António José de Sousa Manuel de Meneses: diferenças entre revisões

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[[Dom (título)|D.]] '''António José de Sousa Manuel de Meneses Severim de Noronha'''<ref>Pela grafia arcaica, ''Antonio Joze de Souza Manoel de Menezes Severim de Noronha''.</ref> <small>[[Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa|GCNSC]]</small> ([[Lisboa]], {{dtlink|lang=pt|18|3|1792}} — Lisboa, {{dtlink|lang=br|26|4|1860}}), 7.º [[Conde de Vila Flor|Conde]] de Juro e Herdade e 1.º [[Marquês de Vila Flor]] e ainda 1.º [[Duque da Terceira]] com Honras de Parente, foi um importante general e homem de Estado português do tempo do liberalismo, sendo uma das mais importantes figuras do tempo, tanto no plano político, como, e talvez sobretudo, no plano militar. De herói das [[guerras liberais]] tornou-se no líder incontestado dos [[cartistas]], a facção mais conservadora do [[liberalismo]] português, embrião do futuro [[Partido Regenerador]].
 
Pertencente à mais genuína alta nobreza portuguesa, teve múltiplos cargos e honrarias na corte, entre as quais, moço fidalgo da rainha D. [[Maria I de Portugal|Maria I]], gentil-homem da câmara de el-rei D. [[João VI de Portugal|João VI]], copeiro-mor e estribeiro-mor. Exerceu as funções de marechal de campo, comandante-em-chefe do [[Exército Português]], [[conselheiro de Estado]], [[par do Reino]], tendo por quatro vezes (1836, 1851, 1842-1846 e 1859-1860) exercido o cargo de [[Lista de chefes de governo de Portugal|Presidente do Conselho de Ministros]]. Foi o 10.º [[capitão-general]] dos [[Açores]], ali presidindo à [[Regência de Angra]] durante a fase inicial das guerras liberais.
 
== Biografia ==
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Destinado à vida da Corte, fez a aprendizagem típica da alta nobreza da época, voltada essencialmente para as artes militares e para a vida política. Nesse contexto, logo em 1797, contando apenas quatro anos de idade, recebeu o grau de comendador da [[Ordem de Cristo]], tendo, a 25 de Julho de 1804, aos 12 anos, professado como freire dessa ordem no convento de Nossa Senhora da Luz.
 
Entretanto, a 10 de Fevereiro de 1802, com nove anos de idade, tinha assentado praça como cadete no [[Regimento de Cavalaria Nº 4]], do qual seria promovido a alferes a 24 de Junho de 1807. Tinha este posto quando a 20 de Novembro de 1807 as tropas francesas, comandadas pelo general [[Jean-Andoche Junot]], entraram em Portugal, na [[Guerra_Peninsular#1.C2.AA_Invas.C3.A3o|primeira invasão francesa]], desencadeando a [[Guerra Peninsular]]. Não aceitando a submissão aos franceses, pediu a sua demissão do Exército, a qual lhe foi logo concedida por um aviso de D. [[Pedro José de Almeida Portugal]], o 3.º [[marquês de Alorna]], então comandante das forças portuguesas.
 
=== Participação na Guerra Peninsular (1809-1815) ===
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Passou depois a servir como ajudante de ordens do general [[António José de Miranda Henriques]], 1.º [[visconde de Sousel]], e a partir de 26 de Março de 1813 passou às ordens do marechal [[William Carr Beresford]], então comandante supremo do [[Exército Português]] em campanha.
 
Foi então promovido a major, distinguindo-se muito nas campanha da Guerra Peninsular, sobretudo na [[batalha de Vitória]], cabendo-lhe a honra de ser encarregado de trazer a Lisboa a notícia do sucesso, sendo vivamente louvado pelo próprio general [[Arthur Wellesley, 1.º Duque de Wellington|Arthur Wellesley]], depois [[duque de Wellington]], na carta que este escreveu ao futuro D. João VI, então príncipe regente, em que lhe dava conta do triunfo.
 
Vindo como mensageiro da vitória portuguesa, foi acolhido com entusiasmo em Lisboa e imediatamente promovido a tenente-coronel (Agosto de 1813).
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No ano seguinte (1818), criou o Corpo de Polícia, tendo como primeiro Comandante o Ajudante José Victorino de Amarantes.
 
Em 1820 foi nomeado para igual posto na então [[Capitania da Baía de Todos os Santos]]. Contudo, não chegou a exercer este último cargo, pois a 26 de Abril de 1821 embarcou para Portugal, acompanhando o rei D. [[João VI de Portugal|João VI]], de quem era ''gentil-homem da câmara''.
 
