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'''Mensagem subliminar''' é uma [[pseudociência]] e [[teoria de conspiração]], que afirma que uma imagem projetada numa velocidade maior que o olho podia captar, ou oculta num quadro, não será vista conscientemente, mas atingiam diretamente o subconsciente, podendo influenciar as pessoas. A teoria foi lançada em 1957, quando o publicitário James Vicary anunciou a criação da sua empresa, a Subliminal Projection Company, na qual era vice-presidente. Para provar a eficiência da propaganda subliminar, Vicary divulgou o resultado do experimento que teria conduzido num cinema de [[New Jersey]]. Ao inserir as frases "Drink Coke" e "Eat Popcorn" durante a projeção do filme (em noites alternadas) ele teria aumentado em 57,7% as vendas de pipoca e em 18,1% as vendas de Coca-Cola às portas de saída do cinema. <ref name=Ock>{{citar web|título=O nascimento de uma lenda|url=http://www.projetoockham.org/pseudo_subliminar_2.html|publicado=Projeto Ockham}}</ref>
'''Mensagem subliminar''' é a definição usada para o tipo de mensagem que não pode ser captada diretamente pela porção do processamento dos sentidos humanos que está em estado de alerta. Subliminar é tudo aquilo que está abaixo do limiar, a menor [[sensação]] detetável [[consciente]]mente. Importante destacar que existem mensagens que estão abaixo da capacidade de deteção humana - essas mensagens são impercetíveis, não devendo ser consideradas como subliminares. Toda ''mensagem subliminar'' pode ser dividida em duas características básicas, o seu grau de [[perceção]] e de [[persuasão]].
 
Com a divulgação do experimento de Vicary, as mensagens subliminares tornaram-se rapidamente populares, recebendo grande atenção da mídia e perseguição dos grupos religiosos que chegaram a afirmar que eram usados mensagens subliminares nas propagandas de bebidas alcoólicas para aumentar o consumo. Em 1962, alarmado com a dimensão que a história recebeu, James Vicary concedeu uma entrevista à revista Advertinsig Age em que confessou ter sido pressionado pelos investidores a publicar resultados de experimentos que não tinha feito realmente. Mesmo com o pronunciamento de Vicary, outros autores e grupos conservadores continuam a difundir a ideia de que as mensagens subliminares são usadas na mídia para manipular a população.<ref name="Ock"/>
A ''percepção subliminar'' é a capacidade do ser humano de captar de forma [[inconsciente]] mensagens ou estímulos fracos demais para provocar uma resposta [[consciente]]. Segundo a hipótese, o [[subconsciente]] é capaz de perceber, [[interpretação|interpretar]] e guardar uma quantidade muito maior de dados que o [[consciente]]. Como exemplo, imagens que possuem um tempo de exposição pequeno demais para serem percebidas [[consciente]]mente, ou sons baixos demais para serem claramente identificados. Dados que passariam despercebidos pela mente [[consciente]] seriam na verdade interpretados e guardados.
 
O conceito de mensagem subliminar não tem base científica, por que subliminar não é subentendido. Subliminar é o que não é visto conscientemente; se viu, deixou de ser subliminar. Uma imagem ou uma ideia sugerida, nas entrelinhas, sutil ou periférica não é subliminar. Estímulos sensoriais abaixo do limiar de percepção objetivo, ou seja, fora do alcance dos sentidos, como um som fraco demais para ser captado pelo ouvido ou ininteligível como uma mensagem reversa, ou uma imagem rápida demais que não possa ser captada pelo olho, não causam absolutamente nenhum efeito em quem é sujeito a eles.<ref name="OckVII"/>
A ''persuasão subliminar'' seria a capacidade que uma [[mensagem]] teria de influenciar o receptor. Segundo a [[hipótese]], toda mensagem subliminar tem um determinado grau de persuasão, e pode vir a influenciar tanto as [[vontade]]s de uma forma imediata (fazendo por exemplo, uma pessoa sentir vontade de beber ou comer algo), como até mesmo a [[personalidade]] ou gostos pessoais de alguém a longo prazo (mudando o seu [[comportamento]], transformando uma pessoa tímida em extrovertida). Esse grau de persuasão deveria variar de acordo com o tempo de exposição à mensagem, e a [[personalidade]] do [[recetor]].
 
Percepção subliminar é um tema amplamente estudado há mais de 100 anos pela psicologia. Embora muitos pontos permaneçam controversos, não há nenhuma evidência científica de que alguém possa ser persuadido por uma mensagem subliminar a iniciar uma ação complexa como consumir um determinado produto ou se suicidar. <ref name=OckVII>{{citar web|título=a verdade sobre mensagens subliminares|url=http://www.projetoockham.org/pseudo_subliminar_7.html|publicado=Projeto Ockham|acessodata=23 de Dezembro de 2014}}</ref>
A ''percepção subliminar'' é de fato comprovada cientificamente, com inúmeros [[experimento]]s que apresentaram fortes [[evidência]]s.<ref name="ref1">'''Subliminal Perception'''; Philip M. Merikle; Encyclopedia of Psychology (Vol. 7, pp. 497-499). New York: Oxford University Press, 2000. http://www.arts.uwaterloo.ca/~pmerikle/papers/SubliminalPerception.html</ref> No entanto, até hoje, a ''persuasão subliminar'' não conseguiu ser comprovada,<ref>'''Subliminal Self-help Auditory Tapes: An Empirical Test of Perceptual Consequences''';TIMOTHY E. MOORE; http://www.cpa.ca/cjbs/moore.html</ref> ainda que alguns pesquisadores independentes aleguem terem experimentos que de fato comprovariam a existência da persuasão. Não existe nenhum trabalho publicado em periódicos científicos que confirme essa afirmação, desde a época em que o conceito de mensagem subliminar foi definido.
 
