Ana de Jesus Maria de Bragança: diferenças entre revisões
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{{Info
| legenda = Retrato de D. Ana de Jesus Maria
| descendência = D. Ana Carlota<br />D. Maria do Carmo<br />D. Pedro José<br />D. Maria Amália<br />D. Augusto Pedro
| mãe = [[Carlota Joaquina de Bourbon|D. Carlota Joaquina de Bourbon]]
| data da morte = {{morte|22|6|1857|23|10|1806|lang=pt}}
| local da morte = [[Roma]], {{ITA}}
| local de enterro =
| religião = [[Igreja Católica|Católica]]
| brasão = Armas duques loulé.png
}}
==
D. Ana de Jesus Maria nasceu no [[Palácio Nacional de Mafra]] a [[23 de Outubro]] de [[1806]], alegadamente como filha do rei [[João VI de Portugal|D. João VI de Portugal]] e de [[Carlota Joaquina de Bourbon|D. Carlota Joaquina de Bourbon]] (ver secção: ''[[Ana de Jesus Maria de Bragança#Questão da paternidade da 1ª marquesa de Loulé|Questão da paternidade da 1ª marquesa de Loulé]]''). Dado tratar-se de mais uma filha [[Filiação ilegítima|bastarda]] de D. Carlota Joaquina (depois do nascimento de outros dois bastardos já reconhecidos pelo monarca, [[Miguel I de Portugal|D. Miguel Maria]] e [[Maria da Assunção de Bragança|D. Maria da Assunção]]), após o seu nascimento o rei D. João VI declarou que não reconheceria mais filhos da sua esposa.
== Questão da paternidade da 1ª marquesa de Loulé ==
Inúmeras fontes bibliográficas e testemunhos da época dão conta de que a 1ª marquesa de Loulé, D. Ana de Jesus Maria, teria sido, à semelhança dos seus irmãos mais novos, o ex-infante [[Miguel I de Portugal|D. Miguel]] e a [[Maria da Assunção de Bragança|D. Maria da Assunção]], apenas uma filha [[Filiação ilegítima|bastarda reconhecida]] pelo rei D. João VI de Portugal<ref>LENCASTRE, Isabel; Bastardos Reais - Os filhos ilegítimos dos Reis de Portugal. Lisboa: Oficina do Livro, 2012. Págs. 177</ref>, fruto das famosas ligações adúlteras de sua mãe, [[Carlota Joaquina de Bourbon|D. Carlota Joaquina de Bourbon]], com os seus amantes e criados. Segundo estas, o próprio rei D. João VI terá confirmado não ter tido relações sexuais com a sua esposa durante mais de dois anos e meio antes do nascimento dos três últimos filhos<ref>EDMUNDO, Luiz, ''A corte de D. João no Rio de Janeiro (1808-1821)'', volume 1 (de 3). Página 239.</ref>, tempo durante o qual o rei e a rainha terão vivido numa permanente ''guerrilha conjugal'' e só se encontravam em raras ocasiões oficiais.<ref>PEREIRA, Sara Marques (1999), ''D. Carlota Joaquina e os Espelhos de Clio - Actuação Política e Figurações Historiográficas'', Livros Horizonte, Lisboa, 1999, página 53.</ref>. [[Laure de St. Martin Permon|Laura Permon, a duquesa de Abrantes]] e mulher do [[General Junot]], declarou publicamente que: ''"O erário público pagava a um apontador para apontar as datas do acasalamento real, mas ele tinha pouco trabalho. Isso não impedia D. Carlota Joaquina de ter filhos com regularidade e, ao mesmo tempo advogar inocência e dizer que era fiel a D. João VI, gerando assim filhos da Imaculada Conceição."'' [...] ''"Mas uma coisa é saber-se que não era o pai, outra é dizer quem era o pai, porque D. Carlota Joaquina, não era fiel nem ao marido nem aos amantes"''.<ref>DOMINGUES, Mário; ''Junot em Portugal''. Lisboa : Romano Torres, 1972. Página 211</ref>
Segundo vários autores e inclusive os relatos da própria época, a 1ª marquesa de Loulé era filha do jardineiro do palácio da rainha, ou de um outro serviçal do [[Palácio e Quinta do Ramalhão|Ramalhão]] (o palácio localizado perto de [[Sintra]], onde D. Carlota Joaquina vivia separada do seu real esposo).<ref>Ver WILCKEN, Patrick, ''Empire Adrift'', páginas 61 e 62.</ref> Para [[Raul Brandão]], por exemplo, João dos Santos, o cocheiro e jardineiro da Quinta do Ramalhão, era o pai de [[Maria da Assunção de Bragança|D. Maria da Assunção]] e de D. Ana de Jesus Maria, enquanto o D. Miguel era o filho do [[marquês de Marialva]].