Idade do Bronze: diferenças entre revisões

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Complementação a respeito da Idade do Bronze no Egito.
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* Perda da Núbia: os egípcios pensavam a Núbia dualística – Wawat, ou Baixa Núbia, e Kush, ou Alta Núbia;
* Divisão do Delta em reinos e invasão dos hicsos: a divisão do Delta resultou na invasão dos hicsos devido à desfraguimentaçãodesfragmentação do poder, além do fato de possuírem maior tecnologia (o autor pontua que a palavra “hicsos” provém da versão grega, pois os egípcio os conhecia por hekaw khaswt, que significa príncipes das terras estrangeiras);
* Ascensão do poder tebano da 17ª dinastia: o Alto Egito era controlado por Tebas que, por sua vez, viu a terra negra ser controlada pelos estrangeiros. Frizzo (2010, apud SPALINGER, 2005) classifica as relações tensas entre asiáticos e tebanos semelhantes à guerra fria.
 
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O ponto mais alto da Idade do Bronze Tardio apresentou países muito fortes que, no entanto, não tinham como enfrentar-se, salvo o Mitanni que perdeu importância perante os demais. Muitos tratados foram realizados em períodos de vários reis.
Cardoso (2000), baseando-se em uma relação de correspondência entre as nações descrita por Zaccagnini (1987), demonstra que cada reino descrevia-se como uma casa, sendo o governante o chefe de família que, por sua vez, tratava os demais como irmãos que trocam presentes (dons ou contra-dons) que podiam ser matérias-primas ou artigos luxuosos. Moran (1992, apud CARDOSO, 2000) traz a tradução de uma das cartas entre Amenhotep III e Kadashmanenlil I, rei da Babilônia, no qual o faraó diz que está tudo muito bem com sua família (o reino) e pergunta como está a família do irmão (reino babilônico). Outro rei babilônico, Burraburiash, em contato com o rei assírio, escreve em uma carta que as saudações (presentes de saudação) não deveriam ter conotação comercial, pois seu reino de nada necessitava, servindo apenas como garantia de boas relações.
O dom/contra-domcontradom davam-se pela relação de utilidade dos materiais enviados de rei para rei. O autor exemplifica com a carta de Ashshuruballit I, rei da Assíria, quando solicita ouro a Amenhotep III para a construção de uma obra. Ele oferece a filha em matrimônio como troca, mas não a enviaria se o faraó enviasse o solicitado quando a obra já estivesse terminada, pois de nada serviria, devolvendo o ouro. Vê-se, também, que mulheres de famílias reais poderiam ser enviadas para casamento em troca de vários presentes, salvo o Egito que não enviava suas princesas, mas recebia-as de seus irmãos.
Outra característica é a depreciação dos presentes enviados entre os irmãos, que poderia ocorrer caso o reino não recebesse algo não correspondente ao prometido ou o tivesse em abundância. O rei assírio, ao solicitar ouro, percebe que o mesmo foi enviado em menor quantidade se comparado a presentes enviados a seus ancestrais e, por isso, reclama a Amenhotep III que ele não é suficiente para cobrir despesas de viagens dos seus mensageiros, visto que o ouro na sua “casa” é comparado a pó devido a sua abundância. Ressalte-se que o Egito era grande detentor de ouro e possuía extrações muito produtivas pelo Oriente Próximo e por suas rotas.
 
''“De certo modo, entravam na mesma lógica os pedidos de envio de mãosmão-de-obra (serviçais) e especialistas: médicos, mágicos, escultores, etc. Neste caso, tratava-se de um empréstimo: passada a necessidade alegada (sempre de acordo com a lógica do “valor de uso”, portanto), o membro do pessoal de outro palácio emprestado seria devolvido. Em forma análoga, estátuas divinas a que se atribuíam poderes curativos podiam circular entre as cortes.” (CARDOSO, 2000:21)''
 
Caso um súdito solicitasse uma reclamação a seu rei, o último deveria contatar seu irmão para passar a mensagem ao seu vassalo responsável pelo território onde ocorrera o incidente. Poderia o vassalo responsabilizar a aldeia mais próxima. Esse trâmite decidiria quem compensaria a reclamação inicial. Resumidamente, o vassalo reclamava a se governante que, por sua vez, passava a reclamação ao rei do reino reclamado que transmitiria a mensagem ao vassalo responsável.