Cânone bíblico: diferenças entre revisões

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O '''cânone bíblico''' designa o inventário ou lista de escritos ou livros considerados pela [[Igreja Católica]] e aceita pelas demais igrejas cristãs, como tendo evidências de inspiração divina. Cânone, em [[língua hebraica|hebraico]] ''qenéh'' e no [[língua grega|grego]] ''kanóni'', tem o significado de "régua" ou "cana [de medir]", no sentido de um catálogo. A formação do cânone bíblico se deu gradualmente. Foi formado num período aproximado de 1 500 anos. Os cristãos protestantes acreditam que o último livro do [[Antigo Testamento]] foi escrito pelo profeta [[Malaquias]]. Para os católicos também foi assim até 1546, quando no seu Concílio de Trento, acrescentou ao catálogo bíblico sete livros: Tobias, Judite, Eclesiástico, Baruque, Sabedoria, 1/2 Macabeus, além de fragmentos de Ester e Daniel, ao que passou para estes e também os ortodoxos a serfoi o ultimo volume do antigo testamento [[Eclesiástico]] ou Sabedoria de Sirácida.
 
O profeta [[Moisés]] começou a escrever os primeiros cinco livros canónicos (ou [[Pentateuco]]) cerca de {{AC|1491|x}}. De acordo com a Bíblia, [[Deus]] mandou que se escrevesse o registo da Batalha de Refidim.([[Êxodo]] 17:14). Depois vieram os [[Dez Mandamentos]] (34:1,27,28). Recapitulação dos acontecimentos é feita em [[Deuteronómio]] 9:9-17 10:1-5. São também referidos escritos ou livros anteriores como consultados, para além da tradição oral transmitida de geração em geração.
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Acredita-se que começando por Moisés, à proporção que os livros iam sendo escritos, eram postos no [[Tabernáculo]], junto ao grupo de livros sagrados. Especula-se que tivesse sido Esdras quem reuniu os diversos livros e os catalogou, desse modo estabelecendo a coleção de livros inspirados por Deus. Desses originais, os copistas ou [[escriba]]s fizeram cópias para uso das sinagogas largamente disseminadas. Porém a crítica não aceita a tese de que livros posteriores ao tempo do profeta figuram na [[Bíblia Hebraica]], como é o caso do livro de Daniel. Segundo especialistas, isso explicaria porque o livro de Daniel não figura entre os escritos proféticos, mas nos hagiógrafos.
 
O prólogo da versão grega do Eclesiástico, livro acrescentado pela igreja católica ao cânon a partir do concilio de Trento em 1546 e que até então era apócrifo (não canônico), datado em 130 a.C parece já confirmar a suspeita dos estudiosos modernos. Com efeito nele lemos: ''"Pela lei, pelos profetas e por outros escritores que os sucederam, recebemos inúmeros ensinamentos importantes (...) Foi assim que após entregar-se particularmente ao estudo atento da Lei, dos profetas e dos outros escritos, transmitidos por nossos antepassados [...]"''.
 
Nota-se que o cânon indicado neste escrito considera canônicos livros posteriores ao tempo dos profetas.
 
As descobertas do [[Pergaminhos do Mar Morto|mar Morto]] e [[Massada]] indicammostram que entre os antigos judeus ainda não havia um cânon bíblico fixo ou instituído, que só teriam vindoveio depois do século I a criar corpo, noe mesmo princípioassim com muitas divergências.
 
Alguns dizem que o Cânone Hebraico de 39 livros, só foi realmente fixado no [[Concílio de Jâmnia]] em {{DC|100|x}}, embora nesse mesmo concílio livros como o de [[Livro de Ester|Ester]], [[Livro de Daniel|Daniel]], [[Cântico dos Cânticos]], ficaram de fora do cânon, que só veio a ser fixado mesmo no {{séc|IV}}. Estudiosos como Leonard Rost garantem que tais decisões demoraram muito para serem aceitas e até hoje não tiveram aceitação em muitas comunidades judaicas; como o caso dos judeus do Egito, quem tem um cânon semelhante ao [[Igreja Católica|católico]] e [[Igreja Ortodoxa|ortodoxo]].
Alguns dizem que o Cânone Hebraico de 39 livros, só foi realmente fixado no [[Concílio de Jâmnia]] em {{DC|100|x}}.
 
O [[Concílio de Jâmnia]] rejeitou todos os livros e demais escritos e considerando-os como [[apócrifos]], ou seja, não tendo evidências de inspiração por Deus e fonte de fé, tanto quanto da verdadeira autoria. Houve muitos debates acerca da aprovação de certos livros, como Ester e Cântico dos Cânticos, conforme registro da [[Mishná]]. Acredita-seA (alguns)tese de que o trabalho desse Concílio foi apenas ratificar aquilo que já era aceito pela grande maioria dos judeus através dos séculos, emboracarece de fundamento científico e é rejeitada pela majoritariamente pelos especialistas {{carece hajade protestosfontes}}.
 
Até os primeiros quatro séculos, na [[igreja antiga]], não havia um parecer oficial sobre o cânon do Antigo Testamento. As opiniões eram muito diversas. [[Pais da Igreja]] como [[Melito de Sardes|Melito]], [[Cipriano de Cartago|Cipriano]] e [[Rufino de Aquileia]] postulavam pelo Cânon Hebraico (com 39 livros, excluindo os deuterocanônicos ou apócrifos). Já [[Ireneu de Lyon|Ireneu]], [[São Justino]] e [[Santo Agostinho]] defendiam o Cânon Alexandrino (com 46 livros, incluindo os [[Deuterocanônicos]]). [[Jerônimo de Estridão|Jerônimo]] começou negando a canonicidade dos [[Deuterocanônicos]], embora os tenha incluindo em sua [[Vulgata]]. Escritos seus posteriores indicammostram que esta sua posição inicial foi revista, é o que se verifica em sua Carta a Rufino e outra a [[Paulino de Nola|Paulino, Bispo de Nola]].
 
