Carcassona: diferenças entre revisões

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{{ver desambig|o jogo|Carcassonne (jogo de tabuleiro)}}
{{Info/Comuna da França
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|o =[[Caux-et-Sauzens]]
}}
A comuna é tradicionalmente dividida em duas, a cidade baixa, que ocupa as margens do rio Aude a ocidente, e a cidade alta (ou ''cité''; cidadela), que ocupa a colina debruçada sobre o Aude. A cidadela ocupa uma pequena [[Mesa (geografia)|meseta]] formada pela erosão do Aude, a cerca de 150&nbsp;metros de altitude. A cidade baixa situa-se ao nível do Aude, a 100&nbsp;metros de altitude.<!--14--ref name=pan2 />
 
O Aude chega a Carcassona depois do seu périplo montanhoso nas [[Garganta (geografia)|gargantas]] do vale alto do Aude, no maciço do Carlit (parte dos Pirenéus). À sua passagem pela cidade já é um rio mais calmo, que passa na zona de Païcherou, ao longo do cemitério de Saint-Michel, e depois divide-se em dois braços formando a chamada "ilha do Rei". Há quatro pontes sobre o Aude: a Ponte Garigliano, a Pont-Vieux (Ponte Velha), acessível só a peões, a Pont Neuf (Ponte Nova) e a Pont de l'Avenir (Ponte do Futuro). O canal do Midi passa igualmente na cidade entre a [[estação ferroviária]] e o jardim [[André Chénier]], ao lado da ''bastide''<ref name=bastide group=nt /> Saint-Louis.
 
=== Clima ===
A [[estação meteorológica]] de Carcassona-Salvaza mede quotidianamente vários parâmetros meteorológicos desde 1948,<!--3--ref name=henric /> mas há registos de medições regulares desde 1849, que se devem à colocação de um [[Pluviômetro|pluviómetro]] por iniciativa de Don de Cépian, um engenheiro do [[departamentos da França|departamento]].
 
Segundo a [[classificação climática de Köppen-Geiger]], o clima de Carcassona é do tipo Cfa, [[Clima subtropical úmido|subtropical húmido]], uma ocorrência invulgar na França metropolitana, onde o clima fora das zonas altas é maioritariamente do tipo Cfb ([[Clima oceânico|oceânico]] ou Csa ([[Clima mediterrânico|mediterrânico]]).
 
O verão é relativamente quente e seco, principalmente em julho; o outono e inverno são amenos, com [[geada]]s e gelo relativamente raros. As chuvas repartem-se de forma mais ou menos equitativa entre os meses de outubro e maio. As [[Precipitação (meteorologia)|precipitações]] mais intensas ocorrem no outono, no mês de outubro, e na primavera, no mês de abril. As chuvas de verão ocorrem geralmente sob a forma de trovoadas, por vezes violentas e com [[granizo]], que são desastrosas para as [[vinha]]s abundantes na região. Em média ocorrem anualmente 19 [[trovoada]]s e 14 dias de [[nevoeiro]]. Neva ocasionalmente, em média sete dias por ano, entre dezembro e março. Durante o inverno de 2009/2010, a neve cobriu o solo durante 15 dias, o que não acontecia há mais de meio século. A 13 de janeiro a espessura da neve atingiu os 40&nbsp;cm.<!--4--ref name=infocl /> Há notícias de que no inverno de 1913/1914 a neve teria atingido um metro de altura, mas os registos são incertos.
 
O recorde de temperatura máxima (41,9[[Grau Celsius|°C]]) foi registado em 13 de agosto de 2003 e o de temperatura mínima (-15,2°C]) ocorreu em 4 de fevereiro de 1963. Durante alguns invernos mais frios, como foi o caso dos de 1956, 1963, 1985 e 2012, o [[índice de resfriamento]] pode chegar a baixar aos -20°C ou até -25°C devidos aos ventos fortes de noroeste. A área é muito ventosa, registando-se anualmente em média mais de 117 dias com ventos superiores a 55&nbsp;km/h. Os ventos dominantes são de leste, marítimos e de oeste, estes chamados de [[Cers (vento)|Cers]]. A [[Insolação atmosférica|insolação]] é elevada, superior a {{formatnum:2190}} horas por ano no período 1961—1990.
 