== Origem do termoHistória ==
Em setembro de 1957, o especialista em marketing americano James Vicary convocou a imprensa para anunciar o lançamento de sua empresa, a Subliminal Projection Company, na qual era vice-presidente. Na conferência Vicary revelou ter patenteado uma nova técnica de vendas chamada "projeção subliminar" que consistia em utilizar um ta/quitoscópio (um dispositivo capaz de projetar imagens numa tela muito rapidamente) para exibir imagens entre os quadros de um filme durante uma fração de segundos (para ser mais preciso, 0.00033s). Como eram projetadas numa velocidade maior que o olho podia captar, estas imagens não eram vistas conscientemente, mas Vicary acreditava que elas atingiam diretamente o subconsciente. Para provar a eficiência de suas propagandas subliminares, Vicary divulgou o resultado do experimento que teria conduzido num cinema de New Jersey. Ao inserir as frases "Drink Coke" e "Eat Popcorn" durante a projeção do filme (em noites alternadas) ele teria aumentado em 57,7% as vendas de pipoca e em 18,1% as vendas de Coca-Cola às portas de saída do cinema. <ref>Advertising Age (Vol 37, pág. 127, 16 de setembro de 1957)</ref>
O conceito de subliminar é anterior a este termo, mas o conceito moderno surgiu com James Vicary, um especialista em [[marketing]] americano, no ano de 1957. Ele foi o fundador de uma empresa chamada ''"Subliminal Projection Company"'', e em uma conferência ele revelou para a imprensa que teria patenteado uma nova técnica de vendas que ele nomeou como "projecção subliminar". Essa técnica consistia em usar um [[taquitoscópio]] para projectar imagens em uma tela com uma velocidade de 1/3.000 de segundo, podendo assim exibir imagens entre os quadros de um filme durante uma fração de segundo.
 
A mídia abraçou a história e deu a ela um tratamento sensacionalista. Um dos artigos, do [[Wall Street Journal]], por exemplo, começava assim:<ref name="Ock"/>
Segundo a sua hipótese, como as imagens eram apresentadas em uma velocidade maior do que a capacidade do [[olho humano]] acompanhar, essas imagens não eram percebidas de forma [[consciente]]. Mas Vicary afirmou que elas atingiam diretamente o [[subconsciente]], sendo absorvidas de uma forma quase instantânea. Exatamente por causa dessa característica, a "projeção subliminar" teria um potencial enorme, e o seu uso em campanhas de publicidade provocariam um visível aumento no efeito das propagandas. Para comprovar a sua hipótese, Vicary apresentou resultados de um experimento que ele teria feito.
Em seu experimento, ele inseriu frases durante a exibição de um filme. Então, ele teria medido a diferença percentual na reação dos dois grupos, aquele que esteve presente nas sessões de "projecção subliminar", e o grupo que não sofreu exposição. As frases escolhidas foram "''Drink Coke''" (beba coca-cola) e "''Eat Popcorn''" (coma pipoca), e foram apresentadas em noites alternadas. Segundo os seus resultados, nas noites em que as frases foram projetadas as vendas de pipoca aumentaram em 57,7%, e as vendas de Coca-Cola em 18,1%. A experiência foi relatada na revista ''Advertising Age'' (Vol 37, pág. 127, [[16 de Setembro]] de [[1957]]).
Entretanto em 1962, James Vicary concedeu uma entrevista à revista ''Advertising Age'' - a mesma onde foram publicados os resultados de sua experiência - em que ele admitiu que se sentiu obrigado a forjar parte dos resultados da sua pesquisa.<ref name="ref1" /> Vicary afirmou na época que sofreu muita pressão dos investidores para apresentar resultados, e por causa disso, acabou apresentando resultados de experiências que não tinha feito de fato.<ref name="adage">[http://www.clementeferrer.com/articulos/Lo_subliminal_y_el_neuromarketing.htm Lo subliminal y el neuromarketing]</ref>
Muitos cientistas tentaram repetir a experiência de Vicary nos anos seguintes, sem sucesso. Mesmo com numerosos trabalhos feitos até hoje, a maioria possui falhas de metodologia que não permitem nenhuma afirmação conclusiva.<ref>'''The Subliminal Persuasion Controversy'''; Laura Branon e Timothy C. Brock; The Ohio State University. http://courses.umass.edu/psyc392a/pdf/brannon&brock.1994.pdf</ref> No entanto, o efeito [[psicologia|psicológico]] causado pela imensa repercussão da experiência foi suficiente para o surgimento de diversas [[teoria da conspiração|teorias conspiratórias]], mantendo a fama da força das mensagens subliminares até hoje.
 
"Esta história pode soar como se um disco voador espreitasse por detrás das cenas, mas você pode ter certeza que todos os personagens nesta novela são reais. O conto começa alguns meses atrás, quando vários homens silenciosos adentraram um cinema de New Jersey e montaram um estranho mecanismo junto ao projetor."
== Efeitos conhecidos no subconsciente neurológico ==
É unânime entre os neurocientistas e psicólogos que o inconsciente não é facilmente manipulado, como acredita o senso popular. Segundo Henrique Schützer Del Nero, Especialista em Psiquiatria pelo H.C da Faculdade de Medicina da USP, o inconsciente não pode levar o consciente a fazer algo que ele julgue errado ou que realmente não queira: ''"O inconsciente como um depósito de complexas decisões, desejos, preferências etc., é, sem dúvida, o principal alicerce [para a crença nas 'mensagens subliminares']. No entanto, esse inconsciente 'esperto', contido na visão popular da psicologia, tem sido rejeitado pelas modernas pesquisas cognitivas"'', afirmam os psicólogos Birgit Mayer e Harald Merckelbach, através do artigo "Unconscious Processes, Subliminal Stimulation, and Anxiety",<ref>'''Unconscious Processes, Subliminal Stimulation, and Anxiety'''; Birgit Mayer e Harald Merckelbach; Maastricht University; Clinical Psychology Review, Vol. 19, No. 5, pp. 571–590, 1999. http://arno.unimaas.nl/show.cgi?fid=2436</ref> publicado pela Clinical Psychology Review.
 
Matérias como estas, carregadas de mistério e de referências a contos de ficção cientifica, foram comuns e ajudaram a criar a aura fantástica em torno das mensagens subliminares que permanece até hoje.
Mas, então, é preciso entender como é o funcionamento da parte não-consciente do [[cérebro humano|cérebro]]. Subconsciente é um termo utilizado em psicologia para designar aquilo que está situado abaixo do nível da consciência ou que é inacessível à mesma. São todas as lembranças que não podem ser imediatamente recordadas, como também as diversas características de nossa personalidade. O subconsciente não é uma consciência paralela, ele é a "engrenagem" que sustenta a mente consciente, o reservatório de informações e sensações. Portanto o subconsciente não é capaz de tomar decisões, embora como parte do processamento, seja capaz de responder a estímulos - seja enviados do consciente como também estímulos dos cinco sentidos. (O conceito de subconsciente como uma mente paralela só aparece na [[psicanálise]], mas não é apoiado pela [[psicologia]] moderna.)
 
