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→‎Histórico: a tradução de "mighest" significa "poderoso" e não "corajoso"
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{{Luteranismo}}
'''''Sola Scriptura'''''
'''''Sola Scriptura''''' ([[ablativo]] absoluto [[latim|latino]], cujo significado é ''"somente a Escritura"'') trata-se de um [[dogma]] protestante que reivindica ser a [[Bíblia]] a única regra de fé e conduta para o cristão. Princípio formal da fé protestante, tal princípio se contrapõe ao [[catolicismo romano]], por rejeitar a autoridade normativa da [[Tradição católica]] (''Sagrada Tradição'').
 
Segundo a Reforma (século XVI) é o principio no qual a Bíblia tem primazia ante a Tradição legada pelo magistério da Igreja, quando, os princípios doutrinários entre esta e aquela forem conflitantes. Na Reforma, não se rejeita a Tradição, ela continua a ser usada como legitimadora para qualquer assunto omitido pela Bíblia. Quando houverem divergências entre Bíblia e tradição, a Bíblia terá primazia.
 
Nos movimentos de inspiração protestante considerados históricamente como radicais (anabatistas e puritanos), e outros surgidos durante o século XIX, esse principio foi resignificado como "nuda scriptura" , passando a ser entendido ao pé da letra, adotando-se a idéia de que a ''"A Escritura interpreta a própria Escritura."'', bem como a que a mesma era ''"suficiente como única fonte de [[doutrina]] e prática [[cristã]]s"'' em todos aspectos.
Devido essa resignificação, passou-se a chamar o entendimento anterior reformado de ''"Prima Scriptura"''.
 
O ''Sola scriptura'' é um dos cinco pontos fundamentais do pensamento da [[Reforma Protestante]], conhecidos como [[Cinco solas]].
 
== Histórico ==
A ''Sola Scriptura'' é um princípio doutrinal fundamental da [[Reforma Protestante]] e é um dos [[Cinco solas|cinco ensinamentos]] sobre os quais o protestantismo foi edificado. Este princípio sustenta que as [[Bíblia|Sagradas Escrituras]] nãopossuem necessitamprimazia desobre elementosa interpretativosTradição alheiose o Magistério da Igreja quando há alguma contradição entre os princípios doutrinários contidos neles<ref>http://www.monergismo.com/textos/cinco_solas/solascriptura_alderi.htm</ref>, o que necessariamente contraria os ensinamentos da [[Igreja Ortodoxa]], das [[Igrejas Orientais]], da [[Igreja Copta]], da [[Igreja Católica Romana]] e do [[Anglo-Catolicismo]], as quais pregam que asa Divinasinterpretação Letrascorreta das podemSagradas serEscrituras fielmentese interpretadasdão por meio da Tradição Apostólica.
 
Sobre isso, [[Martinho Lutero]], fundador do protestantismo, era enfático:
{{citação2|Um simples [[leigo]] armado com as Escrituras é maior que o mais poderoso [[papa]] sem elas.|Disputa teológica com [[João Maier]], em 14 de julho de 1519}}
 
A intenção dos reformadores era a de corrigir aquilo que julgavajulgavam equivocadocomo erros no catolicismoCatolicismo Romano por meio da unicidade da autoridade da Bíblia, de modo a tentar abolir todostudo osaquilo dogmasque proclamadosnão continha fundamentação e base nas Escrituras legado pela Tradição oral, pelo Magistério da Igreja através da [[Santa Sé]] depois dos primeirose cincopelos [[concílioConcílio]]s ecumênicos da [[Igreja Católica|Igreja]]. Para isso, os pensadores do Protestantismo se baseavam na afirmação [[Paulo de Tarso|paulina]] de que:
{{citação2|Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça.
 
