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'''Sociocracia''' é um [[sistema de governo]] no qual as decisões são tomadas considerando-se a opinião dos indivíduos de sua sociedade. Assim, as medidas governamentais receberiam sempre a consulta popular. Na Sociocracia uma sociedade atua como organismo vivo, sempre opinando e decidindo. É a forma de governo onde a soberania é exercida pela sociedade como um todo, não apenas por algumas de suas partes, na procura da melhor decisão para o conjunto da sociedade, ou no mínimo obtendo o consentimento dos que não concordarem com os pontos de vista da maioria. O poder decisório é exercido diretamente pela sociedade que substitui o parlamento. É fundamental na sociocracia o princípio de auto-organização, assentado nas teorias sistêmicas de [[inteligência coletiva]].
A '''Sociocracia'''<ref name=":0">{{Citar web|título = Resumo Alargado do livro We The People|URL = http://pt.scribd.com/doc/275579145/Resumo-Alargado-do-livro-We-The-People|obra = Scribd|acessadoem = 2015-11-12}}</ref> deriva o seu nome do Latim socius, que pode ser interpretado por “sócios” ou “companheiros” ou mais concretamente “grupo de pessoas que tem ligação entre si”1, e do grego “cracia”, que significa “dominado/regulado por”. Tem a mesma origem que sociologia, bem como outras palavras que referem estudos ou atributos de grupos sociais como por exemplo socialista ou socialismo.
 
O termo ''sociocracia'' foi cunhado por [[Augusto Comte]] na primeira metade do [[século XIX]].
A confusão da sociocracia com socialismo pode acontecer pela semelhança das palavras e pelo facto de ambas terem a ver com formas de governança. No entanto o socialismo advoga propriedade central e controlo dos meios de produção, capital, terra e propriedade e funciona através de uma entidade central. A sociocracia, na versão clássica e desenvolvida por Endenburg, pelo contrário, aceita uma economia de mercado e advoga as “organizações livres”, propriedade delas próprias.
 
=== Uma visão histórica da Sociocracia<ref name=":0" /> ===
A palavra Sociocracia remonta ao início do século dezanove com August Comte, filósofo e sociólogo francês, e surge mais tarde com o sociólogo americano Lester Frank Ward.
Permaneceu uma teoria até à década de 1940, quando Kees Boeke, um educador e activista da paz holandês desenvolveu o primeiro sistema sociocrático funcional utilizando-o para governar a sua escola privada residencial, que começou como escola primária. Na década de 1970, o empreendedor e engenheiro electrotécnico Gerard Endenburg utilizou a cibernética e o pensamento de sistemas para desenvolver os princípios de Boeke para um método de governança que podia ser utilizado em larga escala.
 
'''Gerard Endenburg''' era filho de dois activistas políticos que depois da segunda guerra mundial decidiram criar a empresa Endenburg Electrotechniek com o intuito de mostrar que as ideias que eles defendiam eram economicamente viáveis. Mais tarde, depois de ter feito carreira como engenheiro, e ter patenteado a coluna plana (utilizada p.ex nos telemóveis), enquanto trabalhava na Philips Electronics, Gerard foi desafiado pelo pai a testar as competências de gestão, sugerindo que Endenburg levasse uma empresa recém-comprada do prejuízo para o lucro, o que ele fez em menos de um ano e levou a que a empresa se fundisse com a Endenburg Electrotechniek. Gerard acabou por assumir o papel de director executivo desta empresa.
 
