Atentado da rua Tonelero: diferenças entre revisões

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{{História do Brasil}}
O '''Atentado da Ruarua Tonelero''' é o nome dado à tentativa de [[assassinato]] cometida contra o [[jornalista]] e [[político]] [[Carlos Lacerda]], ocorrida na madrugada do dia [[5 de agosto]] de [[1954]], em frente à sua residência, no número 180 da rua Tonelero, em [[Copacabana]], [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]].<ref name ="jb">[{{Citation | archiveurl = https://web.archive.org/web/20081211043806/http://jbonline.terra.com.br/jb/papel/brasil/2004/08/04/jorbra20040804009.html ''| archivedate = 2008 dez 11 | publisher = Terra | date = 2004 ago 4 | url = http://jbonline.terra.com.br/jb/papel/brasil/2004/08/04/jorbra20040804009.html | title = Rua Tonelero, 50 anos depois''] -| newspaper = [[Jornal do Brasil]]}}.</ref>
 
Ganhou importância histórica por se tornar o fato que constituiu o marco da derrocada do presidente da República [[Getúlio Vargas]], que culminou com o seu [[suicídio]], dezenove dias depois.<ref name="jb" /><ref name = "observatório">[{{Citation | url = http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=289MCH001 ''| title = O atentado da Rua Tonelero''] -| newspaper = [[Observatório da Imprensa]]}}.</ref>
 
== Atentado ==
Lacerda, um dos principais opositores do governo Vargas, iniciara sua campanha a [[deputado federal]]. Como havia sido ameaçado de morte algumas vezes, um grupo de simpatizantes, oficiais de [[Aeronáutica do Brasil | Aeronáutica]], decidiram servir-lhe de segurança durante seus [[comícios]]. Depois de um deles, realizado na noite de [[4 de agosto]] de 1954, no pátio do Colégio São José, o jornalista volta para casa acompanhado de seu filho Sérgio (então com quinze anos) no [[automóvel]] do major-aviador [[Rubens Florentino Vaz]]. Ao chegar na rua Tonelero, os três saltam do veículo e, ao se despedirem, uma pessoa surge das sombras e dispara vários tiros. O major, desarmado, tenta se defender, mas é atingido mortalmente no peito. Enquanto isso, Lacerda leva seu filho para a [[garagem]] do prédio e volta disparando contra o agressor, que foge num [[táxi]]. Um [[Guarda Municipal (Brasil)|guarda municipal]] que estava nas proximidades, Sálvio Romeiro, ouve os disparos e, ao verificar o que estava acontecendo, também é atingido por um tiro, conseguindo porém anotar a placa do veículo fugitivo.<ref name="observatório" /><ref name="jb2">[{{Citation | publisher = Terra | url = http://jbonline.terra.com.br/jb/papel/brasil/2004/08/01/jorbra20040801004.html ''| title = Rua Toneleros, o abismo de Getúlio Vargas '']{{Ligação| inativa}}date -= 2004 ago 1 | newspaper = [[Jornal do Brasil]]}}{{Ligação inativa}}.</ref>
 
== Investigação ==
Naquela mesma madrugada a [[imprensa]] começa a divulgar os detalhes do crime. O motorista do táxi, Nelson Raimundo de Souza, sabendo então que seu veículo fora identificado, decide se apresentar a uma [[delegacia]]. Inicialmente alega inocência, dizendo que apenas pegara o passageiro e não tinha conhecimento do crime, mas confessa seu envolvimento após depoimento à [[Polícia Militar]].<ref name="observatório" />
 
O ponto de táxi de Nelson ficava na Rua Silveira Martins, esquina da Rua do Catete - junto ao então [[Palácio do Catete|palácio presidencial]] - e costumava servir aos integrantes da guarda pessoal de Getúlio. Um desses integrantes, Climério Euribes de Almeida, combinara com o taxista de dar fuga em seu veículo a ele e um [[pistoleiro]], Alcino João do Nascimento.<ref name="observatório" />
 
