Parque Indígena do Xingu: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Linha 8:
A área do parque, que conta com mais de 27 000 quilômetros quadrados (aproximadamente 2 800 000 hectares, incluindo as terras indígenas Batovi e Wawi), está situado ao norte do estado de [[Mato Grosso]], numa zona de transição florística entre o Planalto Central e a Floresta Amazônica. A região, toda ela plana, onde predominam as matas altas entremeadas de [[cerrado]]s e campos, é cortada pelos formadores do [[Rio Xingu]], e pelos seus primeiros afluentes da direita e da esquerda. Os cursos formadores são os rios Kuluene, Tanguro, Kurisevo e Ronuro - o Kuluene assume o nome de Xingu a partir da desembocadura do Ronuro, no local conhecido pelos indígenas como Mÿrená (Morená). Os afluentes são os rios Suiá Miçu, Maritsauá Miçu, Auaiá Miçu, Uaiá Miçu e o Jarina, próximo da cachoeira de [[Von Martius]].
 
Atualmente, vivem, na área do Xingu, aproximadamente, 5 500 índios de quatorze [[etnia]]s diferentes pertencentes aos quatro grandes [[tronco linguístico|troncos linguísticos]] [[Línguas indígenas do Brasil|indígenas]] do [[Brasil]]: [[Línguas caribes|caribe]], [[Línguas aruaques|aruaque]], [[Macro-tupi|tupi]] e [[macro-jê]]. Centros de estudo, inclusive a [[Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura]], consideram essa área como sendo o mais belo mosaico linguístico puro do país. As tribos que vivem na região são: [[cuicuros]], [[calapalos]], [[nauquás]], [[matipus]], [[icpengues]] (todos de tronco linguístico caribe), [[meinacos]], [[uaurás]], [[iaualapitis]] (tronco linguístico aruaque), [[auetis]], [[camaiurás]], [[jurunas]], [[caiabis]] (tronco linguístico tupi), [[trumai]]speitonais (língua isolada), [[suiá]]s (tronco linguístico macro-jê); já tendo ainda morado na área do parque os [[panará]]s (kreen-akarore), os menbengokrês ([[caiapós]]) e [[Tapaiúnas|tapaiunas]] (beiço-de-pau). Criado o Parque Nacional do Xingu, posteriormente denominado Parque Indígena do Xingu, em 1961, [[Orlando Villas-Bôas]] foi nomeado seu administrador-geral. No exercício dessa função, pôde melhorar a assistência aos índios, garantir a preservação da fauna e da flora da região e reaparelhar os postos de assistência. Ainda como administrador do parque, Orlando Villas-Bôas favoreceu a realização de estudos de etnologia, etnografia e linguística a pesquisadores não apenas nacionais como de universidades estrangeiras. Autorizando, ainda, a filmagem documentária da vida dos índios, deu margem a um valioso acervo audiovisual.
A épica empreitada dos irmãos Villas-Bôas é um dos mais importantes e polêmicos episódios da antropologia brasileira e da história indígena. A concepção do Parque Indígena do Xingu, os custos para sua implementação e suas drásticas consequências, o constante ataque de madeireiros e latifundiários e as políticas indigenistas do estado brasileiro são temas importantes para a reflexão sobre o significado de toda esta experiência.