[[Imagem:Gardner-Philomena and Procne.jpg|thumb|350px|center|Filomena e Procne]][3] PARMÊNIDES DE ELEIA é considerado, de maneira geral, o mais importante e
influente dos filósofos pré-socráticos. 1 Com sua rejeição aoa o-que-não-é e seu
compromisso com o monismo, Parmênides lançou um desafio que mudou a natureza
personagem do Sofista, refere-se a ele como o “pai Parmênides” e sugere que uma
reavaliação de suas teses poderia ser considerada como umaum espécietipo de parricídio (241d3).
(241d3). A interpretação atualmente dominante de Parmênides (pelo menos entre os filósofos
filósofos de língua inglesa) vê a filosofia pré-socrática anterior a Parmênides como um
conjunto de tentativas de fazer aquilo que Parmênides afirma não poder ser feito, ao
passo que o pensamento pré-socrático posterior seria composto de uma série de
esforços no sentido de salvar a investigação acerca da natureza da rejeição parmenidiana da
parmenidiana da mudança e de seu monismo. Frequentemente se argumenta que, se Parmênides estiver
Parmênides estiver correto, então a filosofia e a ciência (como os primeiros cientistasfilósofoscientistas-filósofos da Grécia
da Grécia a entendiam) são impossíveis. Porém, apesara despeito dos argumentos de Parmênides, os
Parmênides, os pré-socráticos posteriorestardios continuaram a propor sistemas cosmológicos para explicar o
mundo segundo o relato da experiência sensível. Se estes pensadores realmente
cosmológicos para explicar o mundo conforme testemunhado pela experiência
sensível. Se estes pensadores realmente entenderam Parmênides e se sua influência era tal como afirma a interpretação
tal como afirma a interpretação correntetradicional, como eles podiam continuar fazendo isso?
As descrições até agora predominantes a respeito do pensamento pré-socrático
posterior a Parmênidestardio têm falhado em explicar de forma adequada um aspecto importante das visões
importante das visões destes pensadores. Pois, apesar de serem muito diferentes entre si, as principais
si, as principais respostas que foram dadas a Parmênides – o atomismo, o pluralismo e a teoria
a teoria platônica das formas – compartilham uma característica comum: todas elas postulam,
postulam, para explicar o mundo conformesegundo o testemunhorelato dos sentidos, uma pluralidade numérica de
pluralidade numérica de entidades fundamentais sem, contudono entanto, apresentar um argumento que a justifique.
argumento que a justifique. Mas se o monismo numérico resulta dos argumentos de Parmênides sobre o-que-é e
Parmênides sobre o-que-é e se do monismo e dos argumentos a respeito da mudança resulta que a ciência é
resulta que a ciência é impossível, então as teorias pluralistas não podem derrubar ou evitar as conclusões de
1 Sigo a convenção de se referir aos primeiros filósofos gregos como pré-socráticos, embora muitas das
referir a este grupo.
evitar as conclusões de Parmênides simplesmente postulando sem justificativa a pluralidade de entidades
pluralidade de entidades básicas, como eles parecem fazer. O silêncio geral sobre o monismo numérico entre
monismo numérico entre os pré-socráticos posteriores a Parmênidestardios é sugestivo. Os primeiros filósofos gregos não eram
primeiros filósofos gregos não eram exatamente tímidos quanto a dar voz a discordâncias (ver, por exemplo, Heráclito
discordâncias (ver, por exemplo, Heráclito B40, B42, B129 e o próprio Parmênides em B6 e B7). Enquanto tanto Anaxágoras
em B6 e B7). Enquanto Anaxágoras equanto Empédocles [4] deixam clara sua insatisfação com aqueles que afirmam que
comexiste aqueles que afirmam que o vir-a-ser é realgeração e ambos insistem na realidade genuína de suas entidades básicas,
de suas entidades básicas, nenhum dos dois argumenta contra o monismo ou a favor do pluralismo numérico.
do pluralismo numérico. Antes, eles assumem que a uma pluralidade de entidades básicas é metafisicamente
básicas é metafisicamente aceitável.2 AAssim, partir disso,segundo a leitura correntetradicional da história da filosofia pré-socrática,
filosofia pré-socrática, sugere que pluralistas e atomistas evitam a questão de Parmênides, embora a maior parte das
interpretações do pensamento pré-socrático descarte o silêncio sobre o monismo de
Parmênides. Ao mesmo tempo, a maior parte das interpretações do pensamento présocrático
Parmênides como um aspecto menor dessas teorias. 3 Mas se os argumentos de
considera o silêncio relativo ao monismo de Parmênides como um aspecto
Parmênides resultam em monismo, eles não podem ser simplesmente ignorados, nem
menor dessas teorias.3 Mas se os argumentos de Parmênides resultam em monismo,
eles não podem ser simplesmente ignorados, nem se pode adotar o restante de seu sistema de modo legítimo ao abraçar o pluralismo. A
noção de que Parmênides era um monista é normalmente baseada na interpretação
sistema de modo legítimo ao abraçar o pluralismo. A visão de que Parmênides era um
existencial do “ser” em Parmênides. Neste sentido, quando Parmênides afirma que
monista é normalmente baseada na interpretação existencial do “é” em Parmênides.
Neste sentido, quando Parmênides afirma que somente o caminho “do que é” é um caminho aceitável de investigação, seu objeto
caminho aceitável de investigação, seu objeto deve ser tomado como o que quer que possa ser pensado ou estudado, de modo que
possa ser pensado ou estudado, de modo que sua afirmação será: o que quer que possa ser legitimamente investigado existe. Além
ser legitimamente investigado existe. Além disso, estes argumentos têm o intuito de demonstrar que somente uma coisa como
demonstrar que somente uma coisa como esta existe.4
Este livro oferece uma abordagem alternativa a respeito das teses de Parmênides e
de sua influência sobre o pensamento pré-socrático posteriortardio, especialmente sobre o
pluralismo e o atomismo, no período imediatamente precedente à teoria das formas
de Platão. Ele desafia o que se fixou como explicação correntetradicional relativa ao
2 A pluralidade é presumida até Diógenes de Apolônia, o qual acredito ter sido influenciado pelo
V, seção 4.
