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Nela destaca-se o solar, que possui cinco séculos de história em sua parte mais antiga. São testemunhos deste período não apenas uma antiga [[iconografia]] onde se encontram figuradas a propriedade e a casa originais, mas também uma antiga [[epigrafia]] com a data de [[1502]], recuperada durante trabalhos de manutenção sobre a [[porta]] da atual [[adega]] que, à época, poderia ter assinalado a entrada principal.
 
O solar foi assim ampliado por volta de [[1700]], com o adquirir da propriedade ao seu antigo proprietário por João Inácio Noronha, descendente dos membros da família Noronha, família essa que chegou aos Açores na pessoa de D. [[Luísa de Noronha]]<ref name="Terceira 1944">[[Eduardo de Campos de Castro de Azevedo Soares]], ''Nobiliário da ilha Terceira (v. II, 2ª ed.)''. 1944.</ref>, filha de [[Pedro Ponce de Leão]] e de D. [[Helena de Noronha]], no [[século XVI]] e casada com [[Heitor Homem da Costa]], [[fidalgo]] da Casa Real, [[cavaleiro]] da [[Ordem de Cristo]] e senhor de uma tença anual de 20$000 reis, por mercê de [[Filipe II de Espanha]] datada de [[1589]], e herdeiro da casa e morgadio de seus pais e avós, e da de seu tio, [[João Homem da Costa]]<ref name="Terceira 1944"/>. O seu bisavô foi [[Heitor Anes Homem]], pai do 1º capitão donatário da [[Praia da Vitória|vila da Praia]], e fundador da vila de Angra, actual cidade de [[Angra do Heroísmo]], [[Álvaro Martins Homem]]<ref name="ReferenceA">[[Anais da Ilha Terceira]], Tomo I, [[Francisco Ferreira Drummond]]</ref>.
 
==Características==
OAcede-se solara éesta acedidopropriedade a partir da via pública por um portão de [[ferro forjado]], percorrendo-se um caminho de acesso com cerca de 81 metros de extensão. A [[fachada]] principal, voltada a Sul, para o [[mar]], é rasgada por uma [[porta]]da ao centro e por quatorze [[janela]]s, trabalhadas em [[cantaria]] de [[Rocha metamórfica|pedra metamórfica]].
 
A primitiva edificação apresentava dois pavimentos. O seu piso superior -, primitivamente dividido em quartos -, constitui-se atualmente num salão, utilizadotransformado comoem sala de jantar, com mais de 12 metros de comprimento, iluminado naturalmente por quatro grandes janelas voltadas para o mar, e, na parte traseira, por mais duas, abertas para a propriedade, rodeadas por pesadas [[cantaria]]s de rocha metamórfica de cor cinzentacinza.
 
Esta sala de jantar comunica-se com o exterior por uma porta, que se abre para um terraço com [[varanda]], onde é aproveitado o eirado de uma [[cisterna]] cuja construção também data de 1502 e onde, ainda hoje, é aprovisionada a [[água]] para os dias de [[Verão]], sendo que em cima da cisterna existe um [[Poço (água)|poço]] de acesso ao interior da cisterna, por onde a água pode ser tirada por uma corda e um balde.
 
O antigo sobrado é sustentado por grossas traves e barrotes de [[madeira (material)|madeira]] de [[cedro]], que descansam sobre as cantarias das paredes laterais e numa [[arco|arcada]] em estilo [[românico]], que atualmente definem, no pavimento inferior, uma [[adega]] em duas partes. Esta adega tem mais de 20 metros de comprimento, prolongando-se por debaixo da parte da casa erguida no [[Século XVIII]].
 
Na parte da casa do Século XVIII, a porta central convida-nos a entrar num amplo saguão que se abre para os dois lados do andar de baixo por 4 portas de escuro pinho resinoso. Ao centro deste saguão uma escadaria dá acesso ao andar nobre. Estas escadas são ladeada por 4 colunas de pedra trabalhada onde se mistura a pureza doo [[Estilo românico]] ecom algo deo [[Rococó]] na parte superior de cada uma das referidas [[coluna]]s.
 
