Smaug: diferenças entre revisões

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|primeira aparição filme = ''[[The Hobbit: An Unexpected Journey]]''
|intérprete = [[Benedict Cumberbatch]]
}}'''Smaug, o Dourado''', ou simplesmente '''Smaug''', é um [[Dragões (Tolkien)|dragão]] fictício criado por [[J. R. R. Tolkien]] na obra ''[[O Hobbit]]'' (1937), onde ele é o [[Antagonista (literatura)|antagonista]] da história. Na época, ele vivia nas masmorras da [[Erebor|Montanha Solitária]] (também conhecida no idioma [[sindarin]] como Erebor) na [[Terra Média]], depois de expulsar os seus antigos moradores, os [[Anões (Tolkien)|anões]], para se apropriar de suas riquezas depois de destruir a cidade de Valle, situada ao pé dessa Montanha e habitada por [[Homens (Tolkien)|homens]]. Preocupado com o retorno de [[Sauron]] à Terra Média, o [[Istari|mago]] [[Gandalf]] teme um possível papel do dragão nos planos de conquista do inimigo. Ao mesmo tempo em que é visitado pelo anão [[Thorin II Escudo-de-Carvalho|Thorin, Escudo de Carvalho]], que lhe pede conselhos para recuperar sua herança perdida. Gandalf se oferece para organizar uma comitiva entre a companhia de Thorin e o [[hobbit]] [[Bilbo Baggins|Bilbo Bolseiro]]. Assim, organizando a busca de Erebor, que fará com que os anões recuperem os tesouros que lhes pertencem, enquanto libertam o norte de [[Rhovanion]] da influência do dragão.
 
Smaug foi muitas vezes comparado pelos críticos aos dragões da [[mitologia nórdica]]. Com efeito, ''O Hobbit'' possui muitas de suas inspirações nos trabalhos desta mitologia, incluindo ''[[Beowulf]]'', a que Tolkien dedicou um trabalho acadêmico. Segundo esta abordagem, Smaug pode ser interpretado como uma figura da [[avareza]].
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J. R. R. Tolkien disse que não se lembra da data exata em que começou a escrever ''O Hobbit'', embora tenha dito em uma carta para [[W. H. Auden]], em 1925, que em um verão, quando estava ocupado corrigindo cópias de [[literatura inglesa]], ele escreveu em uma cópia em branco deixando na primeira frase do livro: "Numa toca no chão vivia um hobbit", sem saber de onde veio essa ideia.<ref>{{harvnb|Tolkien|2005|pp=163}}</ref> Michael Tolkien, o segundo filho do autor, sugere 1929 como o começo da criação do romance, alguns de seus próprios escritos, que datam deste período são claramente inspirados na história de ''O Hobbit'', que seu pai lia para seu filho durante seu crescimento.<ref>{{harvnb|Anderson|2012|pp=24}}</ref> No entanto, John D. Rateliff em ''A História de O Hobbit'', sugere que a história não começou a ser escrita até o verão de 1930. No primeiro esboço de ''[[O Hobbit]]'', ''The Fragment of Pryftan'' (em português 'O Fragmento de Pryftan'), o dragão aparece pela primeira vez com o nome "Pryftan".<ref>{{harvnb|Tolkien|2007|pp=9}}</ref> O nome "Smaug" só aparece na revisão deste capítulo intitulado ''The Adventure Continues'' ('A Aventura Continua') a partir da segunda fase de escrita do livro. Tolkien então corrigiu concorrentemente o nome Pryftan nos capítulos anteriores.<ref>{{harvnb|Tolkien|2007|pp=75}}</ref>
 
Por um longo tempo, Tolkieno autor continuou indeciso sobre o destino do dragão. Assim, num projeto, é previsto que Smaug seria morto em seu sono por Bilbo,<ref>{{harvnb|Tolkien|2007|pp=364}}</ref> se decidindo finalmente por sua morte durante a Batalha do Lago. No mesmo projeto, encontra-se pela primeira vez, a referência à cor vermelha dourada dedo Smaugdragão.<ref>{{harvnb|Tolkien|2007|pp=363}}</ref>
 
== Revisão e análise ==
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}}
Smaug é "um bom Dragon ocidental".<ref>{{harvnb|Petty|2009|pp=281}}</ref> Portanto, tem ligações com dragões da literatura nórdica. [[Douglas A. Anderson]] observou como ele morre ferido no estômago, como o dragão [[Fafnir]], da ''[[Saga dos Volsungos]]'', de ''[[Beowulf]]''.<ref name="Anderson2012"/> O diálogo entre Bilbo e o dragão, durante seu encontro, onde Bilboo hobbit se recusa a revelar seu verdadeiro nome, é um lembrete da conversa entre [[Siegfried]] e Fafnir.<ref>{{harvnb|Anderson|2012|pp=323}}</ref> Essa troca também recorda o diálogo entre Ernest e o sapo gigante no conto ''Ernest'', de Edward Knatchbull-Hugessen, publicado em 1869, em ''Stories for My Children''.<ref>{{harvnb|Anderson|2012|pp=323-325}}</ref>
 
