Aristides de Sousa Mendes: diferenças entre revisões
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{{Info/Biografia
|nome = Aristides de Sousa Mendes
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|nascimento_data = {{dni|19|7|1885|si|lang=br}}
|nascimento_local = [[Cabanas de Viriato]], [[Carregal do Sal]], [[Portugal]]
|morte_data =
|morte_local = [[Lisboa]], [[Portugal]]
|nacionalidade =
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|nome_mãe = Maria Angelina Ribeiro de Abranches de Abreu Castelo-Branco
|nome_pai = José de Sousa Mendes
|cônjuge = Maria Angelina Ribeiro de Abranches
|conhecido_por=Salvar as vidas de mais de
}}
'''Aristides de Sousa Mendes do Amaral e Abranches''' <small>[[Ordem Militar de Cristo|GCC]] • [[Ordem da Liberdade|OL]]</small> ([[Carregal do Sal]], [[Cabanas de Viriato]],
Aristides de Sousa Mendes salvou dezenas de milhares de pessoas do [[Holocausto]]. Chamado de "o [[Oscar Schindler|Schindler]] [[Portugueses|português]]", Sousa Mendes também teve a sua lista e salvou a vida de milhares de pessoas, das quais cerca de 10 mil judeus.<ref>[[História Viva]], nº 20, pp. 87-93. Editora Duetto. São Paulo (2005).</ref>
== Antes de 1940 ==
Foi [[nome de batismo|batizado]] ''Aristides
Aristides instala-se em [[Lisboa]] em [[1907]] após a [[licenciatura]] em [[Direito]] pela [[Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra|Faculdade de Direito]] da [[Universidade de Coimbra]], tal como o seu irmão gémeo [[César de Sousa Mendes]]. Ambos enveredaram pela carreira diplomática. César foi feito Comendador da Ordem Militar de Cristo a 28 de Janeiro de 1925 e Grã-Cruz da [[Ordem Real da Estrela Polar]] da [[Suécia]] a 23 de Setembro de 1932.<ref>http://www.ordens.presidencia.pt/</ref> Em 1909 nasceu seu primogênito, tendo ao todo 14 filhos e filhas com sua mulher Angelina.
Aristides ocupou diversas delegações consulares portuguesas pelo mundo fora, entre elas: [[Zanzibar]], [[Brasil]], [[Estados Unidos]], [[Guiana]], entre outras.
Em [[1929]] é nomeado [[cônsul (serviço exterior)|Cônsul-geral]] em [[Antuérpia]], cargo que ocupa até [[1938]]. O seu empenho na promoção da imagem de [[Estado Novo (Portugal)|Portugal]] não passa despercebido. É condecorado por duas vezes por [[Leopoldo III]], [[Lista de reis da Bélgica|rei]] da [[Bélgica]], tendo-o feito Oficial da [[Ordem de Leopoldo II]] a 6 de Janeiro de 1931<ref>http://www.ordens.presidencia.pt/</ref> e Comendador da [[Ordem da Coroa]], a mais alta condecoração belga. Durante o período em que viveu na Bélgica, conviveu com personalidades ilustres, como o escritor [[Maurice Maeterlinck]], [[Prémio Nobel da Literatura]], e o cientista [[Albert Einstein]], [[Prémio Nobel da Física]].
Depois de quase dez anos de serviço na [[Bélgica]], [[Salazar]], [[presidente do Conselho de Ministros]] e ministro dos negócios estrangeiros, nomeia Sousa Mendes cônsul em [[Bordéus]], [[França]].
== A Segunda Guerra Mundial ==
Aristides de Sousa Mendes permanece ainda cônsul de [[Bordéus]] quando tem início a [[Segunda Guerra Mundial]], e as tropas de [[Adolf Hitler]] avançam rapidamente sobre a [[França]]. [[Salazar]] manteve a neutralidade de [[Portugal]].
Pela [[Circular 14]], Salazar ordena aos cônsules portugueses espalhados pelo mundo que recusem conferir [[visto]]s às seguintes categorias de pessoas: "estrangeiros de nacionalidade indefinida, contestada ou em litígio; os apátridas; os [[judeus]], quer tenham sido expulsos do seu país de origem ou do país de onde são cidadãos".
Entretanto, em [[1940]], o governo francês refugiou-se temporariamente na cidade de [[Vichy]], fugindo de [[Paris]] antes da chegada das tropas alemãs. Milhares de refugiados que fogem do avanço Nazi dirigiram-se a Bordéus. Muitos deles afluem ao consulado português desejando obter um visto de entrada para Portugal ou para os Estados Unidos, onde Sousa Mendes, o cônsul, caso seguisse as instruções do seu governo, distribuiria vistos com parcimónia.