Entre as ocorrências meteorológicas excecionais destacam-se várias [[Enchente|cheias]] do AUde em 1872, 1875 e 1891. Nestas últimas, as águas subiram oito metros, inundando toda a parte baixa da cidade.<!--5--ref name=henric /> Em agosto de 2012 Carcassona foi fustigada por um [[tornado]] que provocou grandes estragos, como [[plátano]]s quebrados, telhados destruídos, etc.
{{Clima de Carcassonne}}
=== Demografia ===
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{{Pirâmide etária2/barra||0–15|18.3|15.3}}
{{Pirâmide etária2/fim}}
Carcassona é a segunda maior cidade do departamento de Aude a seguir a [[Narbona]] ({{formatnum:51039}} habitantes). Em contrapartida, a [[Área urbana (França)|área urbana]] é a mais populosa, com {{formatnum:96420}} contra os {{formatnum:88745}} de Narbona. Com {{nowrap|729 hab./km²}}, a comuna de Carcassona é a mais densamente povoada de Aude, a grande distância de Limoux {{nowrap|(313 hab/km2)}} ou Narbona {{nowrap|(295 hab/km2)}}, embora muito inferior a cidades como Toulouse ({{fmtn|3735|hab/km2}}), [[Montpellier]] ({{fmtn|4524|hab/km2}}) ou [[Perpinhã]] ({{fmtn|1725|hab/km2}}).<!--76--ref name=insee2 />
 
A evolução demográfica desde o fim do {{séc|XVIII}} é regular e geralmente crescente, à parte de breves períodos com ligeiros declínios. As diminuições de população na década de 1970 e início da década de 1980 deveram-se a saldos migratórios negativos em benefício de Toulouse e Montpellier, cidades próximas com melhores ofertas de emprego. Um dado demográfico curioso é a percentagem de habitantes de nacionalidade britânica, que aumentou quase 6 vezes, entre 1975 e 1999, passando de 0,042% para 0,24%, ainda assim um número inferior à do departamento de Aude, que é de 0,3%.<!--78--ref name=syn06022 />
{{Demografia de Carcassona}}
<!----- AINDA NÃO TRADUZIDOS:
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== Urbanismo ==
=== Morfologia urbana ===
Os dois bairros mais importantes são a cidadela ou cidade alta e a ''bastide'' ou cidade baixa. Ambos são ligados pelo bairro da Trivalle, onde se situa a Ponte Velha que cruza o Aude.<!--15--ref name=sitesPM2 /> A cidadela ergue-se sobre um promontório elevado e é rodeada por espessas [[muralha]]s desde a [[Idade Média]]. O habitat urbano da cidadela é dense e antigo, e a circulação automóvel é difícil, regulamentada e interdita nos meses de julho e agosto. A cidade baixa é uma antiga ''bastide''<ref name=bastide group=nt /> com planta regualr em hexágono cujos ângulos são flanqueados por [[Baluarte|bastiões]]. As ruas cruzam-se em ângulo reto e organizam-se em volta de uma praça central, a Praça Carnot. Em volta do conjunto da ''bastide'' há um ''[[boulevard]]'' que segue o percurso das antigas muralhas, destruídas em 1764 por ordem do bispo Armand Bazin de Bezons. Ao contrário das ruas da ''bastide'', o ''boulevard'' é largo e aberto. Em muitas das ruas da ''bastide'' está interdito o trânsito automóvel.
 
Os outros bairros importantes da cidade são: La Conte et Joliot-Curie, Ozanam et Saint-Saëns, Saint-Georges, le Viguier, Saint-Jacques, la Cité Fleming, Grazailles-la Reille, la Cité la Prade, la Cité Albignac, le Palais, Gambetta, le Plateau, les Capucins, Bellevue e Pasteur. Na comuna há numerosas pequenas localidades rurais {{langp|fr|''hameaux''|nome}}, como Montlegun, Montredon, Grèzes, Herminis, Maquens e Villalbe.
 
