Bartolomeu de las Casas: diferenças entre revisões

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{{Ver desambig| cidades contendo este nome|Bartolomé de las Casas (desambiguação)}}
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[[Ficheiro:Bartolomedelascasas.jpg|thumb|200px|right|R<small>etrato de Bartolomé de las Casas <br />(anônimo do século XVI).</small>]]
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'''Bartolomé de las Casas''' ([[Sevilha]], [[1474]] — [[Madrid]], [[17 de julho]] de [[1566]]) foi um [[frade]] [[dominicanos|dominicano]] e cronista, [[teólogo]] espanhol, bispo de [[Chiapas]] ([[México]]) e grande defensor dos [[ameríndio|índios]], considerado o primeiro [[sacerdote]] ordenado na [[América]].
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'''Bartolomé de las Casas''' ([[Sevilha]], [[1474]] — [[Madrid]], [[17 de julho]] de [[1566]]) foi um [[frade]] [[dominicanos|dominicano]] e[[Espanhóis|espanhol]], [[Crônica (gênero)|cronista]], [[Teologia|teólogo]] espanhol, [[bispo]] de [[Chiapas]] ([[México]]) e grande defensor dos [[ameríndioPovos ameríndios|índios]],. É considerado o primeiro [[sacerdote]] ordenado na [[América]].
 
== Biografia==
Conhecido em português como '''Frei Bartolomeu de las Casas''',<ref>LAS CASAS, F. B. ''O paraíso destruído: a sangrenta história da conquista da América Espanhola. Tradução de Heraldo Barbuy. Porto Alegre. L&PM. 2011. 176 p.</ref> era filho de um modesto comerciante de [[Tarifa (município)|Tarifa]], na [[Andaluzia]]. Participou da segunda viagem de [[Cristóvão Colombo]]. Havia feito estudos de [[latim]] e de [[humanidades]] em [[Salamanca]]. Partiu para a ilha de [[Hispaniola]] ou La Española na expedição de [[Nicolás de Ovando]], em 1502 ou 1503, chegando em 15 de abril. Como a maioria, Bartolomeu estava motivado pelo espírito aventureiro e explorador de riquezas, logo se adaptando ao estilo de vida dos [[Colonização da América|colonizadores]]. No início, aceitou o ponto de vista convencional quanto à exploração da mão de obra [[povos ameríndios|indígena]] e também participou dos ataques contra as tribos e a [[escravização]] dos nativos em plantações.
 
Viajou depois a [[Roma]], onde terminou os estudos e se ordenou sacerdote em [[1507]]. [[Isabel de Castela]], a rainha a quem o papa dera licença para se intitular "A Católica", considerava a [[catequese|evangelização]] dos índios uma importante justificativa para a [[expansão colonial]] e, como tal, insistia para que sacerdotes estivessem entre os primeiros a se fixarem na [[América]].
[[File:Bartolomé de las Casas (1552) Brevisima relación de la destrucción de las Indias.png|thumb|250px|esquerda|Capa da edição de "Brevíssima relação da destruição das Índias Ocidentais" publicada em Sevilha em 1552]]
 
Em [[1510]], Bartolomeu de Las Casas retornou à [[Hispaniola|ilha Espanhola]], agora como [[missionário]]. Conseguiu um ''repartimiento'' ou ''[[encomienda]]'' de índios, dedicando-se assim ao trabalho pastoral. Os [[dominicanos]] contrários à ''encomienda'', dados os abusos cometidos contra os índios, não mudaram sua opinião, mas Freifrei Bartolomé defendia a instituição. Transferiu-se para [[Cuba]], com [[Pánfilo de Narváez]], e, ali, foi [[capelão]] militar. Recebeu outra vez um ''repartimiento'' onde se ocupava em mandar seus índios às minas, tirar ouro, e fazer sementeiras, aproveitando-se deles como podia. Em [[21 de Dezembro]] de [[1511]], escutou o célebre [[Sermão do Advento]], por Freifrei [[António de Montesinos]], no qual este defendia a dignidade dos indígenas. O profundo impacto daquela pregação levou Bartolomeu de las Casas a uma nova atitude, e ele passou a pregar contra o sistema de ''encomienda'', denunciando-o como injusto. Considerava, então, que os únicos donos do [[Novo Mundo]] eram os índios, e que os espanhóis só deviam lá ir para o trabalho de conversão. Renunciou a todas as suas ''encomiendas'' e iniciou uma campanha de defesa dos índios, mostrando tudo o que havia de injusto do sistema. A campanha foi dirigida ao próprio [[rei de Aragão]], [[Fernando II de Aragão|Fernando II]], e depois ao [[Cardeal Cisneros]], que viria a nomeá-lo "protetor dos índios", em [[1516]].
 
