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===Sobre as Faixasfaixas===
"Pouco", a faixa de abertura, começa em alta rotação, com ênfase nas guitarras. "Deixa Ela Entrar" é um rock mais melodioso. "Pequena Morte" fala sobre o orgasmo de maneira metafórica, enquanto "A Massa" e "Boca Aberta" atacam o materialismo. O clima arrefece em "Lado de Lá", balada com um toque de psicodelia marcada por um piano executado pela própria [[Pitty]]. A faixa-título, "Setevidas" conta com uma contribuição de peso: o saxofone de Carlos Malta. Já "Serpente", a última faixa do álbum, é a mais original do disco. Aqui [[Pitty]] exploraexplorou a percussão, que casa perfeitamente com um coro, que dá um tom meio de hino à canção. ''"O que em 'Serpente' é mais evidente está na verdade no disco todo. A ideia era ficar mais sutil"'', sintetiza [[Pitty]].
 
Em entrevista à revista ''O Grito!'' a cantora explicou a inspiração para compor cada faixa:<ref>{{citar web|url=http://revistaogrito.ne10.uol.com.br/page/blog/2014/06/19/faixa-a-faixa-pitty-comenta-novo-disco-setevidas/|título=Faixa a Faixa: Pitty comenta novo disco SETEVIDAS|publicado=Revista O Grito!|data=|acessodata=}}</ref>
 
<strong>01. Pouco:</strong>
"''Minimalismo no som, no papel é poesia concreta. Vontade de tudo. O eterno “vir-a-ser” de Parmênides. Repetição do texto de formas diferentes, como uma afirmação de uma ideia.''"
 
<strong>02. Deixa Ela Entrar:</strong>
"''Uma conversa interna. Ficar de bode do próprio existencialismo. Essa briga interna das vozes e personas digladiando; pensar demais, prós e contras, não conseguir evitar de se aprofundar sempre e depois ver como isso é cansativo. No refrão, a constatação do imprevisto, do se abrir ao acaso, do racionalizar menos e intuir mais. Na música, buscamos um flow contínuo, como uma onda, como um diálogo.''"
 
<strong>03. Pequena Morte:</strong>
"''Essa foi uma demo que eu e Martin tínhamos feito há um tempo. A música estava pronta, e o pulso e a batida dela me soavam sensuais. Faz parte de uma busca recente pelo “roll” mais do que pelo “rock”, mais pelo blues, a parte curvilínea. E essa coisa sinuosa me fez pensar numa letra sobre instinto, pele, a inevitabilidade de ceder à nossa própria natureza animal. “La petite mort”, o eufemismo que os franceses usam para se referir ao orgasmo.''"
 
<strong>04. Um Leão:</strong>
"''Sentei com o violão no colo na intenção de fazer uma música dançante. E saiu esse 5/4. Podem até dizer que ritmo composto não é necessariamente um convite à dança, mas eu discordo. Acho que estava numa fase de reconhecer e tentar traduzir nosso lado animal e instintivo, porque essa letra também tem a ver com isso. Pro refrão eu tinha uma imagem: a natureza da relação de dependência, confiança e um certo sadomasoquismo entre um atirador de facas e sua assistente. E isso aplicado ao contexto de quaisquer outras relações na nossa vida cotidiana.''"
 
<strong>05. Lado de Lá:</strong>
"''É um réquiem. E uma pergunta. Sentei ao piano e saiu um blues. Com os meninos, aprimoramos o arranjo; e como gravamos ao vivo, a jam session do final cada vez saía diferente. Esse foi o take escolhido. Patti Smith escreveu um texto e me trouxe a imagem do barqueiro que, em tantas culturas e mitologias, faz a travessia para o outro lado.''"
 
<strong>06. Olho Calmo:</strong>
"''Essa fizemos todos juntos no estúdio, durante um ensaio. Fluiu muito rapidamente, todos se encaixando de pronto. Me debati um pouco para fazer a letra depois, porque o espaço do verso e refrão eram pequenos. Precisava construir frases sintéticas e resumir uma ideia em poucas palavras. A ideia de com o tempo, aprender a hora de falar e de calar, de gritar e de ouvir, saber que briga vale a pena brigar. E me veio a imagem de um cão velho e sábio que não gasta tempo ladrando a toa; mas, quando precisa, sabe se defender.''"
 
<strong>07. Boca Aberta:</strong>
"''Ansiedade. Estímulo por todos os lados. O Ter para Ser propagado à exaustão. A medida de todas as coisas. A negação do maniqueísmo; tudo é bom e ruim, depende de quanto, como e por quê. Eu tinha escrito como um poema, e guardado. Na época do disco, mandei para Martin e um tempo depois ele apareceu com a música, e uma pegada flamenca que achei muito interessante.''"
 
<strong>08. A Massa:</strong>
"''Um texto que eu já tinha, e lapidei a métrica para caber na música. Uma reflexão pessoal; como estamos, e para onde vamos? Como vamos? Estamos desenvolvendo senso crítico ou sendo arrastados pela corrente? E aí pintou a analogia com a culinária; a paciência e o cuidado que se tem quando se quer um bolo bem feito, o processo de fermentação, a qualidade e quantidade dos ingredientes. Que resultado se quer da massa, e como ela está sendo tratada para chegarmos nisso? A música tem uma batida mais dura, buscava a sensação de fábrica, a repetição de um operário na indústria, cenas de [[Tempos Modernos]] de [[Charles Chaplin|Chaplin]].''"
 
<strong>09. SeteVidas:</strong>
"''Resiliência. Passar pelas coisas e se reerguer. É clichê, mas é o que é. Nunca é fácil pra ninguém. A experiência transformadora de passar por um problema de saúde. Na música, pro refrão, queria achar o balanço do Kinks e Sonics, música de garagem dos anos 60, aquele groove. O pianinho-martelo dos Stooges. Mais uma vez, o “roll”. Deu trabalho, experimentamos variações até chegar nessa levada. Pra estrofe, buscamos uma vibe Miami Bass, Funkadelic, Run DMC, funk carioca old school. Pra dançar, mesmo. O sopro no refrão somando no “wall of sound” pra trazer o soul.''"
 
<strong>10. Serpente:</strong>
"''Respirar e ter calma porque amanhã é outro dia e o melhor é ir um de cada vez. Transformar cobre em ouro, como na alquimia. Não se deixar amargurar. Enxergar os ciclos, morte e renascimento, eterno retorno, o mantra de Shiva costurando no final a ideia de há que se destruir para construir. Na música, é a faixa onde a experiência com a música afro é mais evidente. Samba-reggae, e afoxé. Sensação de quarta-feira de cinzas, “corpos ébrios em confusão”, fim de Carnaval e alguém descendo uma ladeira, o dia raiando de volta ao normal.''"
 
==Formação==