Escultura do gótico: diferenças entre revisões

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[[File:Statues 'L'Église' et 'La Synagogue' de la Cathédrale de Strasbourg, original gothique conservé au Musée de l'Oeuvre Notre-Dame-2.jpg|thumb|left|220px|''A Igreja'' e ''A Sinagoga'', estátuas da fachada da [[Catedral de Estrasburgo]], c. 1230]]
 
Mas seria enganoso supor que nesse momento o naturalismo já representasse uma libertação dos ditames da Igreja e uma abolição radical do interesse pelo espírito, e a escultura, bem como as outras artes, manifestou um constante dualismo, buscando uma fórmula de compromisso entre ambos os extremos. Se por um lado a atenção à natureza obrigou a um enorme avanço na técnica da escultura, capacitando-a a imitar com grande semelhança as formas naturais, se observou uma tendência à fragmentação do conjunto da obra, recebendo as partes mais atenção que o todo, e um senso de unidade só voltaria a ser conseguido no final desta fase.<ref name="Hauser"/><ref name="Frisch"/> Os dados fundamentais nessa mudança de enfoque foram, primeiro, que se dissolveu parte do conservadorismo cultural e se desenvolveu um autêntico interesse por tudo o que era novo. Cronistas da época expressaram seu entusiasmo diante da emergência de uma nova ordem de valores, que possibilitaria a construção de uma sociedade mais equilibrada, onde o bem-estar material se tornava uma meta válida mesmo que ele supostamente devesse preparar para a salvação do espírito. E estando reforçada a idéia de que a humanidade fora renovada em Cristo, as pessoas já não precisavam viver tão oprimidas pelo peso da mortalidade e do [[pecado]], e podiam expressar sem culpa a beleza, a vitalidade e a alegria.<ref>Le Goff, Jacques. [http://books.google.com/books?id=noqDvyYObocC&pg=PA144&dq=%22gothic+art%22&lr=&as_drrb_is=b&as_minm_is=0&as_miny_is=1980&as_maxm_is=0&as_maxy_is=2009&as_brr=3&hl=pt-BR#v=onepage&q=%22gothic%20art%22&f=false ''The Birth of Europe'']. Wiley-Blackwell, 2006. pp. 150-153</ref><ref>Seasoltz, R. Kevin. [http://books.google.com/books?id=oq61z-rW7JwC&pg=PA142&dq=%22gothic+art%22&lr=&as_drrb_is=b&as_minm_is=0&as_miny_is=1980&as_maxm_is=0&as_maxy_is=2009&as_brr=3&hl=pt-BR#v=onepage&q=%22gothic%20art%22&f=false ''A sense of the sacred: theological foundations of sacred architecture and art'']. Continuum International Publishing Group, 2005. pp. 143-144</ref> Em segundo lugar, quebrou-se a antiga unilateralidade espiritual, que rejeitava a imitação da realidade imediata na arte e a necessidade de confirmação da doutrina religiosa pelos sentidos, dando lugar a uma visão que exigia a validação dos princípios abstratos através da [[experiência sensível]], passando a [[]] a dialogar com a [[razão]]. Com isso toda antiga concepção de arte se modificou. Ao mesmo tempo em que se continuava desejando criar figuras que pudessem ilustrar adequadamente princípios espirituais, o [[empirismo]] da época demandava que as imagens fossem também formalmente corretas segundo a natureza. Essas tendências naturalistas não se mostraram todas ao mesmo tempo e em todos os lugares, havendo naturalmente de se considerar a permanência de tradições locais arraigadas a darem à produção uma nota diferente, às vezes mais arcaizante, ou exótica, reveladora de um contato com escolas estrangeiras. Além disso, a presença de algum mestre importante com uma personalidade artística mais definida pode ter inclinado o estilo para este ou aquele aspecto, ainda que o principal da escultura gótica, pelo menos até a próxima fase, tenha sido essencialmente anônima e coletiva.<ref name="Hauser"/><ref>[http://books.google.com/books?id=NUsa2MUMiwgC&pg=PA203&dq=%22gothic+sculpture%22&lr=&as_drrb_is=b&as_minm_is=0&as_miny_is=1980&as_maxm_is=0&as_maxy_is=2009&as_brr=0&hl=pt-BR#v=onepage&q=%22gothic%20sculpture%22&f=false Fowler, pp. 210-211]</ref>
[[Ficheiro:WasserspeierUlm.jpg|thumb|Gárgula na [[Catedral de Ulm]].]]
 
