Trovadorismo: diferenças entre revisões

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[[Ficheiro:Symphonia Cantigas Sta María 160.jpg|thumb|300px|Symphonia da Cantiga 160, Cantigas de Santa Maria de [[Afonso X]], o Sábio - Códice do Escorial. (1221-1284).]]
'''Trovadorismo''' foi um movimento literário e poético que surgiu na [[Idade Média]] no [[século XI]].<ref>{{citar web|título=Trovadorismo|url=http://www.todamateria.com.br/trovadorismo/|acessodata=10 de fevereiro de 2015}}</ref> Foi o primeiro movimento literário da [[língua portuguesa]], pois dele surgiram as primeiras manifestações literárias. As cantigas são os principais registros da época, tradicionalmente divididas em cantigas de amor, de amigo, escárnio e maldizer. O Trovadorismo português teve seu apogeu durante o período, de cerca de 150 anos, que vai, genericamente, de finais do [[século XII]] a meados do [[século XIV]]. As cantigas medievais situam-se, historicamente, nas {{linktext|alvores}} das nacionalidades ibéricas, sendo, em grande parte contemporâneas da chamada [[Reconquista cristã]], que nelas deixa, aliás, numerosas marcas; entrou em declínio no [[século XIV]].<ref>{{citar web|título=Cantigas medievais galego-portuguesas|url=http://cantigas.fcsh.unl.pt/sobreascantigas.asp|acessodata=10 de fevereiro de 2015|data=2012}}</ref>
 
Surgiu no mesmo período em que [[Portugal]] começou a despontar como nação independente, no [[século XII]]; porém, as suas [[origens]] deram-se na [[Occitânia]], de onde se espalhou por praticamente toda a [[Europa]]. Apesar disso, a lírica medieval [[galego-português]] possuiu características próprias, uma grande produtividade e um número considerável de autores conservados. Marcou-se o início do Trovadorismo na península ibérica com a Cantiga da Ribeirinha, em 1198 ou 1189.
 
== As origens do Trovadorismo BATMAN BATMAN BATMAN BATMAN EXISTE SIM PALHAÇO! ==
[[Ficheiro:Martim Codax Cantigas de Amigo.jpg|thumb|250px|Os textos dos trovadores medievais foram preservados em [[pergaminho]]s, como por exemplo o [[Pergaminho Vindel]]]]
São admitidas quatro teses fundamentais para explicar a origem do trovadorismo: a tese ''arábica'', que considera a cultura arábica como sua velha raiz; a tese ''folclórica'', que a julga criada pelo próprio povo; a tese ''médio-latinista'', segundo a qual essa poesia teria origem na [[literatura latina]] produzida durante a [[Idade Média]]; e, por fim, a tese ''litúrgica'', que a considera fruto da poesia litúrgico-cristã elaborada na mesma época. Todavia, nenhuma das teses citadas é suficiente em si mesma, deixando-nos na posição de aceitá-las conjuntamente, a fim de melhor abarcar os aspectos constantes desta poesia.
 
A mais antiga manifestação literária [[galaico-português|galaico-portuguesa]] que se pode datar é a cantiga "Ora faz host'o senhor de Navarra", do trovador português [[João Soares de Paiva]] ou [[João Soares de Pávia]], composta provavelmente por volta do ano [[1200]]. Por essa cantiga ser a mais antiga datável (por conter dados históricos precisos), convém datar daí o início da Lírica medieval galego-portuguesa (e não, como se supunha, a partir da "Cantiga de Guarvaia", composta por Paio Soares de Taveirós, cuja data de composição é impossível de apurar com exactidão, mas que, tendo em conta os dados biográficos do seu autor, é certamente bastante posterior). Este texto também é chamado de "Cantiga da Ribeirinha" por ter sido dedicada à Dona Maria Paes Ribeiro, a ribeirinha. De 1200, a Lírica galego-portuguesa se estende até meados do século XIV, sendo usual referir como termo o ano de 1350, data do testamento do [[Pedro Afonso, conde de Barcelos|Conde D. Pedro Afonso de Barcelos]], filho primogênito bastardo de [[Dinis I de Portugal|D. Dinis]], ele próprio trovador e provável compilador das cantigas (no testamento, D. Pedro lega um "Livro das Cantigas" a seu sobrinho, D.Afonso XI de Castela).
 