No entanto, Tolkien observou em uma entrevista de rádio em 1965 que "Fafnir é um ser humano ou humanoide que tomou esta forma, enquanto Smaug é apenas um lagarto puramente inteligente."<ref>{{harvnb|Tolkien (2)|2007|pp=543}}</ref> No entanto, apesar da inteligência de Smaug, não é nada comparado com o [[Sauron|Necromante]] e esta diferença é comparada como a leveza de ''O Hobbit'' e a seriedade de sua continuação, ''O Senhor dos Anéis''.<ref>{{harvnb|Thomas|2000|pp=128}}</ref> Comparado com [[Glaurung]], Smaug "é tão perigoso e tão capaz de criar desolação", mas não tem a mesma majestade doque o outro mesmodragão.<ref>{{harvnb|Hart|2007|pp=9}}</ref> A principal diferença é que ele tem é a sua liberdade de ação. Ao contrário de Glaurung, que é dependente de [[Melkor|Morgoth]], Smaug é um "agente livre" que não conta com um mestre.<ref>{{harvnb|Petty|2009|pp=286}}</ref> É mais parecido com o Dragão Branco da Lua em ''[[Roverandom]]'', em especialparticularmente ana natureza.<ref>{{harvnb|Petty|2009|pp=281-282}}</ref>
 
A ligação com ''Beowulf'' é acentuada pela cena em que Bilbo rouba uma taça de ouro na pilha de Smaug, que recorda diretamente uma cena semelhante em ''Beowulf''. Quando Tolkien foi perguntado sobre isso, ele respondeu:
 
:"''Beowulf'' é uma das fontes que eu mais considero, embora não tenha estado conscientemente presente na minha mente enquanto eu estava escrevendo, e o episódio do vôovoo foi apresentado naturalmente (e quase inevitavelmente), tendo em vista as circunstâncias. É difícil imaginar qualquer outra maneira de continuar a história naquele momento. Eu gosto de pensar que o autor de ''Beowulf'' diria a mesma coisa."<ref>{{harvnb|Tolkien|2005|pp=31}}</ref>
::— J. R. R. Tolkien, carta ao editor do ''Observer''
 
Smaug reflete portanto de muitas maneiras o dragão de ''Beowulf'' que Tolkien usou para praticar certas teorias literárias que ele desenvolveu em torno do retrato do dragão no poema anglo-saxão, proporcionando a criatura de inteligência bestial algo além do seu papel puramente simbólico.<ref>{{harvnb|Steele|2006|pp=137-147}}</ref> De acordo com Jane Chance, Smaug expressa "o pecado espiritual" através de seu orgulho e avareza.<ref>{{harvnb|Chance|2001|pp=57-58}}</ref> A ganância do dragão também se reflete através do "espanto", o poder de corrupção do tesouro nos anões e inclusive em Thorin, recusando-se a compartilhá-lo.<ref>{{harvnb|Shippey|2005|pp=88-89}}</ref>
 
Smaug também incorpora o papel deda serpente tentadora como a imagem do [[pecado original]] da Bíblia, que tentou [[Adão e Eva]].<ref>{{harvnb|Chance|2001|pp=68}}</ref> É também próximo ao [[Leviatã (monstro)|leviatã]], o monstro do mar descrito no ''[[Livro de Jó]]'', na [[Bíblia de Jerusalém]], que Tolkien conhecia bem, tendo participado de uma tradução em inglês do hebraico.<ref>{{harvnb|Tolkien (2)|2007|pp=525}}</ref> O dragão e suas reservas de ouro podem ser vistas como um reflexo da relação tradicional entre o mal e a metalurgia, como se encontra na descrição do "[[Pandemonium (Paraíso Perdido)|Pandemonium]]" no ''[[Paraíso Perdido]]'', de [[John Milton]].<ref>{{harvnb|Lobdell|1975|pp=106}}</ref> De acordo com Ross Smith, o diálogo do dragão tem "com o charme e o espírito (e a ênfase que o leitor imagina) de um membro educado da classe alta britânica",<ref>{{Citar periódico |ultimo=Ross |primeiro=Smith |autorlink= |coautores= |data= |ano=2006 |mes =Janeiro de |titulo=Tolkien the storyteller |jornal=English Today 85 |volume=22 |numero =1 |paginas = |editora = |local= |issn= |pmid= |doi=10.1017/S0266078406001076 |bibcode= |oclc= |id= |url= |lingua2=en |lingua3= |idioma= |formato= |acessadoem =10 de janeiro de 2014 |aspas= |notas= }}</ref> mas especialmente com a "polidez agressiva caracterizada" da classe.<ref>{{harvnb|Shippey|2005|pp=90}}</ref>
 
== Legado ==