Oreste Ristori: diferenças entre revisões

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== Biografia ==
=== Primeiros anos ===
Oreste nasceu em uma família de camponeses pobres nas imediações de [[San Miniato]] em [[Pino]], em [[12 de agosto]] de [[1874]]. Seu pai Egídio Ristori era um pastor de ovelhas, sua mãe de nome Massima Gracci auxiliava a família nos afazeres domésticos e realizava pequenos trabalhos rurais. Antes de completar dez anos mudou com sua família para [[Empoli]] ([[Santa Clara]]) em busca de melhores condições de vida. Em [[1880]] nasceu sua irmã que receberia o nome de Linda Ristori. Naqueles anos de profunda crise econômica em que a fome nas camadas populares se fez tantas vezes presente, ocorreram violentos confrontos entre diferentes classes sociais.
 
Desde de muito jovem Ristori teve que aprender a cuidar de si próprio. Em sua adolescência sobreviveu participando de pequenos rolos e atividades vistas como ilegais. No final do século XIX, na cidade de Empole e em seus arredores existiam muitos grupos anarquistas em atividade, engajados principalmente na defesa dos trabalhadores que por longos períodos ficavam desempregados levando a estes e as suas famílias à fome e à miséria.
 
=== Juventude ===
Sem qualquer instrução o expectativas Ristori aproximou-se gradualmente dos grupos anarquistas que se reuniam nos mercados e bares nos espaços centrais de sua cidade. Ainda em uma idade precoce passou a fazer parte de um desses coletivos tomando parte em atos de repúdio à [[exploração laboral]], à [[Violência estatal|violência dos aparatos estatais]] contra os trabalhadores, bem como aos altos [[imposto]]s cobrados pela Coroa do Rei [[Humberto I da Itália]] da [[Casa de Savoia]].
 
A partir deste contato com anarquistas, em sua maioria [[ilegalismo|ilegalistas]], aos 17 anos de idade Oreste já se considerava ele próprio um [[Anarquismo Individualista|anarcoindividualista]] e [[ilegalismo|ilegalista]], não só colocava ele próprio em prática diversas ações transgressivas, como também se mostrava portador de uma grande capacidade oratória que lhe renderia ainda em Empoli o apelido de "Bicudo".
 
=== Prisão ===
Entre as possíveis ações de sua autoria, seria acusado ainda aos 17 anos de incendiar a casa tributária de Empoli, local onde os impostos eram guardados para serem enviados ao governo central. Sendo absolvido do processo por falta de provas Ristori foi ainda assim condenado por associação à delinquência. Assim inicia sua peregrinação forçada por diversas prisões italianas: de [[Ústica]] a [[Ponza]], de [[Porto Ercole]] às [[Tremiti|Trémiti]], alojado em prisões superlotadas em condições desumanas nas quais Oreste sobreviveu entre ladrões e assassinos, conhecendo como muitos presos políticos. Endurecido pelo tempo nas prisões Oreste começaria a elaborar seu plano que futuramente recuperaria após ir para a [[América do Sul]]. A essa época escreveu seu primeiro artigo sobre as terríveis condições em que se encontravam os encarcerados, este foi publicado em diversas revistas anarquistas.
 
Depois de ser repatriado após uma tentativa de fuga para a [[França]], Oreste decidiu deixar a Itália rumo a [[América do Sul]] viagem que fez sem passaporte embarcando em um navio como clandestino.
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=== No Brasil ===
[[Ficheiro:ContraMigra.jpg|thumb|right|Capa da edição de ''[[La Battaglia (revista)|La Battaglia]]'' de [[1906]].]]
Junto com Mercedes Gomes, naquele mesmo ano Ristori se mudou para o [[Brasil]] indo viver na cidade de [[São Paulo]]. Lá em [[1904]] passaram a publicar a revista ''[[La Battaglia (revista)|La Battaglia]]'' realizando um grande sonho de sua vida. Na publicação semanal, parte em língua portuguesa, parte no idioma italiano, Oreste Ristori teve como colaboradores outros anarquistas imigrados da Itália como [[Alessandro Cerchiai]] e [[Gigi Damiani]].
 