Desde o início as mensagens subliminares estiveram na mira dos grupos religiosos: logo após o anúncio da experiência de Vicary, a WCTU (Women's Christian Temperance Union) enviou uma nota à imprensa afirmando que técnicas subliminares estariam sendo usadas para aumentar as vendas de cervejas e outras bebidas alcoólicas. Nenhuma evidência que comprovasse a alegação foi apresentada, assim como nenhuma evidência tinha sido apresentada para comprovar o experimento de Vicary, mas juntas as duas alegações deram credibilidade uma à outra. <ref>How a Publicity Blitz Created the Myth of Subliminal Advertising" de Stuart Rogers, publicado em 1992 no Journal "Public Relations Quarterly", Volume 37</ref>
Como Philip M. Merikle, membro do departamento de psicologia da Universidade de Waterloo afirma, testes empíricos demonstram que existe certo nível de perceção inconsciente. No entanto, ele afirma: ''"Um tema comum que ligue todas as reivindicações extraordinárias a respeito da perceção subliminar é que a perceção na ausência de uma consciência é de algum modo mais poderosa ou influente do que a perceção que é acompanhada por uma consciência. Esta ideia não é suportada pelos resultados de investigações controladas do laboratório da perceção subliminar. Ao contrário, os resultados dos estudos controlados indicam essa perceção subliminar, quando ocorre, refletem, no máximo, interpretações habituais de uma pessoa a esse estímulo."'' Esse é também o posicionamento de diversos outros teóricos, como Daneman.<ref>'''Psychological investigations of unconscious perception.''' Daneman, M & Merikle, P. M. (1998). Journal of Consciousness Studies, 5, 5-18.</ref>
 
Logo as mensagens subliminares estavam no centro das atenções. O autor do clássico romance "Admirável Mundo Novo", [[Aldous Huxley]], escreveu em 1958 sobre um futuro onde "ditadores científicos instalarão máquinas sussurrantes e projetores subliminares em escolas e hospitais". Mensagens subliminares passaram a ser vistas como uma invisível e indefensável técnica de lavagem cerebral. Editoriais furiosos foram publicados na imprensa exigindo o imediato banimento das propagandas subliminares, enquanto um senador americano pedia a regulamentação do uso da técnica.<ref name="Ock"/>
=== Estudos a favor ===
Existe pouca literatura confiável que apoie a teoria sobre a existência deste tipo de publicidade. Um dos poucos investigadores a favor é Wilson Bryan Key, quem diz haver descoberto um grande número de mensagens ocultas em vários anúncios publicitários, principalmente associados com sexo e morte.<ref>[http://www-tech.mit.edu/V110/N7/lsc.07n.html Chen, Adam. ''Expert discusses the effects of subliminal advertising'']</ref> Um dos seus estudos mais citados é de um anúncio de whisky em que Key encontrou várias figuras ocultas nos cubos de gelo do anúncio.<ref>[http://www.uiowa.edu/~commstud/adclass/craig/key.htm Johns, Craig M. ''Wilson Bryan Key is insane!'']</ref> Porém, para outros investigadores, Key é alguém com uma fixação sexual muito grande e "alguém que encontraria mensagens sexuais em um som de discar de telefone".<ref>[http://www.straightdope.com/classics/a2_344.html Adams, Cecil. ''Are subliminal messages secretly embedded in advertisements?'']</ref>
 
Ainda em 1957, o ano em que Vicary anunciou seu experimento, surgiram as primeiras tentativas de replicar o efeito subliminar. A rede de televisão WTWO testou a técnica inserindo imagens que diziam "se você viu esta mensagem escreva para a WTWO". A WTWO não reportou nenhum aumento na correspondência. No ano seguinte o próprio Vicary concordou em conduzir um experimento público na rede de televisão canadense. A imagem dizendo "LIGUE AGORA" foi inserida 352 vezes durante meia hora de programa, mas nenhum aumento nas ligações foi registrado. Os telespectadores, que sabiam que alguma imagem estava sendo subliminarmente exibida mas não sabiam qual, escreveram para a rede de TV dizendo que haviam sentido uma vontade irresistível de apanhar uma cerveja ou de trocar de canal.<ref name="Ock"/>
Experientes como Lluís Bassat<ref name="librorojo">Lluís Bassat|Bassat, Lluís, ''Libro rojo de la publicidad'', Editorial Planeta, Barcelona, 2003</ref> indicam que o objetivo atual da publicidade é conseguir que o consumidor tenha em conta a marca quando toma a decisão, tendência oposta ao sentido que supostamente segue a publicidade subliminar. Por sua parte Fernando Ocaña crê que o essencial no campo da planificação dos meios é obter a maior lembrança possível, o que leva implícito uma perceção consciente e não inconsciente como deveria ser o caso.
 
Finalmente em 1962, alarmado com a dimensão que a história recebeu, James Vicary concedeu uma entrevista à revista Advertinsig Age em que confessou ter sido pressionado pelos investidores a publicar resultados de experimentos que não tinha feito realmente.<ref>Fred Danzig, "Subliminal Advertising - Today It's Just Historic Flashback for Researcher Vicary", Advertising Age, September 17, 1962, pp. 72-73</ref> Disse Vicary:
Existem na atualidade também alguns experimentos sendo levados a efeito por brasileiros na temática subliminar. O tema, não muito abordado até poucos anos atrás, hoje começa a ser discutido em alguns cursos relacionados à mídia. Dentre alguns brasileiros com estudos na área, podemos citar Flávio Calazans.
 
:"...nós fomos forçados a divulgar a idéia (da subliminaridade) antes que estivéssemos realmente prontos... nós não havíamos feito nenhuma pesquisa exceto o mínimo necessário para registrar a patente. Eu tinha pouco interesse na companhia (Subliminal Projection) e uma pequena quantidade de dados, muito pequena para ser significativa."
== Publicidade subliminar frente a outras formas de publicidade ==
Devido a mudança na conceituação de subliminaridade, muitos afirmam que determinados tipos de [[publicidade]]s, lícitas e habitualmente praticadas, também seriam exemplos de mensagens subliminares encontradas na [[mídia]].
 