=== Habitação ===
Em 2007 Carcassona tinha {{formatnum:25632}} [[Casa|fogos]], a maioria deles construídos antes de 1990 — em 1999 só 8,9% das residências principais (primeira residência) eram posteriores a 1990 e as anteriores a 1949 representavam 29,2% do total. 86,6% das casas eram residências principais, 51,3% individuais e 47,8% apartamentos. 48% dos habitantes eram donos das casas onde residem; 49,8% eram [[Arrendamento|arrendatários ]] e 2,2% tinham alojamento gratuito.<!--16--ref name=insee3 /><!--17--ref name=insee4 />
 
Em 2013 a cidade respeitava as disposições legais vigentes em França sobre solidariedade social e renovação urbana que determinam que nas comunas mais importantes a percentagem de [[habitação social]] deve ser pelo menos 20% do total. Em 1999, 9,4% do parque habitacional da cidade estava desocupado. Em 1998 o gabinete de HLM (habitação de renda controlada){{
NotaNT|
1=HLM é a sigla em francês de ''"[[habitation à loyer modéré]]"'' ("habitação de renda controlada"), um sistema que incentiva, mediante organizações públicas ou subsídios a privados, a construção de habitação de baixo custo.
}} do governo do departamento de Aude participava em programas de melhoramento de habitações construindo casas que integravam [[domótica]]. Os prédios "l'étoile" e "Roosevelt" de Carcassona foram as primeiras construções HLM desse tipo em França.<!--19--ref name=oph /> A maior parte das habitações sociais encontram-se nos bairros do Viguier e de La Conte. Os seus residentes são maioritariamente imigrantes ou descendentes de imigrantes.
 
A maior parte das residências tinha quatro divisões (62,4%); as de três divisões representavam 18,8%, as de duas 13,5% e os estúdios 5,3%. A cidade tem numerosas residências de dimensões relativamente grandes devido a não haver restrições no espaço imobiliário e à pouca procura por alojamentos de pequena dimensão.<!--20--ref name=insee3 /><!--21--ref name=insee4 /> A maior parte das casas têm boas infraestruturas, como aquecimento central (89,9%), garagem individual, partilhada (''box'') ou parque de estacionamento (57,4%).
<!----- NÃO TRADUZIDO:
Projets d’aménagement
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== Toponímia ==
O primeiro [[Toponímia|topónimo]] conhecido da cidade é ''Carcasso''. [[Plínio, o Velho]] ({{DC|século I|n}}) cita esse nome, ou mais precisamente ''Carcaso Volcarum Tectosage'', mas aparentemente o nome já existia no {{AC|século VI|n}}<!--23--ref name=gui4 /> O nome em {{ling|oc}} (Carcassona) deriva diretamente da forma [[Latim|latina]]. Os [[francos]], que tomaram a cidade aos [[sarracenos]] no {{séc|VIII}}, chamaram à cidade Karkashuna. Outros nomes conhecidos são Carcasona e Carcassione.<!--26--ref name=gui41 />
 
;Lenda da origem do nome
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O local onde se situa a cidade já era habitado no [[Neolítico]], como é atestado por objetos encontrados, dos quais o mais célebre é um machado de pedra polida em nefrita que pertenceu ao [[Mineralogia|mineralogista]] [[Alexis Damour]] {{nwrap||1808|1902}} e que se encontra no [[Museu de Toulouse]].
 
Ali existiu desde cedo um sítio [[Proto-História|proto-histórico]] muito ativo situado junto ao rio ''Atax'' (o Aude), a que [[Plínio, o Velho]] se refere com o nome de "''Carcasum'' dos {{ilc|Volca Tectosages||Volcae Tectosages|Volques Tectosages}}".<!--24--ref name=plin156 />{{
NotaNT|
1=Os Volca Tectosages eram um povo [[Celta|celta]] da Gália.
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A61. Por razões que se desconhecem, no {{AC|século VI|n}} o povoado foi transferido para o local onde se ergue atualmente a cidadela. No fim do {{AC|século II|n}} o local, povoado por Volca Tectosages, era já um [[ópido]] com [[fosso]]s e habitações [[Gauleses|gaulesas]], de que os [[Roma Antiga|romanos]] se apossaram e fortificaram em {{AC|118|n}}
 
Ao romanos seguiram-se os [[Reino Visigótico|visigodos]], no {{DC|século V|n}},<!--2--ref name=pm />{{
NotaNT|
1=A data da chegada dos visigodos varia conforme as fontes. Segundo Jean Guilaine e Daniel Fabre, teria sido em 462.<ref name=gui39 />
}} e os [[sarracenos]] no {{séc|VIII}}, que ali permaneceram durante cerca de 30 anos antes de serem rechaçados pelos [[francos]].<!--26--ref name=gui41 /> Após a dissolução do [[Império Carolíngio]] no final do {{séc|IX}}, iniciou-se a [[Feudalismo|época feudal]], ficando Carcassona sob o domínio da [[Casa de Trencavel|família Trencavel]], que governou a cidade como uma dinastia entre os séculos XI e XIII. Carcassona prosperou durante essa época e tornou-se um local estratégico de primeira importância no Languedoque.
 