3 Ver, por exemplo, as discussões em volumes tradicionais de história da filosofia consideradoscomo referência,KRS comoou Guthrie,
KRS ou Guthrie, HGP, vol. II. A questão é descartada normalmente pela afirmação de que os argumentos de Parmênides
argumentos de Parmênides em favor do monismo numérico são fracos (embora nem sempre seja claro em que ponto os
em que ponto os comentadores pensam que está sua fraqueza) e assim podem ser tranquilamente ignorados pelos présocráticos
tardios.
ignorados pelos pré-socráticos posteriores.
4 Ver, por exemplo, o influente “Eleatic Questions” de Owen.
desenvolvimento do pluralismo (nas teorias de Empédocles e Anaxágoras) e do
atomismo (adotado por Leucipo e Demócrito). Esta interpretação alternativa inserepõe
Parmênides firmemente no seio da tradição da investigação acerca da natureza no
No decorrer do livro, irei apresentar argumentos contra a interpretação mais
prevalecente do monismo parmenidiano e a explicação usual do “锓ser” de Parmênides.
Ao invés disso, defenderei que o objeto da investigação de Parmênides é o que é ser a
natureza genuína de algo, ligando-o assim às pesquisas sobre a natureza de seus
predecessores filosóficos. Deste ponto de vista, o “锓ser” que interessa a Parmênides é mais
mais um “锓ser” predicacionalpredicativo de um tipo particularmente forte do que um “é” existencial.“ser”
existencial. Admito que Parmênides seja um monista, mas nego que ele seja um monista
monista numérico. Antes, [5] afirmo que Parmênides está comprometido com o que eu chamo
eu chamo de monismo predicacional5predicativo.5 O monismo numérico afirma que existe somente uma
uma única coisa: uma lista completa de todas as entidades do universo teria apenas um
único item. Este é o tipo de monismo que tem sido tradicionalmente atribuído a
Parmênides e (corretamente) a Melisso. O monismo predicacionalpredicativo é a afirmação de que
que cada coisa que é só pode ser uma única coisa e deve ser isso de um modo
particularmente forte. Para ser uma entidade genuína, algo que seja metafisicamente
básico, uma coisa precisa ser uma unidade predicacionalpredicativa, um ser de um único tipo
(mounogenes , como diz Parmênides em B8.4), com um único modo dediscurso dizera orespeito quedo
eleque ela é, mas não é necessariamente o caso que exista somente uma única coisa desse tipo.
tipo. O que é necessariamente o caso é que a coisa ela mesma deve ser um todo unificado.
unificado. Se ela é, digamos, F (o que quer seja F), ela deve ser total, somente e completamente
completamente F. No monismo predicacionalpredicativo, uma pluralidade numérica de tais seres-unos (como
unitários (como poderíamos denominá-los) é possível.6 A interpretação do “锓ser” de Parmênides se torna
5 Mourelatos (em Route ) e Barnes (“Eleatic One”) também questionaram a visão predominante de que
Mourelatos enfatiza o antidualismo de Parmênides.
6 Deste modo, a falha por parte de pensadores pré-socráticos posteriorestardios em defender suas teorias pluralistas,
pluralistas, enquanto trabalhando em um arcabouço parmenidiano e enfatizando a realidade e unidade predicativa
Parmênides se torna relevante aqui, pois eu defendo que ser para Parmênides é ser a
desenvolvimento do pluralismo (nas teorias de Empédocles e Anaxágoras) e do
atomismo (adotado por Leucipo e Demócrito). Esta interpretação alternativa insere
Parmênides firmemente no seio da tradição da investigação acerca da natureza no
pensamento pré-socrático, sustentando que ele estava interessado no mesmo tipo de
problema que tinha ocupado seus predecessores (muito embora sua preocupação
tenha assumido uma forma diferente). Além disso, esta abordagem explica como as
doutrinas metafísicas e cosmológicas de Parmênides tiveram influência decisiva sobre
seus sucessores e também como elas foram usadas e modificadas pelos eleatas
posteriores, Zenão e Melisso.
No decorrer do livro, irei apresentar argumentos contra a interpretação mais
prevalecente do monismo parmenidiano e a explicação usual do “é” de Parmênides.
Ao invés disso, defenderei que o objeto da investigação de Parmênides é o que é ser a
natureza genuína de algo, ligando-o assim às pesquisas sobre a natureza de seus
predecessores filosóficos. Deste ponto de vista, o “é” que interessa a Parmênides é mais
um “é” predicacional de um tipo particularmente forte do que um “é” existencial.
Admito que Parmênides seja um monista, mas nego que ele seja um monista
numérico. Antes, [5] afirmo que Parmênides está comprometido com o que eu chamo
de monismo predicacional5 O monismo numérico afirma que existe somente uma
única coisa: uma lista completa de todas as entidades do universo teria apenas um
único item. Este é o tipo de monismo que tem sido tradicionalmente atribuído a
Parmênides e (corretamente) a Melisso. O monismo predicacional é a afirmação de
que cada coisa que é só pode ser uma única coisa e deve ser isso de um modo
particularmente forte. Para ser uma entidade genuína, algo que seja metafisicamente
básico, uma coisa precisa ser uma unidade predicacional, um ser de um único tipo
(mounogenes, como diz Parmênides em B8.4), com um único modo de dizer o que
ele é, mas não é necessariamente o caso que exista somente uma única coisa desse tipo.
O que é necessariamente o caso é que a coisa ela mesma deve ser um todo unificado.