Entre as acções que Gerard Endenburg implementou encontram-se:
* a redefinição do sistema de remuneração dos trabalhadores da empresa, onde utiliza uma base fixa e duas componentes de remuneração periódica variável, uma de curto prazo e outra de longo prazo.
* a decisão através do consentimento (que evita a questão subjacente ao consenso que requer um conhecimento mútuo forte para realmente funcionar eficazmente) – que tem que ver com a ausência de objeções impeditivas. O consentimento respeita o princípio de Boeke de que é importante haver amor e confiança entre os presentes para se poder atingir estados elevados de decisão, ao mesmo tempo que não exige que haja amor e confiança para que se possam tomar decisões acertadas, havendo um entendimento comum do que é ou não impeditivo
* um sistema organizacional baseado em círculos<ref>Pag 43 We The People – A palavra círculo surge de uma tradução de “kring”, que é apresentada como arena ou mesa redonda, como local onde se tomam decisões entre pares.</ref> de decisão, estendendo o que era normalmente tarefa dos gestores (pensar na forma e método de trabalho) aos trabalhadores.
* Dupla-Ligação – como o número de pessoas participantes de um círculo é limitado, é necessário haver um sistema de representação. Lickert introduziu a figura do gestor e Endenburg concluiu que não era viável que o gestor transmitisse a informação em dois sentidos, sendo necessárias duas pessoas, uma para representar o círculo-pai no círculo-filho e outra para representar o círculo-filho no círculo-pai.
* Eleição de Pessoas para Funções e Tarefas, por consentimento – A necessidade de destacar o processo de nomeação vem da observação de Endenburg de que as pessoas mostravam relutância em consentir sobre “quem faz o quê”. Este processo tem demonstrado ser uma boa forma de as pessoas se sentirem ligadas ao círculo.
 
A validação do método desenvolvido por Endenburg surgiu em 1976, quando a indústria holandesa de produção de barcos fechou devido à concorrência japonesa. Quase metade dos trabalhadores da empresa estavam alocados a esta indústria fazendo as ligações elétricas dos navios. Dois dos directores externos envolvidos no Círculo de Topo da empresa disseram que a experiência sociocrática devia terminar e foram anunciados despedimentos colectivos. Um maquinista do círculo de fabrico que não estava incluído nos despedimentos sugeriu no seu círculo que se utilizassem os fundos de reserva da empresa, que a empresa desse formação de vendas aos trabalhadores da indústria dos barcos e que eles fossem obter mais oportunidades de negócio. O círculo de fabrico elegeu-o para apresentar a proposta ao círculo geral e no círculo geral alteraram a proposta e elegeram-no para a apresentar no círculo “de topo”. Em resultado os dois directores externos despediram-se por acharem que o maquinista não devia estar ali e a proposta do maquinista, com alguns ajustes adicionais no círculo de topo, foi implementada e permitiu que a maioria dos despedimentos fossem cancelados, provando assim a validade do método.
 
A questão final que Endenburg endereçou foi a do poder na organização. Enquanto sócio maioritário ele podia sempre ter uma palavra final sobre a empresa. Alterou os estatutos da empresa e tornou a empresa dona dela própria, protegendo assim a empresa de compras externas ou da vontade de um indivíduo e assegurando que seria necessário existir consentimento para tomar decisões estruturais na empresa.
Gerard Endenburg, já retirado da empresa, criou entretanto o Centro de Sociocracia em Roterdão que apoia o desenvolvimento da governança sociocrática e treina consultores que implementam este sistema a nível mundial.
Creative
 
== Sociocracia, por Kees Boeke <ref>{{Citar web|título = SOCIOCRACY|URL = http://worldteacher.faithweb.com/sociocracy.htm|obra = worldteacher.faithweb.com|acessadoem = 2015-11-12}}</ref> ==
Democracia como ela pode ser; primeira publicação em Maio de 1945
 
por Kees Boeke (1884-1966)
 
(Kees Boeke foi o fundador da escola comunitária Wekplaats na Holanda, onde três dos filhos da  Rainha Juliana obtiveram a sua educação inicial. No fim da primeira guerra ele tinha sido preso pelos alemães por acolher pessoas Judeus, e encontraram no seu bolso uma declaração entitulada “Não à Ditadura”, que quase causou  a sua morte.
 
Este documento era um esquema para uma forma de sociedade democrática, baseado na experiência da sua escola e nas reuniões de negócio dos Quakers. Este artigo é uma versão reduzida da sua subsequente elaboração do esquema.)
 
Nós estamos tão acostumados à regra da maioria como uma parte essencial da democracia que difícil imaginar qualquer sistema democrático a funcionar sem ela. É verdade que é melhor contar cabeças do que parti-las e a democracia, mesmo como é hoje, tem muito para ser recomendada quando comparada com práticas anteriores. Mas o sistema partidário tem provado estar muito longe de providenciar a democracia ideal do sonho das pessoas. As suas fraquezas tornaram-se claras o suficiente: debates intermináveis no Parlamento, reuniões em série nas quais as paixões mais primitivas se erguem, a sobreposição da maioria de todas as visões independentes, resultados de eleições caprichosos e de desconfiar, ação do governo tida como inficinte pela persistente oposição minoritária.
 