=== Idade Média ===
O [[catarismo]] teve muitos adeptos em Carcassona. Os cátaros foram protegidos pelo visconde {{ilc|Raimundo Rogério Trencavel||Raimundo Roger Trencavel|Raimond-Roger Trencavel}} {{nwrap||1185|1209}}, o que fez com que a cidade fosse considerada terra de [[heresia]] pelo [[papa]] e consequentemente um dos alvos da [[Cruzada Albigense]], liderada primeiro pelo legado papal {{ilc|Arnaldo Amalrico||Arnaldo Amalarico|Arnaud Amaury}} e depois por [[Simão de Monforte]]. Em agosto de 1209, o exército de [[cruzados]] sitiou Carcassona. Os dois [[burgo]]s caíram rapidamente, tendo sido prontamente destruídos e incendiados. As muralhas e fortificações da cidadela resistiram aos atacantes, mas Trencavel descurou a defesa dos pontos de abastecimento de água situados fora das muralhas porque acreditava que os sitiados seriam socorridos rapidamente, pelo que a sede e a fome obrigaram o visconde de Carcassona a capitular ao fim de duas semanas de cerco. Trencavel foi preso e morreu pouco depois.<!--27--ref name=gui56 />
 
Após a tomada da cidadela, as terras dos Trencavel foram dadas a um dos barões do norte, o célebre Simão de Monforte. O filho deste e sucessor do viscondado de Carcassona, {{ilc|Amalrico&nbsp;VI|Amalrico VI de Monforte|Amalrico VI de Montfort|Amaury VI de Montfort}}, doou depois as suas terras ao rei de França, que as integrou no domínio real em 1224.<!--28--ref name=ladur /> Em 1234 foi instalado na cidade um tribunal da [[Inquisição]].Em 1240, {{ilc|Raimundo&nbsp;II Trencavel|Raimundo II Trencavel|Raimundo Trencavel II|Raimond II Trencavel}}, filho de Raimundo Rogério, liderou uma tentativa de revolta dos carcassonenses, o que levou o rei [[Luís IX de França|São Luís]] a perseguir a população da cidade, que foi depois autorizada a estabelecer-se na outra margem do Aude, onde foi fundada uma nova cidade. Foi então criada uma ''bastide'' por baixo da cidadela,<ref name=hc401 /> tornando Carcassona uma cidade bicéfala onde cresceu uma rivalidade feroz entre a cidadela e a nova cidade baixa, tanto em termos sociais como em termos económicos. A ''bastide'' Saint-Louis prosperou gradualmente a ponto de ultrapassar a cidadela, que acaba por perder todo o poder e influência política.
 
Em 1248 a cidade baixa foi dotada de um consulado (governo municipal autónomo). A cidade passou então a ser governada por seis cônsules com a ajuda dos notáveis locais. No {{séc|XIV}}, a cidade era o principal centro de produção têxtil de França, que usava como matéria prima a [[lã]] proveniente dos rebanhos da [[Montanha Negra]] e das {{ilc|Corbières|Maciço das Corbières|Corbières (região)|Corbières (montanhas)}}. Os têxteis eram exportados para os grandes entrepostos comerciais da época, como [[Constantinopla]] e [[Alexandria]].<!--30--ref name=pan52 />
 
Em 1348 a [[Peste negra|peste]] assolou Carcassona e o resto do país pela primeira; a epidemia foi recorrente até ao século seguinte. No mesmo período, a [[Guerra dos Cem Anos]] provoca numerosos danos. O [[Eduardo, o Príncipe Negro|Príncipe Negro]] devastou a cidade baixa pelo fogo em 1355, mas poupou a cidadela, devido ao facto de que um cerco vitorioso seria muito longo e atrasaria as suas [[Pilhagem|pilhagens]].<!--31--ref name=gui97 /> A ''bastide'' foi parcialmente reconstruída (apenas metade) e fortificada em 1359. A indústria de tecidos de lã foi também reiniciada e desenvolveu-se. Apesar de Carcassona nunca ter sido visitada pelo rei {{lknb|Luís|XI|de França}} {{nwrap|r.|1461|1483}}, este confirmou os privilégios da cidade e não hesitou em defendê-la em março de 1462.<!--32--ref name=ord407 /><!--33--ref name=ord409 /><!--34--ref name=ord220 />
 