Se ela é, digamos, F (o que quer seja F), ela deve ser total, somente e completamente
F. No monismo predicacional, uma pluralidade numérica de tais seres-unos (como
poderíamos denominá-los) é possível.6 A interpretação do “é” de Parmênides se torna
5 Mourelatos (em Route ) e Barnes (“Eleatic One”) também questionaram a visão predominante de que
Parmênides é um monista numérico; Barnes nega qualquer tipo de monismo em Parmênides, enquanto
Mourelatos enfatiza o antidualismo de Parmênides.
6 Deste modo, a falha por parte de pensadores pré-socráticos posteriores em defender suas teorias
pluralistas, enquanto trabalhando em um arcabouço parmenidiano e enfatizando a realidade e unidade
relevante aqui, pois eu defendo que ser para Parmênides é ser a natureza de uma coisa,
natureza de uma coisa, o que uma coisa genuinamente é e, portanto, metafisicamente básica. Os argumentos
básica. Os argumentos do fragmento B8 de Parmênides dizem respeito aos critérios do-que-é, isto é, para ser
do-que-é, isto é, para ser a natureza de algo, onde tal natureza é o que uma coisa realmente é. Esses argumentos
realmente é. Esses argumentos se prestam a mostrar que o-que-é deve ser inteiro, completo, imutável e de um único
completo, imutável e de um único tipo. Cada coisa que é pode ter somente uma natureza, mas pode haver muitas coisas
natureza, mas pode haver muitas coisas que satisfaçam os critérios de Parmênides.7 Estas questões são o assunto dos capítulos
Estas questões são o assunto dos capítulos I e II.
I e II.
Entre os estudos sobre Parmênides, uma questão complicada diz respeito a prover
uma interpretação apropriada da segunda parte do seu poema, a Doxa. Segundo a
interpretação correntetradicional, Parmênides primeiro defende que a investigação científica é
é impossível, mas em seguida resolve apresentar sua própria cosmologia. Qual é o
propósito disso, considerando particularmente o fato de ele ter anunciado que a
No capítulo III, eu ofereço uma interpretação diferente da Doxa, movendo seu
engodoengano para o caráter inaceitável das entidades fundamentais da teoria cosmológica
apresentada nesta seção do poema. Parmênides rejeita candidatos dualistas para as
conseguem atender aos critérios do-que-é expostos nos argumentos de B8, mais
especificamente o requisito do monismo predicacionalpredicativo. Deste modo, os opostos da Doxa
predicacional de suas entidades básicas, é evidência para a minha visão de que é possível haver uma pluralidade
pluralidade numérica de entidades em que cada uma é predicativamente uma.
7 Usando uma terminologia posterior, poderíamos dizer que Parmênides está procurando por uma
9 Ver, por exemplo, Long em “Principles.”
Doxa são inaceitáveis como entidades genuínas. Não obstante, no relato enganoso da deusa,
deusa, eles se misturam e se separam para formar os céus e para explicar os diversos
fenômenos que nos são testemunhadosreportados pelos sentidos. A lição da Doxa não é nem que
uma cosmologia é inaceitável, nem que, como descrição da experiência sensível, ela
sustento que a cosmologia modelo de Parmênides, baseada em um conjunto de
realidades básicas que se misturam e se separam, foiforam tão influenteinfluentes sobre os présocráticos
que vieram depois dele quanto seus argumentos a respeito do-que-é.
Diante da interpretação de Parmênides que eu defendo, a visão correntetradicional a respeito
respeito da influência de Parmênides sobre a filosofia pré-socrática posteriortardia deve ser revisada.
revisada. Seu monismo predicacionalpredicativo é consistente com o pluralismo numérico, pois, desde que
desde que cada coisa que é seja uma unidade no sentido apropriado, isto é, predicacionalpredicativo, não há
não há nenhum impedimento teórico para que haja na realidade mais do que uma coisa deste
coisa deste tipo. A história da filosofia pré-socrática posterior a Parmênidestardia é, em grande medida, a
a história da exploração da natureza de entidades básicas teoréticas, sua relação com o
mundo da experiência testemunhadareportada por nossos sentidos e seu papel na explicação desse
desse mundo. Os pluralistas (Empédocles e Anaxágoras) e os atomistas (Leucipo e
Demócrito) aceitam as conclusões de Parmênides de que o-que-é tem uma natureza
preocupam em afirmar a unidade imutável e a homogeneidade dos elementos
fundamentais – os chrēmata parafor Anaxágoras; terra, água, ar e fogo (junto com Amor
e Ódio) para Empédocles –, Anaxágoras e Empédocles não veem necessidade de
argumentar em favor de uma pluralidade original. Pelo contrário, eles se concentram
na questão sobre se a separação e a mistura destes elementos darãodará conta das mudanças
aparentes no mundo sensível. Seu silêncio sobre o tema do monismo, sua preocupação
em estabelecer a natureza e o caráter das entidades básicas e seu interesse em explicar
o mundo conforme o testemunhorelato dos sentidos me parecem ser confirmações da
interpretação de [7] Parmênides que eu defendo. O capítulo IV é uma exploração da
critérios de Parmênides para o-que-é. Como Parmênides, os cosmólogos présocráticos
que o sucederamtardios defendem que a mudança é meramente aparente e não real, mas
real, mas que, não obstante, o mundo fenomênico pode ser objeto de uma explicação racional.
racional. Melisso, porém, o último dos três eleatas, apresenta objeções contra todas as teorias
teorias pluralistas, em primeiro lugar, dizendo que o pluralismo em si seria incompatível com
incompatível com a explicação correta do-que-é e, em segundo lugar, que, de todo modo, as teorias
modo, as teorias pluralistas não conseguiriam explicar o mundo testemunhadoconforme o relato de anossos nóssentidos.