Entretanto, nas vésperas do embarque, casou a 23 de Abril de 1821, em segundas núpcias, com Maria Ana Luísa Filomena de Mendonça, filha de [[Agostinho Domingos José de Mendoça Rolim de Moura Barreto]], o 8.º [[conde de Vale de Reis]] e 1.º [[marquês de Loulé]], estabelecendo uma aliança com a família Loulé que se revelaria de grande importância nos anos futuros, quando, a par de [[Nuno José Severo de Mendonça Rolim de Moura Barreto]], o 1.º [[duque de Loulé]], seria uma das principais figuras da política portuguesa. A noiva, que tinha apenas 13 anos de idade, era já ''camareira-mor'' da rainha e dama da [[Ordem Real de Santa Isabel]] e da [[Ordem de Maria Luísa de Espanha]].
 
=== O primeiro liberalismo e a relação com D. Miguel (1821-1824) ===
Regressado a Lisboa no período conturbado do primeiro liberalismo português e em pleno funcionamento das [[Cortes Gerais e Extraordinárias da Nação Portuguesa]], o 7.º conde de Vila Flor acompanhou de perto a difícil reintegração de D. João VI na vida política portuguesa. Neste período, seguindo a trajectória típica da alta nobreza, assume uma posição dúbia face ao constitucionalismo e à imposição de juramento a que as Cortes Constituintes sujeitaram o rei, gravitando claramente para a órbita mais conservadora dos que viam com grande desconfiança, e mesmo como uma ofensa de lesa-majestade, o tratamento a que foi sujeita a família real recém-chegada.
 
Entretanto, a situação política fora-se degradando rapidamente, com o surgimento de crescentes focos antiliberais que ameaçavam a estabilidade do regime saído da [[Revolução Liberal de 1820]]. Na região de [[Vila Real]], logo em Fevereiro de 1823, o general [[Francisco da Silveira Pinto da Fonseca Teixeira]], [[conde de Amarante]], levanta-se à frente das suas tropas contra a Constituição e a província de [[Trás-os-Montes]] adere na quase totalidade. No mês de Maio, o [[Regimento de Infantaria n.º 23]], aquartelado em [[Vila Franca de Xira]], levanta-se em armas a favor do ''rei absoluto'', no que é seguido pelos regimentos de Lisboa, com D. Miguel à frente. É a [[Vilafrancada]], na qual o conde de Vila Flor ainda participa do lado realista.
 
Tendo a esse tempo o posto de brigadeiro, a sua proximidade à facção realista levou a que não tardasse a ser despachado marechal-de-campo e ajudante-de-ordens de D. [[Miguel I de Portugal|Miguel]], quando este infante recebeu o comando-em-chefe do [[Exército Português]]. Como outras importantes figuras da primeira fase do liberalismo português, o conde de Vila Flor estreou-se na vida política contribuindo para que se restabelecessem em Portugal os ''direitos inauferíveis'' do absolutismo, sendo também um dos condecorados com a famosa ''[[medalha da Poeira]]''.
 
Naquela que foi mais uma prova de confiança por parte do partido realista, em 1823, o conde de Vila Flor foi encarregado de ir a Espanha, em missão diplomática, para cumprimentar [[Luís XIX de França|Louis Antoine d'Artois]], o então ''duque de Angoulême'', que viera com um exército francês (os famosos ''[[Cem Mil Filhos de São Luís|cem mil filhos de São Luís]]'') ajudar a restabelecer o governo absolutista de [[Fernando VII de Espanha]].
 
A partir desta altura começa a gravitar para o campo liberal, aderindo claramente ao partido pró-constitucional quando em Fevereiro de 1824 o seu sogro, o 1.º [[marquês de Loulé]], foi assassinado pelos miguelistas. Em consequência, a 30 de Abril daquele ano de 1824, absteve-se de tomar parte na [[Abrilada]]. Em resultado, D. Miguel mandou-o preso para [[Peniche]]. Com esta prisão, estava definitivamente selada a adesão do conde de Vila Flor ao campo liberal.
 
=== Os anos finais do primeiro liberalismo português e o exílio (1824-1828) ===
Fracassada a [[Abrilada]], demitido e expulso D. Miguel, que se exila em [[Viena]], o conde de Vila Flor foi libertado e reintegrado nas suas funções militares, nas quais assume uma complexa posição de equilíbrio face às crescentes tensões entre os partidários do liberalismo e os defensores dos ''direitos inauferíveis'' de D. [[João VI de Portugal|João VI]]. Quando este falece, a 10 de Março de 1826, a crise agudiza-se, com a luta latente a tornar-se cada vez mais acesa e próxima.
 
Quando o infante D. Pedro sobe ao trono como D. [[Pedro IV de Portugal]] e promulga a [[Carta Constitucional de 1826]] no Brasil, o conde de Vila Flor, como grande do Reino, foi nomeado [[par do Reino]], por carta régia de 30 de Abril desse ano.
 