=== Séculos XVI a XVIII ===
A partir do início do século XVI, a cidade baixa cresceu mais do que a cidadela, que perdeu o seu papel militar. Em 1531 o [[protestantismo]] faz a sua aparição na cidade, mas os [[Calvinismo|calvinistas]] foram perseguidos na cidade baixa, a qual viu as suas fortificações reforçadas. A cidade tornou-se uma base para os [[católicos]], que dali dirigem ataques contra as aldeias protestantes da região, como [[Limoux]], {{ilc|Bram|Bram (Aude)|Bram (comuna)|Bram (França)}} e outras. As rivalidades crescentes entre a cidadela e a cidade baixa provocam a destruições na cidade baixa. No início da década de 1560, os protestantes de Carcassona são massacrados. {{lknb|Carlos|IX|de França}} passa na cidade durante a sua volta a França {{nwrap||1564|1566}}, acompanhado pela [[Corte (realeza)|corte]] e pelos Grandes do Reino: o seu irmão [[Henrique III de França|duque de Anjou]], [[Henrique IV de França|Henrique de Navarra]] e os cardeais {{ilc|de Bourbon|Carlos I de Bourbon (cardeal)|Charles I de Bourbon (arcebispo de Rouen)}} e [[Carlos de Lorena-Guise|de Lorraine]].<!--35--ref name=miq255 />
 
Uma passagem da ''«[[Histoire générale de Languedoc]]»'', do abade [[Joseph Vaissète]] {{nwrap||1685|1576}} apresenta uma descrição interessante da reunião dos "{{ilc|Estados de Languedoque||États de Languedoc}}" (''États de Languedoc''){{
NotaNT|
1=Os ''États de Languedoc'' eram assembleias do tipo dos [[Assembleia dos Estados Gerais|Estados Gerais]] para legislar sobre assuntos políticos da província de [[Languedoque]].
}}<!--36--ref name=devic /> realizada em 1569, durante o auge das [[Guerras religiosas na França|guerras religiosas]] no grande refeitório dos [[Regra de Santo Agostinho|Agostinhos]] na cidade baixa de Carcassona, sob a presidência por ordem real de António&nbsp;II de Dax, {{ilc|bispo de Alet|Diocesde de Alet|lk=Alet-les-Bains}}. O texto ilustra bem as preocupações e debates que animavam as reuniões dos ''Estados'' e atestam que a cidade ainda conservava a sua importância política no Languedoque..<ref name=hlang45 />
 
Pouco a pouco, a cidadela foi perdendo a sua importância, com a transferência de numerosas instituições para a cidade baixa em expansão. A riqueza devida ao comércio de tecidos permitiu embelezar a cidade. A manufatura de tecidos dos Saptes foi relançada em 1667 por [[Jean-Baptiste Colbert|Colbert]] para desenvolver a atividade iniciada pelos irmãos Saptes que se instalaram perto de [[Conques]] vindos de [[Tuchan]] no {{séc|XVI}} e depois em Carcassona, onde concentraram num só local todas as operações necessárias ao fabrico que tecidos, o que proporcionou uma grande prosperidade à fmília, cuja terceira geração abandonou a indústria para se dedicar à política.
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Nesse período foram construídos vários ''[[Hôtel particulier|hôtels]]'' (palácios urbanos particulares) sumptuosos, o abastecimento de água foi melhorado, as ruas foram pavimentadas e [[Iluminação pública|iluminadas]], tornando a cidade mais moderna. As velhas muralhas da cidade baixa foram demolidas no {{séc|XVIII}}, na mesma época em que foi construído o Portal dos[[ Ordem dos Pregadores|Jacobinos]]. Contudo, a indústria de tecidos, praticamente a única atividade industrial da cidade, desaparece devido a vários problemas. Durante a [[Restauração francesa|Restauração]], a atividade é mecanizada e os salários baixam consideravelmente, provocando a miséria dos últimos tecelões da cidade, acentuada também pela concorrência da [[viticultura]].
 
A cidade envolveu-se pouco na [[Revolução Francesa]]. Em 29 de janeiro de 1790, é criado o [[Departamentos da França|departamento]] de [[Aude]], com capital em Carcassona.<!--38--ref name=gui164 /> A concorrência da indústria têxtil [[Reino Unido|britânica]] e a mecanização introduzida durante a [[Restauração francesa|Restauração]] fazem baixar os salários do tecelões da cidade, o que aliado ao aumento de preço dos alimentos provoca a miséria,fome e descontentamento popular na cidade.
 