Já no final de [[1939]], Sousa Mendes tinha desobedecido às instruções do seu governo e emitido alguns vistos. Entre as pessoas que ele tinha então decidido ajudar encontra-se o Rabino de [[Antuérpia]], [[Jacob Kruger]], que lhe faz compreender que há que salvar os refugiados judeus.
A [[16 de junho]] de [[1940]], Aristides decide conceder visto a todos os que o pedissem: "A partir de agora, darei vistos a toda a gente, já não há nacionalidades, raça ou religião". Com a ajuda dos seus filhos e sobrinhos e do rabino Kruger, ele carimba passaportes, assina vistos, usando todas as folhas de papel disponíveis.
Confrontado com os primeiros avisos de Lisboa, ele terá dito: "Se há que desobedecer, prefiro que seja a uma ordem dos homens do que a uma ordem de Deus".
Uma vez que Salazar tomara medidas contra o cônsul, Aristides continuou a sua actividade de [[20 de junho|20]] a [[23 de junho]], em [[Baiona (França)|Baiona]] (França), no escritório de um vice-cônsul estupefato, e mesmo na presença de dois outros funcionários de Salazar. A [[22 de junho]] de [[1940]], a França pediu um armistício à Alemanha Nazi. Mesmo a caminho de [[Hendaye]], Aristides continua a emitir vistos para os refugiados que cruzam com ele a caminho da fronteira, uma vez que a 23 de Junho, Salazar demitira-o de suas funções de cônsul.
Apesar de terem sido enviados funcionários para trazer Aristides, este lidera, com a sua viatura, uma coluna de veículos de refugiados e guia-os em direção à fronteira, onde, do lado espanhol, não existem telefones. Por isso mesmo, os guardas fronteiriços não tinham sido ainda avisados da decisão de Madrid de fechar as fronteiras com a França. Sousa Mendes impressiona os guardas aduaneiros, que acabariam por deixar passar todos os refugiados, que, com os seus vistos, puderam continuar viagem até [[Portugal]].
== O seu castigo no Portugal de Salazar ==
A [[8 de Julho]] de [[1940]], Aristides, de volta a Portugal, é punido pelo governo de Salazar, que priva o diplomata de suas funções por um ano, diminuindo em metade o seu salário, antes de o enviar para a reforma. Para além disso, Sousa Mendes perde o direito de exercer a profissão de advogado. A sua licença de condução, emitida no estrangeiro, também lhe é retirada.
O cônsul demitido e sua família, bastante numerosa, sobrevivem graças à solidariedade da comunidade judaica de Lisboa, que facilitou a alguns dos seus filhos os estudos nos Estados Unidos. Dois dos seus filhos participaram no [[Desembarque da Normandia]].
Frequentou, juntamente com os seus familiares, a cantina da assistência judaica internacional, onde causou impressão pelas suas ricas vestimentas e sua presença. Certo dia, teve de confirmar: "Nós também, nós somos refugiados".
Em [[1945]], [[Salazar]] felicitou-o por Portugal ter ajudado os refugiados, recusando-se no entanto a reintegrar Sousa Mendes no corpo diplomático.
A sua miséria será ainda maior: venda dos bens, morte de sua esposa em [[1948]], emigração dos seus filhos, com uma excepção. Após a morte da [[mulher]], Aristides de Sousa Mendes viveu com uma amante francesa que, segundo testemunhos da época, muito contribuiu para a sua miséria.
Aristides de Sousa Mendes faleceu muito pobre, a [[3 de Abril]] de [[1954]], no hospital dos [[franciscanos]] em Lisboa. Não possuindo um [[Terno|fato]] próprio, foi enterrado com um hábito franciscano.
== As pessoas salvas por Aristides ==
Cerca de trinta mil vistos foram emitidos pelo cônsul Sousa Mendes, dos quais dez mil a refugiados de [[Judeu|confissão judaica]].
Entre aqueles que obtiveram um visto do cônsul português contam-se:
Políticos:
* [[Otto de Habsburgo]], filho de Carlos, o último imperador da Áustria-Hungria; o príncipe Otto era detestado por [[Adolf Hitler]], que o condenara inclusive à morte. Ele escapou com a sua família desde o exílio belga e dirigiu-se aos Estados Unidos onde participou numa campanha para alertar a opinião pública.
* Vários ministros do governo belga no exílio
Artistas:
* [[Norbert Gingold]], [[pianista]].
* [[Charles Oulmont]], [[escritor]] [[francês]] e professor na [[Universidade de Sorbonne]].
* [[Ilse Losa]], escritora, que residiu no Porto e escreveu obras como por exemplo "O Mundo em que vivi".
* [[Salvador Dali]], [[pintor]].