Há também alguns abusos estranhos. Não só um partido obtém votos por métodos deploráveis, mas, como todos nós sabemos, um ditador pode vencer uma eleição com uma maioria esmagadora por intimidação.
 
O facto é que nós tomámos o presente sistema como garantido por tanto tempo que muitas pessoas não se apercebem que o sistema partidário e a regra da maioria não são uma parte essencial da democracia. Se realmente desejamos ver toda a população unida, como uma grande família, na qual os membros podem cuidar do bem-estar dos outros como deles próprios, precisamos colocar de lado o princípio quantitativo do direito da maioria e encontrar outra forma de nos organizarmos. Esta solução pode ser verdadeiramente democrática no sentido de que deve ativar cada um de nós para partilhar na organização da comunidade. Mas este tipo de democracia não irá depender do poder, nem mesmo do poder da maioria. Terá que ser uma verdadeira comunidade-democracia, uma organização da comunidade pela própria comunidade.
 
Para este conceito eu devo utilizar a palavra "Sociocracia". Tal conceito seria de pouco valor se nunca tivesse sido testado na prática. Mas a sua validade tem sido sucessivamente demonstrada ao longo dos anos. Qualqur pessoa que conheça Inglaterra ou a América terá ouvido falar dos Quakers, a Sociedade dos Amigos. Eles têm tido muita influência nestes países e são bem-conhecidos pelo seu trabalho social prático. Durante mais de trezentos anos os Quakers têm utilizado um método de auto-governo que rejeita o voto pela maioria, sendo que a ação do grupo só é possível quando se alcança a unanimidade. Eu também descobri, por testa este método na minha escola, que ele funciona realmente, desd que haja um reconhecimento de que os interesses dos outros são tão reais ou importantes como os próprios. Se começarmos com esta ideis fundamental, um espírito de boa-vontade é criado e podemos juntar pessoas de todos os níveis da sociedade e com os mais diversos pontos de vista. Isto é algo que a minha escola, com os seus trezentos a quatrocentos membros, mostrou claramente.
 
Como resultado destas duas experiências eu tenho vindo a acreditar que deve algum dia ser possível para as pessoas se governarem a si próprias desta forma num campo muito maior. Muitos serão altamente céticos sobre esta possibilidade. Estão tão acustomados a uma ordem social na qual as decisões são feitas pela maioria ou por uma pessoa singular, que não percebem se, se um grupo fornece a sua própria liderança e todos sabem que apenas se toma qualquer tipo de ação quando o acordo comum é alcançado, cria-se uma atmosfera bem diferente do que se o acordo surgir da regra da maioria. Estes são dois exemplos da sociocracia em prática. Esperemos que os seus princípios possam ser aplicados a um nível nacional e finalmente a uma escala internacional.<br>
Antes de descrever como é que o sistema pode funcionar, primeiro precisamos de ver qual é realmente o problema. Queremos que um grupo de pessoas estabeleça um acordo comum (sobre os seus assuntos) que todas as pessoas do grupo possam respeitar e obedecer. Não existirá qualquer comité executivo escolhido pela maioria, havendo o poder para comandar o individuo. O grupo, por si próprio, deve alcançar uma decisão e entrar em acordo sobre a compreensão de que todos os indivíduos no grupo irão agir de acordo com esta decisão e honrar o acordo. Eu chamei a isto a auto-disciplina do grupo. Pode ser comparada à auto-disciplina do indivíduo que aprendeu a definir certas exigências para si mesmo e que obedece.
 
Há três regras fundamentais sobre o sistema.
 
A primeira é que os interesses de todos os membros devem ser considerados, o indivíduo deve submeter-se aos interesses do todo. Em segundo, as soluções devem ser procuradas de forma a que todos possam aceitar: de outra forma, não poderá haver ação. Terceiro, todos os membros devem estar preparados para agir de acordo com estas decisões quando feitas de forma unânime. O espírito que subjaz à primeira regra é nada mais que a preocupação pelo nosso vizinho e onde isto existe, onde existe simpatia pelos interesses das outras pessoas, onde o amor está, haverá um espírito no qual a harmonia pode realmente acontecer.
 
