Eslavos meridionais: diferenças entre revisões

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Após a [[Queda do Império Romano]] e numerosos [[raide]]s [[bárbaros]], a população balcânica decaiu, bem como o comércio, o nível e condições de vida. Muitas pessoas foram mortas ou feitas prisioneiras pelos invasores. Este declínio demográfico foi atribuído principalmente a uma diminuição no número de indígenas camponeses que viviam nas zonas rurais, os quais eram mais vulneráveis aos raides e foram mais atingidos pelas crises financeiras que flagelaram o império em queda. No entanto, os Balcãs não ficaram desertos, pois uma parte considerável dos nativos manteve-se lá. Só algumas regiões foram afetadas pelos raides, nomeadamente as áreas vizinhas das principais rotas terrestres, como o corredor de Morava. Os habitantes pré-eslavos procuraram refúgio em cidades fortificadas e ilhas, enquanto outros fugiram para zonas remotas em montanhas e e florestas, juntando-se aos seus parentes não [[Romanização|romanizados]] e adotando um estilo de vida pastoril [[Transumância|transumante]].<ref name=Fine37 />
 
As cidades maiores conseguiram persistir e inclusivamente florescer ao longo desses tempos difíceis. As evidências arqueológicas sugerem que a cultura das cidades mudou, pois as edificações de estilo romano como [[Fórum (Roma)|fóruns]] e grandes edifícios públicos foram abandonados e as cidades foram modificadas, passando a ocupar o cimo de montes ou escarpas e a ser fortificadas com [[muralha]]s. O centro da vida das cidades desse tempo passou a ser a igreja. Esta transição da cultura romana para a cultura bizantina foi acompanhada pela ascensão de uma nova classe dirigente: a antiga [[aristocracia]] dos donos das terras cedeu o lugar a elites militares e ao [[clero]]. Além das populações autóctones, quando os eslavos chegaram, havia descendentes dos invasores anteriores, como os [[hunos]] e vários povos [[Germanos|germânicos]]. Há ainda registo da presença de tribos [[sármatas]], como os [[Iáziges]] na região dedo [[Banato]] do Danúbio.<ref name=Fine57 />
 
À medida que os eslavos se espalharam para sul nos Balcãs, interagiram com numerosos povos e culturas que ali viviam. Como o seu estilo de vida era baseado na agricultura, preferiam colonizar zonas rurais ao longo das principais rotas por onde se movimentavam. Por não conseguirem tomar as cidades fortificadas maiores, saqueavam os campos e capturavam muitos prisioneiros. No seu ''[[Strategikon de Maurício I|Strategikon]]'', [[Maurício I|Maurício]] relata que era comum os eslavos incorporarem prisioneiros recém capturados nas suas fileiras. Apesar dos relatos bizantinos de saques e pilhagens, é possível que muitos povos indígenas se tenham assimilado voluntariamente com os eslavos. Estes não dispunham de uma organização centralizada que acelerasse esse processo de "eslavização". A principal prova dessa coexistência encontra-se em vestígios arqueológicos ao longo do Danúbio e da Dácia conhecidos como a cultura de Ipoteşti-Cândeşti. Aí, aldeias que remontam ao {{séc|VI}} apresentam a continuidade com a cultura eslava anterior de {{ilc|Penkovka|Cultura Penkovka|Cultura Pen'kovka|Penkovka}}, modificada por uma mistura de com elementos [[Dácios|dácio]]-[[getas]], {{ilc|dácio-romanos||Traco-Romanos|Daco-Romanos}} e bizantinos, os quais são encontrados na mesma aldeia. Essas interações resultaram numa situação em que as populações pré-eslavas gozavam da proteção que advinha da sua integração numa nova tribo dominante e contribuíram para uma evoluação genética e cultural dos eslavos meridionais.