Economia feminista: diferenças entre revisões

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'''Economia feminista''' faz parte do pensamento feminista, tem início na década de 90 e seu tema principal é a crítica à
'''Economia feminista''' refere-se amplamente a um ramo florescente da [[economia]] que aplica [[insight]]s e críticas [[feminismo|feministas]] à [[economia]]. A pesquisa feita sob este título é freqüentemente interdisciplinar ou [[heterodoxia|heterodoxa]]. Ela abrange debates sobre o relacionamento entre feminismo e economia em muitos níveis: da aplicação de métodos da economia ''mainstream'' a áreas "femininas" sub-pesquisadas, ao questionamento de como a economia convencional avalia o se(c)tor reprodu(c)tivo, passando por profundas críticas filosóficas da metodologia e [[epistemologia]] econômicas.
não-incorporação das mulheres, de seu trabalho e de sua ação econômica pela economia.
 
"O leque de temas analisados pela economia feminista é amplo e abarca diferentes aspectos da participação das mulheres no mercado de trabalho, as problemáticas sobre as políticas econômicas e seus efeitos na vida das mulheres, a própria definição de trabalho e economia, a relação entre orçamentos públicos e a manutenção dos estereótipos e desigualdades de gênero, a elaboração de políticas públicas orientadas pela igualdade, novos enfoques e metodologias para a produção de estatísticas, entre outros." (Economia feminista e soberania alimentar, p. 12)
 
{{Modelo Econômico atual}}
O modelo de economia existente no mundo hoje é totalmente desfavorável às mulheres, posto que foi construído nos moldes do pensamento patriarcal, de forma excludente, negando à mulher a participação no mercado formal como agente econômico. Mesmo após incorporar as mulheres no mercado de trabalho, a economia continua ignorando a importância do trabalho doméstico e dos cuidados do cotidiano, trabalho este que têm sido socialmente atribuído às mulheres.
Desta forma, "os custos com a produção do viver recaeam sobre as mulheres, já que não são incorporados nem por quem
emprega, nem pelo Estado e, tampouco, pelos homens no ambiente doméstico." (Economia feminista e soberania alimentar, p. 12.)
 
{{Produção x Reprodução}}
Questiona-se a divisão sexual do trabalho que atribui: Aos homens a atividade produtiva, relativa à produção de mercadorias e bens de consumo - visível, pública, reconhecida, remunerada. Às mulheres a atividade reprodutiva, relativa ao cuidado com as pessoas - invisível, privada, não reconhecida, não remunerada.
Esta divisão sexual do trabalho não é algo natural, mas socialmente construída por longos tempos de patriarcalismo. Como se não bastasse, cria-se uma hierarquia na qual o trabalho produtivo é valorizado em detrimento do trabalho reprodutivo, ao qual não é atribuído valor econômico. Esta hierarquia corrobora para a manutenção da opressão ao gênero feminino.
Ao entrar no mercado de trabalho, por meio das lutas feministas, a mulher pode atualmente exercer o trabalho produtivo, mas não está desobrigada do trabalho reprodutivo, recebendo pouca ou nenhuma colaboração do homem. Desta forma, eles têm seu tempo livre para dedicar-se à economia formal, enquanto elas enfrentam a dupla jornada de trabalho.
Isto torna as oportunidades das mulheres menores em relação às dos homens e faz com que haja mais pobreza entre o gênero feminino.
 
{{Invisibilidade Feminina}}
Questiona-se a invisibilidade do trabalho das mulheres. O trabalho feminino, muitas vezes associado à atividades privadas, como as atividades domésticas, o cuidado de crianças, idosos, doentes e deficientes físicos não é contabilizado pelo mercado de trabalho formal, por não ser uma atividade econômica. Desta forma, a energia e tempo que uma mulher dedica ao cuidado do lar e de outras pessoas são ignorados e sua atividade não é considerada como trabalho, como se este trabalho não tivesse nenhuma importância econômica ou social.
 