por nossos sentidos. Nestes argumentos Melisso avança para além de Parmênides.10
O livro se conclui (no capítulo VI) com duas breves discussões a respeito de Filolau
e Diógenes de Apolônia, terminando com uma consideraçãopalavra sobre a respeitoinfluência dado influênciamonismo
do monismo de Parmênides no desenvolvimento dos aspectos metafísico e epistemológico da teoria
10 Os três eleatas, ao mesmo tempo em que compartilham certas premissas básicas, diferem de modo
ou iam além daquilo com que o próprio Parmênides estava comprometido.
epistemológico da teoria das formas de Platão. A teoria das formas é vista com frequência como uma teoria
frequência como uma teoria original, notadamente diferente das teorias filosóficas daqueles que (exceto Sócrates)
daqueles que (exceto Sócrates) precederam Platão. Eu sugiro que há uma forte influência eleática nas ideias de Platão
influência eleática nas teses de Platão desde o início nos primeiros diálogos e que os argumentos de Parmênides sobre oque-
argumentos de Parmênides sobre o-que-é estão [8] por trás de algumas das mais notáveis e importantes porções da teoria
notáveis e importantes porções da teoria platônica, especialmente a autopredicação e a participação. Deste modo, o próprio
a participação. Deste modo, o próprio sistema platônico seria parte do legado de Parmênides.
Meu tema é a base filosófica das teorias de Parmênides e a importância de suas ideias
Parmênides.
para o pensamento pré-socrático tardio. Embora eu discuta cosmologia, minha
O tema deste livro é a base filosófica das teorias de Parmênides e a importância de
investigação não está voltada propriamente para a cosmologia pré-socrática. Por isso,
suas ideias para o pensamento pré-socrático posterior. Embora eu discuta cosmologia,
eu não examino as várias versões dos turbilhões cósmicos ou a composição das estrelas
minha investigação não está voltada propriamente para a cosmologia pré-socrática.
e dos planetas, nem discuto as muitas teorias pré-socráticas sobre a formação da terra
Por isso, eu não examino as várias versões dos turbilhões cósmicos ou a composição
ou sobre os seres que nela habitam. Além disso, passo muito rapidamente sobre outros
das estrelas e dos planetas, nem discuto as muitas teorias pré-socráticas sobre a
aspectos das teorias destes pensadores. Empédocles e Demócrito, por exemplo, tinham
formação da terra ou sobre os seres que nela habitam. Além disso, passo muito
ideias interessantes a respeito de como os seres humanos devem viver. Estas questões
rapidamente sobre outros aspectos das teorias destes pensadores. Empédocles e
são importantes e interessantes por si só, mas elas não são o assunto deste livro. Nele,
Demócrito, por exemplo, tinham ideias interessantes a respeito de como os seres
estou explorando como os argumentos metafísicos de Parmênides afetaram o curso
humanos devem viver. Estas questões são importantes e interessantes por si só, mas
do pensamento pré-socrático, como ele critica as teorias anteriores a respeito do que
elas não são o assunto deste livro. Nele, estou explorando como os argumentos
há e como estas críticas ajudaram a moldar o arcabouço metafísico aceito por aqueles
metafísicos de Parmênides afetaram o curso do pensamento pré-socrático, como ele
que vieram depois dele. Por causa do caráter fundamental dos argumentos e posições
critica as teorias anteriores a respeito do que há e como estas críticas ajudaram a moldar
de Parmênides, há ainda outros aspectos das teorias pré-socráticas que são
o arcabouço metafísico aceito por aqueles que vieram depois dele. Por causa do caráter
indiretamente afetados por eles. O fato de eu não os discutir não significa que eu esteja
fundamental dos argumentos e posições de Parmênides, há ainda outros aspectos das
sugerindo que eles seriam irrelevantes para a compreensão da natureza da filosofia
teorias pré-socráticas que são indiretamente afetados por eles. O fato de eu não os
pré-socrática ou que eles seriam detalhes sem importância que não vale a pena
discutir não significa que eu esteja sugerindo que eles seriam irrelevantes para a
examinar. Uma vez que meu tema é o efeito direto dos argumentos metateóricos de
compreensão da natureza da filosofia pré-socrática ou que eles seriam detalhes sem
Parmênides sobre os princípios que moldam os fundamentos do pensamento présocrático
importância que não vale a pena examinar. Uma vez que o tema deste livro é o efeito
sobre o que há, não terei muito a dizer sobre os detalhes dos aspectos
direto dos argumentos metateóricos de Parmênides sobre os princípios que moldam
cosmológicos ou outros aspectos das teorias que discuto. A história que eu conto pode,
os fundamentos do pensamento pré-socrático a respeito do que existe, não terei muito
em certos aspectos, ser semelhante a relatos tradicionais da influência de Parmênides,
a dizer sobre os detalhes dos aspectos cosmológicos ou outros aspectos das teorias que
mas há uma diferença importante na ênfase. Isto porque eu vejo os pré-socráticos
discuto. A história que eu conto pode, em certos aspectos, ser semelhante a relatos
tardios como aceitando a influência dos argumentos de Parmênides ao invés tentarem
tradicionais da influência de Parmênides, mas há uma diferença importante na ênfase.
evitá-los e de serem marcadamente influenciados tanto pela [via da] Alētheia quanto
Isto porque eu vejo os pré-socráticos posteriores como aceitando a influência dos
pela [via da] Doxa do poema de Parmênides. Não interpreto estes pensadores
argumentos de Parmênides ao invés tentarem evitá-los e de serem marcadamente
posteriores como lutando ou tentando contornar o monismo numérico de
influenciados tanto pela via da Alētheia quanto pela via da Doxa do poema de
Parmênides. NãoEles interpretonão estesestão pensadorestentando posterioresevitar comocertos lutandoargumentos oude tentandoParmênides, mas,
pelo contrário, procuram se dedicar a uma cosmologia racional, uma pesquisa pela
contornar o monismo numérico de Parmênides. Eles não estão tentando evitar certos
natureza das coisas que leva em conta as intuições e os argumentos metafísicos de
argumentos de Parmênides, mas, pelo contrário, procuram se dedicar a uma
Parmênides.
cosmologia racional, uma pesquisa pela natureza das coisas que leva em conta as
intuições e os argumentos metafísicos de Parmênides.