Os [[azulejo]]s do chão deste saguão, tão antigos como a casa são uma boa mostra da antiga azulejaria portuguesa, sendo que a cor dos desenhos dos mesmos varia entre o branco, o preto e o vermelho tijolo.
 
As duas primeiras portas laterais em madeira de pinho resinoso, são rodeadas por cantarias trabalhadas num arco leve ao princípio que depois se vai fechando até ser rematado numa [[Arco de ogiva|ogiva]] que o estilo faz lembrar o [[Arquitectura islâmica|árabe]].
 
As duas restantes portas, também em pinho resinoso apresentam uma cantaria simples e dão acesso às laterais da casa, antigas áreas de serviço e a uma despensa e arrecadação onde se guardavam e ainda guardam os produtos agrícolas da quinta.
 
Ao subirmossubir a escadaria deparamodepara-nosse com a suauma abertura superior em círculo onde se abrem 3 portas. A central, em vidro engastado em pinho resinoso, dá-nos acesso a um corredor central ondulado que permite uma distribuição harmoniosa das pessoas pelas divisões em grandes interações entre elas. As outras duas portas, também em pinho resinoso abrem-se cada uma para uma sala, dando acesso direto às laterais da casa.
 
Se Fazendo-se pudesse fazer uma visita à casa podemos fazê-lo por vários lados, mase por uma questão de ordem, é preferível começarcomeçando pelo lado nascente., Começamos assimacede-se pela parte de 1502, a sala de jantar, a [[adega]] e a [[cisterna]]; isto depois de percorrer o corredor ondulado, acessível pela já referida porta de vidro e que se estende a todo o comprimento da casa, desde o salão nobre até à sala de jantar.
 
Começando pela adega que ocupa todo o rés-do-chão da casa de 500 e está dividida em dois compartimentos: O primeiro, onde em tempos idos existiam os [[lagar]]es e ondese eramfazia esmagadaso astratamento das [[uva]]s para se fazerem os [[vinho]]s que foram afamados, destacando-se os [[Vinho Branco|vinhos brancos]], [[Moscatel|moscatéis]], e alguns [[Vinho tinto|tintos]]. Mais recentemente foi aqui produzida [[aguardente]] de [[Nespereira (árvore)|nêspera]] que era vendida no mercado local. Esta é detentora de 2 profundos lagares onde as uvas esmagadas eram deixadas a adquirir cor e a fermentar, criando o [[vinho mosto]].
 
Atualmente (2012), ainda se encontram nas paredes os vãos e os nichos dos mecanismos das prensas de uvas.
 
Deste primeiro compartimento da adega, e passando por uma porta de maciça madeira escura rodeada de pesadas cantarias, passa-se, subindo alguns degraus de pedra para outra sala onde o vinho era guardado em grandes [[Tonel (medida)|tonéis]], alguns com mais de 960 [[litro]]s de capacidade e de que ainda existem alguns exemplares.
 
O [[vinho]] era aqui guardado em [[câmara escura]] e a uma temperatura sempre constante onde envelhecia até adquirir a idade e o corpo necessário para ser engarrafado e de novo guardado em [[garrafeira]]s até que finalmente chegasse a altura de ser comercializado.
 
É de mencionar que as uvas com que este vinho era feito eram produzidas na Quinta de Villa Maria, na [[Fajã de São João]] e na [[Urzelina]], estas duas últimas localidades, da [[ilha de São Jorge]], onde os donos desta casa tinham propriedades, sendo que no caso da Urzelina algumas se localizavam no sitio dos [[Casteletes]]<ref>Verdelho. ''Boletim da Confraria do vinho Verdelho dos Biscoitos''. Ilha Terceira (Açores), nº 3 de 1998 e nº 1 de 1996.</ref>, local onde se encontra a [[Ermida do Senhor Jesus da Boa Morte]]<ref>São Jorge, Açores, Guia do Património Cultural. Edição Atlantic View – Actividades Turísticas, Lda. Dep. Legal n.º 197839/03. ISBN 972-96057-2-6, 1ª edição, 2003.</ref>.
 