{{quote|"''…o maior agitador já surgido em terras brasileiras''"|[[Everardo Dias]], sobre Oreste Ristori}}
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Em 1922 voltou para a cidade de São Paulo onde se colocou exerceu discretamente algumas atividades políticas. Continuou propagandeando o anarquismo no meio operário paulistano através de um novo periódico chamado ''[[L'Alba Rossa (periódico)|L'Alba Rossa]]''. Ao mesmo tempo Oreste incentivou a implantação da [[Escola Moderna]] seguindo os preceitos apontados pelo educador espanhol [[Francisco Ferrer]] para os filhos das classes populares de todo o estado de São Paulo.
 
À época grandes anarquistas e intelectuais vindos da itália costumavam se reunir no Café Guarani, na Rua Quinze, nas proximidades do largo Antonio Prado, para calorosos debates sobre os últimos acontecimentos políticos no mundo. Ela lá que Oreste se encontrava semanalmente com [[Antonio Piccarolo]], [[Paolo Mazzoldi]] (diretor do semanário ''[[Don Chisciotte (periódico)|Don Chisciotte]]''), [[Alessandro Cerchiai]] e [[Gigi Damiani]] (então diretores da ''La Battaglia'').
 
Com a chegada do ditador [[Getúlio Vargas]] ao poder sua militância tornou-se novamente enérgica. Passou a criticar as ações do governo aos olhos do qual se tornou um elemento indesejado passando a ser investigado minuciosamente. Ristori foi fichado pelo DEOPS/SP como militante comunista, participante do Comitê Antiguerreiro e Antifascista onde realizava campanhas contra a guerra na [[Abissínia]] e na [[Etiópia]].<ref name="ReferenceA">Pront. nº 364, de Oreste Ristori. DEOPS/SP. AESP.</ref>
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=== Regresso à Europa ===
No ano seguinte ([[1936]]) Oreste Ristori foi expulso do Brasil, sendo repatriado e conduzido até a cidade de [[Gênova]] onde seria entregue à polícia [[fascista]], mas na ocasião novamente consegue escapar, retornando à [[Empoli]] por um curto período. Ao receber notícias da [[Guerra Civil Espanhola]] Oreste ruma para a [[Espanha]] se integrando as tropas das [[Milícias Internacionais]] que lutam contra as tropas de [[Francisco Franco|Franco]].
 
Durante este período Ristori ateu-se à esperança de poder retornar à América do Sul onde Mercedes permanecia a sua espera. As cartas trocadas entre os dois são ainda hoje evidências de um amor indestrutível.
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=== Morte ===
No entanto, sua atitude discreta desapareceria com a queda do governo de [[Mussolini]] em [[25 de Julho]] de [[1943]]. Ristori seria um dos principais articuladores da manifestação não-autorizada no centro da cidade. Foi imediatamente preso e quando estava sendo conduzido a um dos quartéis, voltou-se para o comandante de polícia responsável pela operação e lhe chamou de "frígido" (''gelataio''). Foi imediatamente levado para [[Murate]] em [[Florença]] onde foi acusado de injúria a um oficial público.
 
Na manhã de [[2 de Dezembro]] de [[1943]] Oreste Ristori foi conduzido ao campo de tiro por policiais fascistas juntamente com outros quatro companheiros anarquistas e lá foram fuzilados.
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{{referências}}
 
== {{#if:|{{ELES|Bibliografia|}}|Bibliografia }} ==
* [http://books.google.com.br/books?id=Sj7R7r6KCVUC&dq=Oreste+Ristori&source=gbs_summary_s&cad=0 Carlo Romani. ''Oreste Ristori: uma aventura anarquista. Editora Annablume, 2002 ISBN 85-7419-284-8, 9788574192840. 307 páginas.]
* Paul Pianigiani, "Emporium", 2008.
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* Isabelle Felici, "Anarchistes Italiens au Brasil: Le percours emblématique de Francesco Gattai", Dialoghi: rivista di Studi Italici, vol. V. n. 1/2, pp.&nbsp;51–58
 
== {{Ligações externas}} ==
* [http://www.mnemocine.com.br/pesquisa/pesquisatextos/oresteristori.htm Individualismo à italiana]
 
== {{Ver também}} ==
{{portal-anarquia}}
* [[Edgard Leuenroth]]