A confissão de Vicary esfriou o assunto mas não o esvaziou. Em 1973, houve um renascimento do interesse pelo tema com o lançamento do livro "Subliminal Seduction - Ad Media's Manipulation of a Not So Innocent America" (Sedução Subliminar - Manipulação da Mídia Publicitária de uma América Não Tão Inocente). O autor, [[Wilson Bryan Key]], acusava as agências de publicidade de usar mensagens subliminares em jornais, revistas e na televisão para aumentar suas vendas. No livro, Key fez várias afirmações bombásticas, dizendo, por exemplo, que "as agências de publicidade gastam boa parte de seus recursos em pesquisas, desenvolvimento e aplicação de estímulos subliminares", mas sem apresentar nenhum documento, nem testemunhas, ilustradores, desenhistas, artistas gráficos ou nenhum profissional que admitisse, nem anonimamente, haver inserido deliberadamente mensagens subliminares em propagandas. Segundo Key, tudo estava sendo mantido em segredo pelas grandes corporações e pelo próprio governo.<ref name="Ock"/>
=== Publicidade associativa ===
Em muitas ocasiões e em círculos pouco informados se confunde a técnica subliminar com a '''técnica associativa''' com exemplos como:
 
Uma marca pitoresca do discurso de Key que foi incorporada ao mito das mensagens subliminares é o apelo sexual. Key afirmava que: "palavras como fuck, ass, whore, cunt [vamos deixar você procurar o significado destas palavras no dicionário] e morte são usadas freqüentemente como gatilhos subliminares para motivar comportamentos consumistas". Por exemplo, no nome da marca de cigarros "Kent", Key via uma similaridade subliminar com a palavra "cunt" (na verdade Kent era o sobrenome do dono da companhia de cigarros Lorillard na época do lançamento da marca). Como palavrões poderiam influenciar os hábitos de consumo de alguém é uma coisa que Key explicava com uma tortuosa psicologia freudiana. Além de palavras de baixo calão, Key possuía uma habilidade incomum de ver sexo escondido em qualquer coisa. O título de seu livro posterior, "The Clam-Plate Orgy" (A Orgia no Prato de Moluscos), era uma referência à imagem de um prato de moluscos que ilustrava o menu de um restaurante de frutos do mar; em vez de um punhado de moluscos Key viu uma cena de sexo grupal... que incluía um jumento. Ele também afirmou que os orifícios dos biscoitos Ritz eram dispostos propositalmente para formar a palavra "SEX".<ref name="Ock"/>
* Os anúncios de bebidas alcoólicas se vem acompanhados de grupos de jovens, belos e bem vestidos.
* Um [[automóvel]] se anuncia e se associa com êxito, beleza e virilidade.
* Os produtos para o lar são anunciados por [[família]]s felizes e completas (com pai, mãe e um, dois, três filhos), que vivem em uma casa que indica a sua posição social.
* Em muitos dos anúncios de produtos cosméticos, como loções ou perfumes, é uma mulher jovem, sensual, bela, quem vende o produto. Isto apela ao desejo das pessoas de encontrar uma mulher com certas características estéticas e a que quem se sintam identificados.
 
Por mais que as alegações de Key fossem desprovidas de evidências, elas revitalizaram o mito e o tornaram muito mais "interessante". Como resultado, em 1980 nos EUA 78% da população pesquisada dizia já ter ouvido falar das mensagens subliminares e destes, aproximadamente 50% acreditavam que elas eram usadas comumente pela mídia. Quanto ao "experimento pipoca" de Vicary, este continua sendo usado por todos os que vendem o poder das mensagens subliminares, sem que ninguém se lembre ou se importe com o fato de o próprio autor tê-lo desmentido.<ref name="Ock"/>
Seguindo a definição acima indicada se pode discutir se estes exemplos não seriam subliminares porque as imagens, dos ambientes e as situações são conscientemente percebidas, tanto é assim que passado o anuncio se podem resumir e descrever.
 
== Diferenças entre subliminar e subentendido ==
=== Colocação ===
Subliminar significa "abaixo do limiar de percepção". Simples assim. Um som numa freqüência mais alta do que o ouvido pode escutar ou uma imagem tão rápida que o olho não possa captar são exemplos de estímulos subliminares.
É também muito corrente identificar erroneamente publicidade subliminar com ''[[product placement]]'' (em inglês cuja tradução literal seria ''produto expressamente colocado'').
 
Mas uma definição tão simples nos deixa um problema: se um estímulo subliminar, portanto indetectável, é detectado pelo observador (ainda que inconscientemente) ele deixa de ser classificado como subliminar. Ou seja, qualquer efeito atribuído a um estímulo subliminar torna-se impossível por definição.
Um dos muitos casos existentes o criaram os produtores de [[Jurassic Park III]]: onde se pediu patrocínio ao exército dos Estados Unidos para rodar o resgate final da Ilha Nubla. O Corpo de Marines dos Estados Unidos (Infantaria da Marinha dos Estados Unidos) ofereceu vários barcos, veículos blindados, soldados e um helicóptero em troca de que se alterasse a frase do guião "Alguém que tem um amigo no Departamento de Defesa" por "Alguém que tem um amigo nos Marines" e o helicóptero girasse em frente da câmera mostrando ao público a inscrição "Marines".<ref name="hollywood">[[David L. Robb|Robb, David L.]], ''Operación Hollywood'', [[Editorial Océano]], [[Barcelona]], [[2006]], ISBN 84-494-2696-0</ref>
 