Esta parte da adega é totalmente encastrada na casa de 500, ficando por debaixo dela e lateral à segunda parte da casa construída por volta de 1700, sendo assim uma autêntica e excelente cave ideal para os vinhos repousarem.
 
Na sala de jantar em que foi transformado o andar superior da casa de 500, isto quando foi edificada a casa de 1700, é possível encontrar uma mobília composta porcom vários estilos que no entanto formam um conjunto harmonioso e que representam os gostos das pessoas que aqui viveram ao longo dos [[século]]s, e onde se destacam os antigos [[armário]]s em madeiras trabalhadas, onde seque guardam os serviços de jantar. A mesa, central relativamente àna sala, tem 12 pés e estando estendida tem 16 metros de comprimento,é sendo contemporânea da restante mobília. Trata-se de uma sala com mais de 12 metros de comprimento e 8 de largura onde as janelas são encastradas em madeiras escuras. O tecto desta sala exibe um lustro com data desconhecida que pende de um [[Florão (arquitectura)|florão]] que enfeita onum tecto branco.
 
DestaPassando da sala, ede voltando ao corredor central onde as portas se abrem para dar acesso a divisões onde o passado está sempre presente, chega-sejantar à cozinha, estaque também fazendofaz parte de casa de 1502., Apresentaencontra-se como uma curiosa divisão, praticamente toda em pedra, com saída para a rua e para a quinta. Esta cozinha é dotada de um forno de lenha onde nos velhos tempos se secava o milho e se cozinhava o pão que aqui se comia elaborado com cereais produzidos na quinta.
 
Os armários contemporâneos da construção de 1700, encontram-se embutidos na parede, e elevam-se quase a três metros de altura,e guardam os utensílios que nesta divisão se usam.
 
A chaminé de mãos postas dá liberdadesaída aos fumos e separa a parte da cozinha propriamente dita do resto da cozinha por uma [[Arcada|arcada em pedra]]. Esta parte da cozinha apresenta um tecto em [[caixotão]] que se apoia na referida arcada que por sua vez sustenta parte da chaminé.
 
É de referir que juntoJunto à chaminé, e para dar água não só ao lava louça de 1502, mas aos restantes uso de umada cozinha, encontra-se encontra embutido na parede um tanque que retêm a água proveniente da chuva. Este tanque era dotado por um sistema de transporte de água, que quando cheio, levava a água excedentária para a cisterna por um sistema de calhas, que seguia via chaminé, por cima da pedra mestra do tecto da dispensa até à referida cisterna, a cerca de 20 metros de distância.
 
Á despensa, igualmente em pedra e que fornece esta cozinha, tem-se acesso por uma porta em arco, quase camuflada entre um canto da cozinha e o armário.
 
EstáA [[capela]] é acedida por duas portas em [[ogiva]] a partir do corredor central e estáé dedicada a [[Capela de Nossa Senhora das Vitórias (Villa Maria)|Nossa Senhora das Vitórias]], e encontra-seestando devidamente registada e autorizada pela [[diocese]] de [[Angra do Heroísmo]] desde o Século XVIII, cerca de 1700, como referido.
De quarto em quarto chega-se finalmente à [[capela]] que pelas suas características não se pode deixar de falar: Entra-se na capela por duas portas em [[ogiva]] a partir do corredor central.
 
