Caçador (militar): diferenças entre revisões

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Em [[1743]], a França criou os ''Chasseurs de Fischer'' (Caçadores de Fischer), a primeira unidade com esta designação e que consistia num corpo de [[franco-atirador]]es do Exército Real composto por 400 soldados de infantaria e 200 de cavalaria. Em [[1761]], esta unidade transforma-se nos Caçadores Dragões de Conflans, um corpo misto de 800 efetivos. Na mesma época, são criadas outras unidades de tropas ligeiras como os Arcabuzeiros de Grassin, os Fuzileiros de Molière, os Voluntários de Gantès, os Voluntários Bretões, os Voluntários do Delfinado, os Voluntários de Hainaut e os Voluntários Reais. Todas estas unidades são transformadas em seis [[legião|legiões de tropas ligeiras]], cada uma compreendendo oito companhias de [[dragão (militar)|dragões]], oito de [[fuzileiro]]s e uma de [[granadeiro]]s. Em [[1776]], em cada um dos 108 regimentos de infantaria de linha é criada uma companhia de caçadores, através da incorporação das tropas ligeiras das várias legiões. Em [[1779]], são criados regimentos de ''chasseurs à cheval'' (caçadores a cavalo), empregues em operações de reconhecimento, com características muito semelhantes às dos [[hussardo]]s. Para além disso, a partir de [[1784]], são criados batalhões independentes de ''chasseurs à pied'' (caçadores a pé), os quais usam um uniforme distintivo de cor [[verde]] floresta e um emblema na forma de uma [[trompa]] de caça.
 
Depois da [[Revolução Francesa]], em [[1796]], são criadas as semi[[semi-brigada]]s de infantaria ligeira que absorvem as unidades de caçadores. Estas semi-brigadassemibrigadas incluem 12 companhias de caçadores (em vez dos [[fuzileiro]]s das semi-brigadassemibrigadas de infantaria de linha), apoiadas por companhias de [[carabineiro]]s (em vez dos granadeiros) e de ''voltigeurs''. Com [[Napoleão]], estas brigadas serão transformadas em regimentos de infantaria ligeira. Napoleão cria também os regimentos de caçadores e de fuzileiros-caçadores da [[Guarda Imperial (Napoleão)|Guarda Imperial]].
 
A partir de [[1838]], os caçadores a pé organizam-se novamente em batalhões independentes, agora equipados com as novas [[carabina]]s estriadas e [[sabre-baioneta]]. Manterão a tradicional organizações em batalhões até à atualidade.
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=== Portugal ===
Os caçadores constituiramconstituíram as tropas de infantaria ligeira de elite do [[Exército Português]], durante o século XIX, ficando mundialmente famosos pela sua atuação na [[Guerra Peninsular]].
 
