Quarta Cruzada: diferenças entre revisões

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== A pregação e a organização ==
[[Imagem:Gustave dore crusades dandolo preaching the crusade.jpg|thumb|esquerdaupright=0.6|O doge ([[duque]]) Enrico Dandolo, de [[Veneza]], pregando a cruzada, de<br><small>Por [[Gustave Doré]].</small>]]
[[Imagem:Gustave dore crusades mourzoufle parleying with dandolo.jpg|200px|thumb|direitaupright=0.6|Enrico Dandolo negocia com Aleixo V, de<br><small>Por [[Gustave Doré]].</small>]]
[[Imagem:Gustave dore crusades entry of the crusaders into constantinople.jpg|200px|thumb||upright=0.6|A entrada dos cruzados em Constantinopla, por<br><small>Por [[Gustave Doré]].</small>]]
A partir de [[1198]], o papa [[Papa Inocêncio III|Inocêncio III]] começou a incitar a cristandade para empreender um novo esforço de cruzada, tendo tido bastante receptividade junto da nobreza europeia. O prestígio e capacidade de legislação e de organização eram [[:wikt:apanágio|apanágio]] deste papa, o que fazia recair sobre o seu pontificado uma enorme aura de confiança popular.
 
A Quarta Cruzada foi empreendida por [[Balduíno IX da Flandres|Balduíno IX]], [[Conde de Flandres]], e por [[Bonifácio II de MontferratMonferrato|Bonifácio II]], [[Marquês de MontferratMonferrato]]. O transporte dos exércitos fez-se a partir de [[República de Veneza|Veneza]], república comercial que então vivia numa tensão crescente com [[Constantinopla]] depois do [[massacre dos latinos|massacre de mercadores]] daquela cidade italiana em [[1182]] devido aos privilégios comerciais que detinham. Se por um lado a pretensão papal desta cruzada apontava para a destruição do poderio muçulmano no [[Egipto|Egito]], por outro a tensão entre Veneza e os bizantinos acabaria por influenciar o decurso das operações militares, cujos objectivos se centravam cada vez mais em Constantinopla, devido à intenção veneziana de vingar o massacre dos seus mercadores. Além disso, o Egito mantinha boas relações a todos os níveis com Veneza.
A partir de [[1198]], o [[Papa Inocêncio III]] começou a incitar a cristandade para empreender um novo esforço de cruzada, tendo tido bastante receptividade junto da nobreza europeia. O prestígio e capacidade de legislação e de organização eram [[:wikt:apanágio|apanágio]] deste papa, o que fazia recair sobre o seu pontificado uma enorme aura de confiança popular.
 
A Quarta Cruzada foi empreendida por [[Balduíno IX da Flandres|Balduíno IX]], [[Conde de Flandres]], e por [[Bonifácio II de Montferrat|Bonifácio II]], [[Marquês de Montferrat]]. O transporte dos exércitos fez-se a partir de [[República de Veneza|Veneza]], república comercial que então vivia numa tensão crescente com [[Constantinopla]] depois do [[massacre dos latinos|massacre de mercadores]] daquela cidade italiana em [[1182]] devido aos privilégios comerciais que detinham. Se por um lado a pretensão papal desta cruzada apontava para a destruição do poderio muçulmano no [[Egipto|Egito]], por outro a tensão entre Veneza e os bizantinos acabaria por influenciar o decurso das operações militares, cujos objectivos se centravam cada vez mais em Constantinopla, devido à intenção veneziana de vingar o massacre dos seus mercadores. Além disso, o Egito mantinha boas relações a todos os níveis com Veneza.
 
== As dificuldades financeiras e a tomada de Zara ==
[[Imagem:Gustave dore crusades mourzoufle parleying with dandolo.jpg|200px|thumb|direita|Enrico Dandolo negocia com Aleixo V, de [[Gustave Doré]].]]
 
Os cavaleiros cruzados, liderados por [[Bonifácio II de Montferrat]] e [[Balduíno IX da Flandres]], estavam com dificuldades financeiras para pagar a os 85 mil marcos de ouro que Veneza pedia pela travessia dos barcos e exércitos para o Egito. Com suas tropas acampadas na [[Lido (Veneza)|ilha do Lido]], em [[Veneza]], à espera de uma solução para o pagamento da travessia, receberam uma proposta do [[doge]] ([[duque]]) veneziano [[Enrico Dandolo]]: em vez de resgatarem Jerusalém por uma incursão pelo Egito, como era o plano original, tomar, em troca de um adiantamento, a cidade de ''Zara'' (atual [[Zadar]], na [[Croácia]]), que havia sido ocupada pelo rei da [[Reino da Hungria|Hungria]], um cristão. Esta cidade, efetivamente, veio a cair no poder das hostes cristãs em [[1202]], contra a vontade de [[Inocêncio III]], que condenava veementemente a secularização da quarta cruzada e [[excomunhão|excomungou]] mesmo os líderes venezianos.
 