Outorgada a Carta, poucos dias depois, a 2 de Maio de 1826, D. Pedro IV abdica em sua filha D. Maria da Glória, a rainha D. [[Maria II de Portugal]], estabelecendo, num gesto que pretendia conciliador, que a jovem rainha, então com sete anos de idade, deveria casar, logo que tivesse idade para tal, com o seu tio D. Miguel.
 
Entretanto os acontecimentos precipitam-se e a insurreição a favor da realeza de D. Miguel espalha-se pelo país como fogo: a 26 de Julho, o [[Regimento de Infantaria n.º 24]], aquartelado em [[Bragança (Portugal)|Bragança]] faz um levantamento e aclama D. Miguel; seguem-se, em ritmo acelerado, o levantamento do [[Regimento de Cavalaria n.º 2]], em [[Vila Viçosa]] e das guarnições de [[Estremoz]], [[Almeida]], [[Vila Real]] e [[Vila Pouca de Aguiar]], a que se aliam as populações da maior parte do Minho, Trás-os-Montes, Beiras e Alentejo.
 
Neste contexto, o conde de Vila Flor que em 1826 fora nomeado governador das armas da província do [[Alentejo]], não tardou a ver-se obrigado a reprimir algumas insurreições militares que se levantaram naquela Província a favor do absolutismo. A guarnição do [[Algarve]] agitava-se também no mesmo sentido. O Governo, sentindo-se encurralado, pede ajuda a Inglaterra, que envia uma divisão para acalmar os ânimos, mas, que, em vez disso, apenas contribui para acirrar o sentimento nacionalista.
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Com a chegada das forças do conde de Vila Flor, que se reuniram com as tropas comandadas pelo [[marquês de Angeja]], as forças liberais derrotaram sucessivamente as forças comandadas pelo general [[Manuel da Silveira Pinto da Fonseca Teixeira]], 1.º [[marquês de Chaves]], na [[ponte do Prado]] e na vila de [[Ponte da Barca]], obrigando-as a procurar refúgio na [[Galiza]]. Estas vitórias foram recompensadas com a concessão do título de [[marquês de Vila Flor]] e com a nomeação, em Agosto de 1827, para o cargo de governador das armas do Porto. Porém, o novel marquês continuou a usar do título de conde, porque só seis anos depois, em 14 de Janeiro de 1833, é que tirou carta dessa mercê.
 
Apesar dessas vitórias militares, a causa constitucional estava condenada na frente política, pois entretanto, em mais uma tentativa insensata de acalmar os ânimos, D. Pedro, agora imperador do Brasil e regente em nome da filha, resolvera nomear o irmão seu lugar-tenente em Portugal, abrindo assim caminho para o seu desejado regresso a Lisboa. Em consequência, D. Miguel entrou em Lisboa a 22 de Fevereiro de 1828, sendo recebido pelos seus partidários com grandes festas e vivas ao ''rei absoluto''.
 
Um dos primeiros actos do ainda ''lugar-tenente'' real foi, logo em Fevereiro de 1828, demitir os governadores das armas em quem não tinha confiança, entre os quais o conde Vila Flor, seu ajudante-de-campo nos idos de 1823, mas entretanto transformado num dos pilares do liberalismo. Vila Flor foi substituído pelo general [[Gabriel António Franco de Castro]], ficando a aguardar o desenrolar dos acontecimentos. Quando ocorreu a convocação dos Três Estados, e era já claro que D. Miguel seria proclamado rei absoluto, entendeu que ser melhor emigrar. Em Maio, acompanhado pela jovem esposa, saiu de Portugal e retirou-se para Inglaterra, juntando-se à crescente colónia de emigrados liberais que ali residia.
 
=== O exílio na Inglaterra e a ''Belfastada'' (1828-1829) ===
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Esta aventura do ''Belfast'' pesou sempre como um remorso na consciência de todos os que dela participaram, particularmente dos que retiraram ingloriamente na viagem de regresso do navio a Londres. Não admira, pois, que o conde de Vila Flor, chegado a Inglaterra se tenha esforçado por resgatar com algum acto de bravura a nódoa que aquele fracasso pudesse ter estampado na sua reputação militar.
 
O ensejo surgiu quando se tornou necessário apoiar o pequeno núcleo liberal que na ilha [[Terceira]] mantinha o regime constitucional e a realeza de D. Maria II, proclamada pelo [[Batalhão de Caçadores n.º 5]] aquartelado no [[Castelo de São João Baptista do Monte Brasil|Castelo de São João Baptista]] da cidade de [[Angra do Heroísmo|Angra]]. Sendo o último reduto liberal em território sob soberania portuguesa, Pedro de Sousa Holstein, o [[conde de Palmela]], que liderava os emigrados numa espécie de governo no exílio, face às crescente dificuldades diplomáticas resultantes do reconhecimento do governo de D. Miguel por muitas das potências europeias e pelos Estados Unidos da América, resolveu apoiar os liberais acantonados nos Açores. Para tal era necessário criar condições que permitissem a sua sobrevivência na eventualidade de um, mais do que provável, ataque miguelista. Depois de uma tentativa fracassada de fazer Saldanha chegar à ilha, foi resolvido nomear o conde de Vila Flor para o cargo de capitão-general dos Açores, dando-se-lhe [[Bernardo de Sá Nogueira de Figueiredo]] por chefe de estado-maior.
 