De fato esta foi a definição utilizada pelos primeiros estudiosos que estudaram o tema no final do [[século XIX]]. Porém, os psicólogos sabem hoje que a percepção de um estímulo (isto é, ver algo e saber que viu) depende de fatores psicológicos e sociais tanto quanto de fatores fisiológicos. Alguém pode ver alguma coisa e simplesmente não se sentir confiante o suficiente de ter visto. Assim, em vez de uma linha separando o que está abaixo do ''limiar de percepção'' do que está acima, os psicólogos falam em uma faixa de percepção: acima do limite superior, chamado de ''limiar subjetivo'', as pessoas são capazes de notar claramente um estímulo; abaixo do limite inferior, chamado de ''limiar objetivo'' estão os estímulos que não podem ser percebidos de maneira nenhuma; abaixo do limiar subjetivo, mas acima do limiar objetivo as pessoas percebem os estímulos mas pensam que não perceberam. Com isso, um estímulo subliminar passa a ser considerado um estímulo percebido, mas não reportado.<ref name=OckIII>{{citar web|título=O que é subliminar|url=http://www.projetoockham.org/pseudo_subliminar_3.html|publicado=Projeto Ockham|acessodata=23 de Dezembro de 2014}}</ref>
É certo que se havia acusado a várias séries de televisão e filmes de usar e abusar da inserção de mensagens subliminares;<ref name="ocu2006">Varios, Publicidad encubierta en televisión, nº 300 de [[Compra Maestra]], [[OCU]], [[Madrid]], janeiro de [[2006]]</ref> entretanto esta forma de publicidade encoberta não é subliminar porque as imagens, sons, comentários, etc, estão dentro da umbral da sensibilidade e são percebidos de maneira totalmente consciente pela audiência; inclusive pode ser causa de rescisão do contrato se o produto não está em tela por tempo suficiente ou não se vê com suficiente claridade, tal qual se escreveu na guião.<ref name="hollywood"/>
 
A maioria dos sites sobre o assunto não só misturam todos os tipos de mensagens subliminares (subjetivas e objetivas, visuais e auditivas), atribuindo a todas elas poderes fantásticos de persuasão, como ainda acrescentam inúmeras coisas que não tem absolutamente nada de subliminar.
== Exemplos de legislação ==
O Dr. Flavio Mário Calazans, autor do livro "Propaganda Subliminar Multimídia" considera até o merchandising das novelas, aquele que um personagem bebe uma cerveja com o rótulo "casualmente" voltado para câmera, como mensagem subliminar. Professor Calazans vê mensagens subliminares no tom de voz usados pelos atores de novela, nas cores da rede de lanchonetes MacDonald's (o vermelho estimularia a fome, segundo ele - no que mistura o assunto com a pseudociência da [[cromoterapia]]) e até nas figuras de linguagem usadas na conversas do dia a dia. Porém nada disso é classificado como subliminar na literatura científica - nem na psicologia, nem na publicidade - conforme resumem Martha Rogers e Christine A. Seiler, PhDs em Marketing, no artigo "The Answer Is No: A National Survey of Advertising Industry Practitioners and Their Clients about Whether They Use Subliminal Advertising", publicado no Journal of Advertising Research:
===Europa===
Na [[Espanha]], a '''Lei Geral de Publicidade''' de [[1988]] inclui a publicidade subliminar dentro dos distintos tipos de ''publicidade ilícita'' definindo-a como "aquela que por ser emitida com estímulos no umbral da sensibilidade não é conscientemente percebida". Há que apontar que esta definição, não a realização dos juristas redatores da lei, sendo um psicólogo porque nenhum dos ponentes sabiam exatamente que era publicidade subliminar, nem temiam indícios de sua existência; pela políticas espanholas consideravam conveniente proibir dita [[publicidade]].
 
"(...) a maioria dos que dizem ter conhecimento do uso de mensagens subliminares em propagandas, na verdade não compartilha um conhecimento científico ou técnico do conceito de propaganda subliminar. Eles parecem possuir uma opinião popular de que qualquer elemento subentendido usado em propagandas (como cores, certos tipos de indíviduos usados para representar conceitos publicitários, etc) representam ‘propaganda subliminar’, quando na verdade estes elementos subentendidos não estão incluídos na discussão técnica de propaganda subliminar."
Também na [[Noruega]] existem sanções para quem produza mensagens ocultas em televisão.<ref>[http://www.medietilsynet.no/om/nyhetsarkiv/kringkastingsloven_endringer Norwegian Media Authority, Lovframlegg . ''Sanksjonar, skjult reklame, mv'']</ref>
 
As falhas de metodologia científica nos trabalhos de Calazans são várias. Por exemplo, sobre o episódio do Pokemon que causou ataques epilépticos em crianças no Japão em 1997, Calazans afirma:
Na [[União Europeia]] há uma proposta de proibir este tipo de publicidade com o fim de proteger a infância e os jovens.<ref>[http://www.forbrukerombudet.no/index.gan?id=1149&subid=0 Thon, Bjørn Erik. ''Forslag til EU-regelverk om urimelig handelspraksis og om beskyttelse av barn og unge i forhold til markedsføring'']</ref>
A propaganda subliminar não é citada diretamente na constituição brasileira. Não existe nenhuma lei que proíba de forma direta qualquer tipo de propaganda subliminar. No entanto, a legislação entende que a propaganda subliminar fere o que diz o artigo 20 do Código de Ética dos Publicitários, que afirma que toda as mensagens devem ser ostensivas e assumidas (explícitas). No entanto, se percebe que a propaganda subliminar seria antiética, pois sua mensagem, apesar de ser ostensiva, seria dissimulada (oculta) uma vez que não pode ser percebida.
 
"As cores em seqüência piscadas: vermelho, branco e azul, nesta velocidade , causam o curto-circuito epilético, pois o vermelho (760 nanômetros) ondas longas, acelera batimento cardíaco e eleva a pressão sangüínea, libera adrenalina; o azul (450 nanômetros) ondas curtas, reduz a pressão sistólica, acalma e relaxa, este dilema subliminar de mensagens com efeitos opostos gera o efeito epilético chegando a alterar a química do sangue (...)."
===América===
No [[Brasil]] existe também uma passagem no Código de Defesa do Consumidor que proíbe anúncios disfarçados, dissimulados. Diretamente extraído do artigo 36: <br />''"Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e imediatamente, a identifique como tal."<br />"Parágrafo único. O fornecedor, na publicidade de seus produtos ou serviços, manterá, em seu poder, para informação dos legítimos interessados, os dados fáticos, técnicos e científicos que dão sustentação à mensagem."''<br />Parte-se do princípio que o consumidor tem o direito de escolher aquilo que deseja ou não adquirir (e também assistir) - o direito constitucional à liberdade de escolha. Mensagens subliminares apresentam conteúdos que não podem ser vistos de forma consciente, o espetador não pode usufruir de seu direito de escolher não vê-la por não estar consciente de sua existência. Portanto, a mensagem subliminar mostra-se inconstitucional.<br />Alguns casos:
* Cigarros Free, [[Souza Cruz]], 2001. Propaganda retirada do ar devido ao ministério público (promotor Guilherme Fernandes Neto) considerar que estimularia crianças e adolescentes a fumar, baseado em análise de psicólogos que analisaram o texto da propaganda e a existência de mensagem subliminar, onde por três décimos de segundo aparecia uma pessoa fumando, seguida de outra pessoa fumando em três décimos de segundo também.
* Creme Dental [[Close-Up]], [[Unilever]], 2003 - Uso de palavras de baixo calão escritas em alguns quadros de propaganda. O Conselho de Ética do [[Conar]] decidiu pela alteração da propaganda. (2)
* O filme infantil [[Madagascar (filme)|Madagascar]]. O juiz Alexandre Morais da Rosa, da Vara da Infância e da Juventude de Joinville, município da região norte de Santa Catarina, proibiu a exibição do desenho animado [[Madagascar (filme)|Madagascar]] nos cinemas da cidade.
 