== A situação política em Constantinopla ==
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== A tomada de Constantinopla ==
{{Artigo principal|Cerco de Constantinopla (1204)}}
Em [[1204]], os cruzados tomam [[Constantinopla]] e coroam {{Lknb|Aleixo|IV Ângelo}} como imperador [[bizantino]], a par de seu pai, {{Lknb|Isaac|II Ângelo}}. [[Inocêncio III]] aceita a situação, sonhando com a reaproximação entre a [[Igreja Católica]] e a [[Igreja Ortodoxa]]. Com novos impostos a ser lançados para pagar as promessas feitas aos cruzados, rapidamente a população ficou à beira da revolta.
[[Imagem:Gustave dore crusades entry of the crusaders into constantinople.jpg|200px|thumb|A entrada dos cruzados em Constantinopla, por [[Gustave Doré]].]]
Em [[1204]], os cruzados tomam [[Constantinopla]] e coroam {{Lknb|Aleixo|IV Ângelo}} como imperador [[bizantino]], a par de seu pai, {{Lknb|Isaac|II Ângelo}}. [[Inocêncio III]] aceita a situação, sonhando com a reaproximação entre a [[Igreja Católica]] e a [[Igreja Ortodoxa]]. Com novos impostos a ser lançados para pagar as promessas feitas aos cruzados, rapidamente a população ficou à beira da revolta.
 
Contudo, Aleixo foi assassinado pelos bizantinos, o que impele [[República de Veneza|Veneza]] a tomar novamente o poder no [[Bósforo]]. Para tal, contaram com o apoio dos cruzados, que em Abrilabril de [[1204]] assaltaram de novo Constantinopla, submetendo-a a três dias de massacres e pilhagens, dividindo depois os despojos. [[Estátua]]s, [[mosaico]]s, relíquias, riquezas acumuladas durante quase um [[milénio]] foram pilhadas ou destruídas durante os incêndios.
[[Imagem:Eugène Ferdinand Victor Delacroix 012.jpg|esquerda|thumb|220px|Entrada dos cruzados em Constantinopla, óleo de [[Eugène Delacroix]] ([[1840]]). O episódio representado nessa tela marcou o início do Império Latino de Constantinopla ([[Museu do Louvre]], [[Paris]]).]]
Contudo, Aleixo foi assassinado pelos bizantinos, o que impele [[República de Veneza|Veneza]] a tomar novamente o poder no [[Bósforo]]. Para tal, contaram com o apoio dos cruzados, que em Abril de [[1204]] assaltaram de novo Constantinopla, submetendo-a a três dias de massacres e pilhagens, dividindo depois os despojos. [[Estátua]]s, [[mosaico]]s, relíquias, riquezas acumuladas durante quase um [[milénio]] foram pilhadas ou destruídas durante os incêndios.
 
Apesar de enfraquecido, o império bizantino não desvaneceu, retomando a sua pujança em [[1261]], quando [[Miguel VIII Paleólogo]] toma o poder. Entretanto, os cruzados tinham estabelecido uma série de principados latinos na [[Grécia]], como o [[ducado de Atenas]].
 
A trégua assinada por [[Ricardo Coração de Leão]] em [[1191]] mantinha-se, apesar da despropositada e desastrosa quarta cruzada, em pleno [[século XIII]], assegurando a manutenção dos estados latinos do Levante ([[Armênia]], [[Reino Latino de Jerusalém|Jerusalém]], [[São João de Acre|Acre]], Trípoli e [[Chipre]]) e dos próprios cruzados.
 
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[[Imagem:Byzantium1204-pt.svg|thumb|direita|350px|O Império Bizantino depois da Quarta Cruzada. O mapa mostra o Império Latino, O Império de Niceia, Trebizonda e Épiro. As fronteiras são muito incertas.]]
[[Imagem:Eugène Ferdinand Victor Delacroix 012.jpg|esquerda|thumb|220px|''Entrada dos cruzados em Constantinopla, óleo''<br><small>Óleo de [[Eugène Delacroix]] ([[,1840]]). O episódio representado nessa tela marcou o início do Império Latino de Constantinopla, ([[Museu do Louvre]], [[Paris]]).]]</small>
[[Imagem:Byzantium1204-pt.svg|thumb|direita|350px|O Império Bizantino depois da Quarta Cruzada. O mapa mostra o Império Latino, O Império de Niceia, Trebizonda e Épiro. As fronteiras são muito incertas.]]
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{{Commonscat|4th crusade}}