=== A Capitania Geral dos Açores (1829-1832) ===
Vila Flor foi nomeado [[capitão-general]] dos [[Açores]] por carta régia de 5 de Abril de 1829, assinada pela rainha D. [[Maria II de Portugal|Maria II]], com assistência do [[Pedro de Sousa Holstein|marquês de Palmela]], então ministro de Portugal em Londres, quando a rainha ali se encontrava exilada.
 
O novel capitão general conseguiu iludir o bloqueio que navios britânicos então impunham à [[Terceira]] e desembarcou na [[Praia da Vitória|Praia]] a 22 de Junho de 1829, acompanhado por um grupo numeroso de emigrados. Passou à cidade de [[Angra do Heroísmo|Angra]] no mesmo dia, tomando posse da Capitania no dia seguinte. Menos sorte teve [[Bernardo de Sá Nogueira de Figueiredo]], que, tendo anteriormente partido noutro navio, foi interceptado pelas forças britânicas e forçado a regressar a Inglaterra.
 
Aquando da chegada do conde de Vila Flor à ilha Terceira, a [[Capitania Geral dos Açores]] encontrava-se dividida, com todas as restantes ilhas solidamente sob domínio miguelista, obedecendo ao general [[Henrique da Fonseca de Sousa Prego]], nomeado por D. Miguel governador e capitão-general, que, na impossibilidade de desembarcar em Angra, se tinha instalado em [[Ponta Delgada]], na [[ilha de São Miguel]].
 
Estava assim a Terceira completamente isolada do resto do arquipélago, com a agravante de estar sujeita a um bloqueio naval imposto por forças britânicas. Mas, pior que o isolamento da Terceira, eram as divisões intestinas que ameaçavam destruir o domínio liberal na ilha, com as forças constitucionais constantemente acossadas por uma incessante guerrilha miguelista, apoiada pelas populações rurais da ilha e muito conhecedora do território.
 
Neste contexto muito desfavorável, a chegada do conde de Vila Flor foi essencial para a sobrevivência do domínio liberal. Em breve desapareceram as quezílias entre os exilados e as forças militares liberais ganharam outra disciplina e energia. Diante da autoridade e do prestígio do conde de Vila Flor, cessaram todas as discórdias que havia na ilha e que impediam o regular funcionamento do governo. Por outro lado, os oficiais que chegaram com Vila Flor, e ele mesmo, organizaram a resistência à expedição que D. Miguel preparava contra a ilha, fortificando-a e estabelecendo um plano de defesa das costas, vigilância e comunicações.
 
O conde de Vila Flor cercou-se de uma boa equipa dirigente, nomeando [[José Xavier Mouzinho da Silveira]] seu secretário militar e [[José Baptista da Silva Lopes]], que foi depois o 1.º [[barão de Monte Pedral]], para chefe do seu estado-maior, em lugar de Sá Nogueira. Para chefiar os serviços, foram nomeados [[Manuel José Mendes]], depois 1.º [[barão do Candal]], e [[Baltazar de Almeida Pimentel]], depois 1.º [[conde de Campanhã]].
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Mantendo a tradição de seguir o marido mesmo nas situações mais arriscadas, a 16 de Dezembro de 1829 chegava à ilha Terceira a condessa de Vila Flor. Com esta presença, que inspirava confiança entre os emigrados e junto da população local, assentou-se definitivamente o domínio constitucional na Terceira, conservando-se a ilha durante todo o ano de 1830 firme na sua deliberação, mas sem que a Regência tomasse a iniciativa duma qualquer expedição às ilhas vizinhas.
 
Tendo sido nomeada por D. [[Pedro IV de Portugal|Pedro]], a 15 de Junho de 1830, uma junta de [[regência]] formal para dirigir os negócios da causa liberal, foram escolhidos para seus membros o 1.º marquês de Palmela, o conde de Vila Flor e [[José António Guerreiro]]. A Junta de Regência devia assentar a sua sede em Angra, daí ter ficado conhecida pela [[Regência de Angra]]. Era mais um importante passo na consolidação da carreira política de Vila Flor.
 