== Reconhecimento ==
Em [[1966]], o [[Memorial de Yad Vashem]] (Memorial do [[Holocausto]] situado em [[Jerusalém]]) em Israel, presta-lhe homenagem atribuindo-lhe o título de "[[Justo entre as nações]]". Já em 1961, haviam sido plantadas vinte árvores em sua memória nos terrenos do Museu Yad Vashem.
Em [[1986]], a 15 de Novembro, o presidente da República Portuguesa [[Mário Soares]] reabilita Aristides de Sousa Mendes condecorando-o a título póstumo com o grau de Oficial da [[Ordem da Liberdade]] e a sua família recebe as desculpas públicas, dezasseis anos após a morte de Salazar.<ref>http://www.ordens.presidencia.pt/</ref>
Em [[1994]], o presidente português [[Mário Soares]] desvela um busto em homenagem a Aristides de Sousa Mendes, bem como uma placa comemorativa na Rua 14 quai Louis-XVIII, o endereço do consulado de Portugal em [[Bordéus]] em 1940.
Em [[1995]], a 23 de Março, é agraciado a título póstumo pelo presidente da República Portuguesa Mário Soares com a Grã-Cruz da [[Ordem Militar de Cristo]].<ref>http://www.ordens.presidencia.pt/</ref>
Em 1995, a Associação Sindical dos Diplomatas Portugueses (ASDP) cria um prémio anual com o seu nome.
Em [[1996]], o grupo de [[escuteiros]] de [[Esgueira]] ([[Aveiro]]) homenageou-o criando o ''[[CLÃ 25 ASM]]'' (Aristides de Sousa Mendes)
Em [[1998]], a República Portuguesa, na prossecução do processo de reabilitação oficial da memória de Aristides de Sousa Mendes, condecora-o com a Cruz de Mérito a título póstumo pelas suas acções em Bordéus.
Em [[2005]], na Grande Sala da Unesco em Paris, o [[barítono]] [[Jorge Chaminé]] organiza uma Homenagem a Aristides de Sousa Mendes, realizando dois Concertos para a Paz, integrados nas comemorações dos 60 anos da [[
Em [[2006]] foi realizada uma acção de sensibilização: "Reconstruir a Casa do Cônsul Aristides de Sousa Mendes", na sua antiga casa em Cabanas de Viriato, Carregal do Sal e na Quinta de Crestelo, Seia - São Romão.
Em [[2007]], um programa televisivo da [[RTP1]], [[Os Grandes Portugueses]], promoveu a escolha dos dez maiores e importantes portugueses de todos os tempos. Sousa Mendes foi o terceiro mais votado. Ironicamente, o primeiro lugar foi atribuído a Salazar, e o segundo lugar a Álvaro Cunhal.
Em 2007 o
[[Imagem:AristidesPromenade.JPG|thumb|150px|left]]
Em
Aristides de Sousa Mendes não foi o único funcionário a quem o seu país não perdoou a desobediência apesar dos seus actos de justiça e humanidade na [[Segunda Guerra Mundial]]. Entre outros casos conhecidos de figuras que se destacaram pela coragem e humanismo incluem-se o cônsul japonês em Kaunas (Lituânia) [[Chiune Sugihara]] e [[Paul Grüninger]], chefe da polícia do cantão suíço de [[Cantão de São Galo|São Galo]].
{{Referências}}
== Ligações externas ==
{{commonscat|Aristides de Sousa Mendes}}
* {{Link|pt|2=http://www.
* {{Link|pt|2=http://mvasm.sapo.pt |3=Museu Virtual Aristides Sousa Mendes}}
* {{Link|pt|2=http://pt.worldwar-two.net/biografias/77/ |3=Segunda Grande Guerra - Aristides de Sousa Mendes}}
* {{Link||2=http://www.alma-mahler.at/archive_portuguese/info_lisboa/mendes1.html |3=Alma Mahler}}
* {{Link||2=http://amigosdesousamendes.blogspot.com/ |3=Amigos de Sousa Mendes (blog)}}
* {{Link|pt|2=http://abandonados.net/a-mansao-abandonada-de-aristides-de-sousa-mendes/ |3=Fotografias da mansão de Aristides de Sousa Mendes}}
*[http://www.soroptimist-israel.org/international/asm_testimonial.htm Aristides de Sousa Mendes - Testemunho de Mariana Abrantes de Sousa] {{en}}
{{DEFAULTSORT:Aristides Sousa Mendes}}
[[Categoria:Naturais de Carregal do Sal]]
[[Categoria:Diplomatas de Portugal]]
[[Categoria:Justos entre as nações]]
[[Categoria:Alumni da Universidade de Coimbra]]
[[Categoria:Oficiais da Ordem da Liberdade]]
[[Categoria:Grã-Cruzes da Ordem Militar de Cristo]]
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