Com a morte do cardeal, recomeçou seu trabalho e tentou convencer o rei de [[Espanha]] [[Carlos I]] (imperador [[Carlos V]]), neto dos Reis Católicos. Como denunciava publicamente os abusos dos funcionários, obteve a inimizade de muitos, especialmente membros do [[Conselho das Índias]], presidido pelo bispo [[Juan Rodríguez de Fonseca]]. Advogava por uma colonização pacífica das terras americanas, por meio de lavradores e missionários.
 
Com tal objetivo, partiu de novo para a América, onde, em 1520, Carlos I lhe deu o território hoje venezuelano de [[Cumaná]] para pôr em prática suas teorias. Teve pouco êxito e durante uma de suas ausências, os índios aproveitaram para matar grande número de colonos. O desastre fez com que entrasse para a ordem dominicana. Manteve porém suas inflamadas teorias contra a escravidão dos índios, embora, curiosamente, estivesse a favor da [[Escravidão africana|escravidão dos africanos]] e alegava que todas as guerras contra os índios eram injustas. Por isso, se enfrentou a diversos teólogos, especialmente frei [[Francisco de Vitória]]. Pediu, a seus superiores, para ir advogar suas teorias diante do Conselho das IndiasÍndias, mas o fracasso em Cumaná o desacreditava.
 
Em 1535, partiu para o [[Peru]], mas o navio em que viajava naufragou no litoral da [[Nicarágua]]. Lá, ele enfrentou o governador [[Rodrigo de Contreras]] denunciando o envio de escravos índios ao Peru.
[[File:Félix Parra - Fray Bartolomé de las Casas - Google Art Project.jpg|thumb|300px|direita|Frei Bartolomeu de Las Casas retratado pelo pintor mexicano Félix Parra em 1875]]
 
Em 1536, se transferiu à [[Guatemala]], para continuar a pregação e pôr, em marcha, um projeto de conquista pacífica que batizou de "Vera Paz". Entre 1537-1538, conseguiu cristianizar a zona de modo pacífico, substituindo a ''encomienda'' por um tributo pago pelos índios. Regressou em 1540 à Espanha, convencido de que era na corte que deveria vencer a batalha em favor dos índios. Em 1542, o Conselho das Índias o ouviu, e suas opiniões causaram profunda impressão em [[Carlos V]].
 
Atribui-se, a sua influência, o fato de que, em 20 de novembro de 1542, tenham sido publicadas as " Leis Novas" , em que se restringiam as encomendas e a escravidão dos índios, embora não tenham sido do agrado pleno de Las Casas. Escreveu, então, sua obra mais importante: ''Brevísima relación de la destrucción de las Indias''». Como acusa os descobridores da América de crimes, abusos, e violências, a obra foi chamada de escandalosa e exagerada, e não conseguiu evitar a continuação das conquistas, como desejava. Seria publicada ilegalmente em 1552, e conseguiu grande sucesso no [[século XVII]], convertendo-se numa das fontes de nascimento da «"lenda negra»" do Império espanholEspanhol.<ref name="WDL">{{cite web |url = http://www.wdl.org/pt/item/515/ |title = Um reflexo da cruel e horrível tirania espanhola perpetrada nos Países Baixos pelo tirano Duque de Alba e outros comandantes do Rei Felipe II |website = [[World Digital Library]] |date = 1620 |accessdate = 2013-08-27 }}</ref>
 
Em 1543, recusou o [[bispado]] de [[Cuzco]] mas aceitou o de [[Chiapas]], no [[México]], encarregado de pôr em prática suas teorias. Foi consagrado em [[Sevilha]] em 1544. Não foi bem recebido em Chiapas, porque os colonos o consideravam responsável pela publicação das «''"Leis Novas''»".
 
