Charles Lightoller: diferenças entre revisões

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|filhos = Frederick Roger<br>Richard Trevor<br>Mavis<br>Claire Doreen<br>Herbert Brian
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'''Charles Herbert Lightoller''' ([[30 de março]] de [[1874]] - [[8 de dezembro]] de [[1952]]), foi o segundo oficial a bordo do [[RMS Titanic|RMS ''Titanic'']], na qual sobreviveu. ''Lightoller'' foi condecorado por sua bravura como um oficial naval durante a [[Primeira Guerra Mundial]], e mais tarde, distinguiu-se ainda mais na [[Segunda Guerra Mundial]] após resgatar os sobreviventes doem ''Dunkirk''Dunquerque.
 
==Início de carreira==
''Charles Herbert Lightoller'' nasceu em Chorley, [[Lancashire]] no dia 30 de março de 1874. Sua mãe, ''Sarah Lightoller'', faleceu pouco depois de dar à luz a ele. Ele nasceu em uma família que tinha operado fábricas de fiação de algodão em [[Lancashire]], desde o final do século 18.<ref>Heyes J. ''A History of Chorley'', Lancashire County Books, Preston, 1994, ISBN 9781871236316; cited at [http://www.chorleyhistorysociety.co.uk/c_mills.htm Chorley Mills] page of Chorley Historical and Archaeological Society. Accessed 10 December 2014</ref> Seu pai, ''Fred Lightoller'', o abandonou e partiu para [[Nova Zelândia]]. Aos 13 anos de idade, ''Charles''Lightoller começou sua aprendizagem marítima com duração de quatro anos em uma embarcação chamada ''Primrose Hill''.<ref name=Lightoller>Lightoller, Charles H. ''[http://gutenberg.net.au/ebooks03/0301011h.html#ch1 Titanic and Other Ships]'' Chapters 1-12: eBook at Gutenberg of Australia</ref> Em sua segunda viagem, o navio foi forçado a parar no [[Rio de Janeiro]] durante uma tempestade, onde foi feito reparos. Em outra tempestade do dia 13 de novembro de 1889 no [[Oceano Índico]], o navio encalhou em uma ilha de quatro quilômetros quadrados, hoje chamado de [[São Paulo (ilha)|Île Saint-Paul]]. Eles foram resgatados pelo navio ''Coorong'' e levados para [[Adelaide (Austrália)|Adelaide]], na [[Austrália]]. ''Lightoller'' se juntou à tripulação do navio ''clipper'' para seu retorno à [[Inglaterra]].<ref name=Lightoller/>
 
''Lightoller'' retornou ao ''Primrose Hill'' em sua terceira viagem, onde eles chegaram em [[Calcutá]], na [[Índia]]. A carga de carvão pegou fogo enquanto esteve servindo como terceiro imediado a bordo do veleiro ''Knight of St. Michael'', e por seus esforços bem sucedidos na luta contra o fogo, ''Lightoller'' foi promovido a segundo-piloto. Em janeiro de 1900, ele iniciou sua carreira com a [[White Star Line]] como quarto oficial do [[SS Medic]].
 
==RMS ''Titanic''==
Duas semanas antes da viagem inaugural, ''Lightoller'' embarcou no [[RMS Titanic|RMS ''Titanic'']] em [[Belfast]], para realizar os testes no mar. O Capitão [[Edward Smith]] deu o cargo de diretor ao ''Henry Wilde'', nomeando [[William McMaster Murdoch]] para primeiro-oficial e ''Lightoller'' para segundo-oficial. ''David Blair'' foi destinado a servir como segundo-oficial a bordo do [[RMS Titanic|RMS ''Titanic'']], no entanto, poucos dias antes da viagem inaugural, ''Blair'' foi transferido para tripular outro navio da [[White Star Line]]. A saída de ''Blair'' da tripulação causou um problema, sendo que ele possuía as chaves que abria um pequeno compartimento localizado nos postos de observação, onde se encontravam os binóculos destinados a serem usados pelos vigias. ''David Blair'' não entregou a chave para ''Lightoller'', seu substituto no [[RMS Titanic|RMS ''Titanic'']]. ''Lightoller'' prometeu comprá-los quando o [[RMS Titanic|''Titanic'']] chegar em [[Nova Iorque]]. Mais tarde, a falta da chave e consequentemente a falta dos binóculos para os vigias tornou-se um ponto de discórdia no inquérito dos EUA para o desastre do [[RMS Titanic|''Titanic'']].<ref name="Telegraph-key">{{cite web|last=Tibbetts|first=Graham|title=Key that could have saved the Titanic|url=http://www.telegraph.co.uk/news/uknews/1561604/Key-that-could-have-saved-the-Titanic.html|publisher=The Telegraph|accessdate=9 March 2014|date=29 August 2007}}</ref>
 
Na noite de 14 de abril de 1912, ''Lightoller'' havia se retirado para sua cabine, onde estava se preparando para ir dormir, quando sentiu a colisão. Vestindo apenas o pijama, ''Lightoller'' correu ao convés para ver o que tinha acontecido, sem ver nada. Ele decidiu que seria melhor voltar para sua cabine, para que os outros oficiais soubessem onde encontrá-lo, quando o quarto-oficial ''Joseph Boxhall'' o convocou para a ponte de comando. Ele vestiu suas calças e um suéter azul-marinho por cima do pijama. Após saber que o destino do navio seria inevitável, ''Lightoller'' começou imediatamente a trabalhar, ajudando os passageiros a entrarem nos botes salva-vidas durante a evacuação.
 
