Maneirismo: diferenças entre revisões

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=== Arquitetura ===
<u>A [[arquitetura]] maneirista nasce da tradição estabelecida por arquitetos renascentistas como [[Leone Battista Alberti|Alberti]], [[Filippo Brunelleschi]] e [[Bramante]] no século XV e início do XVI, que retiraram sua inspiração mormente de tratadistas antigos como [[Vitrúvio]] e das ruínas romanas, que permaneciam visíveis desde a antiguidade</u> e serviam de memento perene do grandioso passado clássico, cuja influência jamais se perdera de todo para os italianos. <u>A [[Perspectiva (gráfica)|perspectiva]] desenvolvida no século XV e a crescente importância do [[desenho]] como auxiliar do conhecimento foram elementos fundamentais para o desenvolvimento do estilo arquitetônico classicista, que atingiu um ponto alto em obras como a [[Capela Pazzi]] e o [[Tempietto]] de Bramante, que consagraram o sistema de proporções e a organização dos espaços típicas do Alto Renascimento.</u>
 
[[Ficheiro:Palazzo Chiericati.jpg|thumb|left|130px|Palladio: ''[[Palazzo Chiericati]]'', [[Vicenza]]]]
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[[Ficheiro:Iglesia San Esteban Salamanca.jpg|130px|thumb|left|[[Juan de Álava]]: Igreja de Santo Estevão, Salamanca]]
 
<u>Estando o classicismo estabelecido com grande homogeneidade no início do século XVI, sua revisão introduzida pelo Maneirismo afetou também o estilo construtivo.</u> A tradição do tratadismo declina e surge uma nova geração de arquitetos fortemente individualistas que se permitiram grandes liberdades formais e realizaram a transição do Renascimento para o Barroco. <u>Vasari dizia em sua ''[[Le Vite de' più Eccellenti Pittori, Scultori e Architettori|Vite]]'' que os arquitetos anteriores haviam levado a arquitetura a um elevado patamar de qualidade, mas careciam de um elemento que os impediu de atingirem a perfeição - a liberdade.</u> Descrevendo a arquitetura como um sistema de regras definidas, <u>declarava que os edifícios novos deviam seguir o exemplo dos antigos mestres clássicos, mantendo o conjunto em boa ordem e evitando mistura de elementos díspares. Nessa linha de ideias, ele acrescentava que a liberdade criativa, apesar de cair fora de algumas regras, não era incompatível com a ordem e a correção, e tinha a vantagem de ser guiada pelo juízo do próprio criador.</u> Gradualmente essa posição ganhou ressonância, levando a um abandono da ortodoxia antiga e abrindo espaço para a livre experimentação, tornando-se aceitável a coexistência de pontos de vista diferentes. O exemplo de Michelangelo, considerado por Vasari o único dos mestres da geração anterior a conquistar essa desejada liberdade, e cujo engajamento pessoal e individualista em todas as suas atividades era incomum numa época em que o trabalho coletivo era a regra, conduziu os novos arquitetos a produzirem obras cada vez mais únicas e personalistas. Com isso a metodologia tradicional do alto classicismo entra em crise. O diálogo entre as várias especialidades artísticas sofre uma ruptura e os arquitetos buscam agora solucionar os problemas da construção dentro da esfera da própria arquitetura, sem a tutela dos literatos e intelectuais, e com um novo senso de profissionalismo. Isso não impediu, contudo, que elementos clássicos continuassem a ser empregados, mas numa abordagem eclética e experimental, e se adequando às demandas da nova sociedade.<ref>BENEVOLO, Leonardo. ''The architecture of the Renaissance''. Routledge, 1968-1978. pp. 231-232; 479; 483; 501-502. [http://books.google.es/books?hl=pt-BR&lr=&id=dq_WMDyARFcC&oi=fnd&pg=PP11&dq=architecture++%22Mannerism%22&ots=MPDb3aW7fI&sig=XI6AvY_zmmwFfO1ZnH8RL2Nu5aA#PPA231,M1]</ref>
 
Dentre os arquitetos que se destacaram na Itália estão [[Andrea Palladio]], [[Giulio Romano]], [[Antonio da Sangallo]], [[Giacomo della Porta]] e [[Jacopo Vignola]]. De todos eles Palladio, o mais influente arquiteto do Maneirismo e o que mais tem sido estudado em toda história da arquitetura ocidental,<ref>MOFFETT, Marian; FAZIO, Michael & WODEHOUSE, Lawrence. ''A World History of Architecture''. McGraw-Hill Professional, 2004. p. 319 [http://books.google.es/books?hl=pt-BR&lr=&id=HrzPlqLjR1MC&oi=fnd&pg=PR10&dq=architecture++%22Mannerism%22&ots=SVnpYoqyd3&sig=mzgizVDgZ7jThUcNpbLpbJYwHDg#PPA319,M1]</ref> foi talvez também o mais classicista dentre os maneiristas, como se percebe em sua obra-prima, a [[Villa Rotonda]], mas não obstante introduziu variações significativas no [[cânone]] clássico, e sua grande série de ''villas'' aristocráticas exibem uma extraordinária variedade de esquemas de distribuição de elementos e organização do espaço. Ele e seus contemporâneos desconstróem o cânone jogando com ilusões de perspectiva, alteração nos ritmos estruturais, desvirtuação da funcionalidade de certos elementos e sensível flexibilização nas proporções da volumetria, e sua interpretação do classicismo foi comparada à evolução do idealismo [[Platão|platônico]] para o empirismo [[Aristóteles|artistotélico]].<ref>[http://books.google.es/books?hl=pt-BR&lr=&id=dq_WMDyARFcC&oi=fnd&pg=PP11&dq=architecture++%22Mannerism%22&ots=MPDb3aW7fI&sig=XI6AvY_zmmwFfO1ZnH8RL2Nu5aA#PPA231,M1 BENEVOLO, Leonardo. pp. 508-516]</ref>