A primeira unidade de tropas do tipo do que viriam a ser os caçadores foi o Regimento de Voluntários Reais (RVR) criado em [[1762]] pelo [[Guilherme de Schaumburg-Lippe|Conde de Lippe]], durante a [[Guerra Fantástica]]. Este regimento era uma unidade especial vocacionada para a realização de operações de guerrilha, de infiltração e sabotagem no interior do território inimigo, sendo composta por tropas de cavalaria e infantaria ligeiras, que fardavam já uniformes [[marrom|castanhos]] como os que viriam a ser mais tarde adoptados pelos caçadores. No [[Ultramar Português]], seriam criadas unidades do mesmo tipo como as legiões de voluntários reais de [[São Paulo]] e de [[Pondá]]. O RVR seria extinto passado pouco tempo, mas, em [[1796]], voltaria a ser criada uma unidade com características semelhantes, sob a forma da [[Legião de Tropas Ligeiras]].
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# '''Batalhões de caçadores''' (na [[Metrópole]]) - batalhões reforçados de infantaria, criados em [[1926]], como unidades em elevado grau de prontidão, vocacionadas para a defesa avançada da fronteira, em cobertura do corpo principal do Exército;
# '''Caçadores nativos''' - designação atribuída, a partir da [[década de 1930]], às unidades de infantaria da guarnição normal dos diversos territórios do Ultramar Português. Estas unidades eram composta por soldados africanos, enquadrados por oficiais e graduados de origem europeia. A partir da [[década de 1950]], o adjetivo "nativos" foi caindo em desuso, passando estas unidades a designar-se simplesmente companhias ou batalhões de caçadores;
# '''Caçadores''' (expedicionários ao Ultramar) - designação atribuída, a partir da década de 1950, às unidades expedicionárias de infantaria ligeira, mobilizadas a título eventual nas unidades permanentes (da Metrópole ou do próprio Ultramar), para reforço da guarnição normal dos territórios ultramarinos. Estas unidades existiam apenas durante o tempo da comissão de serviços dos seus integrantes (normalmente dois anos), sendo extintas finda essa comissão e substituídas por outras. Eram criadas companhias de caçadores (CCaç) que podiam ser independentes ou integrar batalhões de caçadores (BCaç), compostos por três CCaç e uma companhia de comando e serviços. Ao longo dos 13 anos da [[Guerra do Ultramar]] foram organizados milhares de BCaç e CCaç, que constituiramconstituíram o grosso das tropas do Exército. No final da Guerra, existiam nos três teatros de operações cerca de 400 CCaç e cerca de 80 comandos de BCaç. Muitas das companhias e batalhões deste tipo foram mobilizados por unidades de artilharia e de cavalaria, adoptando a designação da arma de origem, ainda que se organizassem e atuassem como infantaria;
# '''Caçadores paraquedistas''' - designação atribuída em [[1952]] às novas [[Comando de Tropas Aerotransportadas|tropas paraquedistas]] criadas pela [[Força Aérea Portuguesa]]. Constituiram inicialmente o [[Escola de Tropas Paraquedistas|Batalhão de Caçadores Paraquedistas]], transformado em Regimento de Caçadores Paraquedistas em [[1961]]. A partir de 1961, foram também criados batalhões de caçadores paraquedistas em [[Angola]], [[Guiné Portuguesa]] e [[Moçambique]], que tomaram parte ativa na Guerra do Ultramar. Em [[1975]], a designação "caçadores paraquedistas" foi abolida e substituída pela de "tropas paraquedistas";
# '''Caçadores especiais''' - designação das tropas de operações especiais organizadas, a partir de [[1960]], no [[Centro de Instrução de Operações Especiais (Portugal)|Centro de Instrução de Operações Especiais]] e que também ficaram conhecidas por "''Rangers''". Considerando-se herdeiros dos antigos caçadores da Guerra Peninsular, adoptaram uma [[boina]] castanha da cor tradicional da farda daquelas tropas, com a tradicional corneta de caça como emblema. Além de terem sido as primeiras tropas do Exército Português a usarem boina, foram também as primeiras a usarem um uniforme [[camuflagem|camuflado]]. Várias companhias de caçadores especiais (CCE) combateram no início da Guerra do Ultramar, sendo as unidades do Exército melhor preparadas para a luta antiguerrilha. Em [[1963]], foi decidido alargar-se a formação em contrassubversão e contraguerrilha a todas as unidades do Exército enviadas para o Ultramar, sendo descontinuadas as CCE. Simultaneamente generalizou-se o uso da boina castanha a quase todas as unidades, tornando-se a boina padrão do Exército Português. Posteriormente foram criadas as unidades de [[Comandos (Exército Português)|comandos]], com características muito semelhantes às das antigas CCE.
A designação "caçadores" foi abolida do Exército Português em [[1975]], altura em que os batalhões de caçadores ainda existentes foram extintos ou redesignados "batalhões de infantaria" ou "regimentos de infantaria". O [[Batalhão de Caçadores n.º 5]] continuou a existir formalmente até [[1988]], mas apenas como um orgãoórgão para apoio administrativo às comissões liquidatárias das regiões e comandos militares em extinção. Hoje em dia, o [[Regimento de Infantaria n.º 19]] mantém-se como a única unidade resultante da transformação de um antigo batalhão de caçadores.
 
=== Países Baixos ===
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No âmbito das Guerras contra os Índios e os Franceses e como parte das milícias coloniais da América do Norte, em [[1755]], os Britânicos levantam uma companhia independente de infantaria ligeira comandada pelo major Robert Roger, que ficará conhecida como os "''Rangers''" (significando "guardas florestais" em [[língua inglesa|inglês]]). Os ''Rangers'' de Roger irão notabilizar-se pelo uso de táticas de guerrilha semelhantes às dos índios, sendo especialmente eficientes em operações de reconhecimento e de infiltração no interior do território inimigo para atacar objetivos distantes. A designação "''Rangers''" irá ser recuperada na [[Segunda Guerra Mundial]], pelo [[Exército dos EUA]], para designar as suas forças especiais. Os ''Rangers'' de Roger e outras unidades semelhantes estavam armados com armas estriadas ("''rifles''" em inglês). Depois destas unidades de caráter eventual, em [[1800]], o [[Exército Britânico]] começará formar unidades regulares de infantaria ligeira designadas "''rifles''". Os soldados destas unidades (''riflemen'') estavam todos armados com armas estriadas (''rifles'') e usavam uniformes verdes contrastantes com os normais uniformes vermelhos britânicos.
 
Na segunda metade do século XIX, com a generalização das táticas de infantatriainfantaria ligeira a todas as unidades de infantaria, os regimentos de ''rifles'' foram perdendo as suas funções especializadas, transformando-se em unidades de infantaria normais. Mantiveram, contudo as suas tradições, como a do uso de um uniforme cerimonial de cor verde. Ao longo do século XX, os diversos regimentos de ''rifles'' e de infantaria ligeira do Exército Britânico foram sendo sucessivamente fundidos, dando finalmente origem a um único regimento, criado em [[2007]] e designado "''The Rifles''".
 
Desde [[1923]], todos os soldados de infantaria do Exército Britânico são oficialmente designados "''riflemen''".