Ainda uma palavra deve ser dita a respeito da representação na escultura gótica, especialmente a decorativa de igrejas, de animais reais ou fantásticos, já que eles ocupavam um lugar importante no pensamento medieval. Junto com a decoração puramente ornamental de motivos vegetais, são frequentes as imagens do [[cordeiro]] e do [[peixe]], substitutos para o Cristo, da [[pomba]] que representava o [[Espírito Santo]], dos animais associados aos [[evangelistas]] - [[águia]], [[Gado bovino|touro]] e [[leão]] - bem como as de bestas [[mito|míticas]] como o [[grifo]], o [[dragão]], o [[basilisco]], todos veiculando significados [[simbolismo|simbólicos]] que estavam associados a alguma lição moral.<ref>Holcomb, Melanie. [http://www.metmuseum.org/toah/hd/best/hd_best.htm ''Animals in Medieval Art'']. Heilbrunn Timeline of Art History. New York: The Metropolitan Museum of Art, 2000</ref> A forma da [[gárgula]] foi muito empregada na arquitetura das catedrais como escoadouro de água. Segundo algumas tradições, ela tinha o poder de asfatarafastar os maus espíritos, mas sua interpretação ainda é uma incerteza. Além disso a representação de animais fantásticos oferecia um campo livre da [[censura]] eclesiástica, e nele os escultores podiam dar asas à sua fantasia e ao seu humor elaborando uma grande variedade de formas extravagantes, de grande efeito plástico.<ref>Cipa, Shawn. [http://books.google.com/books?id=NxriunxFQbsC&pg=PA8&dq=%22Gargoyles+%22&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR#v=onepage&q=&f=false ''Carving Gargoyles, Grotesques, and Other Creatures of Myth: History, Lore, and 12 Artistic Patterns'']. Fox Chapel Publishing, 2009. pp. 12-23</ref>
 