Entre 1795 e 1800 a cidadela (Carcassonne-Cité) deixa de existir como entidade político-administrativa, sendo absorvida por Carcassonne (a cidade baixa).
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As obras de restauro da cidadela, alegadamente para restituir a grandeza do {{séc|XIII}} do maior conjunto fortificado medieval da Europa Ocidental, prolongaram-se por meio século. As obras são dirigidas com sucesso pelo arquiteto [[Eugène Viollet-le-Duc|Viollet-le-Duc]], especiaçista de restaurações em França, mas por vezes causam polémica devido às suas escolhas e iniciativas particulares. Embora muitos considerem que a restauração da cidadela foi em geral bem feita, somente 15% dos materiais usados são originais.
 
Em 1907, os [[Viticultura|viticultores]] carcassonenses participam na {{ilc|revolta dos viticultores|Revolta dos viticultores de Languedoque|Revolta dos vinhateiros de Languedoque|Revolta dos viticultores}} para denunciar os problemas que afetam a viticultura do Languedoque. A fraude recorrente de certos produtores, a sobreprodução, o [[míldio]] e a concurrência provocam a cólera e pedem ao estado, que num primeiro momento não reage, que regulamente a produção vitícola. Em setembro de 1907, Carcassonne adere à Confederação geral dos viticultores do Midi (CGV), a primeira união sindical francesa.<!--39--ref name=hvinh />
 
Em 1944, a cidadela de Carcassonne é ocupada por tropas [[Alemanha Nazi|alemãs]], que usam o castelo condal como armazém de muições e explosivos e expulsam os habitantes. [[Joë Bousquet]], comandante da [[Ordem Nacional da Legião de Honra|Legião de Honra]], indigna-se com esta ocupação e escreve uma carta ao prefeito pedindo a libertação da cidadela, considerada por todo o país uma obra de arte que se tem que respeitar e deixar livre.<!--40--ref name=rethist />
 
Em 1997 a cidadela de Carcassona foi classificada como [[Património Mundial]] pela [[UNESCO]]. Com três milhões de visitantes anualmente, é um dos locais mais visitados da Europa.
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== Infraestruturas ==
;Ensino
A comuna tem 16 [[Jardim de infância|jardins de infância]] e [[Escola pré-primária|escolas pré-primárias]] e 18 escolas primárias, que em meados da década de 2000 tinha cerca de {{formatnum:5000}} alunos, 85% em estabelecimentos públicos e 15% em estabelecimentos privados.<!--82--ref name=enseign /> Há seis colégios (para alunos tipicamente entre os 11 e 16 anos) públicos e quatro liceus ([[Ensino secundário|escolas secundárias]], tipicamente entre os 15 e 18 anos) públicos, um deles agrícola. No setor privado, há um colégio e dois liceus, um deles de ensino profissional.
 
No tocante ao [[ensino superior]], há uma escola de [[enfermagem]], um polo da ENAC ([[École nationale de l'aviation civile|Escola Nacional da Aviação Civil]]), um IUFM (Instituto Universitário de Formação de Mestres) e dois departamentos do IUT (Instituto Universitário de Tecnologia) de [[Perpinhã]] (de "estatística e informática decisional" e de técnicas de comercialização).
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== Cultura local e património ==
O principal local turístico de Carcassona é evidentemente a [[Cidadela de Carcassonne|cidadela]], classificada como [[Património Mundial]] da [[UNESCO]] desde 1997 e que atrai cerca de quatro milhões de visitantes por ano, o que a torna o segundo local mais visitado de França a seguir ao [[Monte Saint-Michel]]. O castelo condal e as muralhas recebem aproximadamente {{formatnum:500000}} visitantes por ano.<!--100--ref name=ladep /> A cidadela é um conjunto medieval único na Europa devido ao seu tamanho e ao seu estado de conservação. É rodeada por duas linhas de muralhas e no seu interior destaca-se o chamado castelo condal e a basílica de São Nazário.
 