[[Trovador]]es eram aqueles que compunham as [[poesia]]s e as [[melodia]]s que as acompanhavam, e ''[[cantiga]]s'' são as poesias cantadas. A designação "trovador" aplicava-se aos autores de origem nobre, sendo que os autores de origem vilã tinham o nome de ''[[jogral]]'', termo que designava igualmente o seu estatuto de profissional (em contraste com o trovador). Ainda que seja coerente a afirmação de que quem tocava e cantava as poesias eram os jograis, é muito possível que a maioria dos trovadores interpretasse igualmente as suas próprias composições.
 
A mentalidade da época baseada no teocentrismo serviu como base para a estrutura da cantiga de amigo, em que o amor espiritual e inatingível é retratado. As cantigas, primeiramente destinadas ao canto, foram depois manuscritas em cadernos de apontamentos, que mais tarde foram postas em ''coletâneas de canções'' chamadas ''Cancioneiros'' (livros que reuniam grande número de [[trova]]s). São conhecidos três Cancioneiros galego-portugueses: o "[[Cancioneiro da Ajuda]]", o "[[Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa]]" (Colocci-Brancutti) e o "[[Cancioneiro da Vaticana]]". Além disso, há um quarto livro de [[cantigas de Santa Maria|cantigas dedicadas à Virgem Maria]] pelo rei [[Afonso X de Leão e Castela]], O Sábio. Surgiram também os textos em prosa de cronistas como [[Rui de Pina]], [[Fernão Lopes]] e [[Gomes Eanes de Zurara]] e as [[novelas de cavalaria]], como a demanda do [[Santo Graal]].
 
== Classificação das cantigas ==
Com base na maioria das cantigas reunidas nos cancioneiros, podemos classificá-las da seguinte forma:
 
=== A cantiga de amor===
O cavalheiro dirige se à mulher amada como uma figura idealizada, distante. O poeta, na posição de fiel vassalo, se põe a serviço de sua senhora, dama da corte, tornando esse amor um objeto de sonho, distante, impossível. Mas nunca consegue conquistá-la, porque eles pertencem a diferentes níveis sociais.
 
Neste tipo de cantiga, originária de Provença, no sul de França, o eu-lírico é masculino e sofredor. Sua amada é chamada de senhor (as palavras terminadas em ''or'' como senhor ou pastor, em galego-português não tinham feminino). Canta as qualidades de seu amor, a "minha senhor", a quem ele trata como superior revelando sua condição hierárquica. Ele canta a dor de amar e está sempre acometido da "coita", palavra frequente nas cantigas de amor que significa "sofrimento por amor". É à sua amada que se submete e "presta serviço", por isso espera benefício (referido como o '''bem''' nas trovas).
 
Essa relação amorosa vertical é chamada "vassalagem amorosa", pois reproduz as relações dos vassalos com os seus senhores feudais. Sua estrutura é mais sofisticada.
 
São tipos de Cantiga de Amor:
*Cantiga de ''Meestria'': é o tipo mais difícil de cantiga de amor. Não apresenta refrão, nem estribilho, nem repetições (diz respeito à forma.)
*Cantiga de ''Tense'' ou Tenção: diálogo entre cavaleiros em tom de desafio. Gira em torno da mesma mulher.
*Cantiga de ''Pastorela'': trata do amor entre pastores (plebeus) ou por uma pastora (plebéia).
*Cantiga de ''Plang'': cantiga de amor repleta de lamentos.
 
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'''Exemplo de lírica galego-portuguesa (de Bernardo de Bonaval)'''
 
:::"A dona que eu amo e tenho por Senhor
:::amostra-me-a Deus, se vos en prazer for,
:::se non dade-me-a morte.
 
:::A que tenh'eu por lume d'estes olhos meus
:::e porque choran sempr(e) amostrade-me-a Deus,
:::se non dade-me-a morte.
 
:::Essa que Vós fezestes melhor parecer
:::de quantas sei, a Deus, fazede-me-a veer,
:::se non dade-me-a morte.
 
:::A Deus, que me-a fizestes mais amar,
:::mostrade-me-a algo possa con ela falar,
:::se non dade-me-a morte."
|}
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* Eu lírico masculino
* Assunto Principal: o sofrimento amoroso do eu-lírico perante uma mulher idealizada e distante.
* Amor cortês; vassalagem amorosa.
* Amor impossível.
* Ambientação aristocrática das cortes.
* Forte influência provençal.
* Vassalagem amorosa "o eu lírico usa o pronome de tratamento "senhor".
 
