Atentado da rua Tonelero: diferenças entre revisões
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{{História do Brasil}}
Ganhou importância histórica por se tornar o fato que constituiu o marco da derrocada do presidente da República [[Getúlio Vargas]], que culminou com o seu [[suicídio]], dezenove dias depois.<ref name="jb" /><ref name = "observatório">
== Atentado ==
Lacerda, um dos principais opositores do governo Vargas, iniciara sua campanha a [[deputado federal]]. Como havia sido ameaçado de morte algumas vezes, um grupo de simpatizantes, oficiais de [[Aeronáutica do Brasil | Aeronáutica]], decidiram servir-lhe de segurança durante seus [[comícios]]. Depois de um deles, realizado na noite de [[4 de agosto]] de 1954, no pátio do Colégio São José, o jornalista volta para casa acompanhado de seu filho Sérgio (então com quinze anos) no [[automóvel]] do major-aviador [[Rubens Florentino Vaz]]. Ao chegar na rua Tonelero, os três saltam do veículo e, ao se despedirem, uma pessoa surge das sombras e dispara vários tiros. O major, desarmado, tenta se defender, mas é atingido mortalmente no peito. Enquanto isso, Lacerda leva seu filho para a [[garagem]] do prédio e volta disparando contra o agressor, que foge num [[táxi]]. Um [[Guarda Municipal (Brasil)|guarda municipal]] que estava nas proximidades, Sálvio Romeiro, ouve os disparos e, ao verificar o que estava acontecendo, também é atingido por um tiro, conseguindo porém anotar a placa do veículo fugitivo.<ref name="observatório" /><ref name="jb2">
== Investigação ==
Naquela mesma madrugada a [[imprensa]] começa a divulgar os detalhes do crime. O motorista do táxi, Nelson Raimundo de Souza, sabendo então que seu veículo fora identificado, decide se apresentar a uma [[delegacia]]. Inicialmente alega inocência, dizendo que apenas pegara o passageiro e não tinha conhecimento do crime, mas confessa seu envolvimento após depoimento à [[Polícia Militar]].<ref name="observatório" />
O ponto de táxi de Nelson ficava na Rua Silveira Martins, esquina da Rua do Catete
Alcino, na verdade um [[marceneiro]] em dificuldades financeiras, fora contratado meses antes por José Antônio Soares para executar um desafeto. Ele aceitara prontamente o serviço, matando porém a pessoa errada. Isso não impediu que José o indicasse para cumprir uma tarefa semelhante encomendada por Climério. Ficou acertado que o atentado seria cometido durante um comício de Lacerda na cidade de [[Barra Mansa]]. Entretanto o carro de Nelson enguiçou, forçando o adiamento para 4 de agosto, data do próximo comício do jornalista. No dia, Climério e Alcino seguiram para o Colégio São José, mas o taxista, que deveria encontrá-los ali para a fuga, se atrasou. Já tarde da noite, os três decidiram seguir então para a casa de Lacerda.<ref name="observatório" />
Após a troca de tiros, Lacerda sai ferido no pé, e o major Vaz, depois de ser atingido por duas balas de uma [[pistola]] calibre 45 (de uso exclusivo das [[Forças Armadas do Brasil|Forças Armadas]]), morre a caminho do hospital. O comando da [[Aeronáutica do Brasil|Aeronáutica]] assume as investigações em [[8 de agosto]], mesmo dia em que [[Gregório Fortunato]], chefe da guarda pessoal de Getúlio e apontado como mandante do crime, confessa sua participação. Climério e Alcino são capturados pouco tempo depois.<ref name="observatório" />
== Consequências ==
A [[crise]] política que se seguiu ao episódio, em particular com os militares inconformados com morte de um dos seus, agravada pelos ataques violentos de Lacerda e seus seguidores ao presidente, sem que houvesse um moderador, agigantou a onda contrária a Getúlio Vargas. Diante dos pedidos de renúncia à presidência que começaram a se multiplicar, em [[23 de agosto]] o presidente reuniu-se com os seus ministros no [[Palácio do Catete]], a fim de analisar o quadro político. Ficou decidido que o presidente entraria em licença, voltando ao poder quando as investigações sobre o atentado estivesse concluídas. Duas horas mais tarde, quase às cinco horas da manhã do dia 24, Benjamin Vargas, irmão de Getúlio, chegou ao Palácio com a informação de que os militares queriam mesmo a renúncia. Como resposta, ao se retirar para o seu quarto, Getúlio afirmou: "Só morto sairei do Catete!" Momentos mais tarde ouviu-se um tiro: Getúlio estava morto com um tiro no [[coração]].
Alcino foi condenado a 33 anos de prisão, pena depois reduzida. Cumpriu 23 anos e sobreviveu a duas tentativas de assassinato. Gregório foi condenado a 25 anos, vindo a ser assassinado na prisão, assim como Climério, condenado a 33 anos. José Antônio Soares foi condenado a 26 anos. Nelson Raimundo, a 11 anos.
== Outras interpretações ==
A história oficial, revalidada pelo júri popular que condenou os autores do crime em [[1956]], continua sendo contestada por estudiosos do assunto e admiradores da era Vargas, que apontam inconsistências na investigação e perguntas que permaneceram sem resposta.<ref name = "folha2">
Um dos principais motivadores de dúvidas seria o inquérito criminal, escrito num tom demasiado anti-Vargas e recheado de expressões como "covarde atentado" e "mentiroso depoimento", entre outras. Durante o desenvolvimento do mesmo, inclusive, não foi feita reconstituição do crime ou a [[acareação]] entre Lacerda, (que inicialmente teria afirmado que seriam três pessoas disparando contra ele)<ref name="folha3" /> e o pistoleiro Alcino.<ref name="folha2" />
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== Ligações externas ==
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{{Criminalidade no Brasil no século XX}}
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