=== Castelo condal ===
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{{Citar whc.unesco list|ref=pm|345|Cidade fortificada histórica de Carcassona|1 de agosto de 2015}}
 
<ref name=pan2>Panouillé, Jean-Pierre. ''Carcassonne, histoire et architecture'', Ouest-France, {{ISBN|2737321948}}, p.&nbsp;2</ref>
 
<ref name=henric>Castel, Henri. [http://www.imprimerie-d3.com/sesa/Castel.pdf ''Divers aspects du climat de Carcassonne au cours du XX{{sup|e}} siècle et au début du XX{{sup|e}} siècle''], p.&nbsp;153</ref>
 
<ref name=infocl>{{lk|lingnome=pt|fr| url = http://www.infoclimat.fr/observations-meteo/archives/13/janvier/1981/carcassonne-salvaza/07635.html| titulo=Archives météorologiques Carcassonne Salvaza - 13 janvier 1981| desc=infoclimat.fr}}</ref>
 
<ref name=insee2>{{Citar web|titulo=Aire urbaine de l'Aude|url=http://www.insee.fr/fr/bases-de-donnees/esl/comparateur.asp?codgeo=AU2010-092&codgeo=AU2010-101&codgeo=AU2010-248&codgeo=AU2010-296|publicado=Insee.fr|lingua3=fr}}</ref>
 
<ref name=syn06022>{{Citar web|lingua3=fr|url=http://www.insee.fr/fr/insee_regions/languedoc/rfc/docs/synthese/syn0602/page2.htm|título=25km autour de Carcassonne, une ville à la campagne|publicado=Insee}}</ref>
 
<ref name=sitesPM2>{{Citar web|lingua3=fr|publicado=Site officiel de la ville de Carcassonne|título=La ville aux deux sites classés au Patrimoine Mondial|url=http://www.carcassonne.org/carcassonne2.nsf/vuetitre/docpgeIntroPatrimoine}}</ref>
 
<ref name=insee3>{{Citar web|lingua3=fr|url=http://www.recensement.insee.fr/chiffresCles.action?zoneSearchField=CARCASSONNE&codeZone=11069-COM&idTheme=6&rechercher=Rechercher|título=Carcassonne (11069 - Commune) - Thème : Logement|publicado=Insee}}</ref>
 
<ref name=insee4>{{Citar web|lingua3=fr|url=http://www.recensement.insee.fr/chiffresCles.action?codeMessage=5&zoneSearchField=LANGUEDOC&codeZone=91-REG&idTheme=6&rechercher=Rechercher|título=Languedoc-Roussillon (91 - Région) - Thème : Logement|publicado=Insee}}</ref>
 
<ref name=oph>{{Citar web|lingua3=fr|url=http://www.ophlm11.fr/pages/savoir_faire.htm|publicado=Office HLM de l'Aude|título=Histoire de l'office}}</ref>
 
<ref name=gui4>Jean, Guilaine; Fabre, Daniel. ''Histoire de Carcassonne'', ed. privada, {{ISBN|2-7089-8328-8}}, p.&nbsp;4</ref>
 
<ref name=gui39>Guilaine & Fabre, ''op. cit.'', p.&nbsp;39</ref>
 
<ref name=gui41>Guilaine & Fabre, ''op. cit.'', p.&nbsp;41</ref>
 
<ref name=gui56>Guilaine & Fabre, ''op. cit.'', p.&nbsp;46</ref>
 
<ref name=gui97>Guilaine & Fabre, ''op. cit.'', p.&nbsp;97</ref>
 
<ref name=gui164>Guilaine & Fabre, ''op. cit.'', p.&nbsp;164</ref>
 
<ref name=plin156>[[Plínio, o Velho]], ''[[História Natural (Plínio)|]]'', III, 5, 6</ref>
 
<ref name=ladur>Ladurie, Emmanuel Leroy. ''Histoire du Languedoc'', [[Presses universitaires de France]], col. "Que sais-je ?", 1982, p.&nbsp;42</ref>
 
<ref name=hc401>{{Citar web|lingua3=fr|url=http://www.carcassonne.culture.fr/fr/hc401.htm|título=la dynastie des Trencavel|publicado=Ministère de la culture}}</ref>
 
<ref name=pan52>Panouillé, ''op. cit.'', p.&nbsp;52</ref>
 
<ref name=ord407>{{Googlebooks url|4-ZZAAAAYAAJ|407|lk=''Ordonnances des rois de France de la troisième race: Ordonnances rendues depuis le commencement du règne de Louis XI jusqu'au mois de mars 1473. 1811-20''}}, Imprimerie royale, 1811, p.&nbsp;407</ref>
 
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