Romantismo: diferenças entre revisões

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[[Ficheiro:Johann Heinrich Wilhelm Tischbein 007.jpg|left|thumb|''Goethe na Itália'' <br /><small> por [[Johann Heinrich Wilhelm Tischbein]], no [[Städel]].</small>]]
 
Isto a stora não pediu por isso não interessa
O romantismo surge na literatura quando os escritores trocam o [[mecenas|mecenato]] aristocrático pelo editor, precisando assim cativar um público leitor. Esse público estará entre os pequenos burgueses, que não estavam ligados aos valores literários [[Classicismo|clássicos]] e, por isso, apreciariam mais a emoção do que a sutileza das formas do período anterior. A história do romantismo literário é bastante controversa.
 
Em primeiro lugar, as manifestações em poesia e prosa popular na Inglaterra são os primeiros antecedentes, embora sejam consideradas "[[pré-romantismo|pré-românticas]]" em sentido lato. Os autores ingleses mais conhecidos desse pré-romantismo "extra-oficial" são [[William Blake]] (cujo misticismo latente em ''[[The Marriage of Heaven and Hell]]'' - ''O Casamento do Céu e Inferno'', [[1793]] atravessará o romantismo até o [[Simbolismo]]) e [[Edward Young]] (cujos ''Night Thoughts'' - ''Pensamentos Noturnos'', 1742, re-editados por Blake em 1795, influenciarão o [[ultrarromantismo]]), ao lado de [[James Thomson]], [[William Cowper]] e [[Robert Burns]]. O romantismo "oficial" é reconhecido nas figuras de [[Samuel Taylor Coleridge|Coleridge]] e [[William Wordsworth|Wordsworth]] (''Lyrical Ballads'' - ''Baladas Líricas'', 1798), fundadores; [[Lord Byron]] (''Childe Harold's Pilgrimage'', ''Peregrinação de Childe Harold'', 1818), [[Percy Bysshe Shelley|Shelley]] (''Hymn to Intellectual Beauty'' - ''Hino à Beleza Intelectual'', 1817) e [[John Keats|Keats]] (''Endymion'', 1817), após o [[Romantismo de Jena]].
 
Em segundo lugar, os alemães procuraram renovar sua literatura através do retorno à natureza e à essência humana, com assídua recorrência ao "pré-romantismo extra-oficial" da Inglaterra. Esses escritores alemães formaram o movimento ''[[Sturm und Drang]]'' ("tempestade e ímpeto"), donde surge então, mergulhado no sentimentalismo, o pré-romantismo "oficial", isto é, conforme as convenções historiográficas. [[Goethe]] (''Die Leiden des Jungen Werther'' - ''[[Os Sofrimentos do Jovem Werther|O Sofrimento do Jovem Werther]]'', 1774), [[Schiller]] (''An die Freude'' - ''Ode à Alegria'', 1785) e [[Johann Gottfried von Herder|Herder]] (''Auszug aus einem Briefwechsel über Ossian und die Lieder alter Völker'' - ''Extrato da correspondência sobre Ossian e as canções dos povos antigos'', 1773) formam a Tríade. Alguns jovens alemães, como [[Friedrich Schlegel|Schegel]] e [[Novalis]], com novos ideais artísticos, afirmam que a literatura, enquanto arte literária, precisa expressar não só o sentimento como também o pensamento, fundidos na ironia e na auto-reflexão. Era o "romantismo de Jena", o único romantismo autêntico em nível internacional.
 
Em terceiro lugar, a difusão europeia do romantismo tomou como românticas as formas pré-românticas da Inglaterra e da Alemanha, privilegiando, portanto, apenas o ''sentimentalismo'' em detrimento da complicada ''reflexão'' do romantismo de Jena. Por isso, mundialmente, o romantismo é uma extensão do pré-romantismo. Assim, na França, destacam-se [[Stendhal]], [[Victor Hugo|Hugo]] e [[Alfred de Musset|Musset]]; na Itália [[Giacomo Leopardi|Leopardi]] e [[Alessandro Manzoni]]; em Portugal [[Almeida Garrett|Garrett]] e [[Alexandre Herculano|Herculano]]; na Espanha [[José de Espronceda|Espronceda]] e [[José Zorilla|Zorilla]].
 
Tendo o liberalismo como referência ideológica, o romantismo renega as formas rígidas da literatura, como versos de métrica exata. O romance se torna o gênero narrativo preferencial, em oposição à epopéia. É a superação da [[retórica]], tão valorizada pelos clássicos.
 
Os aspectos fundamentais da temática romântica são o [[historicismo]] e o individualismo. O historicismo está representado nas obras de [[Walter Scott]] (Inglaterra), [[Vitor Hugo]] (França), [[Almeida Garrett]] (Portugal), [[José de Alencar]] (Brasil), entre tantos outros. São resgates históricos apaixonados e saudosos ou observações sobre o momento histórico que atravessava-se àquela altura, como no caso de [[Balzac]] ou [[Stendhal]] (ambos franceses).
 
A outra vertente, focada no individualismo, traz consigo o culto do egocentrismo, vazado de melancolia e pessimismo ([[Mal do século|Mal-do-Século]]). Pelo apego ao intimismo e a valores extremados, foram chamados de Ultra-Românticos. Esses escritores como [[Lord Byron|Byron]], [[Alfred de Musset]] e [[Álvares de Azevedo]] beberam do ''[[Sturm und Drang]]'' alemão, perpetuando as fontes sentimentais.
 
O romantismo é um movimento que vai contra o avanço da modernidade em termos da intensa racionalização e mecanização. É uma crítica à perda das perspectivas que fogem àquelas correlacionadas à razão. Por parte o romantismo nos mostra como bases de vida o amor e a liberdade.
 
== Romantismo na música ==
{{Artigo principal|[[Era romântica]]}}
 
As primeiras evidências do romantismo na música aparecem com [[Ludwig van Beethoven|Beethoven]]. Suas sinfonias, a partir da terceira, revelam uma música com temática profundamente pessoal e interiorizada, assim como algumas de suas sonatas para piano também, entre as quais é possível citar a ''Sonata Patética''.
 
Outros compositores como [[Chopin]], [[Tchaikovsky]], [[Felix Mendelssohn]], [[Liszt]], [[Grieg]] e [[Brahms]] levaram ainda mais adiante o ideal romântico de Beethoven, deixando o rigor formal do [[classicismo]] para escreverem músicas mais de acordo com suas emoções.
 
Na [[ópera]], os compositores mais notáveis foram [[Verdi]] e [[Wagner]]. O primeiro procurou escrever óperas, em sua maioria, com conteúdo épico ou patriótico - entre as quais as óperas ''[[Nabucco]]'', ''[[I Vespri Sicilianni]]'', ''[[I Lombardi nella Prima Crociata]]'' - embora tenha escrito também algumas óperas baseadas em histórias de amor como [[La Traviata]]; O segundo enfocava histórias mitológicas germânicas, caso da Tetralogia do [[Anel do Nibelungo]] e outras óperas como ''[[Tristão e Isolda]]'' e ''[[O Holandês Voador]], ou sagas medievais como ''[[Tannhäuser und der Sängerkrieg aus Wartburg|Tannhäuser]]'', ''[[Lohengrin (ópera)|Lohengrin]]'' e ''[[Parsifal]]''. Mais tarde na [[Itália]] o romantismo na ópera se desenvolveria ainda mais com [[Puccini]].
 
== Romantismo em Portugal ==