Alcino, na verdade um [[marceneiro]] em dificuldades financeiras, fora contratado meses antes por José Antônio Soares para executar um desafeto. Ele aceitara prontamente o serviço, matando porém a pessoa errada. Isso não impediu que José o indicasse para cumprir uma tarefa semelhante encomendada por Climério. Ficou acertado que o atentado seria cometido durante um comício de Lacerda na cidade de [[Barra Mansa]]. Entretanto o carro de Nelson enguiçou, forçando o adiamento para 4 de agosto, data do próximo comício do jornalista. No dia, Climério e Alcino seguiram para o Colégio São José, mas o taxista, que deveria encontrá-los ali para a fuga, se atrasou. Já tarde da noite, os três decidiram seguir então para a casa de Lacerda.<ref name="observatório" />
 
Após a troca de tiros, Lacerda sai ferido no pé, e o major Vaz, depois de ser atingido por duas balas de uma [[pistola]] calibre 45 (de uso exclusivo das [[Forças Armadas do Brasil|Forças Armadas]]), morre a caminho do hospital. O comando da [[Aeronáutica do Brasil|Aeronáutica]] assume as investigações em [[8 de agosto]], mesmo dia em que [[Gregório Fortunato]], chefe da guarda pessoal de Getúlio e apontado como mandante do crime, confessa sua participação. Climério e Alcino são capturados pouco tempo depois.<ref name="observatório" />
 
== Consequências ==
A [[crise]] política que se seguiu ao episódio, em particular com os militares inconformados com morte de um dos seus, agravada pelos ataques violentos de Lacerda e seus seguidores ao presidente, sem que houvesse um moderador, agigantou a onda contrária a Getúlio Vargas. Diante dos pedidos de renúncia à presidência que começaram a se multiplicar, em [[23 de agosto]] o presidente reuniu-se com os seus ministros no [[Palácio do Catete]], a fim de analisar o quadro político. Ficou decidido que o presidente entraria em licença, voltando ao poder quando as investigações sobre o atentado estivesse concluídas. Duas horas mais tarde, quase às cinco horas da manhã do dia 24, Benjamin Vargas, irmão de Getúlio, chegou ao Palácio com a informação de que os militares queriam mesmo a renúncia. Como resposta, ao se retirar para o seu quarto, Getúlio afirmou: "Só morto sairei do Catete!" Momentos mais tarde ouviu-se um tiro: Getúlio estava morto com um tiro no [[coração]].
 
Alcino foi condenado a 33 anos de prisão, pena depois reduzida. Cumpriu 23 anos e sobreviveu a duas tentativas de assassinato. Gregório foi condenado a 25 anos, vindo a ser assassinado na prisão, assim como Climério, condenado a 33 anos. José Antônio Soares foi condenado a 26 anos. Nelson Raimundo, a 11 anos.
 
== Outras interpretações ==
A história oficial, revalidada pelo júri popular que condenou os autores do crime em [[1956]], continua sendo contestada por estudiosos do assunto e admiradores da era Vargas, que apontam inconsistências na investigação e perguntas que permaneceram sem resposta.<ref name = "folha2">[{{Citation | url = http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u63007.shtml ''| title = "Crime da rua Tonelero" ainda gera dúvida''] -| newspaper = [[Folha Online]] | publisher = UOL}}.</ref><ref name="folha3">[{{Citation | url = http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/ult505u163.shtml ''| title = História mal contada''] -| newspaper = [[Folha Online]] | publisher = UOL}}</ref>
 
Um dos principais motivadores de dúvidas seria o inquérito criminal, escrito num tom demasiado anti-Vargas e recheado de expressões como "covarde atentado" e "mentiroso depoimento", entre outras. Durante o desenvolvimento do mesmo, inclusive, não foi feita reconstituição do crime ou a [[acareação]] entre Lacerda, (que inicialmente teria afirmado que seriam três pessoas disparando contra ele)<ref name="folha3" /> e o pistoleiro Alcino.<ref name="folha2" />
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== Ligações externas ==
* [{{Citation | url = http://almanaque.folha.uol.com.br/brasil_03jan1955.htm 1954: O ANOano MAISmais AGITADOagitado DEde TODAtoda Aa HISTORIAHistória DAda REPUBLICARepública NOno BRASIL]-Brasil Reprodução| de matéria publicadanewspaper na= ''[[Folha da Tarde]]'' em| date = [[3 de janeiro]] de [[1955]] | publisher = UOL}}.
 
{{Criminalidade no Brasil no século XX}}