Em Abril de 1831, a Regência resolveu finalmente assenhorear-se das outras ilhas dos Açores. Para tal, preparou uma expedição, que partiu de Angra no dia 7 de Abril, debaixo do comando do próprio conde de Vila Flor, sendo encarregado das tropas de desembarque o major [[José Joaquim Pacheco]], depois conhecido pelo ''coronel Pacheco''. O objectivo era a conquista das restantes ilhas do Grupo Central do arquipélago.
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Retornada a expedição, a ilha do Faial foi ocupada também pelos liberais, e logo em seguida a [[ilha Graciosa]]. As ilhas do [[ilha do Corvo|Corvo]] e [[ilha das Flores (Açores)|Flores]] reconheceram espontaneamente o governo liberal, de modo que ficaram unicamente no poder dos miguelistas as ilhas de São Miguel e de [[ilha de Santa Maria|Santa Maria]].
 
Por esse tempo, a 4 de Maio de 1831, passou pelo Faial, a caminho da Europa, o Imperador D. Pedro que abdicara a coroa brasileira, e naquela ilha deixou uma carta para o conde de Vila Flor em que lhe dizia ''que vinha à Europa combater como simples particular pela causa de sua filha''.
 
Esta notícia encheu de júbilo os defensores da Terceira, e incitou-os a tentarem empresa mais importante, como foi a de irem tomar a ilha de São Miguel, o que conseguiram, comandados ainda por Vila Flor, depois de ganha a [[batalha da Ladeira da Velha]]. Ficavam assim os Açores completamente sujeitos à autoridade dos representantes de D. Maria II, e, pouco tempo depois, a 22 de Fevereiro de 1832, apareceu no arquipélago a expedição vinda de [[Belle-Isle]], debaixo do comando de D. Pedro. D. Pedro desembarcou em Angra a 3 de Março de 1832, assumindo nesse mesmo dia a regência em nome da sua filha.
 
Tratou logo o imperador de organizar uma expedição para tentar um desembarque na costa portuguesa, e dando o comando da esquadra ao almirante [[George Rose Sartorius]], entregou ao conde de Vila Flor o comando do exército de terra. Foi debaixo das ordens de Vila Flor que [[Desembarque do Mindelo|desembarcaram no Mindelo]], em Junho de 1832, os famosos ''7&nbsp;500 bravos''. Ocuparam o Porto abandonado pelos miguelistas, iniciando-se o episódio bélico que ficou conhecido pelo [[cerco do Porto]].
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As derrotas dos miguelistas nos combates de 8, 9, 10, 16 e 19 de Setembro de 1832 recompensaram o novo plano liberal. A 14 e a 21 de Outubro repetiram-se os ataques miguelistas, que foram igualmente repelidos. Lavravam, contudo, no Porto graves dissensões entre a liderança militar e política, com Vila Flor no seu centro, que prejudicavam gravemente a acção do comando.
 
D. Pedro quis então fazer essas dissensões desaparecer, tomando ele próprio o comando do exército. Assumiu efectivamente aquele comando a 6 de Novembro de 1832, elevando, num gesto conciliador, dois dias depois, a 8 de Novembro, o conde de Vila Flor a [[duque da Terceira]].
 
O novel duque da Terceira, com a singeleza que sempre o caracterizou, resignou o comando-em-chefe, servindo com o mesmo zelo, tanto debaixo das ordens de D. Pedro, como, a partir de 1 de Janeiro de 1833, do general [[Jean-Baptiste Solignac]], que fora contratado em França para vir comandar as forças liberais.
 
O comando do barão de Solignac não foi mais feliz, continuando as dissensões, as quais aliadas a alguns erros estratégicos, puseram mais uma vez em risco a sobrevivência das forças liberais, cada vez mais isoladas na sua testa de ponte portuense. Nesta fase crítica, Saldanha teve um papel crescente na definição das operações de defesa, com claro apagamento do seu rival duque da Terceira.
Linha 209:
Nessa noite, tomados de súbito pânico, [[Nuno Caetano Álvares Pereira de Melo]], o 6.º [[duque de Cadaval]], que encabeçava o ministério miguelista, e os restantes ministros decidiram abandonar Lisboa sem opor resistência. Num dos episódios mais estranhos de toda a guerra, o duque de Cadaval, comandante do exército miguelista em Lisboa, organizou uma grande parada militar que se dirigiu para norte, sem ter sequer entrado em combate. As forças do duque da Terceira entraram na cidade a 24 de Julho, sendo entusiasticamente recebidas como libertadores. Dois dias depois, chegava Charles Napier com a esquadra que vinha bloquear o Tejo, operação feita desnecessária pela reviravolta entretanto ocorrida.
 