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== Críticas à ''Sola Scriptura'' ==
 
A Igreja Católica, que fundamenta sua doutrina sobre o tripé: Tradição Apostólica, Bíblia e [[Magistério da Igreja Católica|Magistério]], vem contestandocontesta de maneira sistemática este ensinamento protestante desde o [[Concílio de Trento]]<ref>http://www.montfort.org.br/concilio-ecumenico-de-trento-2</ref>. Os padres conciliares, contrários à inovaçãoinovações de Lutero, mantiveram-se firmes contra a interpretação particular das Sagradas Escrituras, como comprova o seguinte parágrafo do documento conciliar final.
{{citação2|''Ademais, para refrear as mentalidades petulantes, decreta que ninguém, fundado na perspicácia própria, em coisas de fé e costumes necessárias à estrutura da doutrina cristã, torcendo a seu talante a Sagrada Escritura, ouse interpretar a mesma Sagrada Escritura contra aquele sentido, que [sempre] manteve e mantém a Santa Madre Igreja, a quem compete julgar sobre o verdadeiro sentido e interpretação das Sagradas Escrituras, ou também [ouse interpretá-la] contra o unânime consenso dos [[Padres da Igreja|Padres]], ainda que as interpretações em tempo algum venham a ser publicadas.''|XIX Concílio Ecumênico, parágrafo 786}}
 
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{{citação2|''Intimamo-vos, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que eviteis a convivência de todo irmão que leve vida ociosa e contrária à tradição que de nós tendes recebido.''|[[ Segunda Epístola aos Tessalonicenses]], capítulo III, versículo 6}}
 
Os opositores da ''Sola Scriptura'' defendem ainda que tal doutrina não poderia, pela lógica, receber crédito, uma vez que todos os cristãos dos primeiros três séculos do cristianismo morreram sem conhecer uma Bíblia, cujo [[cânone]] só foi concluído em [[393397]], pelo [[Concílio de HiponaCartago]]. Eles alegam que, se fosse realmente a intenção de [[Cristo]] que seus seguidores obedecessem somente às Escrituras em detrimento da Tradição e do Magistério, Ele o teria dito, ou lhes deixaria uma Bíblia. Desta Forma, as Escrituras Sagradas são um produto da Igreja e não o contrário.
 
== Sobre o termo ==
Para os reformadores, somente a Escritura Sagrada tem a palavra final em matéria de fé e prática. É o que ficou consubstanciado nas Confissões de Fé de origem reformada. A Confissão de Fé de Westminster, que adotamos, afirma:''Sob o nome de Escritura Sagrada, ou Palavra de Deus escrita, incluem-se agora todos os livros do Velho e do Novo Testamento, ... todos dados por inspiração de Deus para serem a regra de fé e de prática...&nbsp;&nbsp;&nbsp;A autoridade da Escritura Sagrada, razão pela qual deve ser crida e obedecida, não depende do testemunho de qualquer homem ou igreja, mas depende somente de Deus (a mesma verdade) que é o seu autor; tem, portanto, de ser recebida, porque é a palavra de Deus... O Velho Testamento em Hebraico... e o Novo Testamento em Grego..., sendo inspirados imediatamente por Deus e pelo seu singular cuidado e providência conservados puros em todos os séculos, são por isso autênticos e assim em todas as controvérsias religiosas a Igreja deve apelar para eles como para um supremo tribunal... O Juiz Supremo, pelo qual todas as controvérsias religiosas têm de ser determinadas e por quem serão examinados todos os decretos de concílios, todas as opiniões dos antigos escritores, todas as doutrinas de homens e opiniões particulares, o Juiz Supremo em cuja sentença nos devemos firmar não pode ser outro senão o Espírito Santo falando na Escritura''. (I, 2,4,8,10). <ref>{{citar web|URL = http://www.defencionemevangelium.com.br/2014/02/confissao-de-fe-de-westminster.html|título = Sola Scriptura|data = 18 de março de 2014|acessadoem = 10 de junho de 2014|autor = Rev. João Alves dos Santos|publicado = Maique Borges}}</ref>
 