 
O segundo ponto deve ser considerado em mais detalhe. Se um grupo numa qualquer instância particular não consegue decidir sobre um plano de ação aceitável a todos os membros, está condenado à inatividade e não pode fazer nada. Isto pode acontecer mesmo hoje onde a maioria é tão pequena que uma ação eficiente não é possível. Mas no caso da Sociocracia há uma forma de saída, dado que tal situação estimula os membros a procurar uma solução que todos possam aceitar, terminando talvez numa nova proposta, que não ocorreu a ninguém antes. Enquanto que no sistema partidário o desacordo acentua as diferenças e a divisão torna-se mais definida que sempre, num sistema sociocrático, desde que seja revelado que um acordo pode ser alcançado, ativa uma pesquisa comum que junta mais o grupo todo. Algo deve ser dito aqui. Se não for possível chegar a acordo, isto significa normalmente que a situação atual deve continuar por agora. Pode parecer desta forma que o conservacionismo e a reação iriam reinar  que não seria possível qualquer progresso. Mas a experiência tem dito que o contrário é verdade. A confiança mútua que é aceite como a base da sociedade sociocrática leva inevitavelmente ao progresso e isto é consideravelmente maior quando todos avançam com algo que todos concordaram. Novamente torna-se claro que deverão existir reuniões de “alto-nível” com representantes escolhidos  se um grupo deve ser representado em tal reunião, então terá que ser por alguém em quem todos confiam. Se is não for possível, então o grupo não será representado de todo na reunião superior e os seus interesses deverão ser considerados pelos representantes dos outros grupos. Mas a experiência tem mostrado que onde a representação não é uma questão de poder mas de confiança, a escolha da pessoa certa pode ser feita de forma fácil e sem desagrado.
 
O terceiro princípio significa que quando um acordo é alcançado a decisão é vinculativa para todos os que a tomaram. Isto também acontece na reunião do nível acima para todos os que enviaram representantes. Há um risco no facto de que cada pessoa deve manter as decisões feitas numa reunião sobre a qual ele tem apenas influência indirecta. Este risco é comum a todas as decisões deste tipo e não menos no sistema partidáio. Mas é muito menos arriscado quando os representantes são escolhidos por consentimento mútuo e são como tal muito mais confiáveis.
 
Um grupo que funciona desta forma deve ser de um tamanho particular. Deve ser grande o suficiente para que assuntos pessoais possam dar lugar a uma abordagem objetiva ao assunto em discussão, mas pequeno o suficiente para não ser desajeitado, de forma a que a atmosfera de tranquilidade que é necessária possa ser assegurada.
Para reuniões dedicadas a objetivos e métodos gerais um grupo de quarenta pessoas revelou-se o mais adequado. Mas quando são necessárias decisões mais detalhadas, será necessário um pequeno comité de três a seis pessoas ou similar. Este tipo de comité não é novo. Se pudermos olhar para os comités que existiram ao longo dos tempos, provavelmente iriamos descobrir que os que fazem o melhor trabalho o fazem sem votar. Decidem numa base de consentimento comum. Se fosse necessária votação num grupo tão pequeno, iria significar normalmente que a atmosfera não é a correta.
 
De especial importância no exercício de um governo sociocrático é a liderança. Sem um líder adequado não será fácil alcançar a unanimidade facilmente. Isto diz respeito a uma certa técnica que precisa ser aprendida. Aqui a experiência Quaker é de um valor enorme. Permitam-me descrever uma reunião de negócios Quaker. O grupo junta-se em silêncio. Em frente senta-se o Clérigo, o líder da reunião. Ao seu lado senta-se o clérigo assistente, que anota as decisões acordadas. O clérigo lê um assunto de cada vez e depois todos os membros presentes, homens e mulheres, velhos e novos, podem falar sobre o assunto. As pessoas dirigem-se à reunião e não ao president da reunião, cada um fazendo uma contribuição para o combóio do pensamento em desenvolvimento. É o dever do Clérigo, quando considera que chegou o moeemento certo, leer em voz alta uma minuta de ascunho refletindo o sentir da reunião. É um trabalho dívicil e precisa muita experiência e tacto para formular o sentido da reunião de forma que pode ser aceite por todos. Acontece normalmente que o Clérigo sente a necessidade de um tempo de silêncio. Depois todos os reunidos ficam em silêncio por uns instantes e várias vezes, do silêncio surge um novo pensamnto, solução reconciliadora, aceitável para todos. Pode parecer inacreditável para muitos que uma reunião até mil pessoas pode ser realizada desta forma. E ainda assim eu estive presente numa reunião anual dos Quakers em Londres, que decorreu durante o tempo de guerra (primeira guerra mundial), na qual o problema muito debatido da atitude dos Quakers perante a guerra foi discutido de tal forma que não houve votações. Portanto eu acredito que assim que definirmos para nós mesmos a tarefa de aprender este método de co-operação, começando com questões muito simples, então seremos capazes de aprender esta arte  adquirir uma tradição que tornará possível tratar questões mais difíceis.
 