{{PIB}}
Uma questão proeminente que as economistas feministas investigam é o quanto o [[Produto Interno Bruto]] (PIB) não mede adequadamente o trabalho não pago realizado predominantemente por mulheres, tal como trabalhos domésticos, cuidados com crianças e idosos.<ref>[[Marilyn Waring|WARING, Marilyn]]. ''If Women Counted: A New Feminist Economics''. San Francisco: Harper & Row, 1988.</ref> Visto que grande parte do trabalho feminino é declarado como invisível, argumentam que políticas pensadas para incrementar o PIB podem, em muitos casos, realmente piorar a situação de pobreza das mulheres, mesmo se a intenção era incrementar a prosperidade. Por exemplo, abrir uma [[reserva florestal]] estatal no [[Himalaia]] para a exploração por [[indústria madeireira|madeireira]]s pode incrementar o PIB da [[Índia]], mas as mulheres que apanham lenha da floresta para cozinhar podem ter de encarar condições de vida substancialmente mais adversas.
 
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===Em inglês===
* {{((en))}}-[http://www.iaffe.org International Association for Feminist Economics (IAFFE)]
 
* {{((en))}}-[http://www.feministeconomics.org Journal of Feminist Economics]
 
'''Em Espanhol'''
* Publicação REPEN - Red de Educación Popular entre mujeres de Latinoamérica y el Caribe: ''Manual Pedagógico de Formación Económia Feminista, Social y Solydaria'' - http://www.repem.org/index.php/publicaciones/manuales-y-documentos/165-manual-pedagogico-de-formacion-economia-feminista-social-y-solidaria
 
===Em português===
* Artigo de Andressa Inácio de Oliveira: ''Introdução à economia feminista'' - http://cirandas.net/fbes/artigos-e-reflexoes/introducao-a-economia-feminista-reflexoes-em-torno-de-uma-critica-a-economia-capitalista-e-patriarcal
 
* Artigo de Graciete Santos: ''Economia Solidária e Feminista: um encontro possível'' - http://www.fbes.org.br/biblioteca22/economia_feminista_um_encontro_poss%EDvel
 
* Artigo de Cristina Carrasco: ''Introdução: Para uma economia feminista'' - http://www.sof.org.br/textos/31
 
* Artigo de Miriam Nobre: ''Interação entre a economia feminista e a economia solidária nas experiências de grupos de mulheres'' - http://www.sof.org.br/textos/29
 
* Publicação do MDA - Ministério do Desenvolvimento Agrário: ''Estatísticas rurais e economia feminista: um olhar sobre o trabalho das mulheres'' - http://www.mda.gov.br/sitemda/sites/sitemda/files/anexos/Livro_Estatisticas_Rurais_e_a_Economia_Feminista_0.pdf
 
* Publicação do MTE - Ministério do Trabalho e Emprego: ''Construindo Identidades Sociais: Relação gênero e raça na política pública de qualificação social e profissional'' - http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812BCB2790012BD4E7CBF70D92/relacao_genero_raca.pdf
 
* Publicação da SPM - Secretaria de Políticas para as Mulheres: ''Gênero e pobreza no Brasil'' - http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812BAFFE3B012BCB0B9B4B1EBA/GEneroPobreza_Brasil04.pdf
 
* Publicação da SPM - Secretaria de Políticas para as Mulheres: ''Relatório Anual Socioeconômico da Mulher, 2014'' - http://www.spm.gov.br/central-de-conteudos/publicacoes/publicacoes/2015/livro-raseam_completo.pdf
 
* Publicação da SOF - Sempre Viva Organização Feminista: ''Economia Feminista e Soberania Alimentar: Avanços e desafios'' - http://www.sof.org.br/artigos/economia-feminista-e-soberania-alimentar-avan%C3%A7os-e-desafios
 
* Publicação da SOF - Sempre Viva Organização Feminista: ''Trabalho, corpo e vida das mulheres: uma leitura feminista sobre as dinâmicas do capital nos territórios'' - http://www.sof.org.br/artigos/trabalho-corpo-e-vida-das-mulheres-uma-leitura-feminista-sobre-as-din%C3%A2micas-do-capital-nos-territ%C3%B3rios
 
* Publicação da SOF - Sempre Viva Organização Feminista: ''Cuidado, trabalho e autonomia das mulheres'' - http://www.sof.org.br/artigos/cuidado-trabalho-e-autonomia-das-mulheres
 
 
 
{{esboço-economia}}