Antes de me voltar para estes temas nos capítulos seguintes, irei agora considerar
algumas questões que são preliminares para os argumentos que formam a parte
principal deste livro. Começo por examinar uma interpretaçãodescrição de Parmênides que tem
tem sido amplamente aceita, explorando algumas das deficiências que eu perceboencontro nesta
nesta visão da importância de Parmênides para o pensamento pré-socrático posteriortardio. Depois
Depois eu me volto para o espinhosocomplicado problema da cronologia dos pensadores do século V.
século V. Por fim, concluo com alguns breves comentários sobre Parmênides B1 – a primeira e
primeira e introdutória seção de seu poema filosófico. [9]
1. A INTERPRETAÇÃO CORRENTE DAS TESESTRADICIONAL DE PARMÊNIDES
A maior parte das discussões em língua inglesa sobre Parmênides foram influenciadas
pensamento pré-socrático. A visão de Owen (ou as várias versões e adaptações dela)
se tornaram a interpretação correntetradicional de Parmênides. 11 Eu argumento contra a posição
posição de Owen nos capítulos I e II. Aqui, porém, eu gostaria de explorar a explicação sobre
explicação sobre o desenvolvimento do pensamento de Parmênides com a qual a posição de Owen (ou
posição de Owen (ou outra semelhante a ela) está comprometida, pois creio que a minha interpretação de
minha interpretação de Parmênides e do desenvolvimento da filosofia pré-socrática torna mais compreensível
torna mais compreensível a história do pensamento pré-socrático, pelo menos do modo como a temos nos
modo como a temos nos fragmentos que sobreviveram.12
11 Na maior parte dos textos sobre Parmênides em língua inglesa assume que a descrição de Owen (ou
n. 27.
12 Não estou sugerindo que eu possa provar que aquilo que eu chamo de interpretaçõesinterpretação correntestradicional e as
demais visões baseadas nelasnela são falsas. Pelo contrário, apenas me parece que a história que eu conto
torna mais compreensível a história da filosofia pré-socrática. A natureza fragmentária da evidência
o menor número possível de preconcepções sobre este material. É impossível ler a filosofia pré-socrática
como os próprios pré-socráticos fizeram. Qualquer interpretação é filtrada por meio de atitudes
filosóficas contemporâneas e colorida pelo conhecimento do que “aconteceu depois” (como evidencia
Qualquer explicação do pensamento de Parmênides deve levar em conta a natureza
estaria dizendo que o que quer que seja objeto de estudo existe.16 Diferentemente de
como os próprios pré-socráticos fizeram. Qualquer interpretação é filtrada por meio de atitudes
filosóficas contemporâneas e colorida pelo conhecimento do que “aconteceu depois” (como evidencia
o próprio nome “pré-socráticos”). Mas isto não me parece significar que nós não possamos ter base
[10] do esti em “Notes”), Gallop (Parmenides ) e McKirahan. Ver também cap. I, n. 9. Em sua obra
posteriortardia, Owen abandonou a leitura existencial de esti (ver cap. I, n. 7), mas sua interpretação existencial
existencial em “Eleatic” continua influente. O’Brien rejeita boa parte da interpretação de Owen, mas ele também
ele também opta por uma leitura existencial de esti (ver o que ele diz em “Le Poème de Parménide”).
15 As duas citações ocorrem na p. 163 do vol. I de PP de Barnes.
operadores modais da segunda metade das linhas B2.3 e B2.5. De acordo com Barnes, a afirmação de
Parmênides é neutra em relação a (2a) “Se uma coisa é estudada, ela tem a propriedade de existir
Owen, Barnes não pensa que Parmênides estivesse comprometido com o monismo
precederam Parmênides buscavam explicações para os fenômenos físicos do mundo
testemunhadoconforme pelosos sentidos, oferecendo descrições tanto do desenvolvimento do kosmos
kosmos quanto das características físicas, astronômicas e meteorológicas dele. A julgar pelas
pelas evidências que sobreviveram, não havia preocupação ou interesse em questões do tipo
do tipo “significado, referência e existência”18 que a [11] visão de Owen e de Barnes atribui a
atribui a Parmênides. Owen nega especificamente que o alvo de Parmênides fosse alguma das
alguma das teorias cosmológicas de seus predecessores (ou os pressupostos embutidos nessas
nessas teorias). Barnes assume uma posição semelhante. Ambos assumem que o alvo de
de Parmênides seja a pressuposição de que se possa falar sobre as coisas ou estudá-las
quando elas não existem. Owen afirma que as pessoas comuns que pensam que
algumas coisas não existem ou que existem aqui e não lá são aqueles que tomam o
Parmênides é neutra em relação a (2a) “Se uma coisa é estudada, ela tem a propriedade de existir
necessariamente” e (2b) “É necessariamente verdadeiro que qualquer coisa estudada existe” (PP, vol. I,
das teses filosóficas de seus predecessores. Além disso, se levarmos em conta a
interpretação correntetradicional, dado que aqueles que vieram depois dele aparentemente se
sentiam livres para ignorar partes de seu argumento, Parmênides deve parecer
irrelevante para o desenvolvimento futuro da filosofia pré-socrática. Owen não
explica como as teorias pré-socráticas posteriorestardias poderiam responder a Parmênides e ao
ao mesmo tempo continuar a fazer cosmologia e se engajar em pesquisa. De acordo com
com Barnes, um filósofo que realmente compreendeu Parmênides não mais se envolveria
envolveria com investigaçõesa acercainvestigação da natureza: “um raciocínio a priori revela que os fenômenos que
os fenômenos que a ciência tenta compreender e explicar são ficções de nossos sentidos enganosos. O
sentidos enganosos. O cientista tem pouco ou nada para investigar – que ele se volte para a poesia ou para a
para a poesia ou para a jardinagem.” 21”21 No entanto, os pensadores pré-socráticos tardios foram claramente
posteriores foram claramente influenciados pelos argumentos de Parmênides (a evidência para esta afirmação será
evidência para esta afirmação será examinada nos capítulos IV e V). A questão é qual é a natureza desta influência. Na
é a natureza desta influência. Na interpretação correntetradicional, os pré-socráticos posteriorestardios, tais como os pluralistas e os
tais como os pluralistas e os atomistas, não conseguindo ver a futilidade de se dedicar à investigação cosmológica,
à investigação cosmológica, tentam responder a Parmênides aceitando que vir-a-sergeração e corrupção não são reais. Não
e deixar-de-ser não são reais. Não obstante, eles ainda tentam dar uma explicação racional para a mudança no mundo
racional para a mudança no mundo sensível, insistindo que uma pluralidade de coisas imutáveis subjaz e [12] explica o