Mas, como geralmente acontece, seis meses mais tarde eles sugeriram o mesmo plano por eles próprios e desde então esta instituição tornou-se parte regular da vida da escola.
 
Claro qu estas reuniões, se alguma vez forem utilizadas por adultos para a organização da sociedade como um todo, terão um carácter bastante diferente daquelas da nossa comunidade de crianças. Mas então como é que tais métodos podem ser aplicados na prática? Primeiro que tudo, uma Reunião de Bairro, constituída talvez com quarenta famílias, pode ser iniciada num distrito em particular, unindo aqueles que vivem próximo o suficientes uns dos outros, de forma a reunirem facilmente. Numa cidade, acontece muitas vezes que as pessoas nem sequer conhecem os seus vizinhos e será uma vantagem se forem forçados a interessar-se naqueles que vivem por perto. A Reunião de Bairro pode incluir cerca de 150 pessoas, incluindo crianças. Cerca de 40 destas Reuniões de Bairro podem nviar representantes para uma reunião de Freguesia, agindo por cerca de 6000 pessoas. Em geral, será verdade dizer que quão mais alargada for a área governada pela Reunião, menor a necessidade de reunir. Os representantes de cerca de 40 Reuniões de Freguesia podiam juntar-se numa reunião distrital, representando a volta de 240 000 pessoas.
 
Em aproximadamente 40 ou 50 Reuniões de Distrito a população total de um país pequeno pode ser coberta. A uma Reunião Central  os interesses de todos os Distritos seeriam trazidos pelos seus representantes. É condição essencial que os representantes tenham a confiança do grupo todo: se a tiverem, o negócio pode avançar de forma rápida e eeficaz. Como todo o método sociocrático depend da confiança, não haverá nenhuma desvantagem s, além da representação geográfica do Bairro, Freguesia, Distrito e Reuniões Centrais, um segundo conjunto de grupos funcionais for estabelecido. Parece razoável que todas as indústrias e profissões enviem representantes para reuniões primárias, secundárias e quando necessário, terciárias, e que os representantes confiados dos “trabalhadores” em todos os campos devam estar disponíveis para dar o seu conselho profissional ao governo. Eu utilizei aqui a palavra “governo”. Não ´minha intenção iniciar qualquer plano segundo o governo possa ele próprio ser constituído segundo linhas sociocráticas. Nós devemos começar a partir da situação atual, e a única hipótese é que, com o consentimeento do governo, criemos o início do método sociocrático de baixo para cima; isto é, para o presente, com a formação de grupos de Bairro. Nós, pessoas normais, devemos apenas aprender a falar sobre os nossos interesses comuns e a alcançar acordo depois de uma tranquila consideração e o melhor lugar para fazer isto é o lugar onde vivemos. Só depois de vermos quão difícil isto é e depois, muito provavelmente, de fazer muitos erros, é que será possível montar reuniões a um nível superior. Se os líderes devem surgir nas Reuniões de Bairro, então o seu conselho será gradualmente visto como útil nos conselhos Locais. Mais tarde, da mesma forma, o conselho dos líders das Reuniões de Freguesia, teriam um valor incremental.
 