Apenas quatro dias mais tarde, a 28 de Julho de 1833, chegava a Lisboa o ex-imperador D. Pedro, que deixara o governo do Porto entregue ao general Saldanha e tratava agora de pôr a capital em estado de defesa contra o provável regresso das forças miguelistas. Saldanha, consciente da necessidade de concentrar as operações em Lisboa, atacava as linhas miguelistas, obrigando as desmoralizadas tropas que o marechal [[Louis Auguste Victor de Ghaisne de Bourmont]], o [[conde de Bourmont]], então comandante-em-chefe das forças miguelistas, deixara na sua frente a levantar o cerco e partia também para sul, em direcção a Lisboa.
 
Não tardaram as forças fiéis a D. Miguel, comandadas pelo general Bourmont, a atacar Lisboa. O duque da Terceira, então já elevado ao posto de marechal do exército, comandava as linhas, enquanto Saldanha era o chefe de estado-maior de D. Pedro, ou seja, o verdadeiro comandante operacional. No dia 5 de Setembro de 1833 ocorreu o primeiro ataque, recebendo o duque da Terceira nesse dia uma contusão provocada por uma bala. No dia 14 de Setembro deu-se novo ataque, igualmente repelido, após o qual o general Bourmont apresentou a sua demissão de comandante em chefe do exército miguelista, sendo substituído pelo general escocês [[Reginald MacDonell]].
 
Enquanto Saldanha batia os miguelistas em [[Torres Novas]] e em [[Pernes]], o duque da Terceira enviava sobre [[Valada]] alguns esquadrões que ali destroçaram as forças miguelistas. Saldanha, depois de derrotar na [[Batalha de Almoster]] o exército miguelista do general [[José António de Azevedo Lemos]], cercou nas posições de Santarém as forças principais de D. Miguel. Entretanto, o duque da Terceira era enviado ao Porto a tomar o comando das operações encetadas pelo [[José António da Silva Torres|general Torres]] contra a divisão miguelista comandada pelo general Cardoso, que dominava ainda o [[Minho]] e [[Trás-os-Montes]].
 
A 12 de Abril de 1834, as forças comandadas pelo duque da Terceira batiam Cardoso em [[Amarante (Portugal)|Amarante]], no dia 13 ocupavam [[Vila Real]], no dia 14 chegavam a [[Murça]], a 15 a [[Vila Flor]] e a 16 entravam em [[Moncorvo]], onde batiam do novo o general Cardoso. Depois desceu para a Beira, entrou em [[Lamego]] no dia 22, bateu os miguelistas no lugar de [[Ponte Pedrinha]], [[Fataúnços]], no dia 30 de Abril, e entrou em [[Viseu]] a 2 de Maio.
 
D. Miguel cometia então o erro supremo de dar asilo ao infante D. [[Carlos María Isidro de Borbón]], sublevado contra [[Fernando VII de Espanha]], perdendo assim as simpatias do único país europeu que se mostrava ainda afecto à sua causa. Daí resultou que o general [[José Ramón Rodil y Campillo]], autorizado por D. Pedro, entrou em Portugal, não para intervir contra as forças de D. Miguel, mas para perseguir as tropas que este deixara que D. Carlos organizasse em Portugal. Combinou, entretanto, as suas operações com o duque da Terceira e Charles Napier, reforçando assim a supremacia militar dos liberais.
 
O duque da Terceira, no dia 8 de Maio, entrava em Coimbra e marchava depois sobre [[Tomar]], Charles Napier, no mesmo dia, tomava a [[Figueira da Foz]] e Rodil marchava sobre [[Abrantes]]. A 16 de Maio de 1834 as forças comandadas pelo duque da Terceira encontram o exército miguelista do general [[António Joaquim Guedes de Oliveira]] na [[batalha da Asseiceira]], destroçando-as completamente naquele que seria o último grande recontro da guerra civil.
 
Esta batalha quebrou as últimas esperanças de D. Miguel, que abandonou Santarém com o seu exército, retirando-se sobre Elvas. O duque da Terceira e o general Saldanha combinaram então as suas operações de modo a cortarem a marcha das forças miguelistas, marchando o duque da Terceira sobre Beja, por [[Montemor-o-Novo]], e Saldanha sobre [[Évora]], por [[Estremoz]]. Completamente envolvido em Évora, o exército de D. Miguel teve de se render, depondo as armas. O general José António de Azevedo Lemos, que então o comandava, oficializou a rendição assinando a [[convenção de Évora-Monte]]. Estava acabada a guerra civil.
 
=== O primeiro governo liberal do pós-guerra (1834-1835) ===
Foi com a aura de valido do Paço e como herói da ''libertação'' de Lisboa e da vitória da Asseiceira que o duque da Terceira entrou na política do pós-guerra, transitando de imediato para a área do poder. Neste aspecto, o duque da Terceira, tal como o [[marechal Saldanha]], ilustram o perfil típico do militar-político que caracterizou as primeiras décadas do liberalismo português.
 
