Espírito Santo: diferenças entre revisões

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Entretanto "'''''a crença nesses termos foi definida somente nos séculos 4 e 5 depois de Cristo, e como tal, não é explícita e formalmente bíblica'''''. A [[trindade]] de pessoas no interior da unidade de natureza é definida em termos de "pessoa" e "natureza", que são termos filosóficos gregos; de fato, eles não aparecem na Bíblia. As definições trinitárias surgiram como o resultado de longas controvérsias, nas quais esses termos e outros como "essência" e "substância", foram erroneamente aplicados a Deus por alguns teólogos".<ref>{{citar livro|nome = John L.|sobrenome = McKenzie|título = Dicionário Bíblico|ano = 1984|isbn = 978-85-349-0374-5|editora = Paulus|seção = "Trindade"}}</ref>
 
Em primeiro lugar, é preciso levar em conta os vários significados da palavra "espírito" que no [[Antigo Testamento]] que, na grande maioria dos casos, são os mesmos encontrados no [[Novo Testamento]] ('''''ruach "espírito"''''' '''em hebraico equivale à palavra grega ''pneuma)'''''. ''Dependendo do contexto '''"espírito"''' pode significar '''"vento", "sopro" ou "hálito";''' muitas vezes quer dizer '''"ânimo", "vigor", "vitalidade", "força", "capacidade" e "poder", "disposição" ou "inclinação para fazer alguma coisa".''' '''A palavra '''"espírito"''''' '''<nowiki/>'''''designa invariavelmente um'' '''''<nowiki/>'''"algo" '''<nowiki/>'''e nunca um'' '''''<nowiki/>'''"alguém" no Antigo Testamento, sendo, portanto, normalmente escrita com letras minúsculas. e asAs exceções aparentes são consideradas '''personificações literárias de forças impessoais.''' Só no Novo Testamento seres como '''"almas", "anjos" e "demônios"''' passaram a o nome de '''"espíritos"''' ainda que o significados veterotestamentários de '''"ânimo"''' e '''"poder" também sejam bastante habituais nos textos cristãos.''''' "'''O espírito de Iahweh''' '''''é muitas vezes''' '''a força que inspira a profecia''''' (Nm 11,17ss; 24,2; 2Sm 23,2; 1Cr 12,18; Is 61,1; Mq 3,8; Ez. 2,2; 3,2, 14,24, etc). (...) O ''espírito de Iahweh é um espírito carismático'' quando é concedido aos que têm um cargo em Israel: juízes (Jz3,10; 11,29; 6,34; 13,25; 14,6.19; 15,14), reis (1Sm 11,6; 16,13s) em particular o rei messiânico (Is 11,2), o servo de Iahweh (Is 42,1), Ciro (Is 48,16), artesãos (Ex 31,3; 35,31). Na literatura mais tardia, ele é derramado sobre todo o povo na regeneração messiânica (Is 32,15; Ez 39,29; Zc 12,10) e sobre os homens sábios (Jó 32,8; Pv 1,23). O espírito não confere àqueles que o recebem somente as qualidades necessárias para cumprirem a sua missão, mas lhes inspira também atos acima e além do que se poderia esperar de seus hábitos e possibilidades. Também cumpre notar que o espírito é um carisma passageiro nos juízes e em [[Saul]], mas permanece sobre [[Davi]] e o rei messiânico. Aqui há uma evolução evidente no sentido de uma hipostatização do espírito, não no sentido de que ele seja concebido como uma pessoa, mas como '''''uma''''' '''''fonte substancial de força e de atividade'''''. '''''É a força criadora de Iahweh''''' (Gn 1,2; Jó 33,4). Move o carro de Ezequiel (Ez 1,12.20s; 10,17) porque é o elemento divino de poder. '''''É o poder salvífico de Iahweh'''''; Israel é salvo não pelo poder nem pela força mas pelo espírito de Iahweh em Zc 4,6. É a presença divina efundida no mundo e no governo de Iahweh da parte de Israel (Sl 139,7; Sb 1,7; Is 63,10s; Ag 2,5). É o espírito santo de Iahweh (Sl 51,9; Is 63,10s uma expressão rara) ou seu bom espírito (Ne 9,20; Sl 143,10). Resumindo, o espírito no Antigo Testamento, originalmente vento e sopro, é concebido como uma entidade divina dinâmica, pela qual Iahweh realiza seus objetivos; ele salva, é uma força criadora e carismática, e como agente de sua ira é um poder demoníaco (1Sm 16,14-16,23; 18,10; 19,9). '''''Todavia é impessoal'''''".<ref>{{citar livro|nome = John L.|sobrenome = McKenzie|título = Dicionário Bíblico|ano = 1984|isbn = 978-85-349-0374-5|editora = Paulus|capítulo = "Espírito"}}</ref>
 
"A concepção do espírito como '''''força de Deus''''' apresenta parcialmente a novidade do Novo Testamento, que é mais desenvolvida em [[Paulo]] e [[João]]. '''''É a força que impele Jesus para o deserto''''' (Mc 1,12 - uma expressão omitida em Mt 4,1), e '''''é a força pela qual Jesus expulsa os demônios''''' (Mt 12,28; Lc 11,20 usa "o dedo" de Deus). (...) O pecado de falar contra o espírito santo não é perdoado (Mt 12,32; Mc 3,29; Lc 12,10). Este conceito difícil explica-se sobretudo do contexto, como uma negação do princípio em virtude do qual o pecado é perdoado. Este princípio é a vontade salvífica de Deus, que se manifesta e opera no exorcismo dos demônios por Jesus".<ref>{{citar livro|nome = John L.|sobrenome = McKenzie|título = Dicionário Bíblico|ano = 1984|isbn = 978-85-349-0374-5|editora = Paulus|capítulo = Espírito}}</ref> "O espírito em [[Mateus]] e [[Marcos]] é geralmente o espírito do [[Antigo Testamento]] aplicado à pessoa e à missão de Jesus. '''''Fora de Mateus 28,19 ele não pode ser chamado um ser pessoal ou distinto do Pai'''''".<ref>{{citar livro|nome = John|sobrenome = McKenzie|título = Dicionário Bíblico|ano = 1984|isbn = 978-85-349-0374-5|editora = Paulus|capítulo = Espírito}}</ref> A fórmula batismal comumente atribuída a Cristo, "Ide, portanto, e fazei com que todas as nações se tornem discípulos, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo", '''''jamais é citada em outras passagens da Bíblia onde''''' '''''os apóstolos confirmam o batismo apenas "em nome de Jesus"''''' (At 1,5s; 2,38s). O comentário católico da Bíblia de Jerusalém admite que "em sua forma precisa, essa fórmula reflita influência do uso litúrgico posteriormente fixado na comunidade primitiva".<ref>{{citar livro|nome = |sobrenome = |título = Bíblia de Jerusalém|ano = 2002|isbn = 978-85-349-1977-7}}</ref>