O método sociocrático deve recomndar por si próprio pela eficiência pela qual funciona. Quando quem tem o poder de governo tiver apreendido a confiar no método o suficiente para permitir, talvez mesmo encorajar, a criação de Reuniões de Bairro, o sistema poderá mostrar as possibilidades que tem, e depois a confiança dos corpos governantes  das pessoas no geral terão uma hipótese de crescer. Eu consigo bem acreditar que os líderes e os representantes de confiança  das Reuniões de Bairro podem ser permittidos ou mesmo até convidados a participar em Reuniões Locais. Estes homens e mulheres não terão parte no voto, pois a sociocracia não acredita no voto, mas teriam um lugar no centro entre a “esquerda”  a “direita”. Depois de algum tempo pode mesmo ser deseejável pedir-lhes conselho acerca do assunto em questão, já que este teria sido previamente discutido nas Reuniões de Bairo e procurada uma solução aceitável por todos. É concebível que, à medida que a confiança cesc, alguns assuntos podem ser entregues às Reuniões de Bairro com os fundos necessários para as levar avante. Só quando o valor do novo sistema for percepcionado, é que podem iniciar as reuniões de níveis superiores.
 
Será tal desenvolvimento como este uma fantasia? Quando consideramos o possível sucesso do governo pelo princípio sociocrático, uma coisa é certa: é impensável a não ser que seja acompanhado e suportado pela educação consciente dos novos e dos velhos no método sociocrático. O tipo certo de educação é essencial, e aqui é necessária uma revolução nas nossas escolas. Só ultimamente é que se fizeram tentativas nas escolas para incentivar o desenvolvimento espontâneo das crianças e encorajar as suas iniciativas. Em parte porque o objetivo declarado da escola é transmitir o conhecimento e competências, e outra parte porque as pessoas vêem a obediência como uma virtude por si mesma e que as crianças têm sido treinadas a obedecer. Só agora começamos a perceber os perigos desta prática. Se as crianças não forem ensinadas a pensar e avaliar por elas próprias, podem mais tarde tornar-se presas fáceis para os ditadores. Mas se realmente queremos preparar a juventude a pensar e agir por eles próprios, precisamos alterar a nossa atitude em relação à educação. As crianças não deverão sentar-se passivamente em filas enquanto o professor enfia uma lição nas suas cabeças. Elas deverão ser capazes de se desenvolver livremente em comunidades de crianças, guiadas e ajudadas por aqueles que são mais velhos atuando como camaradas. A iniciativa deve ser incentivada de todas as maneiras possíveis. Elas devem aprender a fazer coisas por elas próprias desde o início e a fazer as coisas necessárias na sua vida escolar. Mas mais que tudo elas devem aprender a gerir a sua própria comunidade de alguma forma similar ao que já foi descrito.
 
Finalmente devemos voltar à questão da representação. Não fomos mais longe que o governo do nosso próprio país. Mas o grande problema do governo da humanidade não pode ser resolvido apenas numa base nacional. Todos os países estão dependentes de matérias primas e produtos de outros países. É assim inevitável que o sistema de representação deva ser extendido a um continente inteiro e que representantes dos continentes se juntem numa Reunião Mundial para governar e coordenar o mundo inteiro. As nossas competências técnicas nos campos do transporte e organização permitem que algo deste tipo seja possível. Finalmente uma Reunião Global convidaria representantes de todos os continentes para encontrar uma distribuição razoável de todas as matérias primas e produtos, tornando-os disponíveis para toda a humanidade. Enquanto formos governados pelo meno e desconfiança, é impossível resolver os problemas do mundo. Quão mais a confiança cresce e o medo diminui, mais o problema irá diminuir.
 
Tudo depende da emergência de um novo espírito entre as pessoas. Possa ser que, depois de muitos séculos de medo, suspeitas e ódio, mais e mais um espírito de reconciliação e confiança mútua se espalhe além fronteiras. A prática constante da arte da sociocracia e da educação necessária para ela parece ser a melhor forma na qual se alimenta este espírito, sobre o qual depende a solução real para todos os problemas do mundo.
 
De Beatrice C. Boeke
Holanda
 
== Referências ==
<references />
== Ver também ==
 
* [[Cantão]]
* {{Link|en|2=http://www.sociocracy.info/ |3=www.sociocracy.info}}
* [http://www.sociocratie.net/ www.sociocratie.net](em francês)
 
* https://www.facebook.com/groups/sociocraciapt/
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* http://www.sociocracia.pt
* http://www.sociocracy30.org (em inglês)
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