Assim, quando a 24 de Setembro de 1834 morreu D. [[Pedro IV de Portugal|Pedro IV]] e a rainha D. Maria II assumiu directamente o governo do reino, nomeou logo um ministério presidido por [[Pedro de Sousa Holstein]], o duque de Palmela, então Ministro dos Negócios Estrangeiros, em que entrava o duque da Terceira como Ministro da Guerra.
 
Esse ministério encontrou violenta oposição na Câmara dos Deputados, principalmente por causa da administração financeira de [[José da Silva Carvalho]], que acusavam de entregar todos os empregos a criaturas exclusivamente suas, de forma que o governo obteve por isso o pouco honroso cognome de ''[[Devorismo|devorista]]''. Não foram, porém, mais felizes os ministros que lhe sucederam.
 
Recebeu, contudo, o aplauso unânime do país liberal quando resolveu não continuar a pagar a D. Miguel a pensão que lhe fora arbitrada pela [[Convenção de Évora-Monte]], logo que ele, assim que chegou a território estrangeiro, protestou contra a renúncia que fizera de quaisquer direitos que supusesse ter ao trono, declarando que a isso fora coarctado.
 
Nesse governo, que sobreviveu de 24 de Setembro de 1834 a 20 de Março de 1835, o duque da Terceira começou a construção da sua reputação política, caracterizada, desde então pela sua adesão à ala direita do liberalismo, como [[cartista]] conservador, sempre fiel pessoal e politicamente ao monarca, mas algo vacilante no que respeita às fidelidades constitucionais e político-partidárias.
Linha 239:
O duque da Terceira passara a exercer o comando-em-chefe do [[Exército Português]] e concorreu indirectamente para a queda do ministério imediato, presidido pelo seu rival, o [[João Carlos Gregório Domingos Vicente Francisco de Saldanha Oliveira e Daun|duque de Saldanha]], por causa de uma circular que expediu acerca do papel que competia aos militares nas eleições, o que fez com que os oficiais descontentes fizessem uma representação à rainha, pedindo a demissão do ministério.
 
Ao governo de Saldanha sucedeu um gabinete presidido por [[José Jorge Loureiro]], que lutou ainda com maiores dificuldades, porque teve de resolver a grave questão do comando em chefe do exército conferido ao rei consorte D. [[Fernando II de Portugal|Fernando de Saxe-Coburgo-Gotha]], conforme fora estipulado no contrato de casamento, e que o governo não tivera, contudo, força para lhe conferir abertamente, fazendo a nomeação em segredo. Quando a este problema se juntou a necessidade de proceder à prorrogação do polémico [[Tratado de Comércio de 1810]] com a Inglaterra, o descrédito popular e parlamentar do governo era tal que o governo caiu.
 
Em consequência, a 19 de Abril de 1836, o duque da Terceira foi, pela primeira vez, nomeado para presidir ao gabinete ministerial, ficando com a presidência e a pasta da Guerra, e entrando para as outras pastas [[Agostinho José Freire]], [[Manuel Gonçalves de Miranda]], [[José Luís de Sousa Botelho Mourão e Vasconcelos]], mais conhecido por [[conde de Vila Real]], e [[Joaquim António de Aguiar]].
 
Era um ministério que se queria enérgico e de ''direita'' forte, mas a esquerda liberal ganhara preponderância e não era fácil impedir a sua retaliação. Quando o ministério dissolveu o [[clube dos Camilos]] e decidiu a dissolução das Cortes extraordinárias reunidas em Maio, a sua acção foi mal acolhida pela elite política, que via nela um cerceamento das liberdades públicas. Para complicar as coisas, ocorreu um incêndio no edifício do Erário Régio, o que fez com que se dissesse abertamente que o governo recorrera a esse meio para ocultar as suas dissipações. Debalde o ministério tentou recuperar o prestígio, fazendo com que el-rei D. Fernando fosse viajar às províncias do norte, onde foi acolhido efectivamente com a maior simpatia, mas essa viagem passou completamente despercebida no meio da agitação política que se vivia em Lisboa.
 
As eleições gerais realizadas em Julho de 1836 foram favoráveis ao ministério, mas não lhe deram a força necessária para ultrapassar a crise de credibilidade, antes contribuindo para a degradação da situação política, pelo entrecruzar de acusações de manipulação e fraude a que deram lugar. A [[revolução da Granja]], então ocorrida em Espanha, incitou ainda mais a esquerda a procurar em Portugal o triunfo que a esquerda espanhola parecia já então gozar.
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=== O governo de transição para a Regeneração (Abril e Maio de 1851) ===
Quando em Abril de 1851 já era previsível o movimento que levaria à [[Regeneração]], a rainha D. [[Maria II de Portugal|Maria II]] chamou o duque da Terceira a formar novamente governo. Foi um ministério curtíssimo, que apenas serviu de transição para o governo do [[marechal Saldanha]]. Tendo tomado posse a 26 de Abril de 1851, o ministério caiu 6 dias depois, a 1 de Maio, na sequência do pronunciamento vitorioso daquele dia.
 