19 Owen, “Eleatic,” pp. 14-15; Barnes, PP, vol. I, pp. 165-170.
21 Barnes, PP, vol. II, p. 3.
imutáveis subjaz e [12] explica o mundo. 22 Além disso, estes pré-socráticos posteriorestardios não dão qualquer atenção aos
não dão qualquer atenção aos problemas de referência e significado, não fornecendo nenhuma evidência de que
nenhuma evidência de que tenham reconhecido essas questões como preocupações de Parmênides. Portanto, ou
de Parmênides. Portanto, ou eles entenderam Parmênides muito mal ou suas respostas foram muito frágeis.23 Neste
foram muito frágeis.23 Neste registro, a primeira resposta genuína a Parmênides viria no Sofista de Platão e esta é a
no Sofista de Platão e esta é a visão da relação entre Platão e o eleatismo aceita pela maior parte dos comentadores.
maior parte dos comentadores. Além disso, em interpretações como as de Owen e Barnes, o papel da seção da Doxa
Barnes, o papel da seção da Doxa do poema de Parmênides fica inexplicado. Owen diz que o ponto da Doxa é
diz que o ponto da Doxa é inteiramente dialético. Barnes afirma que a Doxa é completamente falsa.24 E, no
completamente falsa. 24 E, no entanto, (segundo o que nos permitem dizer as evidências) a Doxa ocupava uma
evidências) a Doxa ocupava uma porção significativa do poema de Parmênides e parece ter influenciado os pensadores
parece ter influenciado os pensadores pré-socráticos posteriores. Como explicar isso? Da visão de Owen e Barnes de que a
Doxa é inteiramente falsa e tem propósito dialético, não é possível extrair nenhuma
Da visão de Owen e Barnes de que a Doxa é inteiramente falsa e tem propósito
dialético, não é possível extrair nenhuma resposta para esta pergunta. Nem há uma explicação adequada para esta influência na
22 Pluralidade não é um problema para Barnes, que duvida que Parmênides fosse um monista numérico.
Mas o pluralismo pré-socrático posteriortardio é um constrangimento para outros comentadores. A resposta
usual é afirmar, como faz Schofield em KRS ou Inwood em Empedocles , que os argumentos de
frágil e pouco convincente,” e vol. II, p. 3, onde Barnes reconhece que há “muitas coisas de interesse e
de influência permanente” nos sistemas pré-socráticos posteriorestardios, mas insinua que ao invés de serem
“respostas genuínas à metafísica eleática” elas são “tentativas obstinadas de seguir uma profissão fora de
um capítulo chamado “O Reavivamento Jônico” sugere que essa é sua visão.) Kirk e Raven (em KR, p.
319) forneceram uma visão diferente sobre as lições que os pensadores pré-socráticos posteriorestardios tiveram
tiveram que aprender com Parmênides. De acordo com eles, cada um dos sistemas que se seguiram a ele “era,
ele “era, à sua maneira, uma resposta deliberada a Parmênides.” Segundo KR, Parmênides “parecia ... ter
ter estabelecido de uma vez por todas” quatro princípios que todos os cosmólogos deveriam adotar (pelo
(pelo menos até que Platão revelasse “as falácias sobre as quais eles se baseavam”). Esses quatro princípios
eram que “Ser ... não deve surgir do Não-Ser,” que o vazio é impossível, que a “pluralidade não pode
descrição tem sido bastante influente – estes princípios foram certa vez recitados para mim de cor por
alguém que discordava da minha descrição do pensamento pré-socrático posterior a Parmênidestardio –, mas ela é
ela é acertadamente refutada na segunda edição de The Presocratic Philosophers (KRS), onde, numa
introdução mais nuançada daqueles filósofos que constituem “A Resposta Jônica,” é afirmado que
24 Owen, “Eleatic,” p. 9; Barnes, PP, vol. I, pp. 156-157.
explicação adequada para esta influência na visão alternativa mais amplamente aceita, de que a Doxa (como um dualismo de
princípios opostos) representa a melhor explicação falsa que os mortais poderiam dar.25
de que a Doxa (como um dualismo de princípios opostos) representa a melhor
Nestas interpretações da Doxa, os filósofos que vêm depois de Parmênides [13] não o
explicação falsa que os mortais poderiam dar.25 Nestas interpretações da Doxa, os
teriam compreendido, na medida em que se dedicaram à cosmologia e endossaram
filósofos que vêm depois de Parmênides [13] não o teriam compreendido, na medida
uma pluralidade de entidades básicas e porque aceitaram os aspectos da Doxa como
em que se dedicaram à cosmologia e endossaram uma pluralidade de entidades básicas
e porque aceitaram os aspectos da Doxa como modelo de uma cosmologia aceitável.26
Segundo a interpretação correntetradicional, ou somos obrigados a atribuir erros sérios à
compreensão de Parmênides por parte dos pensadores pré-socráticos quetardios, oou temos
sucederam, ou temos que afirmar que eles se sentiram livres para ignorar seus argumentos enquanto
argumentos enquanto aceitavam algumas de suas premissas sobre o-que-é.27 Embora seja possível que esta
25 Esta é a interpretação sugerida por Long em “Principles.” Eu discuto várias explicações sobre a Doxa
era um monista. Porém, como a passagem citada anteriormente demonstra, Barnes claramente entende
que os pré-socráticos posteriorestardios estavam enganados ao pensar que os argumentos não refutados de
Parmênides seriam compatíveis com a prática da investigação da natureza.
