Kouros: diferenças entre revisões

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== Caracterização ==
 
Os primeiros ''kouroi'' eram feitos de [[madeira]] e não sobreviveram até aos nossos dias devido à sensibilidade do material. Por volta do [[século VII a.C.]], os gregos passam a dominar o trabalho em [[pedra]], aprendendo-o com as ferramentas metálicas dos [[Antigo Egipto|egípcios]] (que já haviam aprendido a arte da fabricação dos metais com os invasores hicsos, estes oriundos dos povos do mar relacionados as invasões indo-européias), e criam ''kouroi'' em pedra, especialmente em [[mármore]] originário das ilhas de [[Paros]] e [[Samos]], possivelmente pintando-os depois.
 
ResultadoO resultado das visitas constantes de mercenários e mercadores gregos ao Egito, tanto a ''kore'' como o ''kouros'' vão se deixar fortemente influenciar pela [[arte do Antigo Egipto|arte do Antigo Egito]]. Principalmente na fase arcaica, estas estátuas são pautadas por uma rígida [[simetria]] e frontalidade, característica assimilada das estátuas egípcias. As extremidades do corpo transmitem pouco movimento, embora algumas vezes estátuas se posicionem como se estivessem a dar um passo em frente, embora de um modo artificial. Mas ao contrário das estátuas egípcias na mesma posição, os ''kouroi'' apresentam um ligeira inclinação para a frente, não deixando que o peso do corpo assente somente na perna que fica recuada. Também como nas suas parentes egípcias, o [[Tronco (anatomia)|tronco]] é largo e a [[cintura]] estreita, e os [[músculo]]s e as [[articulação|articulações]] são modulados de forma esquemática. Geralmente apresentam os [[braço]]s caídos aos longo do corpo, mas também existem os que têm um braço erguido a partir do cotovelo formando um [[ângulo]] de 90 º com o tronco, e que seguram na mão uma oferenda.
 
Os ''kouroi'' estão sempre nus, usando no máximo um [[cinto]], e ocasionalmente [[botas]]. O equivalente feminino do ''kouros'' designa-se [[kore]], e, contrariamente ao seu semelhante masculino, veste uma espécie de túnica chamada [[peplos]].
 
A [[cabeça]] erguida e os [[olho]]s são direccionadosdirecionados para o ponto de vista do observador, e nunca saem deste eixo rígido. Os rostos demonstram influência da [[arte cretense]] e são modulados como se de um estereótipo se tratasse: usam o [[cabelo]] longo e frisado ou com contas ao modo cretense, e os olhos possuem um aspecto similar ao da escultura egípcia, que era na altura copiada na produção cretense. Tanto os ''kouroi'', como a sua semelhante feminina, exibem um sorriso controlado de [[lábio]]s cerrados, o chamado [[sorriso arcaico]]. Também existem figuras de homens já adultos usando [[barba]], mas estes não se inserem na designação de ''kouroi''.
 
Mais tarde estas estátuas assumem poses mais naturalistas e os penteados deixam-se influenciar mais pela moda da Grécia continental.
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[[Ficheiro:Kouroi2.jpg|right|thumb|200px|[[Kleobis e Biton]], [[Museu Arqueológico de Delfos]].]]
 
Crê-se que, em períodos iniciais, o ''kouros'' possuissepossuise características mágicas, e que representasse a imagem dos deuses. Por volta do [[século VII a.C.]], o primeiro período para o qual existem fontes, pode-se concluir que os ''kouroi'' servem dois propósitos. São apresentados em [[templo grego|templos]] por gregos proeminentes como oferendas votivas, o que se pode comprovar pelas inscrições que surgem frequentemente nos seus pedestais. Também são colocados em [[cemitério]]s, em [[túmulo]]s de cidadãos importantes, onde representam o falecido como o ideal da masculinidade. No entanto, os ''kouroi'' nunca representam pessoas reais, os seus rostos não são retratos, mas antes uma representação simbólica do falecido. Somente a partir de finais do século VI a.C., os ''kouroi'' passam a representar pessoas reais de um modo naturalista, embora nunca perdendo totalmente a rigidez da tradição formal.
 
A maior parte destas estátuas é encomendada por aristocratas como oferendas para templos, ou pelas suas famílias para serem colocadas sobre os seus túmulos. A escultura em mármore é demasiado dispendiosa e somente os mais abastados podem pagar a escultores por obras deste valor. Deste modo, os ''kouroi'' tornam-se o [[símbolo]] da riqueza e do poder da classe aristocrática grega. Consequentemente, quando esta classe perde poder no século VI a.C., os ''kouroi'' saem de moda na produção artística.