Nesta curta passagem pelo governo, o duque da Terceira percebeu que o seu tempo político se estava a acabar e que o nascente [[fontismo]] augurava uma nova conjuntura política. Essa compreensão alterou a sua postura política, forçando-o a um posicionamento crescentemente ''senatorial''.
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Foi, durante este período, a única figura grada da política portuguesa que defendeu [[Costa Cabral]], entretanto caído em desgraça. Nas suas intervenções na Câmara dos Pares sempre se lhe referia como ''meu nobre amigo'', mantendo uma deferência e fidelidade que não teve paralelo entre as outras figuras gradas do [[cabralismo]], as quais enjeitaram totalmente o seu mentor, dedicando-lhe, na fase final da sua vida, um desprezo que apenas teve paralelo em intensidade ao ardor com que o defenderam na sua fase ascensional.
 
Em 1855 deixou o comando da 1.ª Divisão Militar e foi nomeado 1.º ajudante-de-campo de D. [[Pedro V de Portugal|Pedro V]], que o considerava o seu ''segundo pai''. Em 1858 foi nomeado comissário encarregado de ir, como representante do rei, receber à Alemanha a rainha D. [[Estefânia de Hohenzollern-Sigmaringen]] e trazê-la para Portugal.
 
=== O regresso à presidência do ministério (1859-1860) ===
[[Ficheiro:Duque de Loulé.jpg|thumb|left|225px|O [[Nuno José Severo de Mendonça Rolim de Moura Barreto|Duque de Loulé]].]]
Foi o seu perfil supra-partidário que o catapultou para a sua quarta, e última, presidência do conselho de ministros, quando, em 1859, tendo caído o ministério do [[Partido Histórico]], liderado por [[Nuno José Severo de Mendonça Rolim de Moura Barreto]], o [[duque de Loulé]], foi chamado a organizar um gabinete ministerial. A escolha deveu-se à vontade que D. Pedro V manifestava em entregar a liderança a um homem que pudesse, explicitamente, temperar a coloração regeneradora do executivo que sucedia ao duque de Loulé, assegurando assim uma ponte entre a vontade régia e o grupo ministerial [[fontismo|fontista]].
 
Tomou posse a 16 de Março de 1859, recebendo a presidência do ministério e as pastas da Guerra e dos Negócios Estrangeiros, num gabinete de que faziam parte, entre outros, [[Casal Ribeiro]] e [[António de Serpa Pimentel]].
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== Honras e monumentos póstumos ==
O falecimento do duque da Terceira uniu todo o espectro político português numa manifestação de pesar raramente associada à morte de um líder político: o rei D. [[Pedro V de Portugal|Pedro V]] ordenou exéquias de Estado e a inumação no [[Panteão de São Vicente]], por o considerar parente da família real e, a 27 de Abril, ambas as câmaras do Parlamento fizeram o panegírico do duque, apelidado, pela voz de [[Fontes Pereira de Melo]], de ''honrado e valente militar'' que abrira ''as portas da liberdade aos portugueses''.
 
Em sinal de luto, as duas câmaras encerraram durante três dias, prestando assim tributo à memória do ''libertador de Lisboa'' e ao marechal-duque que era então já considerado como uma espécie de reserva moral da Monarquia Constitucional portuguesa.
 
Ao longo da vida o 1.º duque da Terceira acumulou uma invejável colecção de distinções honoríficas e de condecorações. Foi mordomo-mor de D. Maria II e primeiro-ajudante-de-campo de D. Pedro V, além de múltiplos outros cargos honoríficos da Corte e do Exército.
 
Como grande do reino e herói militar, o duque da Terceira recebeu todas as condecorações nacionais possíveis e múltiplas condecorações estrangeiras. Entre muitas outras condecorações, o duque da Terceira detinha a grã-cruz da [[Ordem da Torre e Espada]], da [[Ordem de São Bento de Avis]] e da [[Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa]]. Era também comendador da [[Ordem de Cristo]] e condecorado com as medalhas portuguesas de Vitória, Orthez e Toulouse e de 6 campanhas da [[Guerra Peninsular]] e com a medalha de Vitória, concedida pela Espanha. Foi também agraciado com as grã-cruzes de São Fernando e de Carlos III de Espanha), de Ernesto Pio de Saxe-Coburgo-Gota, de Leopoldo da Bélgica, da [[Legião de Honra]] de França, do Leão e da Coroa de Carvalho dos Países Baixos, de São Leopoldo da Áustria, da Águia Vermelha da Prússia, de São Januário das Duas Sicílias, de São Maurício e São Lázaro da Sardenha e de Alberto o Valoroso da Saxónia.