Tantas informações duvidosas (misturadas com outras absolutamente fora de contexto) e nem uma única referência científica para suportá-las. Calazans chega a classificá-lo como um dos três acontecimentos mais importantes da mídia do século XX. Infelizmente o doutor não informa aos seus leitores e aos assistentes de suas palestras que o experimento foi uma farsa confessada pelo próprio autor.<ref name="OckIII"/>
No último caso acima, o juiz acatou representação do advogado George Alexandre Rohrbacher, considerando que "o filme, de maneira 'subliminar' (na verdade, subentendida), passa mensagens de estímulo ao consumo de drogas, especialmente o ecstasy". Ele citou uma passagem do filme, onde um dos personagens reclama da ausência de 'balinha' em uma festa rave". A "balinha" é sinônimo de "ecstasy", reforçou o juiz. Madagascar recebeu classificação Censura Livre, pelo Ministério da Justiça.
 
== Versão científica ==
Importante mencionar que a Associação Mais Regional Mais Vida - MAREMAVI, moveu uma ação civil pública contra a distribuidora United International Pictures, a Agência Nacional de Cinemas - ANCINE e a UNIÃO, processo nº 2005.72.01.004012-6, em trâmite na 2ª Vara Federal de Joinville, pedindo a recomposição dos bens lesados. Logo após ser intimado o Ministério da Justiça determinou que fossem feitas ''alterações na dublagem'' e elevou a classificação indicativa do filme: ''inadequado para menores de 12 anos''. Como isso ocorreu antes do lançamento das versões em DVD e VHS, estas versões são distintas da inicialmente apresentada nos cinemas do país. A Ação Civil Pública ainda não foi julgada.
Os primeiros estudos sobre percepção subliminar foram feitos no final do [[século XIX]]. Naqueles primeiros experimentos os pesquisadores mostravam aos voluntários fichas com letras ou figuras geométricas a uma distância tão grande que quando perguntados sobre o que viam todos diziam que não conseguiam distinguir nada além de borrões. Depois pediam as pessoas que tentassem adivinhar em um questionário de múltipla escolha as figuras que haviam sido mostradas. Como o nível de acertos era maior do que o que seria obtido ao acaso, os pesquisadores concluíam que as pessoas haviam sido afetadas pelas imagens <ref>"Psychological Investigations of Unconscious Perception", Philipe Merikle, Journal of Counciosness Studies, 5,1998</ref>. A partir do final do final dos anos 70 os pesquisadores passaram a tentar verificar se havia mudanças no comportamento das pessoas submetidas a estímulos subliminares. Em um estudo famoso os pesquisadores exibiram ideogramas chineses aos voluntários e depois pediram a eles que tentassem adivinhar num teste de múltipla escolha se os ideogramas tinham significados positivos ou negativos. Para algumas pessoas as imagens foram precedidas por imagens subliminares de figuras sorridentes ou tristes de tal maneira que nenhuma pessoa reportou tê-las visto. A conclusão é que as pessoas submetidas às imagens subliminares tiveram maior tendência de classificar positivamente os ideogramas precedidos de figuras positivas que aquelas que não tinham sido submetidas a elas. Este tipo de estudo, em que o indivíduo é preparado com a breve exposição preliminar de uma imagem antes de medir seu desempenho, é chamado de estudo de "priming". A maior parte da base estabelecida sobre percepção subliminar e seus efeitos foi adquirida com estudos deste tipo.<ref>"Unconscious Processes, Subliminal Stimulation, and Anxiety", Mayer e Merckelbach, Clinical Psychology Review, Vol. 19, No. 5, pp. 571-590, 1999</ref>
 
Mas é neste ponto que os resultados se tornam conflitantes. Há vários estudos de "priming" que mostram, logo após a exibição dos estímulos, melhoria nas habilidades motoras (medindo o resultado no lançamento de dardos), mudanças de humor, redução da ansiedade e de fobias como a agorafobia e até perda de peso. Em contrapartida há um grande número de estudos que simplesmente não encontraram nenhuma relação entre mudanças comportamentais e estímulos subliminares e muitos falharam em tentar replicar os resultados positivos daqueles estudos. O motivo é que a psicologia não é uma ciência exata. Seu objeto de estudo não é o previsível mundo natural, mas a mente do homem, com todas as suas subjetividades e nuances. É muito difícil planejar um experimento com uma metodologia que isole totalmente o fenômeno que se está estudando. No caso da percepção subliminar o maior problema dos pesquisadores é assegurar que um estímulo seja realmente subliminar para todas as pessoas no experimento. Como já dissemos, não existe uma linha demarcando o que é subliminar do que não é. Em vez disso, há uma faixa entre o chamado limiar subjetivo e o limiar objetivo; dentro desta faixa um estímulo é percebido, mas sem que o observador tenha consciência dele. Acima do limite subjetivo o estímulo é percebido conscientemente pelo observador, sendo chamado de supraliminar. Já abaixo do limite objetivo não há nenhum traço de percepção. Descobrir os limites objetivo e subjetivo de cada pessoa e enquadrar o estímulo nesta estreita faixa para todas as pessoas no experimento é uma grande dificuldade. <ref name=OckIV>{{citar web|título=O que diz a ciência|url=http://www.projetoockham.org/pseudo_subliminar_4.html|publicado=Projeto Ockham|acessodata=23 de Dezembro de 2014}}</ref>
{{referências}}
 
