Guerra romano-parta de 58–63: diferenças entre revisões

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== Contexto ==
Desde o primeiro contato entre a [[República Romana]] e o [[Império Parta]], em meados do {{séc|I}}, houve fricção entre os dois grandes poderes da época sobre o controle dos diversos estados menores que ficavam na região entre eles. O maior e mais importante deles era o [[Reino da Armênia (Antiguidade)|Reino da Armênia]]. Em {{AC|20|x}}, [[Augusto]] conseguiu estabelecer um [[protetorado]] romano sobre o país, patrocinando a ascensão de [[Tigranes III]]. A influência romana foi assegurada através de uma série de reis patrocinados até {{DC|37|x}}, quando um candidato apoiado pelos partas, [[Orodes da Armênia|Orodes]], assumiu o trono. O rei apoiado pelos romanos, [[Mitrídates da Armênia|Mitrídates]], recuperou o trono com o apoio de [[Cláudio]] em 42<ref name=Bivar76>Bivar (1968), p. 76</ref>, mas foi deposto em 51 por seus sobrinho, [[Radamisto]], da [[IbériaReino Caucasianada Ibéria|Ibéria]]. Seu reinado rapidamente se tornou impopular, abrindo uma oportunidade para o recém-coroado rei [[Vologases I da Pártia]] intervir<ref name=Bivar79>Bivar (1968), p. 79</ref>. Suas forças rapidamente conquistaram as duas capitais da Armênia, [[Artaxata]] e [[Tigranocerta]], e colocaram seu jovem irmão, [[Tirídates I da Armênia|Tirídates]] no trono. A chegada de um duro inverno e a irrupção de uma [[epidemia]] forçaram o recuo das tropas partas, o que deu espaço para Radamisto retomar o controle do país<ref name=Bivar79>Bivar (1968), p. 79</ref>. Seu comportamento com seus súditos, porém, tornou-se pior do que antes e a população se revoltou. Assim, em 54, Radamisto fugiu para a corte de seu pai, na Ibéria, e Tirídates foi re-estabelecido como rei da Armênia<ref name=Bivar80/><ref>[[Tácito]], ''[[Anais (Tácito)|Anais]]'' [[wikisource:The Annals (Tacitus)/Book 12#50|XII.50–51]] {{en}}</ref>.
 
No mesmo ano, em Roma, o imperador [[Cláudio]] morreu e foi sucedido por seu [[Adoção na Roma Antiga|enteado]] [[Nero]]. O controle parta sobre uma área considerada como zona de influência romana preocupava a liderança imperial e era amplamente considerada como send um teste para as habilidades do novo imperador<ref name=Annales-xiii-6>[[Tácito]], ''[[Anais (Tácito)|Anais]]'' [[wikisource:The Annals (Tacitus)/Book 13#6|XIII.6]] {{en}}</ref>. Nero reagiu com vigor, nomeando [[Cneu Domício Córbulo]], um general que já havia se destacado na [[Germânia]] e que servia na época como [[governador romano|governador]] da [[Ásia (província romana)|Ásia]], o comandante supremo no oriente<ref>[[Tácito]], ''[[Anais (Tácito)|Anais]]'' [[wikisource:The Annals (Tacitus)/Book 13#7|XIII.7–8]] {{en}}</ref>.
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Quanto a Córbulo, ele foi homenageado por nero como aquele que propiciou seu "triunfo", mas sua popularidade e influência no exército fizeram dele um rival potencial. Junto com o envolvimento de seu genro, Lúcio Ânio Viniciano, num fracassado complô contra Nero em 66, Córbulo tornou-se suspeito para o imperador<ref>Shotter (2005), pp. 69–70</ref>. No ano seguinte, enquanto viajava pela Grécia, Nero ordenou que ele fosse executado; ao saber disto, Córbulo se suicidou<ref name="cassiusdio-lxiii-17">[[Dião Cássio]], ''História Romana'' [http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Cassius_Dio/62*.html#63-17 LXIII.17.5–6] {{en}}</ref><ref>Shotter (2005), p. 72</ref>.
 
A guerra também demonstrou aos romanos que o sistema defensivo no oriente, implantado por Augusto, não era mais adequado. Assim, os anos seguintes testemunharam uma grande reorganização do oriente romano: os reinos clientes do [[Reino do Ponto|Ponto e Cólquida]] (64), [[Reino da Cilícia|Cilícia]], [[Comagena]] e [[Armênia Menor]] (72) foram transformados em [[províncias romanas]], o número de legiões na região aumentou e a presença romana nos [[estado cliente|estados clientes]] da [[IbériaReino Caucasianada Ibéria|Ibéria]] e [[Albânia Caucasiana]] foi reforçada com o objetivo explícito de circundar a Armênia<ref>Wheeler (2007), p. 243</ref>. O controle romano direto se estendeu por todo o trajeto do Eufrates, inaugurando a {{ilc|Fronteira do Oriente|Fronteira Orietal|Limes Orientis}} que sobreviveria até as [[conquistas muçulmanas]] do {{séc|VII}}.
 
{{Referências|col=3}}