<ref>BRANDÃO, Raul; ''El-Rei Junot''. Lisboa: Livraria Brasileira, 1912. pp 66.</ref> Por seu lado, [[Alberto Pimentel]] assegura que ''"...passa como certo que dos nove filhos que D. Carlota Joaquina dera à luz, apenas os primeiros quatro tiveram por pai D. João VI"''.<ref>PIMENTEL, Alberto; ''A Última Corte do Absolutismo''. Lisboa: Livraria Férin, 1893. Pág. 143</ref> A própria [[duquesa de Abrantes]], no entanto, não deixou de sublinhar nas suas "Memórias" a própria ''"diversidade cómica"'' da descendência do rei D. João VI: ''"O que é notável nesta família de Portugal é não haver um único filho parecido com a irmã ou o irmão..."''.<ref>ABRANTES, Duquesa de; ''Recordações de uma estada em Portugal''. Lisboa: Biblioteca Nacional de Portugal, 2008. pp 78.</ref>
== Transferência da Corte portuguesa para o Brasil ==
{{Artigo principal|Transferência da corte portuguesa para o Brasil}}
D. Ana de Jesus Maria teve que partir, em [[1808]], para o [[Brasil]], juntamente com a [[família real portuguesa]] e [[nobreza portuguesa]], em função da [[invasão napoleônica]] em [[Portugal]]. Tal episódio é conhecido com a [[transferência da corte portuguesa para o Brasil]].
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No dia [[5 de dezembro]] de [[1827]], no [[Palácio Real de Queluz]], D. Ana de Jesus Maria desposou o [[general]], [[político]], [[maçon]] e [[nobre]] [[Nuno José Severo de Mendoça Rolim de Moura Barreto|D. Nuno José Severo de Mendoça Rolim de Moura Barreto]], então titulado como 9.º [[conde de Vale de Reis]] e 2.° [[marquês de Loulé]] (mais tarde, ele tornar-se-ia 1.º [[duque de Loulé]]). D. Nuno José foi, por várias vezes, [[primeiro-ministro de Portugal]].
Ao contrário dos matrimónios de suas irmãs, o casamento de D. Ana de Jesus Maria não se deu por razões [[política]]s, e a primeira filha do casal nasceu em [[27 de Dezembro]] daquele ano, ou seja, vinte e dois dias após a cerimónia. Isso indica que ela se casou [[grávida]]. Ao todo, eles tiveram cinco filhos:
* D. Ana Carlota de Mendoça Rolim de Moura Barreto (1827-1893), desposou o [[Rodrigo de Sousa Coutinho Teixeira de Andrada Barbosa|3.° conde de Linhares]], com descendência;
* D. Maria do Carmo de Mendoça Rolim de Moura Barreto (1829-1907), desposou o 3º [[conde de Belmonte]], com descendência;
* D. Pedro José Agostinho de Mendoça Rolim de Moura Barreto (1830-1909), depois 2.° duque de Loulé;
* D. Maria Amália de Mendoça Rolim de Moura Barreto (1832-1880), não se casou, sem descendência;
* D. Augusto Pedro de Mendoça Rolim de Moura Barreto (1835-1914), depois 3.° [[conde de Azambuja]].
Embora a [[Casa de Loulé]] fosse também uma remota descendente, por via [[Filiação ilegítima|ilegítima]], da [[família real portuguesa]], o casamento foi mal visto e até recebido como [[escândalo]] pela facção mais [[conservador]]a dos portugueses, que o consideraram desprestigiante e aviltante para a Casa Real. Afinal, D. Ana de Jesus Maria foi a primeira titulada [[infanta de Portugal]] a casar fora da [[Família real|realeza]], e ainda se casou grávida, tendo nascido a filha mais velha no próprio dia em que finalmente o [[Diplomacia|Corpo Diplomático]] acreditado em [[Lisboa]] se apresentou no [[Benfica (Lisboa)|Palácio de Benfica]] a fim de apresentar cumprimentos. Eles, no entanto, não puderam ver D. Ana de Jesus Maria, mas apenas ouvi-la ao longe gritando com as dores do [[parto]].
O casal não quis envolver-se na disputa do ex-infante [[Miguel I de Portugal|D. Miguel]], irmão de D. Ana de Jesus Maria, pelo trono português. Preferiram exilar-se e viajaram então por alguns anos pela [[Europa]], período em que nasceram os restantes filhos. O casamento, nunca dissolvido, acabou em [[separação]] em [[1835]]; e D. Ana de Jesus Maria continuou a viver em [[Roma]], na [[Itália]], onde veio a morrer, vinte e dois anos depois. Por causa disso, ela nunca se tornou [[Duque de Loulé|duquesa de Loulé]].