diferença no mundo fenomênico é fadada ao fracasso. Tarán interpreta os pensadores pré-socráticos
posteriores a Parmênidestardios como tentando reconciliar a descrição do Ser de Parmênides com a mudança fenomênica,
fenomênica, apelando para coisas básicas reais que podem ser rearranjadas. Esta proposta de reconciliação deve
reconciliação deve fracassar porque (1) ela assume, falsamente, que mais de uma coisa existe e (2) ela ignora o argumento
ignora o argumento de Parmênides de que o mundo da mudança fenomênica não é real. Na visão de Tarán, então, todos
Tarán, então, todos os predecessores de Parmênides são refutados, assim como seus sucessores que tentam explicar o mundo
tentam explicar o mundo sensível. Esta descrição compartilha com a interpretação de Owen e Barnes os problemas de não
os problemas de não explicar o propósito da Doxa e de dar sentido para as respostas posteriores a Parmênides. Como Barnes,
Parmênides. Como Barnes, Tarán deve sustentar que os pré-socráticos posteriorestardios não entenderam Parmênides, pois eles tentaram fazer
Parmênides, pois eles tentaram fazer exatamente o que (na interpretação de Tarán) seus argumentos vetavam. Além disso, a explicação de
vetavam. Além disso, a explicação de Tarán tem dificuldade com a aceitação parcial dos argumentos de Parmênides que ele pensa encontrar
de Parmênides que ele pensa encontrar nas teorias posteriores. Pois, em sua interpretação, o pluralismo dessas teorias é um problema duplo.
dessas teorias é um problema duplo. Primeiro, Tarán afirma que Parmênides teria defendido que o Ser é único (ele encontra a afirmação da
é único (ele encontra a afirmação da unicidade em B8.34-41), de modo que a simples pressuposição da pluralidade pelas teorias pluralistas
pluralidade pelas teorias pluralistas seria inconsistente com os argumentos de Parmênides. Segundo, para Tarán, a unicidade do Ser é parte
para Tarán, a unicidade do Ser é parte da prova de que o mundo sensível é uma ilusão. Deste modo, nesta visão, ao mesmo tempo em que
nesta visão, ao mesmo tempo em que aceitam os argumentos contra a geração e a corrupção (que são parte da prova de que somente o Ser
parte da prova de que somente o Ser pode ser), os pluralistas (e os atomistas) demonstram sua incompreensão de Parmênides ao tentar
incompreensão de Parmênides ao tentar explicar uma ilusão apelando para uma pluralidade impossível. O fato de aceitarem alguns dos
O fato de aceitarem alguns dos argumentos de Parmênides demonstra que os pré-socráticos posteriorestardios o entenderam em alguma medida
o entenderam em alguma medida e tomaram suas ideias de modo sério, mas sua insistência em continuar se dedicando à investigação da
seja possível que esta descrição seja uma representação precisa da história da filosofia pré-socrática tardia,
pré-socrática posterior, eu prefiro adotar uma visão mais favorável aos sucessores de Parmênides. Creio que a
Parmênides. Creio que a interpretação de Parmênides oferecida neste livro permite [14] isso.28 As dificuldades
natureza (sem refutar as afirmações de Parmênides de que tal investigação é impossível) ilustra como o
[14] isso.28 As dificuldades que eu levanto não provam que as interpretações que eu
seu entendimento era somente parcial. Os sucessores pré-socráticos de Parmênides não só não
continuar se dedicando à investigação da natureza (sem refutar as afirmações de Parmênides de que tal
entenderam a força de seus argumentos em favor do monismo, mas também falharam em perceber a
investigação é impossível) ilustra como o seu entendimento era somente parcial. Os sucessores présocráticos
falsidade da Doxa e, pelo contrário, tomaram erroneamente a inclusão dela em seu poema como uma
de Parmênides não só não entenderam a força de seus argumentos em favor do monismo,
sugestão de que a investigação cosmológica era tanto possível quanto aceitável. Para uma crítica da
mas também falharam em perceber a falsidade da Doxa e, pelo contrário, tomaram erroneamente a
posição de Tarán de que o objeto de investigação de Parmênides seria o Ser, ver Robinson,
inclusão dela em seu poema como uma sugestão de que a investigação cosmológica era tanto possível
“Ascertainment of the Real,” p. 628, que argumenta que o entendimento por parte de Tarán de einai
quanto aceitável. Para uma crítica da posição de Tarán de que o objeto de investigação de Parmênides
como “Ser” (e sua tradução de to eon como “Ser”) “não tem paralelo linguístico.”
seria o Ser, ver Robinson, “Ascertainment of the Real,” p. 628, que argumenta que o entendimento por
parte de Tarán de einai como “Ser” (e sua tradução de to eon como “Ser”) “não tem paralelo linguístico.”