Mas por sobre a confusão e a contradição pairam algumas certezas. Mesmo os pesquisadores mais otimistas reconhecem que o efeito de um estímulo subliminar não dura mais do que dois ou três segundos. Quer dizer, quando o teste cognitivo não é feito imediatamente depois da exibição das imagens subliminares, nenhum efeito é verificado. Até o momento, só encontramos referência a um trabalho mostrando efeitos de até 24h, em pacientes anestesiados: "Memory of unconsciously perceived events: Evidence from anesthetized patients" de Philip Merikle. Além disso sabe-se que nem todos os tipos de mensagens subliminares são igualmente eficazes; as visuais tem efeitos cognitivos muito maiores do que as auditivas.<ref name="OckIV"/>
=={{ver também}}==
 
Outro consenso entre os cientistas é que percepção subliminar não significa persuasão subliminar. Ou seja, embora a percepção subliminar possa aumentar o número de respostas certas em questões de múltipla escolha sobre o estímulo, ela não pode fazer que alguém beba mais coca-cola, pare de fumar ou mude de orientação sexual. Não há nenhuma evidência de que as ações de alguém podem ser comandadas por estímulos percebidos inconscientemente. Pelo contrário, todas as evidências sugerem que para iniciar uma ação baseada em um estímulo, uma pessoa precisa estar ciente dele.<ref name="OckIV"/>
 
Enquanto psicólogos seguem desenvolvendo novas metodologias para delimitar a extensão da percepção subliminar, os publicitários e demais profissionais do marketing tentam descobrir se mensagens subliminares podem ser usadas para influenciar os hábitos dos consumidores. Até o momento, apesar dos numerosos trabalhos existentes, foram muito poucos aqueles que encontraram algum efeito relevante; a maioria possui tantas falhas de metodologia que não pode ser considerada conclusiva <ref>Laura Branon e Timothy C. Brock no artigo "The Subliminal Persuasion Controversy"</ref>. De fato entre 1970 e 1985 houve apenas um trabalho mostrando uma influência posiiva de mensagens subliminares. Seu autor, Del I. Hawkins, mostrou que dentre as pessoas submetidas a mensagens subliminares, aquelas expostas à palavra "COKE" (Coca-Cola) reportavam mais sede dos que pessoas expostas à uma palavra sem sentido. Este estudo foi bastante influente durante os 15 anos seguintes e serviu para manter acesas por um bom tempo as alegações de Vicary, desta vez dando a elas um fundo científico. No entanto em 1989, ao reproduzir o experimento, o mesmo autor foi incapaz de replicar seus resultados, concluindo:
 
"Este estudo lança sérias dúvidas sobre a validade dos outros poucos estudos mostrando evidência experimental de efeitos subliminares no contexto publicitário. Ele claramente indica a necessidade de se criar uma tradição de replicar experimentos na área de marketing". <ref>"Subliminal Stimulation: Some New Data and Interpretation" de Sharon E. Beatty e Del I. Hawkins, publicado no Journal of Advertising, Volume 18, 1989</ref>
 
No estudo "Effectiveness of Subliminal in Television Commercials" (Eficácia do Subliminar nos Comerciais de Televisão) de Smith e Rogers (1994), os pesquisadores incluíram em um comercial as palavras "ESCOLHA ESTE" com graus diferentes de contraste de tal maneira que elas fossem perfeitamente claras para um grupo e subliminares para outro e pediram aos expectadores que marcassem num questionário seu interesse nos comerciais. Depois compararam os resultados com os de um grupo de controle, cujos expectadores assistiram comerciais sem nenhuma mensagem. Ao final constataram que os comerciais com as mensagens detectáveis obtiveram mais pontos que aqueles com mensagens subliminares. Para sua surpresa, verificaram que os comerciais com mensagens, subliminares ou não, obtiveram menos pontos do que os do grupo de controle, sem mensagens. Do trabalho os autores concluíram que a mais forte mensagem subliminar ainda é mais fraca que uma mensagem direta e que mesmo que fossem eficazes (e não fossem proibidas por lei, ao menos nos EUA), a inserção deste tipo de mensagens na televisão envolve dificuldades práticas que tornariam a técnica pouco viável.<ref name="OckIV"/>
 
Investigando o efeito de palavras e imagens de conteúdo sexual escondidas em anúncios na mídia os pesquisadores Vokey e Read mostraram a um grupo de pessoas fotografias contendo a palavra "sex" escondida entre as imagens, enquanto um grupo de controle viu as mesmas imagens mas sem nenhuma mensagem escondida. Nenhum aumento na retenção da memória foi observado em relação ao grupo de controle. Na verdade, segundo os autores, além de não existir nenhuma evidência que suporte as alegações de Key, elas vão contra todo o conhecimento atual da neurociência e ciência cognitiva.<ref name="OckIV"/>
 
Mas ainda que as mensagens subliminares não sejam eficazes como técnica de propaganda, será que as agências de [[publicidade]] estão fazendo uso deliberado delas? Bem, a única maneira de saber é perguntando aos publicitários. Foi o que fizeram os pesquisadores Martha Rogers and Christine Seiler no artigo "The Answer is No: A National Survey of Advertising Practitioners and Their Clients about Whether they use Subliminal Advertising" ("A Resposta É Não: Uma Pesquisa Nacional das Agências de Publicidade e Seus Clientes Sobre Se Elas Usam Ou Não Propaganda Subliminar", um trecho do artigo pode ser lido aqui). Rogers e Seiler pediram a 750 pequenas e grandes agências de publicidade em todo o território americano que respondessem a um questionário no qual perguntavam se elas já haviam usado técnicas subliminares em seus trabalhos, onde por técnicas subliminares se entendia "palavras, imagens e formas intencionalmente inseridas em materiais publicitários, de tal maneira que o público não as percebam em nível consciente, mas em nível subconsciente". As perguntas foram planejadas de maneira a estimular respostas tão honestas quanto possível. Das 256 agências que responderam a pesquisa, 90,6% negaram qualquer uso de técnicas subliminares; dos 9,3% restantes que admitiram terem usado técnicas subliminares, todas menos uma consideraram artifícios triviais (como uso de cores, certos tipos de personalidades que provoquem identificação com o consumidor, etc) como subliminares, ou seja, possuíam a velha noção popular de que subliminar é sinônimo de subentendido. O único caso das 256 agências que usou alguma técnica subliminar real, admitiu que o fez como uma piada interna.
 