=== A cantiga de amigo ===
São cantigas de origem popular, com marcas evidentes da literatura oral (reiterações, paralelismo, refrão, estribilho), recursos esses próprios dos textos para serem cantados e que propiciam facilidade na memorização. Esses recursos são utilizados, ainda hoje, nas canções populares.
 
 
Este tipo de cantiga, que não surgiu em Provença como as outras, teve suas origens na [[Península Ibérica]]. Nela, o eu-lírico é uma [[mulher]] (mas o autor era masculino, devido à sociedade feudal e o restrito acesso ao conhecimento da época), que canta seu amor pelo [[amizade|amigo]] (isto é, namorado), muitas vezes em ambiente natural, e muitas vezes também em diálogo com sua [[mãe]] ou suas amigas. A figura feminina que as cantigas de amigo desenham é, pois, a da jovem que se inicia no universo do amor, por vezes lamentando a ausência do amado, por vezes cantando a sua alegria pelo próximo encontro. Outra diferença da cantiga de amor, é que nela não há a relação Suserano x Vassalo, ela é uma mulher do [[povo]]. Muitas vezes tal cantiga também revelava a tristeza da mulher, pela ida de seu amado à guerra.
 
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'''Exemplo (de D. Dinis)'''
 
:::"Ai flores, ai flores do verde pino,
:::se sabedes novas do meu amigo!
:::::ai Deus, e u é?
 
:::Ai flores, ai flores do verde ramo,
:::se sabedes novas do meu amado!
:::::ai Deus, e u é?
 
:::Se sabedes novas do meu amigo,
:::aquel que mentiu do que pôs comigo!
:::::ai Deus, e u é?
 
:::Se sabedes novas do meu amado,
:::aquel que mentiu do que mi há jurado!
:::::ai Deus, e u é?"
:(...)
|}
 
* Eu lírico feminino.
* Presença de paralelismos.
* Predomínio da musicalidade.
* Assunto Principal: saudade
* Amor natural, espontâneo e possível.
* Ambientação popular rural ou urbana.
* Influência da tradição oral ibérica.
* Deus é o elemento mais importante do poema.
* Pouca subjetividade.
 
=== A cantiga de escárnio ===
{{main|Cantigas de escárnio e maldizer}}
Em cantiga de escárnio, o eu-lírico faz uma [[sátira]] a alguma pessoa. Essa sátira era indireta, cheia de duplos sentidos. As cantigas de escárnio (ou "de escarnho", na grafia da época) definem-se, pois, como sendo aquelas feitas pelos trovadores para dizer mal de alguém, por meio de ambiguidades, trocadilhos e jogos semânticos, em um processo que os trovadores chamavam "equívoco". O cômico que caracteriza essas cantigas é predominantemente verbal, dependente, portanto, do emprego de recursos retóricos. A cantiga de escárnio exigindo unicamente a alusão indireta e velada, para que o destinatário não seja reconhecido, estimula a imaginação do poeta e sugere-lhe uma expressão irônica, embora, por vezes, bastante mordaz.
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'''Exemplo de cantiga de escárnio.'''
 
Ai, dona fea, foste-vos queixar
que vos nunca louv[o] em meu cantar;
 
mais ora quero fazer um cantar
 
em que vos loarei toda via;
 
e vedes como vos quero loar:
 
dona fea, velha e sandia!
(...)
|}
*Crítica indireta; normalmente a pessoa satirizada não é identificada.
*Linguagem trabalhada, cheia de sutilezas, trocadilho e ambiguidades.
*Ironia.
 
=== A cantiga de maldizer ===
Ao contrário da cantiga de escárnio, a cantiga de maldizer traz uma sátira direta e sem duplos sentidos. É comum a agressão verbal à pessoa satirizada, e muitas vezes, são utilizados até palavras de baixo calão ([[palavrão|palavrões]]). O nome da pessoa satirizada pode ou não ser revelado.
 
Exemplo de cantigas
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'''João Garcia de Guilhade'''
 
:::"Ai dona fea! Foste-vos queixar
:::Que vos nunca louv'en meu trobar
:::Mais ora quero fazer un cantar
:::En que vos loarei toda via;
:::E vedes como vos quero loar:
:::Dona fea, velha e sandia!
 
:::Ai dona fea! Se Deus mi pardon!
:::E pois havedes tan gran coraçon
:::Que vos eu loe en esta razon,
:::Vos quero já loar toda via;
:::E vedes qual será a loaçon:
:::Dona fea, velha e sandia!
 