Por volta de 1250 a escultura arquitetural já dava sinais de declínio, sendo substituída por ornamentação abstrata ou floral, ganhando importância a estatuária independente, os [[relicário]]s e em especial os monumentos fúnebres e [[tumba]]s privados. Duas características inovadoras desse gênero particular foram a criação de pequenas figuras instaladas em [[nicho]]s, em geral em atitude de pranto, e a outra foi a ênfase nas [[efígie]]s, buscando uma aproximação da real fisionomia do morto. Antes do fim do século XIII o Gótico já se havia espalhado para a [[Alemanha]], [[Espanha]], [[Inglaterra]] e até mesmo a [[Itália]] e [[Escandinávia]], abrindo caminho para a fase seguinte, a do Gótico internacional.<ref name="Britannica"/>
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Mas outros fatores contribuíram para dar diversidade ao Gótico internacional, um período que assinalou, como disse [[Johan Huizinga|Huizinga]], o início do fim do mundo medieval.<ref name="Binski"/> A [[classe média]] crescia e se organizava, e começava a administrar amplos setores dos negócios públicos. O [[sistema feudal]] declinava e era gradualmente substituído por um modelo econômico proto-[[capitalista]] dominado por valores da [[burguesia]], a qual se tornou na verdade a vanguarda cultural do período e assumiu um papel de destaque no patronato das artes. Além disso, o individualismo que caracterizou essa nova economia, junto com o nascimento de uma nova cultura urbana, que se afastava de valores tradicionais formulando outros mais dinâmicos, favorecendo um grande trânsito entre as classes sociais, se refletiram nas artes de modo a privilegiar os aspectos realistas, os interesses profanos e as preferências privadas, onde a multiplicação dos retratos é exemplar nesse sentido, muitas vezes entrando em caracterizações psicológicas inéditas.<ref name="Frisch">Frisch, Teresa G. [http://books.google.com/books?id=c-Qz6ri4SrYC&pg=PA109&dq=%22gothic+sculpture%22&lr=&as_drrb_is=b&as_minm_is=0&as_miny_is=1980&as_maxm_is=0&as_maxy_is=2099&as_brr=3&hl=pt-BR#v=onepage&q=%22gothic%20sculpture%22&f=false ''Gothic art 1140-c. 1450: sources and documents'']. University of Toronto Press, 1987. pp. 109-112</ref> Paralelamente, a persistência de uma cultura cortesã sofisticada, tipificada nas cortes dos [[Valois]] da França, que estavam entre os maiores [[mecenas]] do período, e que era inspirada nas tradições da [[cavalaria]] e nos ideais do [[amor cortês]], deu a boa parte da produção dessa fase um caráter ornamental acentuado, enfatizando o decorativismo dos trajes, a riqueza das texturas e a elegância dos gestos, embora a prevalência desse código tenha também cristalizado a arte consumida nas cortes em fórmulas convencionalizadas.<ref name="Binski"/><ref>Fleming, John & Honour, Hugh. [http://books.google.com/books?id=qGb4pyoseH4C&pg=PT421&dq=%22international+gothic%22&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=0&hl=pt-BR#v=onepage&q=%22international%20gothic%22&f=false ''A world history of art'']. Laurence King Publishing, 2005</ref> Nesse sentido é ilustrativa a criação da tipologia da ''Bela Virgem'', uma das mais estimadas no Gótico internacional. Sua função e origem exatas são motivo de debate, mas parece ter derivado tanto na órbita da cultura cortesã como da popular, corporificando um ideal de beleza atemporal e fundindo a graça erudita das cortes com a piedade sentimental do povo.<ref name="Belting">Belting, Hans. [http://books.google.com/books?id=kuWm7jVWFiEC&pg=PA434&dq=%22international+gothic%22&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR#v=onepage&q=%22international%20gothic%22&f=false ''Likeness and presence: a history of the image before the era of art'']. University of Chicago Press, 1997. pp. 434-436</ref>
 
Outro aspecto das práticas artístico-religiosas que deve ser citado se refere à ressurreição de fórmulas de períodos anteriores nesse período. Como já foi dito, na grande onda devocional que ocorreu durante o Gótico internacional foi enormemente intensificada a produção de relicários e estatuária de culto, e muitas das imagens sagradas então produzidas eram derivações ou cópias diretas de um [[protótipo]] famoso cuja veneração era antiga. Isso tornava patente sua relação com a imagem original e emprestava à nova um caráter arcaizante, e, mais importante, dava-lhe uma sacralidade mais autêntica, ainda mais quando reforçada por alguma [[lenda]] popular sugestiva, como as que corriam na época dizendo que certas estátuas e [[Ícone (pintura)|ícones]] célebres haviam se multiplicado miraculosamente e operavam prodígios também através de suas cópias. Mesmo quese as cópias não estivessem vinculadas a nenhum [[folclore]] específico, se esperava-se que desfrutassem dos mesmos privilégios e tivessem os mesmos poderes que o original. Esse [[historicismo]] se tornou ainda mais marcado na transição para o Gótico tardio.<ref name="Belting"/>
 
=== Gótico tardio ===
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[[Ficheiro:Holzschnitt Schoen Bildersturm 1530.jpg|thumb|300px|Erhard Schön: gravura mostrando um episódio de iconoclastia, c. 1530.]]
 