== Publicidade subliminar ==
Considera-se publicidade subliminar o que apresenta ao consumidor um produto ou serviço de maneira tão leve ou breve que não é conscientemente percebida e o leva a consumi-lo ou usá-lo sem saber das razões autênticas, através de mensagem subliminar. Na [[Noruega]] existem sanções para quem produz mensagens ocultas em televisão.<ref> [http://www.medietilsynet.no/om/nyhetsarkiv/kringkastingsloven_endringer Norwegian Media Authority, Lovframlegg . ''Sanksjonar, skjult reklame, mv'']</ref> Na [[União Europeia]] há uma proposta de proibir este tipo de publicidade com o fim de proteger a infância e os jovens.<ref>[http://www.forbrukerombudet.no/index.gan?id=1149&subid=0 Thon, Bjørn Erik. ''Forslag til EU-regelverk om urimelig handelspraksis og om beskyttelse av barn og unge i forhold til markedsføring'']</ref> Nos [[Estados Unidos]] foi realizada uma prova num [[cinema]]. O experimento foi realizado por [[James Vicary]] em 1957 e consistia em incluir uma dos fotogramas por minuto com a marca que se desejava publicitar (algumas fontes indicam que a marca foi a [[Coca Cola]], outras que uma firma local de palomitas, e outras que eram ambas a vez). Em 1962 Vicary foi entrevistado pela revista ''Advertising Age'' e declarou que o experimento na realidade era uma mentira que se levou a cabo devido o que sua empresa passava por dificuldades econômicas.<ref name="adage">[http://www.clementeferrer.com/articulos/Lo_subliminal_y_el_neuromarketing.htm Lo subliminal y el neuromarketing]</ref> Portanto não se pode afirmar com certeza a realização do teste nem seus resultados. Investigações posteriores realizadas também nos Estados Unidos indicaram que a publicidade subliminar não teria efeito sempre nem todas as pessoas e quando o teria, a duração deste efeito não levaria nunca a superar o segundo de duração.<ref name="redes">[[Eduardo Punset|Punset, Eduardo]], noticias de [[Redes]], [[Televisión Española]], [[Madrid]], [[2004]]</ref>
 
Existe pouca [[literatura]] fiável que apoie a teoria sobre a existência deste tipo de publicidade. Um dos poucos investigadores a favor é [[Wilson Bryan Key]], quem diz haver descoberto mensagens ocultas em vários anúncios publicitários, principalmente associadas ao [[sexo]] e [[morte]].<ref>[http://www-tech.mit.edu/V110/N7/lsc.07n.html Chen, Adam. ''Expert discusses the effects of subliminal advertising''] </ref> Um dos seus estudos mais citados é de um anúncio de whisky em que Key encontrou varias figuras ocultas nos cubos de gelo do anúncio.<ref>[http://www.uiowa.edu/~commstud/adclass/craig/key.htm Johns, Craig M. ''Wilson Bryan Key is insane!'']</ref> Sem embargo para outros investigadores Key é alguém com uma [[fixação sexual]] muito grande e “alguém que encontraria mensagens sexuais em um tono de marcar”.<ref>[http://www.straightdope.com/classics/a2_344.html Adams, Cecil. ''Are subliminal messages secretly embedded in advertisements?'']</ref>
 
Um dos muitos casos existentes criaram os produtores de ''[[Jurassic Park III]]'': onde se pediu patrocínio ao exército dos Estados Unidos para rodar o resgate final da Ilha Nubla. O Corpo de Marines dos Estados Unidos (Infantaria da Marinha dos Estados Unidos) ofereceu vários barcos, veículos blindados, soldados e um helicóptero em troca de que se alterasse a frase do guidão "Alguém que tem um amigo no Departamento de Defesa" por "Alguém que tem um amigo nos Marines" e o helicóptero girasse em frente a câmera mostrando ao público a inscrição "Marines".<ref name="hollywood">[[David L. Robb|Robb, David L.]], ''Operação Hollywood'', [[Editorial Océano]], [[Barcelona]], [[2006]], ISBN 84-494-2696-0</ref>
 
É certo que se havia acusado a várias séries de televisão e filmes de usar e abusar do emplazamento<ref name="ocu2006">Varios, Publicidad encubierta en televisión, nº 300 de [[Compra Maestra]], [[OCU]], [[Madrid]], janeiro de [[2006]]</ref>; entretanto esta forma de publicidade encoberta não é subliminar porque as imagens, sons, comentários, etc, estão dentro da umbral da sensibilidade e som percebidos de maneira totalmente consciente pela audiência; inclusive pode ser causa de rescisão do contrato se o produto não está em tela por tempo suficiente ou não se vê com suficiente claridade, tal qual se escreveu na guião.<ref name="hollywood"/> A [[OCU]] havia publicado vários estudos sobre a publicidade emitida na Espanha, incluído o de janeiro de [[2006]] dedicado unicamente a publicidade encoberta e não há encontrado nenhum caso de esta prática ilícita.<ref name="ocu2006"/>
 
== Ver também ==
* [[Ovo de páscoa (virtual)|Easter egg]]
* [[Parents Music Resource Center]]
* [[Publicidade Subliminar]]
* [[Pareidolia]]
* [[Apofenia]]
Linha 82 ⟶ 85:
* [[Reconhecimento de Padrões]]
 
{{Referências|col=2}}
=={{ligações externas}}==
* [http://brazil.skepdic.com/subliminar.html O subliminar]
* [http://www.cranik.com/entrevista4.html Entrevista com Flávio Calazans]
 
== Ligações externas ==
{{DEFAULTSORT:Mensagem Subliminar}}
* [http://www.omnipublicity.com/pressreleases/Subliminal%20Ads%20Pop%20Up%20on%20Sci-Fi%20Channel.htm Publicidade subliminar em canal a cabo (inglês)]
* [http://www.subliminalworld.org/aaaa3.htm Debate sobre a autenticidade da publicidade subliminar (inglês)]
 
{{Pseudociência}}
[[Categoria:Psicologia]]
{{Teorias conspiratórias}}
[[Categoria:Publicidade]]
{{DEFAULTSORT:Mensagem Subliminar}}
[[Categoria:Marketing]]
[[Categoria:psicologia]]
[[Categoria:Pseudociência]]
[[Categoria:Teorias da conspiração]]