Esta capela ainda guarda todos os paramentos necessários à sua atividade. Aqui já se rezaram [[missa]]s e se fez casamentos. No ano de 2006 foi realizado um [[baptismo|baptizado]] e um [[crisma]] em que foi o oficiante o [[cónego]] [[Francisco Caetano Tomás]].
Está capela está dedicada a [[Capela de Nossa Senhora das Vitórias (Villa Maria)|Nossa Senhora das Vitórias]], e encontra-se devidamente registada e autorizada pela [[diocese]] de [[Angra do Heroísmo]] desde o Século XVIII, cerca de 1700, como referido.
 
É aqui de destacar a imagem de Nossa Senhora das Vitórias esculpida em madeira e datando do século XVIII, o antigo livro de missa escrito em [[latim]] entre váriose outros paramentos utilizados nos oficios religiosos.
Esta capela ainda guarda todos os paramentos necessários à sua atividade. Aqui já se rezaram [[missa]]s e se fez casamentos. No ano de 2006 foi realizado um [[baptismo|baptizado]] e um [[crisma]] em que foi o oficiante o [[cónego]] [[Francisco Caetano Tomás]].
 
Apesar de há cerca de meio século só ser utilizada pelos proprietários da casa ainda guarda memórias de tempos em que foi mais frequentada.
 
É aqui de destacar a imagem de Nossa Senhora das Vitórias esculpida em madeira e datando do século XVIII, o antigo livro de missa escrito em [[latim]] entre vários outros paramentos utilizados nos oficios religiosos.
 
A referida imagem de Nossa Senhora das Vitórias, encontra-se num altar de madeira, ornamentado a toda a volta por madeira de flandres, trabalhada com motivos florais, destacando-se as flores e as folhas, por entre ramos entrelaçados. A madeira não é [[policromada]] ou de [[talha dourada]], pelo que mantem a sua cor.
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A janela destaca-se pelos seus três vidros policromados, em azul, vermelho e verde, que recortando-se em redor das cantarias procuram dar uma ideia de [[vitral]].
 
EsteO salão nobre, a maior sala de toda ada casa é iluminado por um total de 5 janelas, duas que se abrem a sul e ao mar e 3 que se abrem a poente e às terras de cultivo, aqui destaca-se a mobília composta por vários estilos e o lustro.
Continuando a seguir pelo corredor, passando por portas de vários quartos, de carácter mais privado, tais como quartos de cama, chega-se ao salão nobre.
 
Este salão, a maior sala de toda a casa é iluminado por um total de 5 janelas, duas que se abrem a sul e ao mar e 3 que se abrem a poente e às terras de cultivo.
 
Neste salão é de destacar a mobília composta por vários estilos e o lustro onde a arte foi usada com empenho.
 
Quando se entra neste salão surge à memória as festas de antigamente onde ao som do [[piano]] que aqui se encontra se dançava ou descontraidamente se passava o serão ao calor de uma [[lareira|salamandra]].
 
Por toda a casa, a madeira é uma constante, trabalhada com esmero, os floreados em madeiras estão por toda a parte, no entanto os florões centrais dão um ar de nobreza aos sistemas de iluminação que deles se desprendem.
 
Todas as janelas estão rodeadas por pesadas cantarias onde a pedra foi trabalhada com esmero.
 
A cantaria, aliás, é algo que surge por toda a casa, o que até é normal tendo em atenção a data de construção e os materiais que então se utilizavam.
 
Na rua, e por cima da porta da entrada é de destacar o florão de pedra que dá à entrada o seu toque muito próprio.
 
ANa rua, e por cima da porta da entrada é de destacar o florão de pedra que dá à entrada o seu toque muito próprio e a janela da capela, por cima da porta de entrada, toda em pedra trabalhada é exemplo da pedra feita arte.
 
Esta propriedade e os seus donos estão profundamente ligados à [[Ilha de São Jorge]], onde eram proprietários de terras, nomeadamente no concelho da [[Calheta (Açores)]], no antigo concelho do [[Topo]], e no concelho das [[Velas]], neste caso, na localidade de Urzelina, onde era produzido o conhecido vinho da [[Terrantez|Casta Terrantez]].