O Gótico tardio é a fase final do estilo, mas não foi uma fase de decadência. Ao contrário, a transição foi suave e gradual, e foi quando o Gótico produziu algumas de suas mais ricas e complexas obras. Finalmente desapareceu não sem fertilizar de forma profunda a corrente [[renascentista]]-[[maneirista]]. A fase se delimita aproximadamente entre meados do [[século XV]] e meados do [[século XVI]], e representa o [[corolário]] do que havia sido conquistado na fase anterior no que diz respeito ao [[naturalismo]] e internacionalismo. Mas há significativas diferenças na sociedade européia do período, que podem contribuir para explicar a transformação artística. Na [[economia]], a abertura de novas rotas comerciais em vista das [[grandes navegações]] deslocou o eixo do [[comércio]] internacional para as nações do oeste europeu. [[Portugal]] e [[Espanha]] erguiam-se como potências navais, acompanhados pela França, [[Inglaterra]] e [[Países Baixos]]. O ouro e outras riquezas das [[América colonial|colônias americanas]], [[colonização da África|africanas]] e [[Colonização da Ásia|asiáticas]] afluíam para eles em uma quantidade inaudita, sustentando a sua ascensão política e possibilitando um verdadeiro surto de fomento às artes. Na [[política]], as [[Guerras italianas|invasões da Itália]] pela França, Alemanha e Espanha levaram a uma radical alteração no equilíbrio de forças do continente, culminando no [[Saque de Roma (1527)|Saque de Roma]] de [[1527]], que ocasionou a fuga de muitos artistas e intelectuais italianos para outras paragens. Esse fenômeno significou a divulgação em larga escala da tradição [[classicismo|clássico]]-[[Renascimento italiano|renascentista italiana]] - visto que o Gótico italiano há muito havia sido superado -, coroando a intensa circulação de obras de arte italianas e textos clássicos que já vinha acontecendo. Da mesma forma a [[Tipografia|imprensa de tipos móveis]], recém inventada por [[Johannes Gutenberg|Gutenberg]], possibilitou a difusão da cultura em geral e de textos humanistas em particular de uma forma muito mais eficiente, ampla e rápida entre todos os países. Assim, diversos elementos estéticos[[estético]]s italianos se tornaram presentes na arte da maior parte dos lugares onde o Gótico permanecia forte, originando uma multiplicidade de correntes [[ecletismo|ecléticas]] que muitas vezes são descritas já como parte do [[Maneirismo]] internacional.<ref>Hauser, pp. 123-126; 483-489</ref><ref>Cunningham, Lawrence S. & Reich, John J. [http://books.google.com/books?id=KiW8xOi0FvYC&printsec=frontcover&hl=pt-BR#v=onepage&q=&f=false ''Culture & Values, Volume II: A Survey of the Humanities with Readings'']. Cengage Learning, 2009. pp. 323-325</ref>
 
Outra tendência evidente do período foi o desenvolvimento de um gosto pelo complexo e pelo ultra-sofisticado, o que se nota de maneira marcante nos grandes [[retábulo]]s com várias cenas justapostas, que substituíram os antigos portais de fachada como forma de ilustração didática da doutrina em um grande painel narrativo. A própria estrutura dos retábulos, que emolduravam as cenas em rebuscadas estruturas arquiteturais, muitas vezes lembrava uma fachada de igreja. Da mesma forma que os portais, essas grandes estruturas apresentavam um programa iconográfico claramente organizado, ilustrando as hierarquias divinas que tinham um reflexo na Terra sob a forma da Igreja instituída, com o [[Papa|Vigário de Cristo]] como seu líder, mais seu corpo de ministros e seu rebanho de fiéis. Tais retábulos eram usualmente oferecidos pela comunidade, e por isso tinham um significado, além de doutrinal, social, pois serviam como símbolos identitários daquela comunidade, e quanto mais ricos e complexos, mais prestígio traziam para a cidade ou congregação. A maior parte dos retábulos possuía painéis laterais dobráveis, e quando nas grandes festas as abas eram abertas e o grande conjunto ficava livre para visualização, o efeito teatral do desvelamento da obra assumia um caráter de epifania sagrada e ao mesmo tempo de uma celebração profana coletiva, já que não raro ao lado de Cristo, dos anjos e santos, eram representadas figuras do povo e da hierarquia civil.<ref>[http://books.google.com/books?id=kuWm7jVWFiEC&pg=PA434&dq=%22international+gothic%22&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR#v=onepage&q=%22international%20gothic%22&f=false Belting, p. 449-453]</ref>
 