A Igreja Católica Romana também aceita as Escrituras como Palavra de Deus, mas não só as Escrituras. Ela acredita que além da Bíblia a Tradição e as decisões da Igreja através dos seus concílios e do papa, quando fala oficialmente (''ex cathedra'') em matéria de fé e de moral, são igualmente a palavra de Deus, infalível. É o que se chama de TradiçãoMagistério da Igreja. Sobre a autoridade da Igreja e do Papa, assim diz um autor católico: "Cristo deu à Igreja a tarefa de proclamar sua Boa-Nova ({{citar bíblia|Mateus|28|19|20}}). Prometeu-nos também seu Espírito, que nos guia "para a verdade" ({{citar bíblia|João|16|13}}). Este mandato e esta promessa garantem que nós, a Igreja, jamais apostataremos do ensinamento de Cristo. Esta incapacidade da Igreja em seu conjunto de extraviar-se no erro com relação aos temas básicos da doutrina de Cristo chama-se infalibilidade... A infalibilidade sacramental da Igreja é preservada pelo seu principal instrumento de infalibilidade, o papa. A infalibilidade que toda a Igreja possui, pertence ao Papa dum modo especial. O Espírito de verdade garante que quando o Papa declara que ele está ensinando infalivelmente como representante de Cristo e cabeça visível da Igreja sobre assuntos fundamentais de fé ou de moral, ele não pode induzir a Igreja a erro. Esse dom do Espírito se chama infalibilidade papal. Falando da infalibilidade da igreja, do papa e dos bispos, o Concílio Vaticano II diz: "Esta infalibilidade, da qual quis o Divino Redentor estivesse sua Igreja dotada... é a infalibilidade de que goza o Romano Pontífice, o Chefe do Colégio dos Bispos, em virtude de seu cargo... A infalibilidade prometida à Igreja reside também no Corpo Episcopal, quando, como o Sucessor de Pedro, exerce o supremo magistério" (Lúmen Gentium, nº 25).<ref>http://www.defencionemevangelium.com.br/2014/03/resumo-da-teologia-reformada.html</ref>
 
No âmbito protestante, entende-se que a unção fica em cada um cristão, e lhes ensina, não havendo a necessidade de que alguém os ensine<ref>{{citar livro|nome = |sobrenome = |título = 1 João 2:27|ano = |isbn = }}</ref>, e que todos pecaram<ref>{{citar livro|nome = |sobrenome = |título = Romanos 3:23|ano = |isbn = }}</ref>, e não há um justo, um só, que faça o bem e não peque<ref>{{citar livro|nome = |sobrenome = |título = Romanos 3:10, Eclesiastes 7:20|ano = |isbn = }}</ref>. Além disso, no dia de Pentecostes, o apóstolo Pedro (reconhecido pela Igreja Católica como sendo o primeiro Papa) reconhece como cumprida a profecia do profeta Joel, de que o Espírito de Deus seria derramado sobre toda carne<ref>{{citar livro|nome = |sobrenome = |título = Atos 2:17, Joel 2:28|ano = |isbn = }}</ref>, e mais tarde critica a tradição e diz que Deus não faz acepção de pessoas<ref>{{citar livro|nome = |sobrenome = |título = 1 Pedro 1:18,19|ano = |isbn = }}</ref>. Desta forma, segundo a visão protestante, a infalibilidade papal contradiz o próprio apóstolo Pedro, considerado o primeiro papa, e portanto, infalível ''ex cathedra''. Diz-se também que a Palavra de Deus permanece para sempre, é viva, e '''foi''' evangelizada entre nós<ref>{{citar livro|nome = |sobrenome = |título = 1 Pedro 1:23-25|ano = |isbn = }}</ref>, confirmandoo que segundo o enfoque protestante confirmaria o princípio "''Sola Scriptura''". <br>
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