Escreveu, ainda, um «''Confesionario''»"Confessionário", em que mandava que antes de iniciar a confissão, o penitente devia libertar seus escravos. Tais medidas provocaram distúrbios, e em 1546 teve que partir para a cidade do [[México]], sem mudar sua política. Sua doutrina seria repelida por uma junta de prelados. Embarcou em Veracruz para a Espanha e se recolheu ao convento de S.São Gregório, em [[Valladolid]]. Nessa cidade tiveram lugar importantes discussões de 1550 a 1551 entre ele e [[Juan Ginés de Sepúlveda (o amputado)]] sobre a legitimidade da conquista, saindo vitorioso o segundo.
[[File:De Bry 1c.JPG|thumb|esquerda|400px|[[Gravura]] de [[Theodor de Bry]] que ilustra a edição de 1552 de "Brevíssima relação da destruição das Índias Ocidentais"]]
 
Foi nomeado [[Bispobispo]] de [[Chiapas]] aos 70 anos de idade, em [[1544]]. Mas, ficou apenas três anos em Chiapas, sempre perseguido pelos espanhóis. Em [[1547]], partiu da América para não mais voltar. Regressou à Espanha, continuando, ali, a defesa dos índios, onde corrigiu e publicou seus escritos, todos se contrapondo à política colonial. Porém, suas idéiasideias foram contestadas, na América e também na Espanha. Tanto que, em [[1552]], suas obras foram censuradas e proibidas para a leitura. Havia renunciado a seu bispado, antes de morrer aos 92 anos de idade no [[Basílica de Atocha|Convento Dominicano de Atocha]], em Madri, no dia [[17 de julho]] de [[1566]], em Madrid, Espanha.
 
Em defesa dos índios do novo continente, viajaraviajou numerosas vezes à Espanha, apelando aos oficiais do governo e aos que quisessem ouvir. Desde que ingressou na vida religiosa dominicana, dedicaradedicou-se à causa dos indígenaaindígenas, defendendo-lhes a vida, a liberdade e a dignidade, e lutando para que tivessem direitos políticos, como povos livres e capazes de realizar uma nova sociedade, mais próxima do [[Evangelho]]. Sua prioridade foi sempre a [[evangelização]]. Com tal propósito, viajaraviajou pela [[América Central]] em trabalho pioneiro, registrando, em seus diários, o que se passava em seus diários. Foi perseguido pelos colonizadores espanhóis de [[São Domingos]], [[Peru]], [[Nicarágua]], [[Guatemala]] e do [[México]].
 
Muito querido do [[Mexicanos|povo mexicano]], seu nome hoje é lembrado como um dos maiores [[Humanismo|humanistas]] e missionários[[missionário]]s da [[História do Cristianismo]].
 
== Obras ==
* ''Historia de las Indias''
* ''De unico vocationis modo'', conocidaconhecido enem español[[Língua castelhana|castelhano]] como ''Del único modo de atraer a todos los pueblos a la verdadera religión'', 1537
* ''Brevísima relación de la destruición de las Indias Ocidentales'' ("Brevíssima Relação da Destruição das Índias Ocidentais", ou "O Paraíso Destruído")<ref>LAS CASAS, F. B. ''O paraíso destruído: a sangrenta história da conquista da América Espanhola. Tradução de Heraldo Barbuy. Porto Alegre. L&PM. 2011. p. 11-13.</ref>
* ''Brevísima relación de la destrucción de las Indias''
* ''Los dieciséis remedios para la reformación de las Indias''
* ''Apologética história sumária cuanto a las cualidades, disposición, descripción, cielo y suelo destas tierras, y condiciones naturales, políticas, repúblicas, maneras de viver y costumbres de las gentes destas Indias Ocidentales y Meridionales, cuyo império soberano pertence a los reyes de Castilla'' (Apologética História)<ref>LAS CASAS, F. B. ''O paraíso destruído: a sangrenta história da conquista da América Espanhola. Tradução de Heraldo Barbuy. Porto Alegre. L&PM. 2011. p.16.</ref>
* ''Apologética historia sumaria''
* ''De thesauris''
* ''Treinta proposiciones muy jurídicas''
{{Commons|Category:Bartolomé de Las Casas}}
 
{{referenciasreferências}}
 
== Ver também ==