Finalmente, o Gótico encerrou seu ciclo com uma nota funesta - a crise [[iconoclasta]] desencadeada pela [[Reforma Protestante]]. Os reformistas, além de terem posto um fim à unidade do Cristianismo, que até ali fora um dos mais fortes elementos de coesão cultural da Europa, propuseram novos conceitos religiosos que afetaram os modos representativos, na verdade se inclinando para a condenação sumária da representação sacra e desencadeando diversos episódios de destruição em massa de imagens sagradas, que despojaram inúmeros templos convertidos ao Protestantismo de inestimáveis tesouros artísticos. Uma testemunha escrevendo em 1566 em [[Gante]] (1566) disse que ali as fogueiras que consumiam as imagens podiam ser vistas a mais de 15&nbsp;km de distância.<ref>[http://books.google.com/books?id=2xM6jC9aFk4C&pg=PT312&dq=%22gothic+art%22&lr=&as_drrb_is=b&as_minm_is=0&as_miny_is=1980&as_maxm_is=0&as_maxy_is=2009&as_brr=3&hl=pt-BR#v=onepage&q=%22gothic%20art%22&f=false Nash, p. 14]</ref> Os países católicos não tiveram esse problema, pois o [[Concílio de Trento]] reafirmou a importância da [[arte sacra]], mas não puderam se furtar ao debate internacional que se formou em torno do papel das imagens de culto, conseguindo estabelecer um compromisso entre sua função devocional e substitutiva da imagem divina, e seu caráter como obras de arte por direito próprio. Embora [[Lutero]] tenha tentado manter uma posição conciliadora, admitindo a possibilidade de se preservar certas imagens como testemunhos da história santa, outros líderes reformistas foram intransigentes. Essa destruição em larga escala da arte religiosa é um dos fatores que levamtornam o estudo desse período ser particularmente difícil,; mas, por outro lado, conduziu à formulação de uma nova teoria [[estética]] que foi uma das bases para o conceito moderno de [[arte]].<ref name="Belting, pp. 458-459">[http://books.google.com/books?id=kuWm7jVWFiEC&pg=PA434&dq=%22international+gothic%22&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&hl=pt-BR#v=onepage&q=%22international%20gothic%22&f=false Belting, pp. 458-459]</ref> Segundo Belting,
 
::''"Lutero, que simplesmente defendia a fundamentação da religião na vida, certamente foi mais uma testemunha do que a causa do que se chamou de 'o nascimento da idade moderna a partir do espírito da religião'. A religião, por mais que tenha se tenha reafirmado combativamente, já não era mais a mesma. Ela lutou pelo espaço que ocupava até então, mas finalmente foi-lhe atribuído o lugar segregado na sociedade com o qual estamos acostumados agora. A arte foi alternativamente admitida nesse lugar ou excluída dele, mas deixou de ser um fenômeno religioso em si mesma. Dentro do reino da arte, as imagens simbolizavam as demandas novas e secularizadas da cultura e da experiência estética. Nesse sentido, um conceito unificado de imagem foi descartado, mas a perda foi dissimulada pelo rótulo de 'arte', que hoje lhe é geralmente aplicado"''.<ref name="Belting, pp. 458-459"/>
 
== Escolas regionais ==