquinha.pt/ |3=Site da Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha}}