No final do século IV, [[Concílios Ecumênicos]] reafirmaram o cânon alexandrino. É o caso dos concílios de [[Concílio de Roma|Roma]] ({{DC|382|x}}, dando origem ao cânon damasceno), [[Concílio de Hipona (393)|Hipona I]] (cânon 36, {{DC|393|x}}, [[Cartago III]] (cânon 47, 397 d.C), [[Cartago IV]] (cânon 24, {{DC|417|x}} e [[Concílio Quinissexto|Trullo]] (cânon 2, {{DC|692|x}}). Um documento conhecido como Decreto Gelasiano ({{DC|496|x}}) também opta pelo cânon alexandrino.
 
As igrejas orientais também fizeram sua opção pelo cânon alexandrino, adotando a [[Septuaginta]] como a versão oficial do Antigo Testamento.
 
Desta forma, depois do século IV, o cânon alexandrino havia obtido aceitação ampla em toda a Igreja: no Ocidente com as versões da [[Vetus Latina]] e a [[Vulgata]] e no Oriente com a [[Septuaginta]].
 
=== Novas controvérsias sobre o cânon do Antigo Testamento ===
No início do século XV, um grupo dissidente da [[Igreja Copta]] (de crença [[monofisista]]), conhecidos como "jacobitas", questionou o cânon alexandrino entre outras coisas. Em 1441, o [[Concílio de Florença|Concílio Ecumênico de Florença]], através da bula ''Cantate Domino'' (4 de fevereiro de 1442) reafirmou o caráter canônico do cânon alexandrino.
 
Com a [[Reforma Protestante]], Lutero voltou a questionar o caráter canônico dos [[Deuterocanônicos]] do Antigo testamentoe trechos e livros Novo Testamento como a carta aos [[Hebreus]], [[Epístola de Tiago|Tiago]] - [[II Pedro]] - [[II João]] - [[III João]] - [[Epístola de Judas|Judas]] - [[Apocalipse de São João|Apocalipse de João]], negando inclusive seu caráter eclesiástico, pois para ele estes livros eram contrários à fé. Em 1545, foi convocado pela religião católica o [[Concílio de Trento]], comque onovamente objetivoreafirmou de estancar ao "sangria"caráter dacanônico dissidência cristã protestante, onde que de idih reconhecer odo cânon alexandrino como oficial, através do [[Cânone de Trento]].
 
No início, não houve consenso entre os [[protestantes]] sobre o cânon do Antigo Testamento e do Novo Testamento. O rei [[Jaime VI da Escócia e I de Inglaterra|Jaime I da Inglaterra]], responsável pela famosa tradução KJV (''King James Version''), defendia que os [[Deuterocanônicos]] deveriam continuar constando nas bíblias protestantes.
 
Logo depois a [[Igreja Ortodoxa Russa]] resolveu deixar como facultativa a aceitação ou não do cânon alexandrino.
As denominações protestantes, conhecidas como "evangélicas", decidiram por conservar o conceito primitivo do cânon do antigo testamento que continha 39 volumes rejeitando as adições dos chamados "apócrifos".
 
== Cânone do Novo Testamento ==
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Muitas controvérsias existiram para se reconhecer o caráter canônico de livros como Hebreus, Tiago, Judas, Apolocalipse, II e III João e II Pedro. Por esta razão alguns estudiosos os chamam de [[Deuterocanônicos]] do Novo Testamento.
 
Da mesma forma, outros livros do Novoestiveram Testamentono cânon foramNovo considerados inspiradosTestamento, porém depois foram rejeitados. É o caso da [[I Clemente|Primeira Carta de Clemente aos Coríntios]] ({{séc|I|x}}) e o [[Pastor de Hermas]] ({{séc|II|x}}). São os chamados [[antilegomena]].
 
A lista completa dos livros do Novo Testamento conforme existe hoje aparece pela primeira vez na Epístola 39 de [[Santo Atanásio de Alexandria]] para a Páscoa de {{DC|367|x}}.
 
Esta mesma lista foi confirmada por documentos posteriores como o [[Decreto Gelasiano]], e os [[cânone]]s dos concílios de [[Concílio de Hipona|Hipona]], [[Concílio de Cartago|Cartago III]] e [[Concílio de Cartago|IV]].
 
A definição oficial dos livros do Novo Testamento, realizado pela Igreja Católica, no {{séc|IV}} quando [[São Jerônimo]] realizou a compilação completa da bíblia, acabou com os questionamentos sobre a canonicidade dos livros deuterocanônicos do Novo Testamento, questão esta que só reapareceria com o surgimento da [[Reforma Protestante]], onde através do [[Concílio de Trento]], no primeiro período (1545-48), a Igreja reafirmouse viu obrigada a reafirmar através de decretos (vide [[Cânone de Trento]]), o cânon sagrado do Novo Testamento também com os 27 livros que temos hoje.
 
Durante a [[Reforma Protestante]], [[Martinho Lutero]] demonstrou dúvida quanto à autoria e canonicidade de alguns livros do Novo Testamento: [[Epístola aos Hebreus|Hebreus]], [[Epístola de Tiago|Tiago]], [[Epístola de Judas|Judas]] e o [[Apocalipse]]. No entanto sem mais evidências da não autenticidade da mensagem, ao traduzir o Novo Testamento para o alemão em 1522, Lutero traduziu esses livros perfazendo ao todo 27 livros que temos hoje.