[[Ficheiro:BoatBbyMB.gif|thumb|right|''Lightoller'' a bordo do bote dobráveldesmontável B]]
Durante a evacuação, ''Lightoller'' encarregou-se de baixar os botes salva-vidas ao lado da porta do [[RMS Titanic|''Titanic'']]. ''Lightoller'' perguntou aoa [[Edward Smith|Smith]] sobre encher os botes com apenas mulheres e crianças. Como resultado, ele baixou os botes salva-vidas com assentos vazios se não houvesse mulheres e crianças esperando para embarcar.<ref>{{cite book |last=Barczewski |first=Stephanie L. |date=2006 |title=Titanic: A Night Remembered |publisher=Palgrave Macmillan |page=21}}</ref>
 
Quando ele foi lançar o bote número 2, ele o encontrou já ocupado por 25 passageiros e tripulantes do sexo masculino. Ele os ordenou para sair do bote com uma arma, dizendo: "Saiam daí, seus malditos covardes, eu gostaria de ver cada um de vocês no mar!". Ele então, encheu o bote de mulheres e crianças, mas não conseguiu encontrar o número suficiente delas para encher o barco. Quando o bote número 2 foi lançado ao mar, havia apenas 17 pessoas a bordo, com uma capacidade de 40.<ref>{{cite book| last1 = Wormstedt |first1 = Bill |last2 = Fitch |first2 = Tad |year = 2011 | chapter = An Account of the Saving of Those on Board |title = Report into the Loss of the SS ''Titanic'': A Centennial Reappraisal |editor-last =Halpern | editor-first =Samuel |publisher =The History Press |location =Stroud, UK |isbn =978-0-7524-6210-3 |ref = harv }}</ref>
 
Na superfície, ele avistou o cesto da gávea do navio e começou a nadar em direção a ele como um lugar de segurança, antes de se lembrar que era mais seguro ficar longe do navio. ''Lightoller'' foi sugado para baixo, ficando preso contra uma grelha durante algum tempo pela pressão da água. Uma rajada de ar quente das profundezas do navio entrou em erupção e o soprou para a superfície. Uma outra sucção o puxou para baixo novamente contra outra grade. Ele não soube como fugiu, mas ele veio à tona novamente. Ele percebeu que não podia nadar corretamente por conta do peso do revólver que estava carregando no casaco, então ele rapidamente a descartou.<ref name=lightoller34>Lightoller, Charles H. ''[http://gutenberg.net.au/ebooks03/0301011h.html#ch34 Titanic and Other Ships]'', Chapter 34</ref> Após isso, ele viu o bote dobrável B flutuando de cabeça para baixo com várias pessoas pendurados sobre ele. Logo em seguida a primeira chaminé do [[RMS Titanic|''Titanic'']] se solta e atinge a água, levando o bode para mais longe do navio.
 
''Lightoller'' subiu no bote e assumiu o comando, tentando acalmar e organizar os sobreviventes (cerca de 30) no bote salva-vidas capotado. Durante a noite, ''Lightoller'' ensinou aos homens a equilibrarem seus pesos sobre as ondas, para evitar que o bote afunde. Se não fosse por isso, eles provavelmente teriam sido jogados na água novamente. Sob a direção dele, os homens se mantiveram assim durante horas, até que finalmente foram resgatados por um outro bote salva-vidas. ''Lightoller'' foi o último sobrevivente a embarcar no [[RMS Carpathia|RMS ''Carpathia'']], navio de resgate.
 
Após o naufrágio, ''Lightoller'' publicou um depoimento no Jornal ''Christian Science'', mostrando a sua fé no poder divino para a sua sobrevivência, concluindo: "Com Deus, tudo é possível".<ref>{{citation|author=Lieut. C. H. Lightoller, RNR|journal=Christian Science Journal|date=October 1912|volume=XXX|issue=7|pages=414–5|title=Testimonies From the Field|url=http://books.google.com.au/books?id=LshLAAAAMAAJ&pg=414&sig=ACfU3U2oixQZy4s1GDQMKsp2Ic90RWiokA&focus=searchwithinvolume&q=Lightoller|quote=<!--lengthy copyright violation removed-->}}</ref>
 