== Pretensão ao trono português ==
{{Casa de Bragança - Descendência}}
{{Artigo principal|Questão dinástica portuguesa}}
Embora [[Portugal]] seja atualmente uma [[República]], o 6º duque de Loulé, descendente por varonia de D. Ana de Jesus Maria, ao dar-se conta da disputa dinástica pelo trono português levada a cabo no presente, decidiu apresentar-se, também ele, como um pretendente (embora a sua legitimidade seja uma das mais contestadas).
Após o [[exílio]] do irmão de D. Ana de Jesus Maria, o rei deposto [[Miguel I de Portugal|D. Miguel I]], tanto ele quanto os seus descendentes foram perpetuamente banidos do território nacional e da sucessão ao trono português por via da Constituição Monárquica de 1838, assinada pela rainha [[Maria II de Portugal|D. Maria II]]. Contudo, devido à aparente falta de herdeiros do rei [[Manuel II de Portugal|D. Manuel II]] e à sua morte prematura em [[1932]], apresentou-se como imediata sucessora do monarca a sua alegada meia-irmã [[Maria Pia de Saxe-Coburgo e Bragança|D. Maria Pia de Saxe-Coburgo Gotha e Bragança]], pretensamente filha bastarda do rei [[Carlos I de Portugal|D. Carlos I]] e representante do [[Casa de Bragança-Saxe-Coburgo e Gota|Ramo Constitucional]] (ou Ramo Liberal) e, posteriormente, após a abolição da [[Lei do Banimento (Portugal)|Lei do Banimento]] e da [[Lei da Proscrição]], os pretendentes [[Duarte Nuno de Bragança|Duarte Nuno]] e [[Duarte Pio de Bragança]], descendentes do ex-infante D. Miguel e representantes do [[Miguelista|Ramo Miguelista]] (ou Ramo Absolutista).
Tem sido bastante contestado se [[Duarte Pio de Bragança|Duarte Pio]] tem ou não direito à chefia da [[Casa Real Portuguesa]]. Se o banimento perpétuo, declarado em [[1834]] (e reforçado em [[1838]]), ainda permanece válido, a linha de sucessão recairia, na ausência de outros herdeiros possíveis, ou aos descendentes de [[Maria Pia de Saxe-Coburgo e Bragança|D. Maria Pia de Bragança]] ou aos descendentes de D. Ana de Jesus Maria, actualmente representada pelo seu quadrineto, D. Pedro José Folque de Mendoça Rolim de Moura Barreto, o 6.º [[duque de Loulé]]. Contudo, também tem sido bastante contestado o facto se D. Ana de Jesus Maria, a 1ª marquesa de Loulé, além de filha bastarda (embora reconhecida por D. João VI) manteve os seus [[direito]]s à Coroa, para o que a Carta Constitucional requeria que o seu casamento fosse "a aprazimento do Rei", ou, na ausência de Rei, como era o caso, com [[autorização]] das Cortes (muito embora tenha existido uma autorização outorgada pela infanta [[Isabel Maria de Bragança, regente de Portugal|D. Isabel Maria de Bragança]], presidente do [[Regência (sistema de governo)|Conselho de Regência]], a contragosto). A aparente falta de tal autorização excluiu a [[Casa de Loulé|casa ducal de Loulé]] da sucessão ao trono português.
A atual representação do trono português, no entanto, obedece a leis próprias e depende sempre da aprovação prévia das Cortes e, depois, da [[Assembleia da República|Assembleia da República Portuguesa]], sem a qual quaisquer direitos eventuais de pessoas não têm qualquer valor legal.
{{referências}}
== Bibliografia ==
* MENDOÇA, D. Filipe Folque de; ''A Casa Loulé e suas Alianças'', 288 pp., Livraria Bizantina, Lisboa, 1995.
* PEREIRA, Nuno da Câmara; ''O Usurpador'', Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2007.
* LENCASTRE, Isabel; Bastardos Reais - Os filhos ilegítimos dos Reis de Portugal. Lisboa: Oficina do Livro, 2012. Págs. 175-182
* Conselho de Nobreza, Boletim Oficial, vários.
* ''Anuário da Nobreza de Portugal'', edições de 1964, e de 1985.
== Ver também ==
* [[Duque de Loulé]]
* [[Conde de Vale de Reis]]
* [[Casa de Bragança-Saxe-Coburgo e Gota]]
* [[Questão dinástica portuguesa]]
* [[Filiação ilegítima]]
==Ligações externas==
{{Commonscat|Infanta Ana de Jesus Maria of Portugal}}
*{{oficial|http://www.infanta-ana-de-jesus-maria.com/}}
{{DEFAULTSORT:Ana Jesus Maria Braganca}}
[[Categoria:Infantas de Portugal]]
[[Categoria:Grã-Cruzes da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa]]
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