28 A versão de Coxon do lugar de Parmênides na história do pensamento pré-socrático é mais ampla
cita Burnet com bom efeito contra esta explicação na p. 398), bem como sua explicação da Doxa (ver
cap. III). Além disso, também para Coxon, os pensadores pré-socráticos posteriorestardios deveriam ser vistos
como não tendo apreciado completamente a força dos argumentos de Parmênides, pois eles não
argumentam contra suas conclusões, mas simplesmente afirmam, diante delas, que explicações racionais
discuti são falsas. Parmênides pode ter sido um inovador historicamente independente
sobre o mundo sensível poderiam ser dadas.
e um pensador muito à frente de seu tempo. Os pensadores pré-socráticos posteriores
que eu levanto não provam que as interpretações que eu discuti são falsas. Parmênides
podem não ter compreendido a força de seus argumentos ou terem se sentido livres
pode ter sido um inovador historicamente independente e um pensador muito à frente
para ignorá-los. Entretanto, penso que uma interpretação que acomoda mais
de seu tempo. Os pensadores pré-socráticos tardios podem não ter compreendido a
seguramente as teses de Parmênides na história da filosofia pré-socrática e que não
força de seus argumentos ou terem se sentido livres para ignorá-los. Entretanto, penso
atribui aos pensadores pré-socráticos que o sucederam uma incompreensão
que uma interpretação que acomoda mais seguramente as teses de Parmênides na
fundamental dos argumentos de Parmênides ou uma aceitação incompleta de suas
história da filosofia pré-socrática e que não atribui aos pensadores pré-socráticos
doutrinas é tanto desejável quanto possível.29 Neste livro, eu defendo uma explicação
tardios uma incompreensão fundamental dos argumentos de Parmênides ou uma
alternativa de Parmênides [15] e da história do pensamento pré-socrático posterior.
aceitação incompleta de suas doutrinas é tanto desejável quanto possível.29 Neste livro,
Rejeitando a tese de que o esti de Parmênides é existencial, eu defendo que o interesse
eu defendo uma explicação alternativa de Parmênides [15] e da história do
de Parmênides é explorar a natureza de entidades metafísicas básicas em uma
pensamento pré-socrático tardio. Rejeitando a tese de que o esti de Parmênides é
explicação do mundo conforme o testemunho dos sentidos, um interesse em que a
existencial, eu defendo que o interesse de Parmênides é explorar a natureza de
Doxa tem um importante papel. Em minha visão, Parmênides está engajado em uma
entidades metafísicas básicas em uma explicação do mundo conforme o relato dos
análise metafísica da possibilidade do tipo de investigação da natureza a que se
sentidos, um interesse em que a Doxa tem um importante papel. Em minha visão,
dedicaram seus predecessores e suas conclusões são de grande interesse e importância
Parmênides está engajado em uma análise metafísica da possibilidade do tipo de
para os filósofos que vieram depois dele. Sua obra se encontra, assim, firmemente
investigação da natureza a que se dedicaram seus predecessores e suas conclusões são
assentada na tradição do pensamento filosófico e da investigação pré-socrática. Uma
de grande interesse e importância para os filósofos que vieram depois dele. Sua obra
vez que, como eu afirmo, Parmênides não era um monista numérico (embora ele
se encontra, assim, firmemente assentada na tradição do pensamento filosófico e da
tenha sido, sim, um monista de outro tipo, adotando o que eu chamo de monismo
investigação pré-socrática. Uma vez que, como eu afirmo, Parmênides não era um
predicacional), o pluralismo das teorias posteriores não é uma dificuldade que precisa
monista numérico (embora ele tenha sido, sim, um monista de outro tipo, adotando
ser superada ou explicada. Com efeito, eu considero este pluralismo como evidência
o que eu chamo de monismo predicativo), o pluralismo das teorias posteriores não é
da minha explicação de Parmênides, junto com a preocupação que os pré-socráticos
uma dificuldade que precisa ser superada ou explicada. Com efeito, eu considero este
que o sucederam têm em mostrar que suas substâncias básicas são entidades genuínas
pluralismo como evidência da minha explicação de Parmênides, junto com a
que atendem aos critérios parmenidianos. Além disso, eu defendo que há uma lição
preocupação que os pré-socráticos tardios têm em mostrar que suas substâncias básicas
argumentam contra suas conclusões, mas simplesmente afirmam, diante delas, que explicações racionais
são entidades genuínas que atendem aos critérios parmenidianos. Além disso, eu
sobre o mundo sensível poderiam ser dadas.
defendo que há uma lição positiva a ser extraída da Doxa. Embora seja enganosa, ela
serve como modelo para uma explicação bem-sucedida do mundo conforme o
29 Pode ser sugerido que a afirmação do pluralismo numérico diante de um argumento sobre o-que-é
conclusões, se possível.
relatado pelos sentidos. Todos estes aspectos de interpretação se combinam e
positiva a ser extraída da Doxa. Embora seja enganosa, ela serve como modelo para
uma explicação bem-sucedida do mundo testemunhado pelos sentidos. Todos estes
permitem uma explicação das teses de Parmênides e de seu papel na história do
aspectos de interpretação se combinam e permitem uma explicação das teses de
pensamento pré-socrático que reconhece tanto sua imensa importância para a filosofia
Parmênides e de seu papel na história do pensamento pré-socrático que reconhece
tanto sua imensa importância para a filosofia pré-socrática (e platônica), quanto o vê como parte da tradição pré-socrática, alguém
como parte da tradição pré-socrática, alguém que está ciente de seus predecessores e os critica, além de colocar importantes
os critica, além de colocar importantes problemas filosóficos para seus sucessores.
2. CRONOLOGIA
esclarecedor pensar nele como trabalhando dentro de uma tradição de teses sobre o
que existe e sobre como podemos entender o mundo conforme orelatado testemunho dospelos
sentidos.
Parmênides, serão relatados no decorrer do poema. Eles e sua influência sobre o
pensamento pré-socrático posteriortardio são o assunto do restante deste livro.
57 Sobre a conexão entre ser de modo confiável e o qualificar-se como uma verdade bem persuasiva,
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