===No inquérito===
[[Ficheiro:Lightoller and Pitman.jpg|thumb|right|''Lightoller'' à direita, com o terceiro oficial ''Herbert Pitman'']]
Por ser um oficial a sobreviver no desastre, ''Lightoller'' foi testemunha-chave em ambas investigações americanas e britânicas. Em sua autobiografia, ele descreveu o inquérito americano como uma "farsa", devido à ignorância dos assuntos marítimos implícitas em algumas das perguntas. Ele tomou o inquérito britânico mais a sério, escrevendo: "Eu não achei que a culpa deve ser atribuída tanto ao BOT (Board of Trade) quando a [[White Star Line]]".<ref>[http://gutenberg.net.au/ebooks03/0301011h.html#ch35 ''Titanic and Other Ships'' (chapter 35)], Lightoller, Charles Herbert, I. Nicholson and Watson (1935)</ref>
 
''Lightoller'' culpou o acidente no mar, sendo o mais calmo naquela noite que ele já tinha visto em sua vida. Ele habilmente defendeu seu empregador, a [[White Star Line]], apesar de indícios de excesso de velocidade, falta de binóculos para os vigias e a imprudência de navegar através de um campo de gelo em uma noite calma, após ser avisado muitas vezes sobre a presença de icebergs. ''Lightoller'' também foi capaz de canalizar o clamor público sobre o acidente em uma mudança positiva, para evitar que tais acidentes sejam evitadas no futuro pelas nações marítimas.
 
==Primeira Guerra Mundial==
''Lightoller'' retornou ao serviço com a [[White Star Line]], servindo como oficial do RMS''RMS Oceanic''. Ele recebeu o cargo de sub-tenente da ''Royal Naval Reserve'' em maio de 1913.<ref>[http://www.london-gazette.co.uk/issues/28746/pages/5868 London Gazette, 15 August 1913]</ref> Com o início da [[Primeira Guerra Mundial]], ele foi convocado para realizar serviços com a [[Marinha Real]], servindo como um tenente no ''Oceanic'', que havia sido convertido em um cruzador armado. Ele serviu no navio até ele encalhar e naufragar em [[Foula]], no dia 8 de setembro de 1914. Em 1915, ele atuou como primeiro-oficial durante os ensaios de outro ex-navio de passageiros, o ''RMS ''Campania'', que havia sido convertido em porta-aviões. No final de 1915, ele recebeu o seu primeiro comando, com o ''HMTB ''117''. Como capitão do ''HMTB 117'''17'', ele foi premiado pela ''Distinguished Service Cross''. Ele foi posteriormente nomeado como capitão do ''HMS ''Falcon'', que foi afundado no dia 01 de abril de 1918, após uma colisão em caso de nevoeiro, enquanto os dois navios estavam no [[Mar do Norte]].
 
No dia 10 de junho de 1918, ''Lightoller'' foi condecorado com a ''Reserve Decoration''.<ref>[http://www.london-gazette.co.uk/issues/30747/pages/7066 London Gazette, 14 June 1918]</ref> Ele foi promovido a Tenente-Comandante em julho,<ref>[http://www.london-gazette.co.uk/issues/30776/pages/7769 London Gazette, 2 July 1918]</ref> sendo colocado na lista de aposentados no dia 31 de março de 1919, com o posto de comandante.<ref>[http://www.london-gazette.co.uk/issues/31486/pages/9863 London Gazette, August 1919]</ref>
 
==Aposentadoria==
[[Ficheiro:Sunday 4 April, Ramsgate, Dunkirk Little ship Sundowner.JPG|thumb|left|170px|Iate privado de ''Lightoller'']]
Após a guerra, apesar de seu serviço leal pela [[White Star Line]] e defender fielmente seus empregadores nos inquéritos do [[RMS Titanic|''Titanic'']], ''Lightoller'' não encontrou mais oportunidades dentro da empresa. Todos os tripulantes sobreviventes do desastre do [[RMS Titanic|''Titanic'']] possuíam uma marca negra, na qual eles não podiam escapar.
 
Durante o início da década de 1930, ele escreveu em sua autobiografia que sua esposa persistente o fez escrever um livro. Este livro, depois de alguns problemas, começou a vender bem. No entanto, ele foi retirado quando a ''Marconi Company'' o ameaçou com uma ação judicial, devido a um comentário feito por ''Lightoller'' sobre o desastre do [[RMS Titanic|''Titanic'']], falando sobre o telégrafo sem fio de ''Marconi''. ''Lightoller'' não virou as costas por navios, ele havia comprado o seu próprio iate privado, que mais tarde foi usado para resgatar soldados durante o naufrágio do ''Dunkirk''Dunquerque.<ref>[http://www.london-gazette.co.uk/issues/36866/supplements/47 ''London Gazette'', 29 December 1944]</ref> O barco está preservado no ''Ramsgate Maritime Museum''.
 
Após a [[Segunda Guerra Mundial]], ''Lightoller'' conseguiu um pequeno estaleiro chamado ''Richmond Slipways'', em [[Londres]].
 
==Morte==
''Lightoller'' faleceu no dia 8 de dezembro de 1952 aos 78 anos de idade, por conta de [[Insuficiência cardíaca|insuficiência cardíaca]], em [[Londres]]. Seu corpo foi cremado e suas cinzas foram espalhadas em ''Mortlake Crematorium'', em Richmond, [[Surrey]].
 
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