Guillaume de Machaut: diferenças entre revisões
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::"A ''Missa'' de Machaut exibe coerência em um grau incomum no repertório [de missas], e, embora ela possa ser um candidato imperfeito como ancestral das missas cíclicas de [[Ockeghem]] and [[Dufay]], ela não deixa de estar relacionada a esses trabalhos mais integrados em termos de concepção e realização. [...] Demonstra-se que a ''Missa de Notre Dame'' de Guillaume de Machaut tem unidade tanto no estilo quanto na estrutura, assim como na consistência de sua textura a quatro vozes, e mesmo na sua preservação em nada menos que cinco fontes diferentes, em sucessão ininterrupta, que trazem juntos todos os seus seis movimentos".<ref>Linklater, p. 97</ref>
A obra foi composta em duas técnicas principais: o [[isoritmia|isorritmo]], com as vozes desenvolvendo padrões rítmicos idênticos mas de durações diferentes, encontrado principalmente nas seções ''Kyrie'', ''Sanctus'', ''Agnus Dei'' e ''Ite, missa est'', e o ''[[conductus]]'', onde todas as vozes se movimentam juntas com ritmos idênticos ou muito semelhantes, mais presente nas seções ''Gloria'' e ''Credo''.<ref name="Newes">Newes, Virginia Ervin. "Messe de Nostre Dame [for] Mixed Voices (review)". In: ''Notes'', 2001; 57 (3):717-721</ref><ref name="Fiol">Fiol, Orlando Enrique. [https://www.academia.edu/10642873/Interpretive_Problems_Regarding_Stylistic_Modal_and_Melodic_Cohesion_in_Machauts_Messe_de_Nostre_Dame ''Interpretive Problems Regarding Stylistic, Modal and Melodic Cohesion in Machaut's Messe de Nostre Dame'']. University of Pennsylvania Papers. Academia. edu, s/d.</ref><ref name="Pearcy3"/> Machaut não usou a mesma técnica do isorritmo para todas as seções. Cada seção partiu de um fragmento diferente de canto gregoriano, que possuíam ritmos diferentes e portanto não se encaixavam dentro de um padrão constante. Entretanto, dentro de cada seção o isorritmo segue o mesmo padrão. Em alguns trechos, notadamente no ''Gloria'' e no'' Credo'', ocorrem passagens a duas vozes sem nenhum texto, desenvolvendo floridas ornamentações que têm afinidade com a técnica do ''[[organum]]'', típica da ''Ars Antiqua''.<ref>Linklater, pp. 91-93</ref> A partitura original não indica instrumentos de acompanhamento dobrando as vozes, mas esta prática era comum.<ref name="Chaucer"/>
A sofisticação rítmica, melódica e harmônica do conjunto da ''Missa de Notre Dame'' é característica da ''Ars Nova'', mostrando como a proibição eclesiástica para o uso desta corrente na música religiosa foi pouco eficaz. A ''Missa'' foi composta entre c. 1350 e c. 1372, mas evidências estilísticas apontam como mais provável uma datação no início da década de 1360. Foi destinada provavelmente para o culto mariano, e deve ser a mesma obra que a chamada ''Missa de Beata'', citada no epitáfio do compositor, e que devia ser cantada nos aniversários de sua morte, conforme seu desejo.<ref name="Pearcy3"/><ref name="Fiol
::"Ao passo que de certo modo ela tem importância histórica como a mais antiga musicalização do Ordinário por um único compositor, sua real influência é difícil de estabelecer. Não teve imitadores imediatos no século XIV, e é duvidoso que os criadores das grandes missas do século XV a tenham conhecido. A missa cíclica, de aparição mais tardia, que não se consolidou senão um século depois, parece ter evoluído com um outro ponto de partida e em uma outra linha de desenvolvimento".<ref>''Apud'' Linklater, p. 6</ref>
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