:::Dona fea, nunca vos eu loei
:::En meu trobar, pero muito trobei;
:::Mais ora já en bom cantar farei
:::En que vos loarei toda via;
:::E direi-vos como vos loarei:
:::Dona fea, velha e sandia!"
|}
 
Este texto é enquadrado como cantiga de escárnio já que a sátira é indireta e não se cita o nome da pessoa especifica. Mas, se o nome fosse citado ela seria uma Cantiga de Maldizer, pois contém todas as características diretas como sátira da "Dona". Existe a suposição que Joan Garcia escreveu a cantiga anterior uma senhora que reclamava por ele não ter escrito nada em homenagem a ela. Joan Garcia de tanto ouvi-lá dizer, teria produzido a cantiga.
 
*Crítica direta; geralmente a pessoa satirizada é identificada
*Linguagem agressiva, direta, por vezes obscena
*Zombaria
*Linguagem Culta
 
<!-- Verificar validade e referenciar o texto
Características A poesia desta época compőe-se basicamente de cantigas, geralmente com acompanhamento de instrumentos (alaúde, flauta, viola, gaita etc.). Quem escrevia e cantava essas poesias musicadas eram os jograis e os trovadores. Estes últimos deram origem ao nome deste estilo de época português.
Mais tarde, as cantigas foram compiladas em Cancioneiros. Os mais importantes Cancioneiros desta época são o da Ajuda, o da Biblioteca Nacional e o da Vaticana.
As cantigas eram cantadas no idioma galego-português e dividem-se em dois tipos: líricas (de amor e de amigo) e satíricas (de escárnio e mal-dizer).
Do ponto de vista literário, as cantigas líricas apresentam maior potencial pois formam a base da poesia lírica portuguesa e até brasileira. Já as cantigas satíricas, geralmente, tratavam de personalidades da época, numa linguagem popular e muitas vezes obscena !
-->
 
== Trovadores ==
* [[Ricardo Coração de Leão]]
* [[Afonso Sanches]]
* [[Aires Corpancho]]
* [[Aires Nunes]]
* [[Bernardo Bonaval]]
* [[Dinis I de Portugal|Dom Dinis I de Portugal]]
* [[D. Pedro, Conde de Barcelos]]
* [[João Garcia de Guilhade]]
* [[João Soares de Paiva]] ou [[João Soares de Pávia]]
* [[João Zorro]]
* [[Paio Gomes Charinho]]
* [[Paio Soares de Taveirós]] ([[Cantiga da Ribeirinha|Cantiga da Garvaia]])
* [[Meendinho]]
* [[Martim Codax]]
* [[Nuno Fernandes Torneol]]
* [[Guilherme IX da Aquitânia]]
* [[Pedro III de Aragão]]
 
=={{Ver também}}==
{{wikisource|Categoria:Trovadorismo}}
{{portal-literatura}}
*[[Lista de autores da Galiza]]
*[[A Gaia Ciência]]
*[[Amor cortês]]
*[[Menestrel]]
*[[Neotrobadorismo]]
*[[Pergaminho Sharrer]] e [[Pergaminho Vindel]]
 
{{referências}}
 
== {{Ligações externas}} ==
* [http://cantigas.fcsh.unl.pt/manuscritos.asp ''Cantigas Medievais Galego-Portuguesas - FCSH'', todas as cantigas medievais dos cancioneiros galego-portugueses] {{pt}}
* {{Link|en|2=http://www.agal-gz.org/modules.php?name=News&file=article&sid=1373^|3=Cantigas on-line}}
* {{Link|pt|2=http://www.filologia.org.br/ivjnf/07.html|3=Filologia.org.br}}
* {{Link|pt|http://lusofonia.com.sapo.pt/literatura_portuguesa/poesia_trovadoresca.pdf|Sobre a poesia trovadoresca galego-portuguesa}}
* {{link|1=pt|2=http://www.miniweb.com.br/Historia/artigos/i_media/pdf/barros.pdf|3=José D'Assunção Barros: Os trovadores medievais e o amor cortês – reflexões historiográficas - "Alethéia", UFG, Ano 1, vol.01, n°1, abril/maio de 2008}}
{{Escolas da Literatura portuguesa}}{{esboço-literatura}}
 
[[Categoria:Trovadorismo| ]]
[[Categoria:Movimentos culturais]]